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O PAPEL DOS ENVOLVIDOS NO PROCESSO A ESCOLA BASE

No documento A Escola da luta pela terra (páginas 87-95)

11 Dirigente Estadual da Brigada Carlos Marighella, assassinado em 29 de novembro de 2005, a mando do fazendeiro Pedro Batista.

As Escolas Itinerantes são vinculadas à Escola-Base, que são selecionadas pela Coordenadoria Regional de Ensino. Para cada escola de acampamento é escolhida uma escola estadual mais próxima para arquivar toda a documentação. Sendo assim, temos duas Escolas-Base: Dr. João Carlos, em Atalaia e Dr. José Tavares, em Arapiraca.

A Escola-Base de Atalaia fica num pequeno povoado que enfrenta muitos obstáculos, pois é uma escola pequena, com uma péssima infra-estrutura. Não tem coordenação pedagógica, nem reuniões de planejamento e acompanhamento. O diretor está cursando a graduação e enfrentando diversas dificuldades para a realização de atividades de orientação de educadores. Apesar da disponibilidade do diretor em ajudar e apoiar a EI, não há um bom desenvolvimento da tarefa, pois ele não consegue sozinho, atender tantas demandas. Neste ano, a merenda escolar está sendo ofertada pela Escola-Base, pois as crianças foram cadastradas no censo. Os materiais didáticos e materiais de limpeza, até o momento, não foram ofertados. Segundo o diretor a verba para tal ainda não foi depositada.

A escola José Tavares está situada na zona urbana do município de Arapiraca. Possui mais condições estruturais, tem diretor e coordenador pedagógico. A escola foi a primeira a desenvolver atividades com a Escola Itinerante, sendo bastante exigente na questão documental e dando um apoio pedagógico intenso. Mesmo com a troca de diretor, a disponibilidade dos gestores está sendo muito favorável ao desenvolvimento da escola.

MST

O Movimento no estado está bem comprometido com a EI, tanto que, para a escola não parar de funcionar, tem viabilizado formas dos educadores os educadores e coordenadores se manterem, já que o novo convênio não foi aprovado. Nas mobilizações, o projeto sempre está em pauta. Apesar das dificuldades com pessoas para acompanhar exclusivamente as Escolas Itinerantes, o Movimento está ajudando no acompanhamento, nas reuniões e discussões dentro da SEEE e nos acampamentos.

A Direção Estadual, vendo a necessidade e a importância da escola para o estado, está organizando a abertura de mais três turmas, para atender cerca de 20 educandos, cada uma. No entanto, impossibilitado de sustentar as salas, pressiona a SEEE para a aprovação do atual projeto, que está parado no setor jurídico.

SEEE

A Escola Itinerante está vinculada ao Geduc, sendo de responsabilidade do gerente de educação do campo, José Raildo. Atualmente, o convênio está encerrado e o novo está em tramitação na SEEE, entre idas para o setor jurídico e voltas para o Geduc. O setor jurídico da secretaria sempre tem um empecilho para que o projeto volte. Por enquanto, a EI está legalmente funcionando, mas custeada pelo Movimento e atendida burocraticamente pela Escola-Base.

Apesar do gerente de educação do campo lutar internamente para o avanço da educação, principalmente com os movimentos sociais, nota-se a grande dificuldade do estado em atender as

especificidades da EI. Com a troca de secretários, os desafios aumentam, pois a estrutura da secretaria é modificada. Hoje, não existe uma atenção especial voltada para a educação do campo, sendo que até esta gerência específica foi extinta.

REFERÊNCIAS

DATASUS. Anuário Estatístico de Saúde do Brasil, 2008. IBGE. Censo demográfico 2007. Disponível em:

http://www.ibge.net/ibge/estatistica/populacao/censo2007/universo.php?tipo=31&uf=27>

LIRA, Fernando José de. Realidade, desafios e possibilidades: pensando em saídas para a crise de Alagoas. Maceió: Edufal, 1998.

SILVA, J.R.A. da. Da luta pela terra no Brasil: o MST em Alagoas. Curso Teorias Sociais e Produção do Conhecimento – UFRJ/ENFF. , , Rio de Janeiro – Julho de 2008.

SÁ, Maria Reneude. Conhecimento letrado e escolarização: a visão de camponeses assentados da reforma agrária em Alagoas, 2002. Dissertação (Mestrado em Educação).

Adilson de Apiaim1

INTRODUÇÃO

Este texto busca sistematizar a experiência da Escola Itinerante do estado do Piauí nos acam- pamentos do Movimento Sem Terra, cuja origem visa forjar um processo educativo popular da luta pela terra, na conquista da Reforma Agrária e a transformação social. Para isso, conta como referência pedagó- gica a realidade social das famílias sem-terra.

Desse modo, a primeira parte deste trabalho será apontar um breve histórico da luta pela terra na região e, na segunda parte, se apresentará o método de construção do Projeto Político Pedagógico da Escola Itinerante, no período entre os anos de 2003 a 2008. Adiante, será apontado o processo de produção da proposta da Escola Itinerante como prática social e cultural do povo Sem Terra. Isto é, entendendo a educação como instrumento para fazer uma ponte de formação no que concerne aos objetivos dos quais emana a luta. Tendo a escola o compromisso de contribuir no processo de luta da Reforma Agrária e pela Educação do Campo, construindo a Pedagogia do Movimento do Sem Terra, a Itinerante trabalha práticas educativas de ensino-aprendizagem ligadas ao social, em que considera as dificuldades, os desafios e avanços, como marcas da construção do conhecimento.

Na terceira parte do texto, se busca refletir sobre as experiências das Escolas Itinerantes nos três acampamentos da região sul do estado do Piauí, na 12ª Gerência Regional de Educação. A proposta se consolida na luta do povo Sem Terra, nos processos efetivos das relações sociais, tendo como referência pedagógica a construção curricular dos temas geradores extraído da própria realidade cotidiana do acampamento. Para isso, é analisada a formação dos educadores, bem como o modo de elaboração do planejamento escolar e a prática educativa em sala de aula. Por fim, na última parte, são expostos alguns desafios e perspectivas que ao longo do processo foram surgindo diante desta experiência.

No documento A Escola da luta pela terra (páginas 87-95)