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A União Europeia tem vindo a apresentar, ao longo dos últimos anos, várias iniciativas associadas s tecnologias digitais sob a designaão de ‘eEurope’ abarcando todas as reas sociais, económicas, jurídicas, industriais, laborais e governativas. A iniciativa eEurope foi lançada em dezembro de 1999 tendo sido, posteriormente, em março de 2000, no âmbito do Conselho Europeu de Lisboa, que foram assumidos os compromissos entre os estados membros para se avançar com esta iniciativa. A aprovação foi realizada pelo Conselho Europeu da Feira em junho de 2000.

De acordo com o Plano de Ação apresentado pela EU (2000) da iniciativa «eEurope 2002 – Uma Sociedade da Informação para Todos» pretendia-se atingir os seguintes objetivos: 1. Uma internet mais barata, mais rápida e segura; 2. Investir nas pessoas e nas qualificações; 3. Estimular a utilização da internet (comércio eletrónico; administração em linha; cuidados de saúde; conteúdos digitais; sistemas de transporte inteligentes). Para a presente investigação vão apenas realçar-se as preocupações relativas ao e-Governo que passam pela maior exploração das TIC no sentido de tornar a informação mais acessível em todos os principais serviços públicos. Para o efeito, é proposto o desafio para uma adaptação aos novos métodos de trabalho e para uma obrigatória e necessária organização interna entre os diferentes estados membros para que sejam facilitados os intercâmbios eletrónicos entre as diferentes instituições podendo, desta forma, proporcionar-se junto dos cidadãos uma maior interação.

Na sequência de iniciativas da União Europeia, surgiu o plano de ação correspondente à iniciativa «eEurope 2005: Uma sociedade de informação para todos» que foi aprovado no Conselho Europeu de Barcelona (EU, 2002) que se pretende ajustar aos novos avanços tecnológicos para deles poder tirar melhor partido (ex: multiplataformas digitais em banda larga com possibilidade ligação da internet entre o computador, a televisão digital e as tecnologias 3G). Como principais objetivos destacam-se: 1. Serviços públicos em linha (administração pública, ensino e saúde); 2. Ambiente dinâmico de negócios eletrónicos; 3. Disponibilização generalizada de acesso em banda larga a preços competitivos; 4. Instalação de uma infraestrutura segura. Tendo em conta o facto de haver uma consciência de que muitos dos erviços ainda tem um nível de interatividade reduzida entendeu-se necessário e conveniente,

que fosse realizado um intercâmbio das boas práticas para a difusão de exemplos que possam ser reaproveitados em diferentes contextos através de serviços públicos em linha (EU, 2002). Uma outra preocupação desta iniciativa prende-se com a criação de um portal europeu multilingue e com tradução automática para poder servir todos os países. Esta iniciativa prevê também a presença de «Pontos de acesso público à internet – PAPI» com banda larga junto das autarquias para proporcionar uma mais fácil aproximação dos cidadãos. Em suma, esta iniciativa enfatiza a comunicação online a fim de proporcionar um maior e melhor acesso à informação e à participação cívica.

A última iniciativa apresentada e aprovada pela União Europeia em Junho de 2006 pelo Conselho de Ministros: «i2010 eGovernment Action Plan». Esta iniciativa vem acentuar as necessidades e prioridades dos anteriores planos de ação. O Gráfico 4.1 apresenta a evolução da utilização da internet e do e-Governo no seio da União Europeia:

Gráfico 4.1: Evolução da utilização da internet e do e-Governo no seio da União Europeia

Como se pode constatar, os valores estão ainda muito aquém do desejado não chegando aos 40% a procura de informação e o acesso a formulários atinge cerca de apenas 20%. Os valores mais elevados e que oscilam entre os 50% e os 70% correspondem à atividade ligada ao mundo empresarial. De acordo com Millard et al (2009), o baixo valor destes resultados pode ter como base o facto de nalguns países o conceito de administração pública não ser o mesmo, o facto de muitas das aplicações e serviços terem uma «government centric approach». Neste particular, a OCDE (2009) propõe a urgência em se passar de um conceito de ‘eGovernment 1.0’ caraterizado por ser government centric», para o conceito de «eGovernment 2.0» para se tornar «user centric». Quer isto dizer que há uma necessidade em se tornar efetivo o «empowerment» do cidadão porque só desta forma a utilização do e-Governo se poderá tornar uma rotina. Millard et al (2009) referem também essa grande distância entre as intenções e a prática e referem que tal situação se possa dever a uma dificuldade de coordenação e de interoperabilidade, dadas as idiossincrasias de cada país e de cada região, pelo que se propõe a difusão das boas práticas no sentido de poder dar pistas e de promover reformulações. O relatório de progresso apresentado por Millard et al (2009) tem um aspeto altamente positivo porque apresenta casos e práticas que foram bem-sucedidas nos diferentes países membros dos quais se passam a apresentar alguns exemplos que servem como recomendações ou propostas para ações futuras:

a) Em França promoveu-se a reciclagem de computadores para espaços públicos o que, na prática, veio incrementar significativamente o número de equipamentos disponíveis nesses espaços;

b) Na Eslováquia cidadãos mais idosos tomaram a iniciativa e apresentaram propostas e soluções mais adequadas às suas necessidades, aumentando o uso das TIC por parte destes idosos, o que veio comprovar a importância de uma abordagem do tipo «bottom-up»;

c) Na Roménia foi desencadeada uma discussão aprofundada acerca da inclusão social e quais as melhores estratégias para a sua implementação como consequência da iniciativa i2010;

d) Portugal aparece referenciado pela implementação do SIMPLEX e pelo facto de ter criado uma Secretaria de Estado para a Modernização Administrativa para acompanhar todo o processo associado à iniciativa i2010;

e) No caso de Chipre pelo facto de ter atingido os 100% na instalação dos serviços digitais, que é explicado pelo reduzido tamanho do país, e por ter tido uma forte componente centralizadora na realização destas medidas;

f) A Dinamarca apresenta dados relacionados com a eFatura que permitiu poupar cerca de €120 milhes por ano;

g) O caso da Finlândia que tem utilizado software «open source» o que tem facilitado o uso das TIC pela não necessidade de se terem que pagar licenças de utilização.

Como se pode verificar e constatar, os exemplos apresentados constituem um grande valor e indiciam progressos para a implementação do e-Governo para os cidadãos da União Europeia. Mas os resultados globais ainda estão longe do desejado devido às grandes diferenças económico-financeiras, às diferenças culturais e sociais e ainda às diferentes estratégias e prioridades de cada estado membro. Esta realidade faz com que seja muito difícil alcançar uma homogeneidade nas ações implementadas e nas ações que foram atingidas. Millar et al (2009) acrescentam a todas estas dificuldades a presente crise económica da União Europeia que implica a reformulação de muitas iniciativas e um maior controlo das despesas o que poderá penalizar ainda mais o sucesso destas medidas num curto prazo.

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