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3. Métodos e técnicas de investigação

4.3. Desenvolvimento do Orçamento Participativo em Belo Horizonte

4.3.4. OP regional: dimensão territorial e financeira

O Orçamento Participativo regional de Belo Horizonte, estrutura-se a partir de uma base territorial composta por três níveis de agregação que parte da divisão da cidade em áreas homogéneas. Estas compõem-se de 81 Unidades de Planeamento – UP, as quais, por sua vez, se agregam em 41 Sub-Regiões que se encontram nos limites das 9 Administrações Regionais, conforme quadro abaixo (Ur-bal, R9-A6-04, 2007:13):

Quadro 12 - Dimensão territorial do OP de BH Nome da Região Administrativa Número de Sub - Regiões Número de UP Número de Bairros/ Vilas Barreiro 05 08 66 Centro-Sul 03 13 43 Leste 04 09 45 Nordeste 06 08 59 Noroeste 05 10 68 Norte 04 08 50 Oeste 04 07 41 Pampulha 04 10 46 Venda Nova 06 08 47 Total 41 81 465

Fonte: SMAPL – PBH (citado, Ur-bal, R9-A6-04, 2007:13)

É sobre esta base territorial constituída pelas UP que se dá a distribuição dos recursos, tendo em conta a população residente e o Índice de Qualidade de Vida Urbana – IQVU. Este índice expressa o acesso à oferta de bens e serviços urbanos nestas áreas, relacionados com 11 variáveis que são: abastecimento, assistência social, cultura, educação, desporto, habitação, infra-estrutura urbana, meio-ambiente, saúde, segurança urbana e serviços urbanos. Tem-se, então, a distribuição dos recursos na proporção directa da população e inversa do IQVU, levando a que as áreas mais populosas e de menor IQVU sejam beneficiárias de maior recurso.

Este enfoque territorial assegura ainda, através das normas do OP, que pelo menos uma obra seja aprovada por Sub-Região e haja, no máximo, uma indicação por bairro para que se garanta uma melhor distribuição das obras, evitando-se, assim, a sua concentração em função de possíveis factores que influenciem os resultados. Esta característica permitiu, além disto, instituir a Sub-Região Especial, de IQVU mais alto, visando incorporar a participação de sectores médios da população, ainda mantendo-se a lógica da divisão dos recursos favoravelmente às áreas mais carentes. A criação destas Sub-Regiões derivou da constatação de que moradores destas não participavam ou eram pouco participantes e, quando participavam, não conseguiam aprovar as suas demandas. Com o objectivo de considerar tais áreas com IQVU mais alto, a Prefeitura propôs um debate no sentido de atribuir um recurso específico para estas, para que também a população aí residente pudesse levantar as suas

demandas locais, demandas estas que também são da ordem do planeamento e da própria urbanização ou demandas por equipamentos. Com isso, a incorporação de sectores da população que ainda não participavam de uma forma mais efectiva do OP representou uma forma de fortalecimento da legitimidade do processo (Ur-bal, R9- A6-04, 2007:13).

A dimensão financeira é nesta sequência moldada pela distribuição dos recursos por Regional, para investimentos em obras e equipamentos. Os recursos investidos nas obras já concluídas extrapolam o valor inicialmente atribuído para o OP, em decorrência de aditivos que normalmente são necessários para completar os custos reais da sua execução (Urbal, R9-A6-04, 2007:16), conforme consta do quadro seguinte:

Quadro 13 - Valor aprovado actualizado por OP 1994 ao OP 2009/2010

OP Valor nominal aprovado no OP Valor aprovado actualizado

OP 1994 R$ 15.000.000,00 R$ 66.300.000,00 OP 1995 R$ 18.000.000,00 R$ 79.560.000,00 OP 1996 R$ 27.000.000,00 R$ 95.310.000,00 OP 1997 R$ 27.000.000,00 R$ 86.508.000,00 OP 1998 R$ 15.974.186,00 R$ 46.325.139,40 OP 1999/2000 R$ 60.208.600,00 R$ 166.223.902,88 OP 2001/2002 R$ 71.500.000,00 R$ 161.733.000,00 OP 2003/2004 R$ 74.650.000,00 R$ 133.160.670,00 OP 2005/2006 R$ 80.000.000,00 R$ 107.056.000,00 OP 2007/2008 R$ 80.000.000,00 R$ 97.880.000,00 OP 2009/2010 R$ 110.000.000,00 R$ 110.000.000,00 TOTAL R$ 579.332.786,00 R$ 1.150.056.712,28

Fonte: Secretaria Municipal Adjunta de Planeamento/Gerência do Orçamento Participativo de BH

Os valores atribuídos pela Prefeitura de Belo Horizonte para o Orçamento Participativo têm vindo a aumentar praticamente todos os anos. Até 2009 foram investidos em torno de R$ 1.150.056.712,28 milhões nas obras concluídas do OP Regional. Dos empreendimentos realizados destacam-se 46% de obras de infra- estrutura, concluídas, seguidas de 22% de urbanização de vilas. Os valores foram actualizados considerando-se o IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna) (www. pbh.gov.br).

A partir de 2001/2002 o regimento apreciado pelo Concelho da Cidade aprovou os seguintes aspectos: (Prefeitura Municipal de BH. “A cidade não acontece sem você: OP 2001/2002, SMPL, 2001).

1. Foi estabelecido o número mínimo de 10 moradores na lista de presença anexada à acta da reunião realizada nos bairros, para definição das reivindicações. 2. Ficou estabelecido uma participação mínima de 0,5% da população da sub- região na segunda rodada. Se o número for inferior à quota mínima, haverá uma diminuição proporcional dos recursos, os quais são redistribuídos às demais sub- regiões que cumpriram com a quota mínima. No caso de todas as sub-regiões ficarem abaixo da quota, as sobras retomam ao Tesouro Municipal.

3. Para participar da pré-selecção das demandas, o morador deve ter idade acima dos 16 anos e comprovar o seu endereço.

4. Passou a ser obrigatório a participação do representante da caravana de prioridades. Em caso de não comparecimento do efectivo ou do suplente, eles perdem o mandato.

5. Foi estabelecida uma nova pontuação técnica por demanda com base no IQVU. 6. Nenhuma comunidade (bairro ou vila) pode ter mais de um empreendimento aprovado.

7. No fórum regional para a escolha dos empreendimentos, cada representante recebe uma única cédula de votação, podendo votar até duas demandas por sub-região. São critérios para a distribuição de recursos no OP:

- Distribuição dos recursos por espaço territorial regional a partir das Unidades de Planeamento – UP: quanto mais populosa a região e menor IQVU, maior volume de recursos; quanto menos populosa a região e maior IQVU, menor volume de recursos. - Aprovação de, no mínimo, 1 (uma) obra por Sub – região e, no máximo, 1 (uma) obra por bairro.

- Exigência de taxa mínima de presença na rodada de selecção de empreendimentos no Fórum Regional do Orçamento Participativo.

- Sub – Regiões Especiais têm assegurado 10% dos recursos do OP e contam com 30% da população.

- Áreas Prioritárias recebem um peso que se traduz em factor multiplicador dos votos na segunda rodada e no Fórum Regional.