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3.5.1 INDICADORES INTERNACIONAIS

Variação de Gasto Social

3.5.1 INDICADORES INTERNACIONAIS

Uma das marcas mais importantes do Programa Bolsa Família é sua repercussão internacional. Visto pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pelo Banco Mundial como referência na redução da pobreza e melhoria das condições sociais, além de política “acessível” em termos econômicos para países em desenvolvimento.

As tecnologias de combate à fome e à pobreza desenvolvidas no Programa Bolsa Família, tais como banco de dados completos, sistema bancário altamente informatizado e com grande abrangência territorial, estão sendo “exportadas” para outros países231 – além da cooperação tecnológica do Bolsa Família, o Brasil presta ajuda técnica, científica, tecnológica, educacional e humanitária, apoio e proteção a refugiados, atua em operações de paz e gastos com organismos internacionais -, e para o mundo como um todo. O formato é considerado tão eficiente que o Banco Mundial solicita colaboração do país para a elaboração de um programa internacional - World Without Poverty232 (WWP ou Mundo sem Pobreza), visando reduzir a extrema pobreza a 1/5 (3%) da população mundial até 2030.

De acordo com dados do Banco Mundial sobre a redução da pobreza no mundo, no período histórico de 20 anos, entre 1990 e 2010, por causa da combinação desses programas com fatores macroeconômicos, o total da população vivendo com menos de US$ 1.25 por dia (R$ 3,00 por dia, ou R$ 90,00 por mês) foi reduzido em 53% em todo o mundo, caindo de 46,7% da população, em 1990, para 22%, em 2010. Hoje está em 15% e a meta do Banco Mundial, como já registrado, é incentivar a redução para 3% em 2030. Na América Latina e Caribe, a miséria absoluta caiu em 55% no período, um pouco mais do que a taxa global. O Brasil, por sua vez, foi o recordista mundial absoluto em matéria de redução da pobreza, com uma queda de 64%. Ou seja, em 1990, 24,6

231 “Em 2010, o Brasil gastou R$ 1,6 bilhão com cooperação internacional, de acordo com o

relatório Cooperação Brasileira para o Desenvolvimento Internacional 2010 (Cobradi), produzido pela Diretoria de Estudos e Relações Econômicas e Políticas Internacionais do Ipea. Entre os gastos do governo federal com cooperação técnica, científica e tecnológica, educacional e humanitária diretamente com países, 68,1% corresponderam aos processos de cooperação com a América Latina e Caribe: R$ 165 milhões.” (LISBOA, 2013).

232 Projeto lançado em 03/2013 conta com a cooperação do MDS, IPEA e PNUD, coordenado pelo Banco

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milhões de pessoas viviam abaixo da linha da pobreza, 17,2% da população. Em 2010, caiu para 11,3 milhões, 6,1% da população, um resgate para a dignidade de 13,3 milhões de brasileiros. (LISBOA, 2013).

O mais importante indicador internacional de desenvolvimento humano é o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)233, mecanismo criado e avaliado pela ONU anualmente no Brasil tomando por base os dados do Censo 2010 do IBGE. Segundo o Atlas do Desenvolvimento Humano de 2013 cerca de 74% dos municípios brasileiros obtinham IDH entre médios e altos e 25% estavam nas faixas de baixo ou muito baixo IDH.

[...] a mensagem essencial transmitida neste e em anteriores Relatórios do Desenvolvimento Humano é a de que o crescimento económico não se traduz, por si só e automaticamente, em progressos no desenvolvimento humano. A opção por políticas em prol dos mais desfavorecidos e por investimentos significativos no reforço das capacidades dos indivíduos - com ênfase na alimentação, educação, saúde, e qualificações para o emprego – pode melhorar o acesso a um trabalho digno e proporcionar um progresso duradouro. (ONU, 2013, p. iv).

O Brasil ocupa (2012) o 85º lugar na classificação do IDH mundial, com um índice de 0,730; ajustado à desigualdade234 o índice chega a 0,531, com índice de esperança de vida em 0,725, o índice de educação em 0,503 e o índice de rendimento em 0,411. Ainda que o Brasil apresente índices abaixo das médias internacionais de elevado desenvolvimento (IDH médio de 0,758; média do IDH ajustado às desigualdades de 0,602; índice de esperança de vida médio de 0,736; índice médio de educação em 0,592; e, índice de rendimento médio de 0,500), nas duas últimas décadas saiu da faixa de Muito Baixo (0,493) em 1991 para Alto na última década.

233 “Um índice composto que mede as realizações em três dimensões básicas do desenvolvimento humano -

uma vida longa e saudável, o conhecimento e um padrão de vida digno.” (PNUD, 2013, p.161).

234 “O valor do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) ajustado para desigualdades nas três dimensões

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Podemos compreender melhor a evolução do IDH brasileiro com auxílio da figura abaixo, apresentada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD):

Figura 4 – Evolução do IDH Brasil de 1980 – 2012

Fonte: PNUD 2011235.

Ao observarmos os valores do IDH brasileiro no período dos trinta anos apresentados, chegamos a um crescimento de 30,7%; ao tomarmos os valores apresentados em cada década, teremos a seguinte disposição: de 1980 a 1990, o percentual de crescimento foi de 9,2%; de 1990 a 2000, o crescimento foi de 10,8%; de 2000 a 2010, o crescimento ficou em 7,5%. Nos vinte primeiros anos apresentados no relatório (de 1980 a 2000), chegamos a um crescimento de 30,2%; tomando apenas os últimos anos (de 2000 a 2011) – anos que correspondem ao período de implantação de políticas de transferência de renda – o crescimento calculado é de 7,9%.

Dessa forma, a partir desses resultados é possível identificar que houve no período analisado melhorias nos indicadores sociais brasileiros. Ainda que o crescimento do IDH brasileiro se refira a uma comparação internacional, podemos analisá-lo a partir da evolução de seus indicadores separadamente.

Tomando então os indicadores que compõem o IDH separadamente, com base no período total apresentado (de 1980 a 2011), o percentual de crescimento da expectativa de vida é de 17,6%; a expectativa de anos de escolaridade decresceu 2,1%; a média de anos de escolaridade obteve crescimento de 176,9%; e a renda cresceu mais de 39%. Os valores apresentados tomados na primeira década (de 1980 a 1990) apresenta um crescimento na expectativa de vida de 6%; na expectativa de anos de escolaridade não apresentou evolução; na média de anos de escolaridade cresceu mais de 46%; e, a renda decresceu

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4,7%. Na segunda década apresentada (de 1990 a 2000), a expectativa de vida cresceu acima dos 12%; a expectativa de escolaridade cresceu 2,8%; a média de escolaridade aumentou 15%; e, a renda obteve um crescimento de 5,3%. No período da terceira década apresentada (de 2000 a 2010), a expectativa de vida obteve um aumento de 4,2%; a expectativa de escolaridade decresceu cerca de 2%; a média de escolaridade aumentou em mais de 28%; e, a renda cresceu 27,4%.

Expectativa de vida Expectativa de anos de escolaridade Média de anos de escolaridade Renda per capita IDH 1980 – 1990 6 0 46 -4,7 9,2 1990 – 2000 12 2,8 15 5,3 10,8 2000 – 2010 4,2 -2 28 27,4 7,5 1980 – 2011 17,6 -2,1 176,9 39 30,7

Quadro 12 – Percentuais de evolução dos indicadores que compõem o IDH brasileiro por década (%)

Fonte: Elaboração da autora236.

O quadro acima nos permite visualizar melhor a evolução identificada em cada um dos indicadores sociais utilizados para o cálculo do IDH brasileiro por década, e também a evolução dos indicadores ao longo de todo o período em análise (1980 a 2011). Ainda que possamos observar uma variedade grande nos percentuais obtidos, exceto quanto aos percentuais de expectativa de vida dos brasileiros, podemos perceber que todos os indicadores analisados apresentam crescimento significativo ao longo do período. O gráfico resultante ilustra melhor o comportamento apresentado pelos indicadores analisados:

236 Dados PNUD/2011. -50 0 50 100 150 200 250 300 Expectativa de vida Expectativa de anos de escolaridade Média de anos de escolaridade Renda per capita IDH 1980 – 1990 1990 – 2000 2000 – 2010 1980 – 2011

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Gráfico 5 - Evolução dos percentuais de crescimento dos indicadores analisados pelo IDH brasileiro ao longo

de 1980 a 2011 (total e por década) Fonte: Elaboração da autora237.

Quando tomados separadamente os indicadores que compõem o IDH, podemos observar variações importantes para os estudos de impacto das políticas sociais brasileiras. Destacamos o crescimento dos percentuais referentes à média dos anos de escolaridade e da renda a partir dos anos de 2000. Ainda que não possamos estabelecer uma correlação direta entre o crescimento dos valores atribuídos a esses indicadores com os objetivos declarados pelas políticas de transferência de renda, podemos ao menos observar que a partir da década de 2000 ocorreram melhoras significativas nas condições de vida dos brasileiros.