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4.2.3.5.2 – IMPACTO NAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS DA CME

PARTE II – ESTUDO EMPÍRICO

4.2.3.5.2 – IMPACTO NAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS DA CME

A CME, desde o ano de 1998, detém 26% da entidade “ERASE – Agrupamento para a Regeneração Ambiental dos Solos de Estarreja, A.C.E.”, o que significa que, segundo a IPSAS nº7, exerce influência significativa. Logo, a CME deverá aplicar o método da equivalência patrimonial no reconhecimento do investimento nessa associada.

Contudo, através da análise à nota 8.2.16, das NBDR, da referida entidade, constatámos que o valor dos resultados da investida no ano de 2010 foi nulo, pelo que em 2010 não seria reconhecido qualquer resultado decorrente da participação detida pela CME. Fomos igualmente analisar as demonstrações financeiras da associada, em todos os anos incluídos no período entre a data de aquisição e o ano de 2010, e verificámos que em todos eles a situação referida em 2010 era a mesma. Deste modo, mesmo que a CME utilizasse o método da

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Segundo o §14, da IPSAS nº21, perda por imparidade “() é a quantia pela qual a quantia escriturada de um activo excede, a sua quantia recuperável de serviço”.

equivalência patrimonial isso não teria traduzido nenhuma alteração ao valor pelo qual o investimento foi inicialmente reconhecido, permanecendo portanto contabilizado pelo custo de aquisição.

Face ao exposto, concluímos que o principal impacto verificado na apresentação das demonstrações financeiras da CME dá-se ao nível das divulgações. Assim, considerando as informações exigidas pelo normativo internacional, mencionadas no anexo 8, a CME deveria proceder à seguinte divulgação:

Notas – IPSAS nº7

Informação financeira resumida da associada que não é contabilizada pela CME usando o método da equivalência patrimonial:

A CME detém 26% da entidade denominada “ERASE – Agrupamento para a Regeneração Ambiental dos Solos de Estarreja, A.C.E.” e não contabiliza o valor desse investimento financeiro pelo método da equivalência patrimonial.

Descrevem-se as quantias inerentes à informação financeira da associada relativamente ao ano de 2010: Ativos Totais 181.636,48€ Passivos Totais 156.696,59€ Réditos 4.396,61€ Excedentes ou Défices 0,00€

4.2.3.6 – POCAL versus IPSAS Nº9: RÉDITO DE TRANSAÇÕES DE TROCA 4.2.3.6.1 – COMPARAÇÃO

O principal objetivo da IPSAS nº9, de acordo com o §1, é determinar a forma como devem ser tratados contabilisticamente os réditos provenientes dos

seguintes acontecimentos e transações de troca “() :

a prestação de serviços; a venda de bens;

o uso por outros de activos da entidade que produzam juros, royalties e dividendos”.

As transações de troca são aquelas “() em que uma entidade recebe activos ou serviços, ou tem passivos extintos, e directamente dá um valor aproximadamente

igual (principalmente na forma de caixa, bens, serviços, ou de uso de activos) a uma outra entidade em troca” (§11, IPSAS nº9). São exemplos destas transações a compra e venda de bens ou serviços, bem como os ativos fixos tangíveis inerentes a contratos de locação financeira, a preços de mercado.

De acordo com o §14 do normativo internacional, o rédito deve ser mensurado ao justo valor relativamente à quantia recebida ou a receber, livre de quaisquer descontos e abatimentos, devendo ser reconhecido quando seja provável que benefícios económicos futuros ou potencial de serviço inerentes às transações fluam para a entidade, bem como o montante do rédito possa ser determinado com fiabilidade.

Para efeitos da IPSAS nº9, os critérios de reconhecimento do rédito, consoante se trate de prestação de serviços, venda de bens ou o uso por outros de ativos da entidade que produzam juros, royalties e dividendos, aplicam-se separadamente a cada transação.

No caso de prestação de serviços, e de acordo com o §19 do referido normativo, quando possa ser estimado com fiabilidade o desfecho de uma transação que envolva a prestação de serviços, o rédito deve ser contabilizado tendo por base a fase de acabamento dessa prestação à data do relato. Se essa situação não se verificar, isto é, se não for possível estimar com fiabilidade o desfecho da transação, “() o rédito só deve ser reconhecido até à extensão dos gastos reconhecidos que sejam recuperáveis” (§25, IPSAS nº9).

Quanto à venda de bens, a IPSAS nº9 refere no §28, que o rédito associado à venda de bens deve ser reconhecido quando “() a entidade tenha transferido para o comprador os riscos e vantagens significativos da posse dos bens ()”, sendo que essa transferência culmina com a passagem da posse ou o título jurídico. Caso exista incerteza quanto à cobrança de um valor já incluído no rédito (quantia incobrável), “() ou a quantia a respeito da qual cessou de ser provável a cobrança ()”, essa quantia é reconhecida como um gasto. (§32, IPSAS nº9).

No reconhecimento do rédito inerente ao uso por outros de ativos da entidade que produzam juros, royalties e dividendos, o normativo internacional estabelece no

§34 que a entidade deve aplicar os seguintes tratamentos contabilísticos “():

o juro deve ser reconhecido numa base de proporção do tempo que tome em conta o rendimento efectivo sobre o activo;

as royalties devem ser reconhecidas à medida que são obtidas de acordo com a substância dos acordos relevantes;

os dividendos ou os seus equivalentes devem ser reconhecidos quando for estabelecido o direito do accionista ou da entidade a receber o pagamento”.

Porém, se houver uma incerteza relativamente à cobrança de uma quantia já incluída no rédito (quantia incobrável) “() ou a quantia a respeito da qual a recuperação deixou de ser provável ()”, essa quantia é reconhecida como um gasto. (§38, IPSAS nº9).

O normativo nacional diverge do normativo internacional no que diz respeito ao reconhecimento dos réditos relacionados com as prestações de serviços relativamente às quais possa ser estimado com fiabilidade o desfecho de uma transação. Conforme referimos anteriormente, e de acordo com a IPSAS nº 9, o rédito deve ser contabilizado tendo por base a fase de acabamento das referidas prestações de serviços, à data de relato, enquanto que o POCAL não permite esta contabilização.

No POCAL, as transações de troca - venda de bens, prestação de serviços e o uso pelas entidades de ativos que produzam juros, royalties e dividendos - deverão atender ao princípio contabilístico da especialização (ou do acréscimo), ou seja, o rédito deve ser reconhecido quando obtido, independentemente do momento em que é recebido, devendo incluir-se nas demonstrações financeiras a que diz respeito.

Quanto às divulgações exigidas pelos dois normativos em estudo, constatamos que apenas o normativo internacional exige que a entidade divulgue informação proveniente das situações atrás mencionadas, conforme demonstramos no mapa comparativo no anexo 9.

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