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Hospício e Colégio do Pilar Extremo Norte da Cidade de Salvador Quadro 34: Posição dos hospícios e conventos dos carmelitas calçados da Bahia e Pernambuco em relação à cidade.

2 OS CARMELITAS CALÇADOS E A CIDADE: A PROVÍNCIA DA BAHIA E PERNAMBUCO

QUADRO 34 A POSIÇÃO DOS HOSPÍCIOS E CONVENTOS DOS CARMELITAS CALÇADOS DA BAHIA E PERNAMBUCO EM RELAÇÃO À CIDADE

8 Hospício e Colégio do Pilar Extremo Norte da Cidade de Salvador Quadro 34: Posição dos hospícios e conventos dos carmelitas calçados da Bahia e Pernambuco em relação à cidade.

Essas instalações carmelitas se localizavam nas fronteiras ou limites das cidades, locais com mais terrenos disponíveis para um crescimento posterior dos domínios conventuais dos religiosos.

No caso de São Cristóvão (ver figura 41), Cachoeira (figura 42), Nazaré (figura 43) e Santo Amaro (figura 44), quando os carmelitas calçados se instalaram nesses núcleos urbanos, eles eram a principal e única ordem religiosa da região, fixando-se, então, ao Sul e no núcleo principal das localidades, isto é, próximos ou da Igreja Matriz ou da Casa de Câmara e Cadeia e Pelourinho. No caso de Nazaré, os carmelitas calçados ocuparam a própria Igreja Matriz do núcleo principal. Em todas as localidades, percebemos que, no entorno imediato dos hospícios e conventos, estruturavam-se ruas que davam acesso direto aos portos das localidades, que, por sua vez, eram regiões importantes de um núcleo urbano colonial, dessa forma, fazendo a ligação entre cidade alta (conventos carmelitas e edifícios administrativos e religiosos) e cidade baixa (porto). Excetuando-se o caso de São Cristóvão, nas demais localidades mencionadas, os carmelitas calçados permaneceram exclusivos durante todo o período colonial.

Figura 41: O Convento do Carmo em relação à Cidade de São Cristóvão. Fonte: Site Google Mapas; mapa modificado pela autora.

Figura 42: O Convento do Carmo em relação à Vila de Cachoeira. Fonte: Site Google Mapas; mapa modificado pela autora.

Figura 43: O Convento do Carmo em relação à Povoação de Nazaré do Cabo de Santo Agostinho. Fonte: Site Google Mapas; mapa modificado pela autora.

Figura 44: O Hospício do Carmo em relação à Vila de Santo Amaro das Brotas. Fonte: Site Google Mapas; mapa modificado pela autora.

Em São Cristóvão, na segunda metade do século XVIII, houve uma clara disputa entre os franciscanos, de ordem mendicante, que se instalaram ao Norte da cidade, e os carmelitas, detentores de bens de raiz, que se instalaram ao Sul, numa oposição tanto física quanto social, segundo documentos do século XVIII205. Naquela cidade, os carmelitas calçados

também ocuparam o extremo Leste no arrabalde dela, com o domínio do monte da Capela de São Gonçalo. (Figura 45).

205 A disputa setecentista entre carmelitas calçados e franciscanos na Cidade de São Cristóvão está relatada em

alguns documentos avulsos de São Cristóvão do AHU, como parte do Projeto Resgate, como, por exemplo, podemos mencionar o AHU-SE doc. 41 (AHU-SE, Papéis Avulsos, Inventário n. 394, cx. 7, doc. 41). Nunes (2006) também relata uma querela entre carmelitas e franciscanos em São Cristóvão, afirmando que estes se sentiram prejudicados quando precisaram de um advogado para defender seus direitos e todos os advogados, que havia na cidade, recusaram-se a atender seus pedidos, pois eram irmãos da Ordem Terceira do Carmo.

Figura 45: O Convento do Carmo e a Capela de São Gonçalo nos extremos da Cidade de São Cristóvão no detalhe do “Mappa Topographico da Provincia de Sergippe Del-Rei [...]” (ca. 1825).

Fonte: Apes, BR Seapes, MAP001 0037; mapa modificado pela autora.

No caso da missão e Hospício do Rio Real, os carmelitas calçados também foram a única ordem religiosa e o sítio deles situava-se no centro do núcleo principal da região, próximo ao engenho do capitão dono das terras do Rio Real, mas não sabemos em que posição exata. Segundo documento de 1692-1693 de fundação e posse do Rio Real, havia um caminho de acesso, por trás do hospício, que seguia em direção ao porto, onde havia um armazém dos carmelitas no porto do mar “para recolhimento das suas coisas”206.

Na Vila das Alagoas do Sul (a partir de 1732), a implantação dos carmelitas calçados foi semelhante à da Cidade de São Cristóvão, porém, com chegada inversa, pois, quando os carmelitas se instalaram no Sul da Vila das Alagoas do Sul, já existia a presença dos franciscanos no extremo Norte, mostrando, assim, uma clara oposição física e, como sabemos, social entre as duas ordens religiosas. Nesse caso, os carmelitas se instalaram no arrabalde da Vila das Alagoas do Sul, estando somente um pouco distante do núcleo principal formado pela Igreja Matriz e Casa de Câmara e Cadeia. (Figura 46).

206 ARQUIVO DO CARMO DA PROVÍNCIA CARMELITANA DE SANTO ELIAS (AC-SANTO ELIAS). Rio

Figura 46: O Hospício do Carmo em relação à Vila das Alagoas do Sul. Fonte: Site Google Mapas; mapa modificado pela autora.

Casos parecidos com o de Alagoas do Sul são os de Olinda (a partir de 1583) e de Salvador (a partir de 1586), que eram núcleos com uma diversidade de ordens religiosas.

Os carmelitas calçados instalaram-se nos arrabaldes daqueles núcleos urbanos, e o mesmo foi feito pelos beneditinos, pois já havia jesuítas e franciscanos nos núcleos principais. Em Olinda, os beneditinos e os carmelitas instalaram-se ao Sul e os franciscanos e jesuítas já se haviam instalado ao Norte. Em Salvador, os carmelitas ficaram no extremo Norte, tanto com a ereção do Convento-Sede de Salvador da Bahia quanto com a construção do Hospício do Pilar, em oposição aos beneditinos ao Sul, e franciscanos ao Leste em oposição aos jesuítas ao Oeste. (Figura 47).

Figura 47: Os Conventos do Carmo inseridos na Cidade de Olinda (à esquerda) no mapa “Civitas Olinda” (1647), e na Cidade de Salvador (à direita) no detalhe do mapa “Desenho das forteficações [...]” (ca. 1638).

Fonte: Site Wikimedia (imagem acima). Reis Filho (2001, p. 32-34) (imagem abaixo). Mapas modificados pela autora.

No geral, os carmelitas calçados se instalaram próximos do núcleo principal, no extremo Sul das povoações, vilas e cidades, e tendo ligação com o porto. Nos casos em que os carmelitas calçados ficaram distantes dos núcleos urbanos principais, eles sempre haviam chegado depois de outras ordens religiosas.

2.4 A orientação dos conventos

Sobre esse assunto, nas Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia (1707), no Título XVII, parágrafos 687º e 688º, foram recomendadas as seguintes localizações para a construção de igrejas paroquiais:

As igrejas paroquiais terão capela maior, e cruzeiro, e se procurará que a capela maior se funde de maneira, que posto o sacerdote no altar, que com o rosto no Oriente [Leste], e não podendo ser, fique para o Meio Dia [Sul], mas nunca para o Norte, nem para o Ocidente [Oeste].207

Essa regra trata do momento da celebração da missa, quando o sacerdote se volta para a capela-mor da igreja, isto é, se remete à Cidade Sagrada de Jerusalém (no Oriente).

Apesar de não serem, especificamente, normas para as igrejas dos regulares, vejamos se tais regras foram aplicadas às igrejas e conventos dos carmelitas calçados. (Quadro 35 e figuras 48, 49, 50, 51, 52, 53 e 54).

QUADRO 35. AS IGREJAS CONVENTUAIS DOS CARMELITAS CALÇADOS

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