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Estrutura da tese

QUADRO 25 DOCUMENTOS REFERENTES AO HOSPÍCIO DO CARMO DAS ALAGOAS DO SUL

N. Ano Tipo Facilitador Detalhes do documento Fonte

1 1712 Proposta para Convento do Carmo nas Alagoas do Norte. Doação de um terreno. Moradores da Freguesia das Alagoas do Norte.

“[...] à mingua de sacerdotes e pelo muito fervor do beatério afluíam vantajosas propostas à fixação dos pedintes do Carmo. Em fevereiro de 1712, ofereceram-lhes os moradores da Lagoa do Norte terreno para a fundação da casa e se obrigaram a despachar toda sorte de necessidades”.

Observação: Entretanto, parece que esse convento não foi concretizado. Cabral, (Rihgal, [s.d.]). 2 1715 Proposta de um Convento do Carmo nas Alagoas do Sul. Doação de um terreno aos carmelitas na Vila das Alagoas do Sul. Funcionários da Câmara da Vila das Alagoas do Sul.

“[...] doamos à dita [Nossa] Senhora [do Carmo] um sítio acomodado para seus religiosos fundarem um hospício. E pedindo nós a seu Provincial religiosos para a dita fundação os não quis conceder sem licença e mandado da V. Majestade; e como agora de próximo vieram a esta freguesias missionários da mesma Religião, [...] nos repetiu o requerimento, principalmente, os Párocos pela necessidade que têm coadjutores na administração dos Sacramentos, por ter crescido muito o povo; e como conhecemos ser justa esta petição, e ser um bem geral, como tão bem os vermos o grande descômodo dos missionários por não terem descente recolhimento [...], como tão bem o dispêndio que fazerem por distar esta capitania sessenta léguas [cerca de 420 km] da Cidade de Olinda d’onde são enviados; nos move pedir a V. Majestade, [...] nos concede licença para que os ditos religiosos do Carmo observantes possam fundar um conventinho nesta vila [...]”.

Aihgal (1715, doc. 5). 3 1718 Pedido para um Convento do Carmo na Vila das Alagoas do Sul. Oficiais da Câmara da Vila das Alagoas do Sul.

Novo pedido dos oficiais da Câmara da Vila das Alagoas do Sul para a Coroa autorizar um Convento do Carmo, no qual alegaram: a vila era um pouco distante da Cidade de Olinda, mas que era importante, por ser um local de passagem de pessoas; ali só havia o Convento dos franciscanos; os moradores necessitavam de outros religiosos naquele local. Nazaré (1720). 4 1732 Alvará de licença para fundar um hospício na Vila das Alagoas do Sul. Coroa Portuguesa.

Em 26 de maio de 1732, a Província da Bahia e Pernambuco, em nome do Convento de Olinda, recebeu o Alvará Régio: “[...] com a condição declarada de não terem igreja com porta para fora nem poderão pedir esmolas por ser prejudicial aos religiosos Capuchos de Santo Antonio [franciscanos], que já têm convento há anos na dita vila, e no dito hospício não poderão estar residentes mais religiosos que dois. E achando-se em algum tempo não observarem as condições deste meu alvará, lhe impedirei o uso do dito hospício”.

“Livro de Várias Notícias [...]” (1796, p. 52). 5 1732 Doação de Capela de N. S. do Ó na Vila das Alagoas do Sul161. Capitão Francisco de Barros Pimentel.

A doação foi para que os carmelitas construíssem um hospício ao

lado daquela capela. “Livro de Várias

Notícias [...]” (1796, p. 9). 6 1734 Demarcação das terras da Igreja e Hospício do Carmo das Alagoas do Sul. Camaristas da Vila das Alagoas do Sul.

“A esse Prior sucedeu em 1734 Frei Custódio do Sacramento Lima, acompanhado de Frei Manoel da Sacra Família, mandando logo demarcar a terra concedida pela Câmara, mediante assentimento da Irmandade da Conceição, servindo de baliza a Oeste a Fonte do Utinga e a Leste a estrada que da Estiva vinha encontrar o cruzeiro da capela”. Cabral, (Rihgal, [s.d.]). 7 1735 Posse das terras do convento. Camaristas

da Vila das “[...] segundo um auto lavrado em 20 de julho de 1735, o carmelita Frei Manoel da Incarnação tomou posse naquela data de 135 palmos [cerca de 29,7 m] de terra no Sítio da Capela da Nossa Senhora do

Fonseca (1874, p. 28-29).

161 Ver o documento de doação da capela, para Hospício do Carmo, transcrito, na íntegra, na sessão Anexo H desta

Alagoas do Sul.

Ó, em virtude de doação da Câmara Municipal para a fundação do

convento [...]”. Sant’Anna (1970, p. 9-10). 8 1744 Criação da Ordem Terceira do Carmo.

- “[...] instalou-se aí a irmandade da Ordem Terceira, na secretaria da referida Capela e Hospício de Nossa Senhora do Carmo, como consta de um termo encontrado no arquivo da dita Ordem”.

Fonseca (1874, p. 29). 9 1753 Pretensão de elevar a patente do Hospício do Carmo para convento. Província Carmelitana da Bahia e Pernambuco.

Em 12 de maio de 1753, a Província Carmelitana da Bahia e Pernambuco, em reunião capitular, demonstrou o interesse em transformar o Hospício das Alagoas do Sul em convento. Aparentemente, isso nunca ocorreu porque, de acordo com as Actas das Reuniões de Capítulo da Província ocorridas ao longo do século XVIII, o edifício religioso manteve-se com o título de hospício.

“Livro Primeiro de Actas [...]” (1720- 1780, p. 374).

Quadro 25: Documentos da fundação do Hospício do Carmo das Alagoas do Sul (1712-1753).

No “Inventário do Hospício de Alagoas” (1754-1786), foi dito que aquele Hospício do Carmo das Alagoas do Sul administrava: 1) um sítio de terras para criação de gado chamado “Girimu” em “Campos do Inhanhum” (também, chamado de “Campos do Inhaum”), no “termo da mesma vila” 162 das Alagoas do Sul, cujo sítio tinha 400 braças de terra (cerca de 880 m), onde os carmelitas já tinham umas “casas de palha de vivenda”163; 2) um sítio de terras na

“Massagoeira” (também, chamado no referido “Inventário [...]” de “Massoeira” ou “Manoeira”), “junto da mesma vila, que a maior parte nos doou Clara de Campos, e a menor a compramos a Luzia Barreyro”164. Não conseguimos identificar com exatidão a região de “Campos de Inhanhum”, por isso, não sabemos se era próxima à Vila das Alagoas do Sul. Quanto à região do sítio da “Massagoeira”, deduzimos que seja a atual região da Massagueira, próxima à atual Cidade de Marechal Deodoro-AL (antiga Vila das Alagoas do Sul).

Em 1742, os carmelitas calçados da Província da Bahia e Pernambuco tentaram fundar mais um convento na Comarca das Alagoas, na Vila do Penedo, mas não foi autorizado pela Coroa, alegando não haver necessidade de novas fundações, porque prejudicariam os franciscanos que tinham convento na região, e onerando a própria Coroa e a população do local pretendido para fundação do convento165. Caso os carmelitas tivessem se instalado na Vila do

162 “Inventário do Hospício de Alagoas” (1754-1786, p. 75). 163 “Inventário do Hospício de Alagoas” (1754-1786, p. 61). 164 “Inventário do Hospício de Alagoas” (1754-1786, p. 75).

165 Segue o documento: “[...] porque lhe fora proibida uma fundação na Vila [...] do Penedo [...] proíbo fazerem-

se novas fundações, e que por saber desses o dito Provincial dos carmelitas pretendia [...] na dita Mesa da Consciência alcançar ordem em tudo oposta as minhas Reais resoluções que todas se encaminhavam a atender a pobreza daquelas terras, a decadência dos tempos, e a não haver necessidade de multiplicidade de fundações de religiosos mendicantes que pretendiam entrar por hospícios para virem pelo decurso do tempo a fazer conventos, e de fraudarem as esmolas dos conventos da dita Província de Santo Antônio que se achavam fundadas do ano de mil quinhentos e [setenta?] e cinco até o de mil e seiscentos, além de com estas novas fundações se prejudicar a minha fazenda, e onerar os povos por serem os ditos carmelitas religiosos que podem possuir bens. (AHU-BA- CA, Papéis Avulsos, cx. 101, doc. 8007).

Penedo, estariam próximos mais ainda das fazendas deles em Sergipe d’El Rei, como, também, estariam em mais um local de destaque na Comarca das Alagoas, entre Sergipe e Pernambuco. No detalhe do “Mappa Tipografico dos Portos, e Costa da Bahia de Todos os Santos Olinda e Pernambuco” de Nicolao Martinho (1776), podemos visualizar: a localização da Vila das Alagoas do Sul (ao centro) onde havia o Hospício do Carmo; a Vila do Penedo (ao Leste); a região, do outro lado da lagoa, sinalizada com o nome “Masuheira” (ao Norte), provável local de um dos sítios daquele hospício (figura 17).

Figura 17: Detalhe do “Mappa Tipografico dos Portos, e Costa da Bahia de Todos os Santos Olinda e Pernambuco”, de Nicolao Martinho (1776), com destaque para a Vila do Penedo e das Alagoas do Sul e a região da “Masuheira” (em rosa).

Fonte: FBN Digital, disponível em: <http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_cartografia/cart309964/ cart309964.jpg>, acesso em: 1 jun. 2013; mapa modificado pela autora.

Para além de uma polêmica disputa de ocupação espacial de arrecadação de esmolas com os franciscanos, o Hospício do Carmo das Alagoas do Sul fortaleceu, mais ainda, a Província do Carmo da Bahia e Pernambuco no território administrativo da Capitania de Pernambuco. Além disso, o Hospício das Alagoas do Sul ficava na passagem entre o Convento de São Cristóvão e as Fazendas Santa Isabel, por exemplo, e os conventos de Pernambuco (Nazaré e Olinda). Em um recorte do “Mappa Tipografico dos Portos, e Costa da Bahia de Todos os Santos Olinda e Pernambuco”, de Nicolao Martinho (1776), podemos visualizar, em

vermelho, a localização da Vila das Alagoas do Sul em relação àqueles locais mencionados (figura 18).

Figura 18: Detalhe do “Mappa Tipografico dos Portos [...]” (1776), com destaque para as localidades que tinham a presença dos carmelitas da Vigararia/Província da Bahia e Pernambuco (em vermelho).

Fonte: FBN Digital; mapa modificado pela autora.

Na extensa Capitania de Pernambuco, existiram duas missões dos carmelitas calçados da Província Carmelitana da Bahia e Pernambuco no século XVIII. O que entendemos é que pelo menos uma podia fazer parte de um interesse de reocupação do território na Capitania de Itamaracá e a outra podia fazer parte de um interesse de ocupação em uma região próxima a Sirinhaém, um local de destaque na Capitania de Pernambuco onde já havia presença franciscana. Trata-se das missões Siri (também chamada de Siry) e Serinhaem (também chamada de Una ou Vau do Una) que, certamente, fortaleceram a atuação dos carmelitas calçados na Diocese de Pernambuco, as quais foram assumidas por aqueles carmelitas calçados, respectivamente, no início do século XVIII e em 1730.

Como veremos mais adiante, nos casos das missões dos carmelitas calçados no Rio Real e na Cachoeira que foram controladas pela Junta das Missões da Bahia, aquele foi um período com bastante atividade da Junta das Missões, organização da Coroa criada em algumas Dioceses para regulamentar as missões no Brasil, em que um dos objetivos era assegurar que as missões indígenas fossem destinadas e administradas por religiosos, principalmente, regulares. A Junta das Missões de Pernambuco, por exemplo, que atuaria na Diocese de Pernambuco (compreendendo as regiões de Alagoas até o Ceará), iniciou as atividades em 1681 e foi interrompida em 1759166.

166 Gatti (2011, p. 3). O sistema de Junta das Missões finalizou em 1759, em seu lugar, surgiu um novo projeto da

Coroa Portuguesa chamado Diretório dos Índios e a responsabilidade das missões passou a ser muito mais dos padres seculares.

Através de documentos dos carmelitas calçados da Província da Bahia e Pernambuco, sabemos que a Missão do Siri ficava às margens do Rio Siri (ou Siriji), próximo à Vila de Goiana, na Capitania de Itamaracá. A Missão do Vau do Una ou Serinhaem ficava próxima ao Rio Una na Capitania de Pernambuco167.

Na primeira Acta Capitular da Província do Carmo da Bahia e Pernambuco de 1722, foi mencionada a Missão do Siri como uma das missões daquela Província do Carmo168. A

informação sobre a administração da Missão do Vau do Una ou Serinhaem pelos carmelitas apareceu a partir da Acta Capitular de 1730, na qual foi eleito o superior missionário Frei Eusébio da Conceição169. A partir da Acta Capitular de 1763, não houve mais votações de

missionários para as missões do Vau do Una (Serinhaem) e Siri, por isso entendemos que elas haviam sido extintas ou os carmelitas não as comandavam mais. A última votação de missionário carmelita calçado para aquelas duas missões foi em Acta Capitular de 1759, sendo que os religiosos sempre exerciam o cargo por um período de três anos. Isso significa dizer que as duas missões podem ter funcionado até pelo menos 1762 com a assistência dos carmelitas calçados. Esse período é próximo à data de extinção do programa de Junta das Missões pelo ano de 1759, o que não foi mera coincidência. Principalmente, porque, nesse período, a Coroa Portuguesa, através das iniciativas do Marquês de Pombal, começou a ser muito mais rigorosa em relação às ordens religiosas, principalmente, com as detentoras de bens de raiz.

Com as duas missões na Capitania de Pernambuco, juntamente, com as fundações de Nazaré e Alagoas do Sul, a Província Carmelitana da Bahia e Pernambuco se fortaleceu mais ainda na Diocese de Pernambuco.

A seguir, apresentamos um recorte do mapa “Carta Topographica e Administrativa [...]” (1848), onde destacamos as propriedades (missões, hospício, conventos e engenho) dos carmelitas calçados da Província da Bahia e Pernambuco na Diocese de Pernambuco na primeira metade do século XVIII (figura 19).

167 Provavelmente, no local onde hoje é a Cidade de Barreiros-PE. 168 “Livro Primeiro de Actas [...]” (1720-1780, p. 13-31).

Figura 19: Detalhe da “Carta Topographica e Administrativa [...]” (1848), com destaque para as propriedades dos carmelitas calçados na Diocese de Pernambuco no século XVIII.

Fonte: FBN Digital, disponível em: <http://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_cartografia/ cart67925/cart67925_6.jpg>, acesso em: 14 jul. 2014; mapa modificado pela autora.

1.3.4 Novas fundações e expansão na Capitania da Bahia de Todos os Santos

Assim como em Pernambuco, os carmelitas calçados da Vigaria e depois Província da Bahia e Pernambuco expandiram-se mais ainda pela Capitania da Bahia de Todos os Santos, fundando colégio, hospícios e missões, principalmente, no entorno do Convento de Salvador, no Recôncavo e no entorno de algumas propriedades carmelitas em Sergipe d’El Rei.

Na Cidade de Salvador, foi fundado o Hospício do Pilar a partir de 1691 com doação de uma capela por intermédio de um pároco, autorizado pela Coroa com algumas restrições, que, logo depois, serviu como mais um colégio para noviciado e estudos de humanidades da Província Carmelitana da Bahia e Pernambuco ao longo do século XVIII. O hospício ficava na parte baixa da cidade, nas terras da praia: próximo às terras dos carmelitas do Cais Dourado de frente do convento e, consequentemente, próximo ao Convento-Sede do Carmo de Salvador

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