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históriaentre os torturadores na Lista de Prestes: Otávio Medeiros, ligado ao CCC (Comando de Caça aos Comunistas) e à TFP (Tradição,

6. Guerrilha do Araguaia

Entre 1972 e 1975, a resistência à ditadura expandiu-se para o campo. Um grupo de 70 integrantes do PCdoB estruturou e organizou a Guerrilha do Araguaia. Inspirada na Revolução Chinesa, a guerrilha adotou a estratégia de guerra popular prolongada, recebendo a adesão de vários camponeses. Pretendia-se começar o levante pela zona rural, cercando as cidades.

A guerrilha localizou-se na região sul do Pará, divisas entre o Maranhão e Tocantins. Há relatos de os agentes do Estado

31.. tavareS, Kátia Rubinstein. Tortura nunca poderá ser considerada crime político. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2011-jan-11/decisao-stf-lei-anistia-nao-coloca-

ponto-final>. Acesso em: 15 nov. 2012.

32.. gomeS, Luiz Flávio. A Lei de Anistia viola convenções de direitos humanos. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2011-mar-10/coluna-lfg-lei-anistia-viola-convencoes-

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cometerem crimes contra a humanidade como torturas, estupros e mutilações: “Durante as ações militares, os agentes de repressão da ditadura teriam cometido graves violações aos direitos humanos, como prisões ilegais e execuções de guerrilheiros e moradores locais, condenados como ‘colaboradores’. Os militares são acusados de sessões de tortura, como estupros e mutilações, além do desaparecimento forçado de diversos militantes”.33

O número dos desaparecidos é incerto, mas se estima algo em torno de “70 desaparecidos”. 33

O Brasil foi condenado pela Corte Interamericana no Caso Gomes Lund e outros (“Guerrilha do Araguaia”) vs. Brasil em sentença de 24 de novembro de 2010. Luiz Flávio Gomes explica: “Entendeu a Corte que o Brasil não empreendeu as ações necessárias para investigar, julgar e condenar os responsáveis pelo desaparecimento forçado das 62 vítimas e pela execução extrajudicial da Sra. Maria Lucia Petit da Silva, cujos restos mortais foram encontrados em 14 de maio de 1996”.34

As famílias das vítimas possuem o direito à verdade para se tranquilizarem. Nenhum pai ou mãe consegue ter a capacidade de abstrair as consequências que o filho sofreu. O direito de saber se o filho ou filha morreu é o mínimo que o Estado pode oferecer. Logicamente, não se pode deixar ao descaso, precisando utilizar todas as forças possíveis para dar uma solução ao caso.

Além disso, a Corte reconheceu a falta de efetividade do direito à informação pedido pelas famílias dos desaparecidos, conforme

Luiz Flávio Gomes: “Entendeu ainda a Corte que os recursos judiciais dos familiares das vítimas, com o objetivo a obter informação sobre os fatos, não foram efetivos para garantir-lhes o acesso à informação sobre a Guerrilha do Araguaia, além do que as medidas legislativas e administrativas adotadas pelo governo brasileiro (v.g., a promulgação da lei de anistia) restringiram indevidamente o direito de acesso à informação desses familiares”.35

7. Perspectivas

As sequelas da ditadura militar no Brasil foram marcantes. O governo brasileiro busca pela reparação das vítimas de forma

33..Disponível em: <http://noticias.r7.com/brasil/noticias/entenda-o-que-foi-a-guerrilha-do-araguaia-20100520.html>. Acesso em: 15 de novembro de 2012.

34..GOMES, Luiz Flávio. A Lei de Anistia viola convenções de direitos humanos. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2011-mar-10/coluna-lfg-lei-anistia-viola-convencoes- direitos-humanos>. Acesso em: 30 de novembro de 2012.

35 .GOMES, Luiz Flávio. A Lei de Anistia viola convenções de direitos humanos. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2011-mar-10/coluna-lfg-lei-anistia-viola-convencoes-direitos- humanos>. Acesso em: 30 de novembro de 2012.

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econômica ou moral. Não há como descrever a infelicidade de se ter um ente querido que não se sabe se está vivo, desaparecido. O mínimo que se pode conceder às famílias é o direito à verdade, e o Brasil está caminhando para concretizar esse direito. Infelizmente, não há como retroceder no tempo e mudar a história, mas o governo brasileiro e a sociedade vem estabelecendo formas eficazes de responsabilização perante as famílias das vítimas.

Há ainda um longo caminho pela frente, por exemplo, com o respeito às normas de direito internacional, principalmente dos tratados que o Brasil é signatário.

No entanto, a sociedade civil vem lutando de forma contundente para atingir a pacificação social. Por exemplo, com a Lei de Anistia, a CEMDP, a Comissão de Anistia e outros movimentos particulares.

Um avanço dado recentemente foi a instituição da Comissão Nacional da Verdade (CNV), em maio de 2012, cuja finalidade é a apuração das graves violações de Direitos Humanos, praticadas por agentes públicos, ocorridas entre 18 de setembro de 1946 e 5 de outubro de 1988. Há muito suor pela frente ainda.

8. Referências bibliográficas

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