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2. Análise e Conteúdo das entrevistas semiestruturadas: Perspetivas dos Médicos responsáveis por Centros de Saúde da ULS de Castelo Branco (e-Saúde)

2.5. Propostas para a implementação e utilização das TIC

2.5.1. Cidadãos mais idosos e as TIC

Na subcategoria associada às «Propostas», o número de opiniões apresentado foi apenas 6, sendo esta a subcategoria que apresentou o menor número de registos/ocorrências. Para este facto, apenas três entrevistados emitiram opiniões (50% da amostra). As opiniões foram «dispersas» e parecem ser pouco «consistentes» ou pouco «seguras». As propostas passam pela necessidade de se fazer sentir junto dos idosos a necessidade para utilizarem as TIC mas como a realidade parece não facilitar esta ocorrência refere-se que tal situação possa ocorrer noutros locais (cidades) e com outros idosos que já tenham tido contactos prévios com as TIC enquanto trabalhadores ativos ou que sejam detentores de uma literacia digital (CS1 e CS6):

“() temos que criar polos de interesse()”; “Se as pessoas tivessem este acesso ()”; “() de mantermos as pessoas ocupadas.”; “() se tivessem tambm a cultura necessria para este acesso seria muito bom()”. (CS1)

Uma outra questão prende-se com a necessidade de se investir em infraestruturas (banda larga), para que se torne mais fácil aceder e para que a qualidade do acesso seja o adequado às necessidades atuais, o que de certa forma parece não se vir a concretizar dado o montante de investimento requerido para regiões do país onde as empresas entendem não ser lucrativo investir (CS3):

“() era uma rea onde devia haver um investimento porque era muito importante.” (CS3)

2.5.2. Utilização institucional das TIC em atos médicos para os cidadãos mais idosos

Para esta subcategoria foram contabilizados, na totalidade, 31 registos/ocorrências. Apenas o entrevistado CS2 não emitiu qualquer opinião. Uma proposta que se sente com alguma insistência, tem a ver com a necessidade de se envolverem os mais jovens (netos e filhos) com os mais idosos (avós) porque se percebe ser mais fácil através de uma colaboração intergeracional, promoverem-se nos mais idosos algumas competências digitais que os levem a adotar e a aceitar as TIC como forma de poder incrementar a sua qualidade de vida e bem- estar (CS1, CS4 e CS5):

“Porque não temos utilizadores com esses conhecimentos mas se houver jovens nesses agregados familiares então já poderão constituir uma forma de implementar e de seduzirem os mais idosos a entrarem nisto.” (CS1)

“Eu acho que essa realidade só poderia ser na família, com os netos, aí sim.”; “Sim com os netos para se familiarizarem com estas tecnologias, de outra maneira, numa estrutura pblica”; “Os mais velhos só na família. Eu conheo algumas pessoas que são quase analfabetas mas que conseguem mexer no computador, mas os primeiros passos são dados com a família, passo a passo.”; “() como  que o utente envelhecido, uma zona rural os vais utilizar?... Mas agora a geração dos 20 anos, esses sim. Esses mexem com muita facilidade no computador.” (CS4)

“Os idosos têm que ser vistos de outra maneira neste momento os idosos não são os idosos de antigamente, agora já chegam aos 90 anos e muitos com uma boa qualidade de vida.”; “O que temos  que comear a preparar os mais jovens para esta realidade.” (CS5)

Mas, para que este comportamento se possa efetivar e permanecer é importante o papel do poder local (Juntas de Freguesia), da Segurança Social através dos Lares e Centros de Dia e também do Ministério da Saúde, através de um suporte técnico que promova a formação (CS1, CS3 e CS5):

“Penso que as Juntas de Freguesia, as Autarquias poderão ter muito a dizer nesse aspeto nem que seja a organizarem cursos práticos e locais nas próprias Juntas, uma sala, talvez, onde eles pudessem ir brincando com isto”; “() tendo acesso com algum que fosse orientando, que os ajudasse nisso penso que isso seria mesmo muito importante para o futuro. Seria um bom passo nesta rea.”; “() para que se instale uma nova realidade ter que se passar por uma alfabetizaão” (CS1).

“Temos que encarar isto como um investimento e não como uma despesa,  assim que isto tem que ser visto, a nível local nós tentamos que as pessoas adiram a este tipo de tecnologias, a nível regional ao nível das redes e ao nível do Ministério da Saúde devem

investir porque é por aqui que as coisas devem passar e ganha-se em termos de qualidade e em termos de produtividade.” (CS3)

“A Segurana Social  que tem que dar mais apoio Os Lares e os Centros de Dia”; “Atravs de uma webcam, videoconferência?... Sim, para os acamados porque para os outros que ainda caminham não parece necessrio”. (CS5)

Uma outra questão mencionada tem a ver com a necessidade de se adaptar o software, hardware e a respetiva ergonomia que seja mais intuitiva e mais direta (usabilidade), para que a utilização das TIC seja simples e fácil, propondo-se também que esta utilização seja feita «em pequenos passos», com níveis de complexidade acessíveis para todos, para que estas rotinas possam ser integradas nas rotinas dos idosos (CS4):

“() muitos deles têm dificuldade na visão o software deve ser adaptado aos idosos a maioria vêem mal e haver mais facilidade”; “() os passos para a realizaão das tarefas serem em menor nmero, mais diretos, mais fceis”; “() tecnicamente não sei como isso se faz mas, por exemplo, a marcação das consultas por computador é muito complicado porque há muitos passos, não  l muito fcil devia ser preciso fazer-se apenas um ou dois cliques e não  esse o caso. É preciso ir aqui, ir ali” (CS4)

Neste contexto propõe-se também que se encontrem soluções para que os computadores possam ser «encastrados» nas secretárias, deixando de ser uma barreira/parede que se interpõe entre o doente e o médico e que possa vir a existir um cartão inteligente que possa ser processado através de uma leitura ótica (Balcão Virtual) que forneça todos os dados necessários e assim promova uma melhor qualidade nos serviços com a respetiva reorganização administrativa e de gestão (CS6):

“O ideal era ter o monitor embutido na secretria,  nossa frente pode ser que no

futuro isso venha a acontecer.”; “Só se em vez de 12 consultas nós marcssemos 6 não h tempo.”; “No receiturio devia haver um cartão que quando chegasse  farmcia era lido o cartão para j poupavam-se muitas rvores a parte ambiental”; “() h o chamado Balcão eletrónico, metem o Cartão de Utente, veem e marcam a sua consulta, sem passar pelo administrativo”; “() o Balcão Virtual também é fundamental que se inicie para poupar os administrativos, entre aspas e evitar alguns intermedirios” (CS6)

2.5.3. e-Saúde

Na subcategoria «Medidas ou propostas para a concretização da e-Saúde», foram obtidos 37 registos/ocorrências, tendo intervindo todos os entrevistados. O que mais sobressai nesta subcategoria, é a necessidade de se criar uma «rede» que seja fiável e que permita interligar os serviços/instituições de saúde e todos os profissionais que estão envolvidos, assim como, os laboratórios (exames e análises) e as farmácias (receitas digitais), para que esta situação seja encarada como um todo, e não se perder tempo nem redundância na informação veiculada (CS2, CS3 e CS6):

“A Imagiologia só existe no Hospital, no Serviço de Urgência. Os servidores não estão a funcionar as redes”; “() as coisas deviam estar em rede”; “Se a ULS quer avanar tem que avanar atravs disso, por tudo a funcionar em rede.”; “A rede o caso da imagiologia, tudo tem que estar em rede na medicina privada e na medicina hospitalar”; “() se estivessem todos os servios em rede a nossa resposta, principalmente, para problemas agudos era muito mais rpida.”; “() se estivesse tudo em rede nós tínhamos logo esse exame na própria hora, isso  que deveria acontecer” (CS2)

“() com o e-Agenda ser diferente este programa est a ser criado e estamos  espera que aparea houve um ensaio nalguns Centros de Sade mas acho que est um pouquinho atrasado. Mas iremos para aí, seguramente.”; “Nós necessitamos, por exemplo, que as anlises clínicas por exemplo, a gente passa uma requisião que  impressa e que a pessoa leva ao laboratório era muito fcil a requisião aparecer diretamente no laboratório o utente dizia-nos qual o laboratório onde queria ir e nós envivamos diretamente, tinha a vantagem de ter que ser transcrita”; “Se os servios estivessem ligados só tinha que ser uma nica vez escrita no sistema”; “Por exemplo, num hospital isto já não se passa, o médico pede no computador, o laboratório executa, introduz os resultados que depois aparecem no computador do médico. O que nós precisamos  que isto funcione como funciona no hospital  um problema de rede.; “Isto permitia uma articulaão e poupava-se muito tempo e para as receitas a mesma coisa fazia-se o mesmo tipo de circuito para a farmcia A relaão com o utente, a troca de informaão  possível e  importante”; “() de futuro o doente [com doenas crónicas] não precisará de se deslocar ao Centro de Saúde porque ele não vem fazer um ato médico tem uma prescrição que já foi feita anteriormente num ato médico. Mas em situaes de doena não pode haver consulta  distncia.”; “Rede em condies, toda a gente ter a possibilidade de emitir receitas, o registo” (CS3)

“H uma coisa que est certa e que est no projeto do Governo mas não sei quando  que se pe em prtica que  acabar com a receita em papel, isso  fundamental isso j para não falar nas rvores (risos) mas são resmas de papel, são resmas de papel e isso podia evitar-se” (CS6)

Nesta situação mais particular também é proposto que cada um dos profissionais tenha associada uma conta de e-mail para se estimular e promover uma ligação mais fácil e mais sistemática na troca e partilha de informação, uma interface universal ou ainda uma plataforma que permita também que o utente possa comunicar e estar informado acerca da sua situação clínica (CS3):

“() tentamos ter correio eletrónico para todos os profissionais, todos os mdicos deste Centro de Saúde têm uma caixa de correio eletrónico para nós podemos divulgar a informaão interna”; “Um interface com a comunidade tirando a pgina online da instituição existia anteriormente com a Sub-Região com uma página para as pessoas acederem e para obterem informaão” (CS3)

É claro que há também quem indique a necessidade de um apoio técnico/informático para resolver questões mais técnicas e que possa também promover uma atualização/formação dos utilizadores (CS6):

“Algum com conhecimento de informtica todos os Centros de Sade deviam ter algum com formaão, com conhecimentos informticos” (CS6)

Há, apenas uma referência por parte de um entrevistado (CS4) que não se deve generalizar a utilização das TIC porque, no seu entender, há áreas que poderão ser mais adequadas que outras.

“() nas especialidades mais tcnicas  mais fcil nas outras não [telemedicina]. Vai depender do tipo de doenças, o doente da Psiquiatria tem um conjunto muito próprio de certas particularidades” (CS4)

Por último, há também a referência às responsabilidades da tutela através do Ministério da Saúde ou através das chefias intermédias (ex: ULS) que deverão emitir políticas e indicações objetivas e vinculativas para que a adoção destas novas formas de trabalho através das TIC, passem a ser rotinas para todos os atores envolvidos: médicos, enfermeiros, administrativos e, é claro, os utentes (CS2, CS3 e CS5):

“Se a ULS quer avanar tem que avanar atravs disso, por tudo a funcionar em rede.”; “Tem que vir de cima porque isto representa custos elevados ou do Presidente da ULS eles  que têm capacidade de gerir” (CS2)

“Rede em condies, toda a gente ter a possibilidade de emitir receitas, o registo”; “() devia haver um processo clínico nico em toda a ULS.”; “Processo clínico que devia ser para mdico, enfermeiro e outros profissionais toda a gente que vai tratar um mesmo doente deve escrever no mesmo sítio para que todos saibam e conheçam todas as abordagens que foram feitas aquele doente.”; “Todos registam no mesmo processo e todos têm acesso à mesma informação. É importante também o acesso aos meios complementares de diagnóstico online”; “A rede ligada ao hospital era muito importante. Este  um passo que tem que ser dado.” (CS3)

“Eu penso que não ser propriamente a ULS a decidir isso, essa decisão tem que vir de cima, do Ministrio.”; “Ser uma responsabilidade do Ministrio e não tanto da ULS, ser o Ministrio.” (CS5)

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