2. Análise e Conteúdo das entrevistas semiestruturadas: Perspetivas dos Médicos responsáveis por Centros de Saúde da ULS de Castelo Branco (e-Saúde)
2.3. Limitações e obstáculos relacionados com a utilização das TIC
2.3.5. Utilização institucional das TIC em atos médicos para os cidadãos mais idosos
No que diz respeito à subcategoria «Limitações e Obstáculos», foram apurados 36 registos/ocorrências sem que tenha havido o contributo do entrevistado CS2. Uma das maiores limitações e obstáculos prende-se com a falta de literacia digital dos idosos pelo que a utilização das TIC parece estar desadequada às suas necessidades. Neste sentido, a formação e a promoção de estratégias que envolvam os idosos e que lhes façam sentir os benefícios práticos das TIC. Contudo, esta situação é mais complexa dado que na sua grande maioria estes idosos são analfabetos ou que dominam muito mal a leitura e escrita (CS1, CS3, CS4 e CS6):
“Penso que seria til era necessrio que houvesse a tal cultura que eu disse de início, primeiro uma certa alfabetização e em segundo lugar a aceitação deste diste sistema e o gosto por trabalhar com isto.” (CS1)
“() tudo o que se diz em relação aos outros doentes também se aplica aos idosos mas para estes um pouco mais complicado.” (CS3)
“Nem vantagens, nem desvantagens.”; “Eles não ligam a isto, não ligam”; “Eu acho que nem tem vantagens nem tem desvantagens, isto é um mundo à parte para eles” (CS4)
“O grande entrave para os idosos o seu nível cultural, o nível cultural das pessoas mas claro que h pessoas idosas com todos os requisitos”; “() 80 ou mais por cento desta populaão idosa tanto no escrever como no ler então no sistema informtico nem pensar nisso.” (CS6)
Mas estes problemas são também semelhantes para os médicos dado que os entrevistados referem a pouca prática, poucos conhecimentos e domínio das TIC (CS4 e CS5):
“() isto ainda muito novo, muito novo. Os computadores ainda são para os nossos utentes uma coisa muito nova, at para muitos tcnicos”; “Nós só temos os
os nossos administrativos temos vários que mexem muito mal nisto e se esquecem de ver os e-mails complicado” (CS4)
“() não tenho tempo para mais coisas e para as videoconferências menos tempo ainda.”; “Mas as tecnologias como lhe digo, não sou assim muito ligada a essas coisas o simples telemóvel só o utilizo para telefonar e receber chamadas não uso SMS, est a ver.” (CS5)
No caso dos médicos, esta falta de à vontade e de domínio das TIC está bem patente nas opiniões emitidas quando se referem à utilização do teclado e do ecrã que lhes focaliza a atenção para este periférico em vez de olharem para os seus doentes e quando se referem ao computador, como sendo uma «barreira física», que também se interpõe entre o médico e o doente quebrando um aspeto fundamental que é a redução de um contacto mais próximo entre o doente e o seu médico que é tão querido e requerido por esta população mais idosa (CS4 e CS6):
“Alis eles at veem desvantagens porque dizem: Nem olha para nós, só para a mquina!”; “Nós antigamente estvamos a olhar para eles e agora olhamos para o ecrã do computador e para o teclado” (CS4)
“Nós às vezes estamos de costas para eles e é um bocado aborrecido mas é difícil
evitar a 100%.”; “O utente est nossa direita e o computador na parte esquerda, quando vamos escrever ficamos de costas”; “Bem, um problema porque nós estamos de costas para os utentes” (CS6)
Associado a estes obstáculos há ainda a referência à falta de tempo ou, dito por outras palavras, ao consumo de tempo que está associado à manipulação e utilização dos meios digitais (CS5 e CS6):
“() não tenho tempo para mais coisas.” (CS5) “() não h tempo para essas coisas” (CS6)
Para além destes aspetos há ainda a referência à idade afirmando-se que as TIC estão bem enquadradas para com os utentes mais jovens (fatores e relações intergeracionais) e que para estes as TIC terão uma utilização adequada às necessidades (CS1 e CS3):
“Porque não temos utilizadores com esses conhecimentos mas se houver jovens nesses agregados familiares então já poderão constituir uma forma de implementar e de seduzirem os mais idosos a entrarem nisto.” (CS1)
“() ficam as pessoas idosas e não ficando l gente jovem, os idosos são pessoas que por si têm dificuldade adquirir novos conhecimentos; “() h zonas onde temos mais dificuldade em desenvolver este tipo de iniciativas em comparação com zonas do litoral onde a populaão mais jovem e mais informatizada.” (CS3)
Uma outra questão já mencionada em subcategorias anteriores vem reforçar a necessidade do estabelecimento de uma rede que interligue os diferentes serviços e profissionais de saúde e a respetiva interoperabilidade, assim como, o envolvimento das Farmácias e Laboratórios neste circuito (CS3, CS5 e CS6):
“() temos pequenas povoaes que não caminham no sentido da informatizaão nem do desenvolvimento, caminham no sentido da extinção e por isso é muito difícil estar a programar uma implementação de redes e de meios nas Extensões e Sub-Extenses” (CS3)
“Não a não ser um caso com as Farmcias porque basta mudar o laboratório para que sejam aviados dois medicamentos diferentes eles vão Farmcia e dão-lhes um medicamento mas para o mês seguinte j dão de outro laboratório e isso não pode ser esse tem sido o problema”; “Em termos do nome do medicamento melhor mas não ao nível dos laboratórios e nalguns casos isso não deve ocorrer, Há ainda aqui um problema informtico com as Farmcias que espero se venha a resolver.” (CS5)
“Só os CDs quando vêm dos Laboratórios mas uma pessoa não tem tempo para isso introduzir o CD e tal não h tempo para essas coisas leio o Relatório e j est.” (CS6)
Por último, é referido um aspeto que se verifica em vários setores e que também é sentido neste caso particular de em Portugal haver uma assimetria enorme entre o litoral e o interior chamando-se a atenção para este facto, propondo-se que as medidas relacionadas com as TIC e a Saúde sejam primeiramente implantadas no interior porque é aqui que se sentem as maiores dificuldades e onde é necessário investir para que se possa promover a igualdade de oportunidades (CS6):
“() comea-se sempre pelo litoral, h essa discriminaão Eu entendo que se deve comear pelo interior e depois ir para o litoral.” (CS6)