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4.2.3.1.2 – IMPACTO NAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS DA CME

PARTE II – ESTUDO EMPÍRICO

4.2.3.1.2 – IMPACTO NAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS DA CME

Face ao exposto na secção anterior e à análise dos documentos de prestação de contas da CME (balanço, demonstração dos resultados, NBDR) e do relatório de gestão do ano de 2010, o principal impacto ao nível da apresentação de demonstrações financeiras da CME dá-se na elaboração da Demonstração de alterações no ativo líquido/capital próprio (exigido pela IPSAS nº1), bem como na forma diferente em que são apresentadas as divulgações. Assim, para além das demonstrações financeiras que a CME elabora e apresenta, ao abrigo do POCAL, deveria ainda proceder à elaboração da referida Demonstração de alterações no ativo líquido/capital próprio, conforme demonstramos no quadro 25. Para além do atrás referido e de acordo com o §106, da IPSAS nº1, a CME deveria igualmente divulgar a seguinte informação:

9

No normativo nacional, o ponto de afastamento é referenciado no Capítulo 2.4 – Anexos às demonstrações financeiras.

Notas – IPSAS nº1

§106 – Natureza e quantia dos itens do rédito quando estes são materiais:

De acordo com o §106, da IPSAS nº1, a CME relata separadamente a natureza e quantia dos itens de rédito quando os mesmos são materiais:

Alienação de Ativos Fixos Tangíveis 1.172,86€

4.2.3.2 – POCAL versus IPSAS Nº2: DEMONSTRAÇÕES DE FLUXOS DE CAIXA

4.2.3.2.1 – COMPARAÇÃO

O principal objetivo da IPSAS nº2 é exigir que as entidades elaborem e preparem uma demonstração de fluxos de caixa, de forma a produzir “() informação acerca das alterações históricas em dinheiro e equivalente de dinheiro” (Objetivo, IPSAS nº2).

Segundo o referido normativo, as demonstrações de fluxos de caixa devem integrar as demonstrações financeiras, relativamente a cada período de relato (§1, IPSAS nº2) e os fluxos de caixa devem ser classificados em operacionais, de investimento e de financiamento.

Quanto ao normativo nacional, o mapa de fluxos de caixa constitui um mapa obrigatório inerente aos documentos de prestação de contas das Autarquias Locais, e deve fazer parte integrante dos mapas de execução orçamental. Tem como propósito acompanhar a execução orçamental de cada entidade, em articulação com os mapas de execução orçamental das despesas e das receitas. Em ambos os normativos, verificamos que existe uma diferença a nível estrutural quanto à apresentação da demonstração dos fluxos de caixa (IPSAS nº2) / mapa de fluxos de caixa (POCAL), isto é, no normativo internacional, os fluxos de caixa são desagregados em atividades operacionais, de investimento e de financiamento (demonstrado no Apêndice – Demonstração de Fluxos de Caixa, IPSAS nº2), o que não se verifica no mapa de fluxos de caixa, previsto no normativo nacional (subcapítulo 7.5 – Notas aos fluxos de caixa, POCAL). Neste normativo, “As receitas e as despesas orçamentais são desagregadas de acordo

com a discriminação constante do orçamento” (subcapítulo 7.5 – Notas aos fluxos de caixa, POCAL).

No POCAL, o mencionado mapa de fluxos de caixa, apresenta todos os recebimentos e pagamentos ocorridos no período do relato financeiro relativos à execução do orçamento e outras operações que afetem diretamente a tesouraria

(caso das operações de tesouraria10), incluindo ainda os saldos finais e iniciais.

Devem ser também evidenciados os correspondentes saldos (da gerência anterior e para a gerência seguinte), desagregados em consonância com a sua origem – execução orçamental ou operações de tesouraria.

Por outro lado, no normativo nacional, as entidades relatam os seus mapas de

fluxos de caixa, usando o método direto11. No entanto, constatamos que esse

método é usado, independentemente de se tratar de atividades operacionais, de investimento ou de financiamento, o que não se verifica no normativo internacional. Na IPSAS nº2, verificamos que apenas para as atividades operacionais “As entidades são encorajadas a relatar fluxos de caixa () usando

o método directo” (§28, IPSAS nº2). O método indireto12 também pode ser

utilizado pelas entidades quando elaboram a demonstração de fluxos de caixa. No que diz respeito às atividades de investimento e de financiamento, de acordo com os §31 e §32, do normativo internacional, as entidades devem relatar separadamente as classes principais de recebimentos e pagamentos brutos a dinheiro provenientes dessas atividades, salvo:

10

As “Operações de tesouraria dizem respeito às cobranças que os serviços autárquicos realizam para terceiros” (ALMEIDA, 1999:101).

11

No método direto “() são divulgadas as classes principais dos recebimentos brutos a dinheiro e os pagamentos brutos a dinheiro ()” (§27, alínea a), IPSAS nº2).

12

No método indireto “() o excedente ou défice é ajustado pelos efeitos das transacções de natureza de não-dinheiro, de quaisquer diferimentos ou acréscimos de recebimentos ou pagamentos operacionais a dinheiro passados ou futuros e de rubricas de rédito e de gastos associadas com fluxos de caixa de investimento ou de financiamento” (§27, alínea b), IPSAS nº2).

• recebimentos e pagamentos efetuados em nome dos clientes, contribuintes ou beneficiários, quando os fluxos de caixa reflitam a atividade da outra parte e não da entidade;

• recebimentos e pagamentos de rubricas com elevada rotação, grandes quantias e maturidade baixa.

Relativamente aos conceitos tratados na IPSAS nº2, verificamos, tal como na IPSAS nº1, que alguns se assemelham, apenas divergindo na sua terminologia. Por exemplo, no POCAL, a definição de títulos negociáveis – “Inclui os títulos adquiridos com o objetivo de aplicação de tesouraria de curto prazo, ou seja, por um período inferior a um ano” (conta 15, subcapítulo 11.3 – Classificação orçamental e patrimonial, POCAL) - tem o mesmo significado para o termo usado no normativo internacional - equivalentes de caixa, que “são investimentos a curto prazo, altamente líquidos que sejam rapidamente convertíveis em quantias conhecidas de dinheiro ()” (§8, IPSAS nº2).

No normativo internacional, a definição de caixa “compreende numerário e depósitos à ordem” (§8, IPSAS nº2), não fazendo a distinção entre o que é numerário e o que é depósitos à ordem, ao contrário do que se verifica no POCAL. Neste, os conceitos de caixa e depósitos à ordem são tratados de forma separada, isto é, caixa “Inclui os meios de pagamento, ()” e depósitos à ordem “() respeita aos meios de pagamento existentes em contas à ordem ou a prazo em instituições financeiras” (contas patrimoniais 11 e 12, respetivamente, subcapítulo 11.3 – Classificação orçamental e patrimonial, POCAL).

Notamos ainda um ponto de contacto entre o POCAL e a IPSAS nº2, que se prende com o reconhecimento das disponibilidades em moeda estrangeira (normativo nacional) / fluxos de caixa provenientes de transações em moeda estrangeira (normativo internacional).

De acordo com o ponto 4.4.2, do subcapítulo 4.4 – Disponibilidades, do POCAL, “As disponibilidades em moeda estrangeira são expressas no balanço ao câmbio em vigor na data a que ele se reporta”. No normativo internacional, segundo o

§36, os fluxos de caixa em moeda estrangeira devem ser reconhecidos à taxa de câmbio em vigor à data do fluxo de caixa.

Quanto ao normativo nacional, verificamos que as diferenças de câmbio encontradas na data do relato são contabilizadas nas contas patrimoniais “685 – Custos e perdas financeiros – diferenças de câmbio desfavoráveis” ou “785 – Proveitos e ganhos financeiros – diferenças de câmbio favoráveis”. De acordo com o §39, da IPSAS nº2, esses ganhos e perdas não realizados, não são considerados fluxos de caixa, pelo que não devem ser evidenciados na demonstração de fluxos de caixa, pelo que constitui assim um ponto de contacto. No que diz respeito às divulgações exigidas pelos dois normativos em estudo, elaborámos um mapa comparativo (anexo 5), e concluímos que não existem pontos de contacto. Verificamos, igualmente, que a IPSAS nº2, obriga que as entidades divulguem um maior número de informação face ao normativo nacional.

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