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Estrutura da tese

QUADRO 17 TERRAS PARA A AMPLIAÇÃO DO TERRENO DO CONVENTO DO CARMO

N. Tipo Ano Facilitador Local Detalhes do terreno Fonte 3 Doação 1608 Christovão de Aguiar Daltro (filho) e sua mulher Catherina Jacques93. No Monte Calvário, na parte Norte.

“Terras e chãos que estão ao longo do caminho que vai do convento dos Padres do Carmo, e do Leste com terras dos mesmos padres, e do poente com o dito caminho, e do Norte até onde chegar o título do Christovão de Aguiar Daltro [filho] entestando com o caminho que se aparta da dita estrada para o Tanque dos jesuítas”94.

“Livro de Tombo [...]” (1592-1796, p. 230-232). 4 Troca 1637 Cônego Nicolau Viegas. Bairro de Santo Antônio, no Monte Calvário.

“Seis braças [cerca de 13,2 m] a face da rua partindo da banda do Bairro de Santo Antônio com casas que ficaram de Diogo Dias e da banda desta cidade com chãos do dito convento e vinte braças [cerca de 44 m] para trás para o quintal que fica partindo com chãos do dito convento”95.

“Livro de Tombo [...]” (1592-1796, p.

17-19).

Quadro 17: Aquisições de terras dos carmelitas calçados em Salvador (1608 e 1637).

93 Esse documento de doação encontra-se transcrito na íntegra na sessão Anexo E desta tese.

94 O tanque dos jesuítas (ou Quinta dos Padres da Companhia) ficava no sentido Nordeste da cidade, para além do

Monte Calvário, onde aqueles religiosos tinham uma fazenda. O caminho para o tanque descia pela parte Leste do Monte Calvário. Atualmente, o tanque é a região da Baixa de Quintas em Salvador e a antiga morada dos jesuítas é o Arquivo Público do Estado da Bahia (Apeb).

95 A região do Monte Calvário era uma freguesia chamada de Santo Antônio, pois, no extremo Norte daquele

monte, havia uma igreja paroquial de mesmo nome, criada por Cristóvão de Aguiar Daltro (pai) em 1595, alguns anos antes do Convento do Carmo, além de uma fortificação, ao lado da igreja, com o mesmo nome de Santo Antônio. A freguesia foi oficializada em 1646 pelo Bispo D. Pedro da Silva Sampaio (NASCIMENTO, 2007, p. 55) e passou a se chamar Santo Antônio Além do Carmo, assim, referenciando a igreja dos carmelitas calçados.

No detalhe do mapa “Planta de Restituição da Bahia”, de João Teixeira Albernaz I (1631), simularmos as terras das doações (1 e 2), em cor rosa, bem como as terras da doação (3) e da troca (4), ambas em cor violeta (figura 8):

Figura 8: Detalhe do mapa “Planta de Restituição da Bahia” (1631), sinalizando as prováveis terras de doação (1 e 2, em rosa) e as terras de doação e de troca (3 e 4, em violeta) dos carmelitas no Monte Calvário.

Fonte: Site Fortalezas; mapa modificado pela autora.

Em 1624, a Cidade de Salvador foi invadida pelos holandeses, que ficaram de posse daquela região até 1625. De acordo com Mello (2012, p. 39-40):

A Bahia e Pernambuco foram assim, desde o começo, os alvos prioritários do ataque neerlandês ao Brasil. A conquista de ambos foi confiada a uma expedição que compreendia 26 navios e 3300 homens, sob o comando do Almirante Jacob Willekens, cujas instruções determinavam que, tomada a Bahia, atacasse Pernambuco. Fins de abril, começos de maio de 1624, a armada da WIC surgiu diante da capital da América portuguesa [Cidade de Salvador]. A 9 de maio, as tropas comandadas por Jan van Dorth desembarcaram sob a proteção de cerrado bombardeio que aterrorizou a população, levando-a a abandonar a cidade pela segurança do Recôncavo.

Na fuga dos moradores da cidade, a maioria passou pelo Convento do Carmo ao Norte:

A invasão da Bahia começou na madrugada de 9 de maio [1624] [...]. Os navios holandeses passaram a barra no amanhecer do dia 9 de maio e canhonearam o Forte de Santo Antônio, onde Francisco de Barros se encontrava no comando de cem dos homens que o governador convocara e de duzentos índios flecheiros [...]. Os padres recolheram as hóstias da custódia, guardaram o Santíssimo Sacramento e os ornamentos mais ricos da capela e acompanharam o bispo e muitas outras pessoas até

a Quinta dos Padres, fora da cidade. Não demorou para que o exemplo do bispo fosse seguido por centenas, milhares de moradores, multidão calculada entre dez a doze mil homens e mulheres de todas as idades e crianças. Desceram o caminho ao lado do muro do Colégio [dos jesuítas], subiram para o Carmo [subiram no Monte Calvário] e tomaram a direção da costa em busca dos caminhos que levavam ao aldeamento indígena do Espírito Santo, hoje Abrantes [...]. As tropas da Companhia das Índias Ocidentais formalizaram a ocupação da Cidade do Salvador na manhã do dia 10 de maio. Encontraram-na vazia de moradores, as casas com as portas abertas, igrejas e conventos sem padres e frades. O governador Mendonça Furtado permanecera, porém, na Casa dos Governadores, acompanhado do filho, do sargento-mor Francisco de Almeida Brito, do ouvidor Pedro Casqueiro da Rocha e do Provincial dos jesuítas, Domingos Coelho. Foram aprisionados e enviados a Amsterdã, o grande porto e centro político, administrativo e comercial das Províncias Unidas dos Países Baixos.96

Segundo Tavares (2001, p. 138-139), para os holandeses defenderem a cidade, tanto o Convento do Carmo quanto o de São Bento foram usados para acomodar os soldados holandeses, sendo os edifícios contornados por muros, tornando-se fortificações. Isso ocorreu porque talvez aqueles edifícios religiosos estivessem em locais estratégicos nos extremos Norte e Sul da Cidade de Salvador. Além disso, o Rio do Brejo foi represado pelos holandeses para que os navios não pudessem circular pelos fundos da cidade.

Em abril de 1625, os holandeses retiraram-se da Cidade de Salvador, mas deixaram algumas modificações no espaço urbano, que interferiram, diretamente, na atuação dos carmelitas nos anos seguintes: 1) o Convento do Carmo havia sido ocupado e danificado pelos holandeses, então, os carmelitas tomaram medidas de reparação da igreja dele, alegando a construção de um guindaste em frente ao convento, para carregar pedras da parte baixa da cidade junto ao mar, pedindo à Coroa um terreno que foi concedido por sesmaria97; 2) o rio da

parte de trás da cidade, represado pelos holandeses, inundou e diminuiu o terreno cultivado das terras da horta dos carmelitas, ao se sentirem prejudicados, os calçados procuraram expandir a horta deles através de doação e de compra de terreno98. (Quadro 18).

96 Tavares (2001, p. 135-138).

97 As justificativas feitas pelos carmelitas e os relatos dos danos causados pelos holandeses a seu convento

encontram-se transcritas no “Livro de Tombo [...]” (1592-1796, p. 140-141).

98 As justificativas relatadas pelos carmelitas e os detalhes dos danos causados em sua horta pelos holandeses

encontram-se descritas no documento do AHU-BA (AHU-BA-Coleção Castro e Almeida (CA), Papéis Avulsos, cx. 2, doc. 117).

QUADRO 18. TERRAS PARA O GUINDASTE

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