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4.2.3.3.2 – IMPACTO NAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS DA CME

PARTE II – ESTUDO EMPÍRICO

4.2.3.3.2 – IMPACTO NAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS DA CME

Uma vez analisadas as informações constantes do relato financeiro e do relatório de gestão da CME, verificámos que esta Autarquia Local registou na conta 59 – Resultados transitados, no ano de 2010, para além do montante relativo à aplicação do resultado líquido de 2009, movimentos (a diminuir e a acrescentar) relacionados com correções a exercícios anteriores, designadamente nas rubricas de amortizações acumuladas e ativo imobilizado (com destaque para as rubricas de imobilizações corpóreas, imobilizações incorpóreas e bens de domínio público). Caso estas correções tivessem sido realizadas no ano de 2009, afetariam o resultado líquido desse exercício.

No quadro 8, demonstramos a situação da conta 59 - Resultados transitados, às datas de 31/12/2010 e de 31/12/2009:

Quadro 8 – Estrutura do Capital Próprio

Fundos próprios Balanço (31/12/2010) Balanço (31/12/2009)

Resultados transitados 9.440.178,90€ 6.922.020,41€

FONTE: Elaboração própria

Conforme aferimos na nota 8.2.2, das NBDR, dos documentos de prestação de contas do ano de 2010 da CME, foram necessários ajustamentos nas rubricas do ativo imobilizado (imobilizações corpóreas e bens de domínio público) e de amortizações acumuladas.

Nos quadros 9 e 10 descrevemos o impacto desses ajustamentos na conta 59 – Resultados transitados, nomeadamente no quadro 9 descrevemos os valores a diminuir nos resultados transitados e no quadro 10 descrevemos os valores a acrescer nos resultados transitados.

Quadro 9 – Movimentos efetuados na conta 59 – Resultados Transitados, no ano de 2010 –

Valores a diminuir

Contrapartida da conta 59 – Resultados Transitados

Valores a diminuir na conta 59 –

Resultados Transitados Motivo

Amortizações Acumuladas de Imobilizações Corpóreas e Bens de Domínio Público 89.411,96€, sendo 19.822,76€ (imobilizações corpóreas) e 69.589,20€ (bens de domínio público)

Em 2009, foram concluídas algumas empreitadas que se encontravam contabilizadas nas contas patrimoniais de imobilizações em curso. No ano de 2010, a entidade procedeu às correspondentes regularizações contabilísticas.

Amortizações Acumuladas de Bens

de Domínio Público

245.615,61€

No ano de 2010, a entidade detetou que o auto de transferência, relativo ao ano de 2005, que diz respeito à transferência do lanço inerente à conta de empreitada de beneficiação da EN 1-12 para a rede municipal de jurisdição da CME, não tinha sido ainda registado contabilisticamente. Por esta razão, no ano de 2010, a entidade procedeu à correspondente regularização contabilística, passando esse ativo a fazer parte do património municipal.

Quadro 10 – Movimentos efetuados na conta 59 – Resultados Transitados, no ano de 2010 – Valores a acrescer Contrapartida da conta 59 – Resultados Transitados

Valores a acrescer na conta 59 –

Resultados Transitados Motivo

Aplicação do Resultado Líquido do Exercício de 2009 1.633.659,58€ --- Acréscimos e Diferimentos – Subsídios para investimentos 214.546,46€

No ano de 2010 foram regularizados os proveitos imputáveis aos anos de 2008 e 2009 associados ao financiamento obtido para a construção do “Eco- Parque Empresarial de Estarreja” que, por lapso, não foi especializado.

Trabalhos para a

Própria Entidade 999.114,36€

O valor a acrescer de 999.114,36€ corresponde à transferência contabilística de se ter inicialmente considerado a empreitada de beneficiação da EN 1- 12 como custo do exercício, quando deveria ter sido registado no ativo imobilizado.

Amortizações Acumuladas de

Imobilizações Incorpóreas

5.670,00€

No ano de 2009 o cálculo das amortizações do exercício de um ativo foi efetuado com uma taxa de amortização de 20%, quando na realidade deveria ter sido amortizado a uma taxa de 5%. Em 2010, a CME realizou a correspondente regularização de amortizações relativas a exercícios anteriores.

Amortizações Acumuladas de

Imobilizações Corpóreas

195,66€

Este valor diz respeito às correspondentes amortizações que foram consideradas em anos anteriores para um ativo amortizável. No entanto, na realidade este ativo corresponde a um terreno (logo, ativo não amortizável).

FONTE: Elaboração própria

Neste cenário, aplicámos as regras de reconhecimento elencadas no normativo internacional, designadamente a aplicação retrospetiva para a correção deste tipo de erros (§47, IPSAS nº3), conforme refletido nos quadros 11, 12 e 13.

Uma vez que detetámos o erro no ano de 2010, os quadros 11 e 12 demonstram as reexpressões referentes ao ano de 2009 na demonstração da posição financeira e na demonstração do desempenho financeiro, respetivamente.

Quadro 11 – Reexpressão retrospetiva de erros – Demonstração da posição financeira

Rubrica Ano 2010 Ano 2009

Reexpressão Ano 2009

Excedente/Défice Acumulado 9.440.178,90€ 6.922.020,41€ 6.037.521,50€

Excedente/Défice do Período -938.507,08€ 1.719.641,66€ 2.604.140,57€

FONTE: Elaboração própria

Quadro 12 – Reexpressão retrospetiva de erros – Demonstração do desempenho financeiro

Rubrica Ano 2010 Ano 2009

Reexpressão Ano 2009

Gasto de Depreciação e Amortização 3.100.962,00€ 3.091.575,02€ 3.420.736,93€

Réditos Extraordinários 810.814,60€ 2.176.453,97€ 2.391.000,43€

Trabalhos para a Própria Entidade 0,00€ 0,00€ 999.114,36€

Excedente/Défice do Período -938.507,08€ 1.719.641,66€ 2.604.140,57€

FONTE: Elaboração própria

Consequentemente o quadro 13 reflete as reexpressões efetuadas no ano de 2009 nas contas de excedente/défice acumulado e excedente/défice do período.

Quadro 13 – Reexpressão retrospetiva de erros – Demonstração de alterações no Capital Próprio

Rubrica Ano 2010 Ano 2009

Reexpressão Ano 2009

Excedente/Défice Acumulado 9.440.178,90€ 6.922.020,41€ 6.037.521,50€

Excedente/Défice do Período -938.507,08€ 1.719.641,66€ 2.604.140,57€

FONTE: Elaboração própria

Decorrente destas alterações, segundo a IPSAS nº3, a divulgação que a CME deveria incluir nas notas às demonstrações financeiras é a seguinte:

Notas – IPSAS nº3

Os valores de réditos extraordinários (aumento em 214.546,46€), trabalhos para a própria entidade (aumento em 999.114,36€) e gasto de depreciação e amortização (diminuição em 195,66€ e 5.670,00€ e aumento em 245.615,61€ e 89.411,96€) foram incorretamente omitidos das demonstrações financeiras do ano de 2009, vindo a afetar o excedente/défice acumulado e o excedente/défice do período. Para além desses, os montantes de excedente/défice acumulado (aumento em 245.615,61€, diminuição em 5.670,00€, diminuição em 195,66€ e aumento em 89.411,96€) foram objeto de regularização nesta conta, vindo

igualmente a afetar o excedente/défice do período. As demonstrações financeiras do ano de 2009 foram reexpressas para corrigir este erro, pelo que o efeito dessa reexpressão é resumido adiante. Não existe efeito no ano de 2010.

Efeito no ano de 2009

Aumento no excedente/défice acumulado 335.027,57€

Diminuição no excedente/défice acumulado 1.219.526,48€

Aumento no excedente/défice do período 1.219.526,48€

Diminuição no excedente/défice do período 335.027,57€

Aumento em gasto de depreciação e amortização 335.027,57€

Diminuição em gasto de depreciação e amortização 5.865,66€

Aumento em réditos extraordinários 214.546,46€

Aumento em trabalhos para a própria entidade 999.114,36€

4.2.3.4 – POCAL versus IPSAS Nº5: CUSTOS DOS EMPRÉSTIMOS OBTIDOS 4.2.3.4.1 – COMPARAÇÃO

A IPSAS nº5 tem como principal objetivo estabelecer o tratamento contabilístico dos custos dos empréstimos obtidos.

No âmbito desta norma, os custos dos empréstimos obtidos “() são juros e outros gastos incorridos por uma entidade em conexão com o empréstimo de fundos” (§5, IPSAS nº5).

Os custos dos empréstimos obtidos, de acordo com o normativo internacional, devem ser reconhecidos tendo em consideração os seguintes tratamentos contabilísticos:

• tratamento de referência – os custos “() devem ser reconhecidos como um gasto do período em que são incorridos” (§14, IPSAS nº5), independentemente da forma como são aplicados os empréstimos obtidos; • tratamento alternativo – os custos “() devem ser reconhecidos como um

gasto do período em que são incorridos, excepto até à extensão que sejam ()” capitalizáveis (§17, IPSAS nº5). Os custos dos empréstimos obtidos devem ser capitalizados como parte do custo do ativo desde “() que sejam diretamente atribuíveis à aquisição, construção ou produção de um

activo que se qualifica” (§18, IPSAS nº5). Ativo que se qualifica “() é um activo que leva necessariamente um período substancial de tempo para

ficar pronto para o seu uso pretendido ou venda” (§5, idem).

A opção pelo tratamento alternativo para o reconhecimento dos custos dos empréstimos obtidos, implica que a entidade cumpra com o princípio da consistência, aplicando-o aos referidos custos dos ativos que se qualificam (§20, IPSAS nº5).

Segundo o §31 do normativo internacional, a capitalização dos custos dos empréstimos obtidos deve ser iniciada quando se verificarem cumulativamente as

seguintes situações “():

os dispêndios relativos ao activo estão a ser incorridos; os custos de empréstimos estão a ser incorridos;

estão em curso actividades que sejam necessárias para preparar o activo para o seu uso pretendido ou venda”.

Por outro lado, a capitalização deve ser suspensa desde que o desenvolvimento do ativo seja interrompido por períodos extensos de tempo (§34, IPSAS nº5), devendo ser considerados como gastos. A capitalização deve cessar quando o ativo esteja pronto para ser usado (§36, idem).

Quanto ao normativo nacional, o ponto 4.1.12 (subcapítulo 4.1 – Imobilizações, capítulo 4 – Critérios de valorimetria, POCAL) estabelece o seguinte:

• quando os financiamentos tiverem como destino as imobilizações, os correspondentes custos “(...) poderão ser imputados à compra e produção das mesmas, durante o período em que elas estiverem em curso, desde que isso se considere mais adequado e se mostre consistente”;

• quando a construção for realizada em partes isoladas, a entidade deve cessar a imputação dos juros inerentes a essas partes, logo que cada parte isolada esteja concluída e “() em condições de ser utilizada”.

Relativamente às divulgações sobre esta matéria, salientamos que não existem diferenças entre os dois normativos, quanto ao tratamento alternativo, conforme demonstramos no mapa comparativo no anexo 7.

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