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Igreja e Hospício de Santo Amaro No sítio mais elevado da Vila de Santo Amaro A partir de 1722 7 Igreja e Hospício de Alagoas do

2 OS CARMELITAS CALÇADOS E A CIDADE: A PROVÍNCIA DA BAHIA E PERNAMBUCO

QUADRO 33 IMPLANTAÇÃO DOS HOSPÍCIOS E CONVENTOS DOS CARMELITAS CALÇADOS DA BAHIA E PERNAMBUCO EM SÍTIOS ELEVADOS (1580-1732)

6 Igreja e Hospício de Santo Amaro No sítio mais elevado da Vila de Santo Amaro A partir de 1722 7 Igreja e Hospício de Alagoas do

Sul. Em um morro da Vila das Alagoas do Sul. A partir de 1732. Quadro 33: Implantação dos hospícios e conventos dos carmelitas calçados da Bahia e Pernambuco em sítios elevados (1580- 1732).

201 Segundo Marado (2007), na Europa: “Assim, pois, por norma, os monastérios são estruturas de maior dimensão

que se localizam em espaços rurais, e os conventos, sendo, normalmente, menores, situam-se no espaço urbano, ou em sua proximidade. Mas tão pouco aqui a questão é linear, já que construíram ‘monastérios’ dentro das cidades, assim como ‘conventos’ em espaços afastados” (MARADO, 2007, p. 11). No Brasil colonial, as ordens regulares construíram raros monastérios e todos foram em locais afastados e em meio rural.

Ao visualizarmos os terrenos dos hospícios e conventos já mencionados, percebemos que: 1) os conventos de Olinda, Salvador, Nazaré estão situados em locais elevados (como acrópoles), posicionados em frente ao mar (figuras 33 e 34).

Figura 33: Os sítios elevados dos conventos de Olinda, Salvador e Nazaré próximos ao mar. Fonte: Site Google Mapas. Mapas modificados pela autora.

Figura 34: As fotografias dos conventos na parte mais elevada.

Fonte: Fotografias: Carmo de Olinda (ca. 1940) do Acervo da Fundaj202; Panorama da Cidade de Salvador (século XIX) do

Site Guia Geográfico da Cidade do Salvador, disponível em: <http://www.cidade-salvador.com>, acesso em 12 dez. 2014;

Vista atual do Convento do Carmo da Vila de Nazaré no Cabo de Santo Agostinho, disponível em: <http://blogs.ne10.uol.com.br/jamildo>, acesso em 2 mar. 2015. Fotografias modificadas pela autora.

2) O Convento de Cachoeira se encontra em uma pequena elevação, um pouco acima do nível do Rio Paraguaçu (figura 35).

202 As cópias das fotografias antigas originais do Acervo da Fundaj referentes aos conventos do Carmo de Olinda

e Nazaré no século XIX e primeira metade do século XX, que apresentaremos ao longo deste trabalho, estão organizadas com as identificações dos fotógrafos e das datações na sessão Anexo L.

Figura 35: O sítio elevado do Convento de Cachoeira (à esquerda) próximo ao rio e à igreja conventual dele (à direita). Fonte: Site Google Mapas. Fotografia (à direita): Lucas Silva, 2014. Mapa e fotografia modificados pela autora.

3) O Hospício de Santo Amaro (já demolido) e o Convento de São Cristóvão também estão em uma elevação como acrópole, mas diante, respectivamente, do Rio Cotinguiba e do Rio Paramopama (figuras 36 e 37).

Figura 36: Os sítios elevados do Hospício de Santo Amaro (à esquerda) e do Convento de São Cristóvão (à direita) próximos ao rio.

Figura 37: O local elevado do Convento de São Cristóvão. Fonte: Fotografia: Roberta Bacellar Orazem, 2014. Fotografia modificada pela autora.

4) O Hospício de Alagoas do Sul não se projeta, diretamente, para um mar ou rio, estando em terreno elevado próximo da lagoa principal da região (figura 38).

Figura 38: O sítio elevado do Hospício de Alagoas do Sul (à direita) próximo à lagoa, e a imagem dele (à esquerda). Fonte: Site Google Mapas. Fotografia (à direita): Roberta Bacellar Orazem, 2014. Mapa e fotografia modificados pela autora.

5) Sabemos que o Hospício e Missão do Rio Real foram demolidos, então, só podemos supor que tenha sido implementado em sítio elevado onde hoje está a Igreja do Carmo, no povoado chamado Convento, próximo às margens do Rio Guararema, afluente do Rio Real, pois, em documentos datados de 1592-1593 do Rio Real, foi descrita a localização: “começando

a meia légua dos religiosos dos matos mais pertos do seu hospício, entre o [Rio] Saguim e o Guararema”203 (figura 39).

Figura 39: O provável local do Hospício e Missão do Rio Real (à esquerda) próximo ao Rio Guararema, afluente do Rio Real, e a imagem do provável sítio dele, onde hoje é uma Igreja do Carmo no Povoado Convento (à direita).

Fonte: Site Google Mapas. Fotografia (à direita): Roberta Bacellar Orazem, 2014. Mapa e fotografia modificados pela autora.

Dos hospícios e conventos estudados nesta tese, há a exceção do Hospício e Colégio do Pilar, que foi inserido em terreno na beira do mar, mas construído com alicerces para ficar acima do nível do mar, assim como outras igrejas das imediações. Talvez, essa intenção tenha sido não somente para evitar inundações, mas, também, para destacar o edifício religioso (figura 40). Além do mais, a existência de uma norma não significa que ela é sempre seguida à risca, havendo algumas exceções.

Figura 40: O sítio do Hospício e Colégio do Pilar (acima) próximo à Baia de Todos os Santos, e a fotografia (século XIX) do hospício com alicerce elevado na beira do mar (abaixo).

Fonte: Site Google Mapas (acima). Site Guia Geográfico Igrejas de Salvador (abaixo), disponível em: <http://www.igrejas-bahia.com/salvador/pilar/carmelitas-pilar.htm>, acesso em: 12 jan. 2014. Mapa e fotografia modificados pela autoria.

203 ARQUIVO DO CARMO DA PROVÍNCIA CARMELITANA DE SANTO ELIAS (AC-SANTOS ELIAS).

Tal elevação, a partir de alicerces, assemelha-se a do Convento de Cachoeira (figura 35), pois, como ficava às margens do Rio Paraguaçu, teve que ser edificado na subida da ladeira e com a base de alicerce, acima do nível do rio e das ruas, assim como as demais edificações do entorno do Convento do Carmo como a Casa da Câmara e Cadeia e a Igreja Matriz. Com base na documentação dos “Termos de arrematação de obras da Cachoeira (1758-1781)”, referentes às obras feitas pela Câmara da Vila de Cachoeira na segunda metade do século XVIII, verificamos que a elevação dos edifícios notáveis era necessária porque ocorreram inundações constantes das águas do Rio Paraguaçu ao longo daquele século204.

Entretanto, afirmamos não terem sido os calçados quem, inicialmente, definiram os locais de implantação dos hospícios e conventos deles, pois havia sido doada a maioria dos terrenos elevados a aqueles religiosos por leigos: 1) Olinda - Capela de Santo Antônio e São Gonçalo, doação de dois leigos abastados na década de 1580; 2) Salvador - Capela de Nossa Senhora da Piedade, doada por um senhor de engenho e fidalgo em 1689; 3) São Cristóvão - Capela de Santo Antônio, supostamente, doada por um leigo abastado; 4) Rio Real - Capela de Nosso Senhor Jesus, que era do engenho do capitão proprietário da região; 5) Alagoas do Sul - Capela Nossa Senhora do Ó, doada por um coronel; 6) Nazaré - Capela ou Igreja Matriz de Nazaré, doada por senhoras abastadas herdeiras da região; 7) Pilar - Igreja de Nossa Senhora da Coluna (ou do Pilar), doada por um padre. Somente os casos de Cachoeira e Santo Amaro diferem um pouco, pois, aparentemente e consequentemente: 1) não havia construção religiosa no local do sítio doado aos carmelitas calçados pelo capitão João Rodrigues Adorno em 1686, mas era um terreno amplo com ladeira, escolhido pelo próprio capitão, o qual fazia parte das terras do engenho daquele capitão; 2) em Santo Amaro, apesar de terem recebido a Igreja Matriz da vila, o coronel da região construiu hospício e capela para os carmelitas em local próximo, mas separado daquela igreja. Em ambos os casos, os carmelitas calçados podem ter definido o local exato para a construção dos conventos deles. Entretanto, isso não anula a intenção de destacar os hospícios e conventos em locais elevados, uma vez que os carmelitas aproveitaram o fato que a topografia do terreno já permitia esse destaque.

Diante da presença dos carmelitas calçados nas localidades estudadas, podemos supor que, no geral, eles podem ter induzido a escolha do terreno onde queriam se instalar, entrando em acordo com os doadores, pois, na maioria dos casos, vimos pelos documentos que

204 “[...] obras da calçada e ponte junto a Ordem Terceira [do Carmo] e a do conserto do cais e linguetas do mesmo

[...] fazendo um cano largo com dois aquedutos capazes de dar expedição às vertentes dos outeiros com paredes [...] para acento das lages fortes com há de ser coberto o referido cano e por dispedição das águas que findará da parte da praça da casa nova que fica junto do cano da mesma e da parte da Ordem Terceira [...]. (SIMAS FILHO, 1973, p. 69).

os carmelitas calçados se instalaram, primeiramente, em um hospício (ou casa) temporário ao lado das capelas. Em um dos casos, o do Convento de São Cristóvão, podemos deduzir uma provável escolha dos carmelitas calçados, uma vez que, primeiramente, parece que se instalaram na Capela de São Gonçalo no arrabalde da cidade, mas que, depois, decidiram se instalar na Capela de Santo Antônio no Alto do Uma, no núcleo principal da Cidade de São Cristóvão. Essa mudança de local para fundação do convento deve sido escolha dos carmelitas calçados, pois, na primeira metade do século XVII, eles eram a única ordem religiosa dominante no local.

No caso dos carmelitas calçados da Bahia e Pernambuco, eles se instalaram em hospícios e conventos (nunca monastérios) tanto em locais mais afastados ou pouco urbanizados (como no Rio Real e em Nazaré), mas, também, nos principais núcleos urbanos do Brasil (como em Salvador, Olinda, Cachoeira, entre outros). Ainda, no espaço intraurbano, inseriram-se ora no arrabalde desses núcleos urbanos ora nos centros principais deles.

2.3 A localização no núcleo urbano

De acordo com Marado (2010, p. 108), a inserção dos conventos de ordens religiosas nos extremos da cidade, seja nas portas das cidades seja nos contornos dos muros delas, era prática comum em Portugal, além disso, a autora afirmou que os conventos, normalmente, contornavam os limites da cidade, formando um anel. Percebemos que essa prática não era somente dos carmelitas calçados da Bahia e Pernambuco, mas sim das ordens regulares de um modo geral.

A maioria dos hospícios e conventos carmelitas calçados da Bahia e Pernambuco se encontrava, prevalentemente, no extremo Sul do núcleo urbano, com exceção da Cidade de Salvador, onde o Convento de Salvador da Bahia e o Hospício do Pilar se instalaram no extremo Norte do núcleo urbano (quadro 34):

QUADRO 34. A POSIÇÃO DOS HOSPÍCIOS E CONVENTOS DOS CARMELITAS

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