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Desde muito pequenos aprendemos a entender o mundo que nos rodeia. Por isso, antes mesmo de aprender a ler e a escrever palavras e frases, já estamos lendo, bem ou mal, o mundo que nos cerca (Paulo Freire).

A Educação Infantil de Campinas tem vivenciado uma revisão de concepções e de práticas relativas à formação continuada dos professores e a educação de bebês e de crianças pequenas em espaços coletivos, desde 1998, com a escrita do “Currículo em Construção”. Com esse pensamento tem organizado formação continuada a fim de enriquecer ações pedagógicas mediadoras de aprendizagens e do desenvolvimento das crianças.

A partir de 1990 a Coordenadoria responsável pela Educação Infantil, promoveu formações aos profissionais, sobre vários formatos, como: grupos de formação, oficinas pedagógicas, seminários, assessoramentos voltados às professoras, Monitoras de Educação Infantil, Orientadoras Pedagógicas, Coordenadoras pedagógicas, Diretoras Educacionais e Supervisoras.

A história mostra que várias têm sido as terminologias utilizadas no município de Campinas para designar a formação em serviço ao longo dos anos como: reciclagem, treinamento, aperfeiçoamento, capacitação, educação continuada, formação continuada,

112 educação permanente e que com o passar do tempo os termos vão se modificando conforme a concepção política da época e de acordo com Marin (1995) apud Ângela Ferraz (2001, p. 05), “é com base nas concepções e conceitos subjacentes aos termos é que as decisões são tomadas e as ações são propostas, justificadas e realizadas”.

A partir de 1990 a Coordenadoria responsável pela Educação Infantil, promoveu formações aos profissionais da Educação Infantil, sobre vários formatos, como: grupos de formação, oficinas pedagógicas, seminários, assessoramentos voltados às professoras, Monitoras de Educação Infantil, Orientadoras Pedagógicas, Coordenadoras Pedagógicas, Diretoras Educacionais e Supervisoras Educacionais.

Em 1995 a Coordenadoria de Educação Infantil começa a organizar os Grupos de Estudo para as educadoras de Educação Infantil, seguindo a regulamentação da portaria SME. nº 09/95 que segundo Ferraz (2001, p.125) tinham como objetivo:

“proporcionar aos professores, momentos de reflexão e discussão de prática -

pedagógica, embasados em teorias, bem como em troca de experiências” (SME/CEDI, 1995). Os grupos de formação nessa época envolveram também as entidades regulares e de educação especial.

De acordo com Nóvoa (1992) apud Ferraz (2001, p. 04):

(...) a formação de professores pode desempenhar um papel importante na configuração de uma "nova" profissionalização docente, estimulando a emergência de uma cultura profissional no seio do professorado e de uma cultura organizacional no seio das escolas (...). A formação não se faz antes da mudança, faz-se durante, produz-se nesse esforço de inovação e de procura dos melhores percursos para a transformação da escola.

A formação de especialistas, professoras e monitoras/agente de educação infantil, é realizada no âmbito da Secretaria Municipal de Educação sobre a responsabilidade da Coordenadoria Setorial de Formação62.

Em 2010 foram escrito os “Fundamentos e Diretrizes para a política de formação continuada dos profissionais da educação da Rede Municipal de Campinas” por uma Comissão Pedagógica formada por especialistas63 e pela Coordenadora de Formação prof. Cláudia Trevisan.

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Coordenadoria Setorial de Formação – responsável pela organização de cursos de curta ou de longa duração centralizados; seminários; congressos; palestras, etc. Essa Coordenadoria está ligada ao departamento Pedagógico da SME Campinas.

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113 A política de formação evidencia que todos os profissionais têm direito a formação e que ela é essencial para o desenvolvimento do trabalho cotidiano. A SME tem como princípio remunerar a formação continuada dos profissionais, utilizando para esse fim os espaços de Carga Horária Pedagógica (CHP), Grupo de Estudo para Monitores/Agentes de educação infantil (GEM) e pagamentos por Hora Projeto (HP).

No município de Campinas, a formação continuada das professoras de Educação Infantil em relação à informática se dá nos espaços reservados para o trabalho com a CHP64 (Carga Horária Pedagógica) e Horas Projeto65 (HP). Estes momentos são utilizados para o desenvolvimento de diferentes linguagens (música, artes, meio ambiente, expressão corporal, expressão oral, dramatização, tecnologia, projeto memória, contação de histórias, etc) com as crianças pequenas, inclusive o trabalho com informática, que é considerada pelos profissionais como uma nova linguagem a ser trabalhada nesse século.

A Resolução que dispõe sobre o cumprimento dos tempos pedagógicos é que normatiza as atividades que acontecem nos momentos da Carga Horária Pedagógica e das Horas Projetos. Essa Resolução é publicada a cada final do ano letivo e normatiza os tempos pedagógicos para o início do próximo ano letivo.

As atividades realizadas nas CHPs devem ser:

(...) aprovadas pelo Conselho de Escola... Organizadas e planejadas coletivamente pela equipe gestora e pela equipe docente; incluídos no Projeto Pedagógico; avaliados mensalmente em TDC; reorganizados, sempre que se fizer necessário, coletivamente pela equipe gestora e docentes (Resolução SME 14/2011).

A Resolução sobre os tempos pedagógicos também possibilita que o “professor utilize a CHP para formação continuada (...) a equipe gestora deverá

autorizar a utilização para a formação continuada, tendo em vista o Projeto Pedagógico da Unidade Educacional”.

Esse espaço de CHP é rico em cultura e em criatividade, momento em que os professores trabalham com as temáticas, que favorecem os desafios contemporâneos

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II - Carga Horária Pedagógica (CHP): a hora-aula de trabalho que não compõe a jornada do professor vinculada ao desenvolvimento de atividades pedagógicas voltadas à formação continuada do professor.

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III - Hora-Projeto (HP): aquela desenvolvida em projetos pedagógicos com alunos e/ou em formação continuada do professor em cursos compatíveis com a atividade docente e realizados em consonância com as normas fixadas pela SME.

114 como a tecnologia e assim permitem às crianças uma aprendizagem diferenciada em função de uma sociedade em mudança.

As Horas Projetos são autorizadas pela mesma Resolução acima com o fim de desenvolver projetos ou para formação continuada proposta pela SME. A Hora Projeto “deverá ser autorizada pelo Diretor Educacional e deferida pela Representante Regional da SME, observado o disposto no Projeto Pedagógico da Unidade Educacional”.

Tanto para a Carga Horária Pedagógica como para a Hora Projeto os professores devem apresentar um plano de trabalho de acordo com o que é solicitado na resolução de tempos pedagógicos. Para participar de cursos nesse espaço pedagógico é necessário que o professor apresente o impresso de frequência autenticado ao diretor da Unidade Educacional que trabalha, para que ele possa efetuar o pagamento das horas-aula correspondentes, que não podem ultrapassar a 09 horas semanais.

Atualmente a utilização do computador tem sido o grande destaque nos tempos pedagógicos citados acima, pois essa atividade tem sido intensificada nas Unidades Infantis do município.

Apesar das Unidades Educacionais Infantis públicas não terem laboratório próprio como acontece no ensino fundamental dessa cidade, elas improvisam a utilização dos computadores nos refeitórios, na sala de reuniões e chegam até a fechar espaços com divisórias, formando pequenas saletas, além de trabalharem com duas a três crianças utilizando um mesmo computador.

(...) as instituições públicas de educação infantil, de modo geral, têm pouco a oferecer às suas crianças em variedade e quantidade de equipamentos. Os educadores, normalmente, se restringem ao uso de televisão, vídeo e, em raros casos, computador (...) sob essa perspectiva, considerando as realidades precárias de muitas instituições públicas de educação infantil, cabe perguntar: o que estes espaços têm de concreto em relação a equipamentos tecnológicos? Está o educador preparado para o uso desses equipamentos? Usar o quê? Como? Onde? Quando? Com que qualidade? (JUPPE, 2004, p. 02).

Concordo com a autora citada acima, pois como já mencionados em capítulos anteriores os computadores que chegam a Educação Infantil são reutilizados, praticamente sem memória e para profissionais que na sua maioria não realizaram curso para utilizá-lo.

As tecnologias e suas diferentes formas de utilização tem acarretado aos professores certa preocupação diante das muitas discussões e estranhamentos, que se

115 tem evidenciado sobre essa temática, nos diversos campos da educação, apesar das crianças estarem intimamente ligadas à ideia de imagens, de interatividade, de interconexão e de informações das mais variadas.

Costa (2008, p. 09) diz que:

(...) com o forte crescimento da oferta e consumo de produtos ditos de última geração, já não se pode mais falar do futuro que bate às nossas portas, mas simplesmente de alguns novos hábitos disseminados entre milhões de pessoas por todo o mundo. Isso tem alimentado muitas fantasias e gerado grandes expectativas sobre a cultura digital nascente. São visíveis as inúmeras modificações presenciadas na esfera do trabalho, que tem seu dia-a-dia marcado cada vez mais pela forte presença dos computadores, da internet e dos telefones celulares.

Essas mudanças tecnológicas afetam e alteram os hábitos de vida das pessoas,

proporcionando modificações sorrateiras na sua cultura e assim, consequentemente, atingem as crianças, que se despertam para a interação com as tecnologias.

A relação entre criança e tecnologia representa um dos aspectos mais marcantes da cultura digital, que é sem dúvida a capacidade de conviver com os inúmeros ambientes de informação que a cerca. Existem muitas formas de conceber e trabalhar com a tecnologia, mas muitos acreditam que trabalhando com o computador na infância, deixa-se de oferecer à criança a oportunidade de brincar, de produzir, explorar, experimentar. Os educadores podem mediar e ampliar esta relação e não retirar da criança essa oportunidade de atualização e crescimento cultural.

A formação do professor nos cursos dados pela SME, como escrito no capítulo II precisa ser direcionada a reflexão sobre a infância num sentido onde o adulto perceba que a discussão sobre a concepção de criança é inicialmente mais importante para a sua formação do que propriamente o curso que se propõe a fazer. O professor pode perceber e entender inicialmente com qual criança está trabalhando, de que comunidade vem essas crianças, suas necessidades e o que as atividades com as mídias eletrônicas ou especificamente como o computador poderá auxiliar na sua vida na sociedade. São os professores e educadores que poderão orientar e oportunizar esse caminho.

Nesse sentido a partir da observação que realizei nas Unidades Educacionais de Educação Infantil constato que o espaço da instituição é para produção, exploração, experimentação e de colaboração para com as crianças num movimento e numa dinâmica onde a criança e o professor possam interagir na exploração livre e divertida das interfaces que podem trazer as tecnologias digitais. Dessa forma professor e criança

116 aprendem e ensinam mutuamente se constituindo.

As crianças pequenas têm grande capacidade para aproveitar os benefícios do uso do computador. Rapidamente, ela se demonstra familiarizada com a máquina, evidenciando uma atitude de confiança e segurança frente ao equipamento, por considerá-lo uma atividade lúdica, um objeto interessante para manipular, explorar e projetar seu interesse pela descoberta.

Em seguida descrevo e realizo uma pequena análise dos planejamentos e das avaliações contidas no Projeto Pedagógico que são essenciais para o trabalho desenvolvido em relação à informática.

Projetos Pedagógicos e propostas de uso do computador,