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2. A CONSTITUIÇÃO NA TEORIA DOS SISTEMAS CONSTITUCIONALIZAÇÃO

2.4. LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR

2.4.1. Nomenclatura e conteúdo semântico

Para bem compreender o sentido da expressão limitações constitucionais ao poder de tributar

é preciso fixar o entendimento em derredor do poder de tributar.

Como corolário da soberania, existe o poder tributário. Esta é a potestade tomada a expressão

em significado específico de potência; integrante do poder soberano como elemento seu,

próprio como expressão deste, de sorte que a soberania implica a capacidade de exigir de

quem a ela está submetido contribuições compulsórias necessárias para o custeio das despesas

públicas.

una clasificación es más bien como optar por el sistema métrico decimal frente al sistema de medición de los ingleses. Si el primero es preferible al segundo no es porque aquél sea verdadero y éste falso, sino porque el primero es más cómodo, más fácil de manejar y más apto para satisfacer con menor esfuerzo ciertas necesidades o conveniencias humanas.

Las disputas clasificatorias de los juristas pueden ser interminables si en lugar da allegar argumentos valorativos en de un modo de clasificar, los contendores se empeñan en mostrar que la clasificación propia — y no la ajena — refleja la verdadera ‘naturaleza de las cosas’, o es la única clasificación compatible con la ‘esencia’ de los objetos clasificados. Mucho tiempo y mucha tinta de habrían ahorrado con sólo recordar cosas tan simples”. 212 Cf. BERGEL, Jean-Louis. Teoria geral do direito. São Paulo: Martins Fontes, 2006, p. 265-6. “O direito, ‘embasado por uma rede de conceitos que lhe confere sua organização intelectual’, opera mediante classificações dos fatos, das circunstâncias, das noções etc. consoante as semelhanças e a vinculação deles com modelos, de modo que basta qualificar uma situação jurídica relativamente a estas ou àquelas categorias para lhe aplicar o regime delas” (p. 252).

Não coincide, pois, necessariamente, com o poder de tributar; este é a medida do poder

tributário a ser distribuído às entidades políticas (dotadas de poder legislativo). O poder de

tributar já seria resultado da distribuição de parcelas do poder tributário por intermédio da

divisão de competência (também chamada de discriminação de rendas).

É um poder do Estado, fundado – como sói ser todo o poder – na Constituição. Esta não

apenas o deve fundar, como, também, estabelecer limites ao seu exercício. Estas normas que

conformam o exercício do poder de tributar têm espaço natural no ordenamento jurídico

justamente no texto da Constituição. Esse conjunto de normas jurídicas constitucionais é

composto, pois, de regras, de princípios e postulados hermenêuticos e de postulados

normativos de aplicação, que atuam desde a definição da competência, passando pelo

estabelecimento de princípios que deverão ser observados por todos os entes políticos dotados

de competência tributária, até as regras específicas aplicáveis a alguns tributos.

A denominação “Das Limitações ao Poder de Tributar” representa homenagem do

constituinte a Aliomar Baleeiro, que cunhou a expressão em dois importantíssimo

trabalhos

213

. Suprimiu-se, pois, do texto da constituição o adjetivo “constitucionais” por

razões óbvias, haja vista que essas normas já estão inexoravelmente encartadas no corpo da

constituição jurídica.

A expressão “limitações” justifica-se sobretudo por tratarem-se de normas jurídicas que têm

por escopo realizar a contenção do poder de tributar, protegendo determinados valores e bens

jurídicos eleitos pelo constituinte como fundamentais, que não podem ser suprimidos ou

mesmo atingidos pelo exercícios daquele – a não ser para a ampliação do espectro de

proteção. São, pois, normas jurídicas de bloqueio, razão por que se compreendem como

limites. São normas-garantias do contribuinte – ou de quem, potencialmente, possa figurar o

campo de atuação do poder estatal – que o protegem quanto ao exercício do poder do Estado;

in casu, um poder específico: o poder de tributar.

A descrição de limitação ao poder de tributar como idéia de restrição ligada a aspectos

formais e negativos vem, segundo Humberto Ávila, de três causas distintas, embora

relacionadas: (a) uma causa jurídico-positiva – as limitações constitucionais ao poder de

213 Alguns Andaimes da Constituição. Rio de Janeiro: Aloísio Maria de Oliveira Editor, 1950. Limitações

tributar são dirigidas ao Poder Legislativo, e sua atividade é regulada por meio de restrições

negativas. Além disso, as leis tributárias são leis restritivas porque restringem, de forma

direta, a liberdade e o patrimônio do indivíduo, independentemente de sua vontade; aqui é

particularmente importante a função defensiva dos direitos fundamentais, que funcionam

como limites à intervenção tributária; (b) uma causa jurídico-metodológica – oriunda da

dificuldade de uma descrição objetiva dos princípios jurídicos que carecem de um nível

posterior de concretização por meio de decisões, haja vista que os princípios não podem ser

obtidos por intermédio de meras operações dedutivas. Assim, a considerar que as limitações

decorrentes desses princípios somente pode ser descrita com suporte na generalização feita a

partir de problemas concretos, apenas o método dedutivo-indutivo é capaz de realizar essa

descrição a partir de uma indução externa, i.e., as normas surgidas a partir de determinadas

situações de fato deve ser agrupadas segundo as propriedades fáticas relevantes e que deverão

ser reconduzidas aos princípios aglutinadores; e (c) uma causa jurídico-histórica – diz respeito

à necessidade de garantia da democracia no sistema político brasileiro que, do ponto de vista

doutrinário, foi pretensamente satisfeita por meio da descrição dos princípios jurídicos

formais (e.g., legalidade e tipicidade)

214

.

Diversos são os critérios por intermédio dos quais essas limitações ao poder de tributar

albergadas pela constituição podem ser classificadas, com vistas a auxiliar no seu melhor

estudo.