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Hannes Meyer: o “arquiteto na luta de classes”

CAPÍTULO I – DESIGN E LUTA DE CLASSES: TEORIA E

3. DESIGN, VANGUARDAS E REVOLUÇÕES SOCIAIS

3.3 O “mito de origem”: a Bauhaus

3.3.3 Hannes Meyer: o “arquiteto na luta de classes”

Existe uma grande polêmica sobre o verdadeiro papel histórico dos dirigentes da Bauhaus, existindo uma corrente hegemônica que atribui a Walter Gropius todos os méritos sobre aquela experiência. Neste sentido, Pevsner (1980) considera que a fase de desenvolvimento estético das artes aplicadas, entre Morris e Gropius, constitui uma unidade histórica. Para este autor, “Morris lançou a base do estilo moderno; Gropius deu-lhe os últimos retoques, os definitivos” (1980, p.43). Na mesma linha encontra-se Argan (2004), para quem Gropius é o maior expoente da Nova Arquitetura, ao lado de Le Corbusier.

Todavia, há um forte posicionamento contrário à exacerbação da figura de Gropius presente na historiografia oficial do design, entre representantes da chamada Escola de Ulm, como Maldonado (1977a; 1977b) e Bonsiepe (1978; 2011a). Em Ulm, como veremos adiante, estes designers buscaram estabelecer um ponto de contato com o que consideravam a “vertente socialista da Bauhaus”, especificamente, com a figura de Hannes Meyer. De acordo com Maldonado (1977a, p.54), “quando mais tarde se

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tentou eternizar a ordem vacilante e opressiva da racionalização industrial, a Bauhaus, com Meyer, procurou dar a esta racionalização um conteúdo social”.62

O próprio Gropius contribuiu para uma minimização da importância histórica de Meyer, posição exposta em uma carta, em 1963, onde responde a Maldonado: “Creo que es un error sostener que Meyer llevó al Bauhaus um ‘contenido

social’, desde el momento em que comprometió su próprio pensamiento social, permitiendo a la política de partido desmembrar la escuela”. E conclui, defendendo sua

gestão: “Bajo mi dirección, el Bauhaus buscaba un new way of life. Ese era su

contenido social” (GROPIUS apud MALDONADO, 1977b, p.157, grifei). Surpreende

nesta passagem, a analogia que Gropius faz entre seus objetivos pedagógicos enquanto diretor da Bauhaus, e o famoso slogan do New Deal. Meyer merecia críticas, mas certamente não as vindas dessa direção.

Maldonado (1977b) responde a Gropius insistindo que a história não pode ser escrita com base em posições “personalistas”. O autor identifica ainda o maniqueísmo presente nas interpretações históricas, em relação a Meyer, com o clima da Guerra Fria então vigente, dando origem a uma contraposição entre “a Bauhaus de Meyer” e a “Bauhaus de Gropius”. Assumindo que havia problemas no “caráter dogmático” do funcionalismo de Meyer, Maldonado (1977b, p.159) insiste que “a inclusão sem resrvas de Hannes Meyer na historiografia da Bauhaus não pode continuar sendo postergada”63

. Em sua réplica, Gropius insiste na desqualificação pessoal de Meyer, atribuindo ao arquiteto uma personalidade “desleal” e “oportunista”, apresentando alguns fatos que comprovariam tais afirmações e finaliza definindo-o como “um radical pequeno-burguês”.

Em outra obra, Dal Co (1972) – em sua introdução a uma importante compilação de textos de Meyer e a “venerável escola de Dessau” –, também lamenta o fato de o arquiteto suiço ser sempre representado como um personagem secundário na história da arquitetura moderna, e da Bauhaus. Este crítico italiano busca rechaçar a hipótese de que a história da Bauhaus nasce e morre com Gropius. Meyer, afirma o autor, propunha romper a “Torre de Marfim” na qual se encerravam os intelectuais e

62 “cuando más tarde se intento eternizar el orden vacilante y opresivo de la racionalización industrial, el Bauhaus, con Meyer, procuro dar a esta racionalización un contenido social” (traduzi).

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“la inclusión sin reservas de Hannes Meyer em la historiografia del Bauhaus no puede seguir siendo

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artistas da Bauhaus: “romper esta torre, aceitar a realidade tal como é para trabalhar sobre ela diretamente” (DAL CO, 1972, p.47).64

O arquiteto suíço representava as posições de um funcionalismo

produtivista, uma corrente do construtivismo russo difundida na revista suíça ABC,

opondo-se ao funcionalismo formalista da Bauhaus pós-1923. Sua perspectiva era a de “um funcionalismo baseado fundamentalmente na exaltação do produtivismo, do antiesteticismo, do realismo, do coletivismo e do materialismo” (MALDONADO, 1977a, p.68)65. Essa linha terá forte influência sobre a Escola de Ulm. Bonsiepe (1978, p.143) reconhece os problemas advindos do radicalismo antiestético de Meyer, presente em seu funcionalismo e em sua defesa incondicional da indústria e da tecnologia, mas afirma que o ex-diretor da Bauhaus “jamais incorreu em uma obtusa tecnolatria”. Pois, “a consciência crítica salvava os componentes da Bauhaus de uma fuga tecnológica” (id. ibid.).66

Wick (1989) e Droste (2006) também evidenciam o papel de Meyer, como diretor em Dessau. Na concepção daquele arquiteto, a Bauhaus devia projetar modelos que se adaptassem “às necessidades do povo”, do “proletariado”, atribuindo, assim, ao trabalho desta escola um objetivo “social” que pouco depois foi condensado na frase “necessidades do povo primeiro, luxo depois”67

. Droste (2006, p.196) afirma que durante sua direção, Meyer “colocou a Bauhaus numa posição contemporânea: critérios sociais e científicos foram tratados como componentes com a mesma importância no processo de elaboração dos projectos”. Assim, para este arquiteto,

(...) construir era um “processo elementar” que reflectia necessidades biológicas, intelectuais, espirituais e físicas, fazendo, assim, com que a “vida” fosse possível. Era, por isso, necessário tomar em consideração a totalidade da existência humana. O objectivo de tal arquitectura devia harmonizar as exigências do indivíduo e da comunidade (DROSTE, 2006, p.190).

64 “romper esta torre, aceptar la realidad tal como es para obrar sobre ella directamente” (traduzi). 65 “un funcionalismo basado fundamentalmente en la exaltación del productivismo, del antiesteticismo, del realismo, del colectivismo y del materialismo”.

66 “jamás incurrió en una obtusa tecnolatría”. Pois, “la conciencia crítica salvaba los componentes del Bauhaus de una fuga tecnológica” (traduzi).

67 Ver a crítica que Tafuri (1985, p.12) realiza à figura do arquiteto enquanto “ideólogo do social”,

posição identificada em sua origem no Iluminismo, momento em que “o dever-ser do intelectual burguês reconhece-se, todavia, no valor imperativo que assume a sua missão ‘social’”.

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O próprio Meyer (1972b, p.115) afirmou que, sob sua direção, a “orientação artística” do Instituto converteu-se em “sociológica”. Com isso surge, “(...) ao invés de ‘peças’ caras, uma produção estandardizada para satisfazer as exigências das massas” (id. ibid.)68. No mesmo relato – em seu texto de introdução ao catálogo da exposição itinerante da Bauhaus, na URSS –, o ex-diretor da Bauhaus afirma que em 1930 participou de um grupo que construiu noventa “moradias proletárias”, em Dessau. A compreensão da relação entre a Bauhaus e a Vkhutemas soviética pode ser reforçada a partir da troca de correspondências entre estudantes e entre os dirigentes das duas Instituições, entre eles Meyer, no contexto das comemorações do “décimo segundo aniversário da Grande Revolução de Outubro”, em 1929 (MIGUEL, 2006, A100- A101).69

Na longa citação a seguir, o próprio Meyer (1972b, p.116) narra a situação que levou à sua demissão em 1930, delineando claramente a atmosfera reacionária, fascista, na Alemanha da época:

Neste período, ademais, estudantes e professores de tendência marxista foram convidados a colaborar no Instituto. A total “reestruturação” da Bauhaus se alcançou com a colaboração de grupos de estudantes estreitamente relacionados com o Partido Comunista Alemão, apesar da oculta oposição de professores e críticos. O desenvolvimento do movimento comunista no seio da Bauhaus preocupou fortemente ao governo: o magistrado da cidade de Dessau decidiu recorrer a severas medidas repressivas. Durante o encerramento de verão da Bauhaus, em primeiro de agosto de 1930, o diretor do Instituto, Hannes Meyer, foi destituído e substituído por Mies Van der Rohe. Puseram-se em marcha medidas repressivas contra os estudantes revolucionários e quase todos os estudantes que não eram alemães foram obrigados a repatriarse. Durante esta nova situação os estudantes foram privados de qualquer direito: a reação fascista se apodera da Bauhaus. Nossa experiência na Bauhaus de Dessau manifestou claramente que a “Bauhaus vermelha” como Instituto Superior de arquitetura socialista não pode viver em um país de regime capitalista.70

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“(...) en vez de ‘piezas’ costosas, una producción estandardizada para satisfazer las exigencias de las

masas” (traduzi).

69 Em anexo à carta de felicitações pelo aniversário do Outubro de 1917, os estudantes da Bauhaus de

Dessau encaminharam 180 assinaturas de apoiadores da Revolução (MIGUEL, 2006, A100). Este fato reforça a questão do comunismo no interior da Bauhaus, no final dos anos 1920. A mensagem de Meyer também é ilustrativa: “Caros Camaradas, festejais neste momento o décimo segundo aniversário da República que inaugurou os rumos da nova cultura. A Bauhaus e eu mesmo aproveitamos esta ocasião para vos enviar nossas felicitações cordiais e nossos desejos, a fim de que disponhais das melhores condições possíveis para prosseguir o trabalho de seu Instituto que, assim como seu irmão mais velho, a Bauhaus, é chamado a participar com sucesso da nova construção (...)” (apud MIGUEL, 2006, A-101).

70 “En este período, además, estudiantes y profesores de tendência marxista fueran invitados a colaborar en el Instituto. La total ‘reestruturación’ del Bauhaus se alcanzó com la colaboración de grupos de estudiantes estrechamente relacionados com el partido comunista alemán, a pesar de la oculta oposición de profesores y críticos. El desarrollo del movimiento comunista em el seno del Bauhaus, preocupó

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Consta que era crescente o número de estudantes de esquerda que apoiavam Meyer, além das constantes denúncias de professores antimarxistas do Instituto (principalmente, Joseph Albers71 e Kandinsky) (DROSTE, 2006). A imprensa de direita noticiou que, durante o carnaval de 1930, estudantes cantaram músicas comunistas e, numa tentativa de evitar, mais uma vez, que a escola fosse fechada, proibiu-se que alguns destes frequentassem as aulas na Bauhaus, além da expulsão de lideranças. Meyer foi convocado para uma reunião e assumiu publicamente o fato de ser marxista e dirigir a escola vinculado aos “princípios do socialismo”. Após sua demissão, o ex- diretor da Bauhaus publicou uma “carta aberta ao Burgomestre Hesse”, prefeito de Dessau, criticando todo o processo, inclusive ironizando sua substituição por Rohe (MEYER, 1972c).

Uma das primeiras ações de Mies Van der Rohe como diretor, o “arquiteto aristocrático” (LÖBACH, 2001) que tinha a missão de “despolitizar” a Escola, foi desmontar seu núcleo comunista estudantil. Para tanto, Rohe desmatriculou todos, sendo que a rematrícula só poderia ser efetuada após uma entrevista pessoal, onde cada um deveria negar seu envolvimento com o comunismo. No entanto, nada disso foi suficiente para evitar a dissolução do Instituto pelas forças nazistas (WICK, 1989; DROSTE, 2006).

Em seguida, Meyer foi chamado pelo PCUS para realizar planos de urbanização das “cidades socialistas” soviéticas, sendo acompanhado por um grupo de arquitetos conhecido como “brigada vermelha da Bauhaus”. Como nos afirma o próprio arquiteto, concluindo seu raciocínio anterior: “Assim, Hannes Meyer e o grupo de seus mais estreitos colaboradores se mudaram para a União Soviética para contribuir, com sua entrada, para a edificação das novas cidades de estrutura socialista” (MEYER,

fuertemente al gobierno: el magistrado de la ciudad de Dessau decidió recurrir a severas medidas represivas. Durante el cierre estival del Bauhaus, el primero de agosto de 1930, el director del Instituto, Hannes Meyer, fue destituído y substituído por Mies Van der Rohe. Se pusieron en marcha medidas represivas contra los estudiantes revolucionários y casi todos los estudiantes que no eran alemanes fueron obligados a repatriarse. Durante esta nueva situación los estudiantes fueron privados de cualquier derecho: la reacción fascista se apodera del Bauhaus. Nuestra experiência en el Bauhaus de Dessau manifesto claramente que el ‘Bauhaus rojo’ como Instituto Superior de arquitectura socialista no puede vivir en un país de régimen capitalista” (traduzi).

71 Sem questionar a importância pedagógica de Albers para a Bauhaus, reconhecida por tantos autores,

não deixa de ser sintomática a insistência de Gropius neste assunto, ao mesmo tempo em que desqualifica Meyer, na citada correspondência com Maldonado (1977b).

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1972a, p.116)72. Em um artigo sobre o urbanismo soviético, discuti a questão do urbanismo no âmbito da “ideologia do Plano”73, durante a consolidação do capitalismo de Estado soviético (MATIAS, 2010).

Por tudo isso, Dal Co (1972) propõe a tese de que a fase de Meyer como diretor da Bauhaus é a mais importante da escola, por ter sido o momento de consolidação de sua perspectiva racional-funcionalista que influenciou o ensino e a prática projetiva do século XX. Por outro lado, o autor não se furta em demonstrar as contradições e os limites na prática e no pensamento de Hannes Meyer. Seguindo a tradição de Tafuri (1985) de crítica às “ideologias arquitetônicas”, Dal Co (1972, p.17) demonstra a ligação orgânica de Meyer com a estrutura social da URSS, devido à “aceitação incondicional e total da ideologia do socialismo realizado, aparece como lógica final daquela ‘ideologia do social’ que animou já os escritos e as obras de Meyer a partir de 1920”74

. Em Meyer, a arquitetura é convertida em “ciência do construir”, onde o arquiteto se apresenta como “simples organizador dos processos sociais”. Neste sentido, a arquitetura é apresentada ideologicamente como “pura técnica”, epistemologicamente positivista, dando um sentido de neutralidade à tecnologia e à ciência, posição própria dos gestores: “convertida em técnica descobre que o deber da técnica é realizar, quer dizer, perpetuar o princípio do trabalho (…)” (DAL CO, 1972, p.50).75

Com o aprofundamento destas posições nos seus anos de trabalho na URSS, o marxismo de Meyer vai se constituindo naquele determinado pelas forças produtivas, de base economicista, que identifica na planificação a própria estrutura econômica do socialismo, além de naturalizar a tecnologia capitalista. Meyer acaba atuando como um ideólogo do capitalismo de Estado. Uma síntese de seu “programa” encontra-se em La

72 “Así pues, Hannes Meyer y el grupo de sus más estrechos colaboradores se trasladaron a la Unión Soviética para contribuir, con su aportación, a la edificación de las nuevas ciudades de estructura socialista” (traduzi).

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“A planificação enunciada pelas teorias arquitetónicas e urbanísticas remete para algo diferente de si: para uma reestruturação da produção e do consumo em geral; por outras palavras, para uma coordenação planificada da produção” (TAFURI, 1985, p.68). Portanto, “a ciência arquitetônica integra-se totalmente na ideologia do plano, e as próprias opções formais não passam de variáveis que dela dependem” (idem:78).

74 “aceptación incondicional y total de la ideología del socialismo realizado, aparece como lógico final de aquella ‘ideología de lo social’ que animó ya los escritos y las obras de Meyer a partir de 1920”

(traduzi).

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“convertida en técnica descubre que el deber de la técnica es realizar, es decir perpetuar el principio

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arquitectura marxista (MEYER, 1977d). Neste sentido, a defesa incondicional de

autores como Dal Co (1972) a Meyer parece ser resultado não apenas dos incontestáveis méritos do arquiteto suíço, mas também de um alinhamento ideológico muitas vezes orgânico, deste e de tantos outros intelectuais e críticos italianos de arquitetura, com o Partido Comunista Italiano (PCI).

Feitas estas observações, não deixa de ser inusitado perceber que o design funcionalista tem sua origem, em boa medida, numa determinada leitura do marxismo, fato inaceitável para grande parte dos teóricos da área que insistem em contar determinadas histórias pela metade, para que se esqueçam certos fatos por inteiro.

*

Maldonado (1977a) lamenta que após o encerramento das atividades da Bauhaus, ocasionando uma diáspora de seus professores, principalmente, para os EUA, é criado o “mito da Bauhaus”. Naquele país foi criada uma versão estadunidense da escola, com os antigos professores imigrados, que em 1938 promoveu uma exposição no Museu de Arte Moderna de Nova York, onde se exaltou o “estilo Bauhaus”, fortalecendo uma imagem formalista da escola76, além do total afastamento de qualquer concepção de socialismo. Já o legado de Meyer se fará presente em outra escola alemã, a HFG Ulm, na década de 1960.

O grande paradoxo presente na proposta pedagógica da Bauhaus – e sua tentativa de se contrapor à cisão entre trabalho manual e intelectual –, reside no fato de que o produto dessa nova formação é um profissional especializado, justamente, num desses pólos: o da concepção. Dal Co (1972, p.24) afirma que o trabalho intelectual, neste caso, “(...) representa o mais distante quanto possa imaginar-se no que se refere a uma real superação da ‘divisão do trabalho’”; isto porque “(…) o intelectual distancia de si mesmo o objeto, se afasta do proceso produtivo real, limitando-se a racionalizar seu uso social, mantendo intacto sobre este objeto o poder da própria atividade de

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Essa imagem foi assim definida por Baudrillard (1995, p.192): “Esta funcionalidade inaugurada pelo Bauhaus define-se como um duplo movimento de análise e de síntese racional das formas (não só industriais, mas ambientais e sociais em geral). Síntese de forma e da função, síntese do ‘belo’ e do ‘útil’, síntese da arte e da tecnologia. Para além do ‘estilo’ (‘style’) e da sua versão caricatural no ‘estilizante’ (styling), o kitsch comercial do século XIX e o Modern Style, o Bauhaus lança pela primeira vez as bases de uma concepção global do ambiente racional”.

97 projetista” (1972, p.24)77

. Portanto, quando do surgimento da Bauhaus, a divisão social do trabalho já estava estruturalmente consolidada, e o trabalho objetivamente subsumido ao capital. Eis o fundamento histórico-material que garante ao programa da Bauhaus um caráter utópico.