• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO 3 2005, O ANO EM QUE O GOVERNO QUASE CAIU

3.5 PERTO DO FIM

O ano termina e o enunciador de Veja tem certeza de que Lula e o PT já perderam a eleição presidencial que ocorreria em nove meses. Em 2005, o semanário consolidou sua agenda para desmoralizar o Partido dos Trabalhadores. Além das imagens sempre negativas e dos textos carregados de denúncias e adjetivos contra o PT, no auge da crise o enunciador defendeu com todas as letras o fim da agremiação.

“Há, dentro e fora do PT, quem defenda a esdrúxula tese de que o fim da legenda represente uma ameaça à democracia brasileira, em virtude do papel desempenhado pelo PT junto a alguns setores organizados da sociedade. Trata-se de uma bobagem por dois motivos. O primeiro é que em política – sabe-se – não há espaço para o vácuo. A fila anda – e partidos nascem e morrem. Se ainda existe um espaço importante para a esquerda no espectro político nacional, ele deverá ser ocupado por outra agremiação. Depois, a democracia não só nunca dependeu do PT como jamais foi levada a sério por seus principais dirigentes – pelo menos enquanto valor universal. Para os petistas hoje pegos em flagrante litígio com a lisura, a democracia – assim como a ética – jamais foi um fim em si mesmo, mas apenas um meio de chegar ao poder – tem um valor 'estratégico'” (...) ”É possível que a passagem do PT pelo cenário político brasileiro, portanto, nem sequer deixe um legado digno de respeito. Pelo contrário: é mais provável que os livros de história se dediquem a contar às futuras gerações o efeito deletério da oposição petista na última década, quando o partido tentou barrar propostas fundamentais para a

modernização do Estado brasileiro – como a quebra do monopólio das telecomunicações e a reforma da Previdência –, apenas para retomá-las a partir do primeiro minuto do governo Lula”(...) "Essa turma 'limpinha', no entanto, tem um pecado de origem: a falta de conexão com a realidade, fruto de sua crença messiânica no socialismo. O PT, sob o comando de Dirceu, colocou em prática um pragmatismo que conjuga o pior tipo de patrimonialismo, aquele que 'sacramenta' o direito à apropriação de recursos públicos em benefício privado, com o mais empedernido leninismo, representado pelo aparelhamento do Estado em favor dos interesses do partido. Escondidos sob o manto da dicotomia 'conservadores versus progressistas', os petistas que encabeçavam o tal Campo Majoritário espertamente evitaram a diferenciação que, de fato, interessa no momento de escolher os que lidarão com o bem público: o que separa a honestidade da desonestidade, o certo do errado. Felizmente, esse petismo de resultados tem encontro marcado na lata de lixo da história com outras experiências reais do ideário marxista" (Veja, 17/08/2005).

Veja nunca defendeu o fim de algum partido político com tanta veemência. O enunciador praticamente parte para o xingamento, porque não há base alguma para ele argumentar que o PT nunca respeitou a ética e a democracia e que, por isso, o partido tem "encontro marcado na lata de lixo da história". O nojo que ele expressa do PT é único, jamais foi dirigido a outro partido.

Talvez esse texto opinativo – que foi a matéria de capa da revista naquela semana – coubesse perfeitamente num editorial, em que Veja colocasse de forma clara a sua posição sobre o PT. Entretanto, ao defender o fim do partido numa reportagem que deveria ser objetiva e imparcial, o enunciador assume que sua tarefa é perseguir o petismo. Sua posição, descolada de fontes que teriam de ser ouvidas, sanciona, por meio de uma operação enunciativa de reprovação, a verdade construída durante meses. Agora, é a própria Veja que especifica onde está a verdade para o leitor.

O enunciador não conta fatos, nem se preocupa somente com o furo do acontecimento. Ele constrói um discurso de que o PT é sinônimo do que há de pior na política e, a partir do tema central, traz todos os dados sobre como o partido que sempre defendeu a ética pôde transformar-se neste banditismo generalizado. Este é o serviço Veja; conhecer as entranhas da política, fiscalizar e posicionar-se. E, como Veja tem o saber desse mundo, o leitor pode sentir-se bem informado e até posicionado, já que o enunciador defende uma opinião que ele garante ser a certa.

Para homologar sua verdade, o enunciador reconstrói à sua maneira a trajetória do partido ao afirmar que "a democracia não só nunca dependeu do PT como jamais foi levada a sério por seus principais dirigentes" (...) "assim como a ética". Não há meio termos ou ponderações sobre outras legendas, o "fato" para Veja é que o PT é uma vergonha para o país. Por isso arrisca-se a dizer que "é possível que a passagem do PT pelo cenário político brasileiro, portanto, nem sequer deixe um legado digno de respeito. Pelo contrário: é mais provável que os livros de história se dediquem a contar às futuras gerações o efeito deletério da oposição petista na última década". Para o enunciador, nem quando estava na oposição o partido foi bom, ou seja, não há nada que salve no petismo.

Nas edições que antecederam aquela de 17 de agosto, Veja trabalhou muito nesta modalização discursiva de que o PT na oposição não era o que parecia. A principal estratégia era mostrar que a bandeira da ética que o partido sempre empunhou não passava de uma falácia e que na prática a legenda seria tão ou mais corrupta que as demais. Contribuiu para isso o fato do PT trabalhar contra a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar as denúncias, como Veja defendia.

“A azáfama do governo contra a CPI é a ironia elevada à última potência. As estrelas mais cintilantes do PT arregaçaram as mangas para barrar a CPI, esse poderoso instrumento que ajudou a construir a fama de defensores da ética de boa parte dos petistas hoje no governo. Nada como um dia após o outro” (25/05/2005).

O advento de novas denúncias surtiam, segundo Veja, "o efeito de uma bomba de napalm em uma sigla que até há muito pouco tempo tinha na moralidade sua maior bandeira" (8/06/2005). A revista ainda temia, àquela altura, que a CPI não fosse instalada: “É possível que a tática do governo venha a ser vitoriosa, mas, no caso do PT, um partido que sempre se enrolou na bandeira da ética, talvez seja uma saída de alto risco no longo alcance. Talvez o eleitor reaja mal ao ver o PT e seu governo empenhados na desmoralizante tarefa de varrer a sujeira para debaixo do tapete” (...) "Há, dentro do governo e do PT, gente que ainda lembra do discurso e das propostas moralizantes do partido. É óbvio que rasgar uma das últimas bandeiras que ainda mantinham o PT como herdeiro de seu passado, sua aguerrida postura ética, não é propriamente um convite à união. É uma pena que seja assim. Pena para o PT e para a

política brasileira, que, assim, desce mais um degrau rumo ao descrédito público” (8/06/2005).

Esta modalização discursiva de que a ética para o PT era apenas um instrumento de marketing é utilizada desde o primeiro escândalo, o caso Waldomiro Diniz. Agora, o enunciador faz questão de lembrar da tão falada moralidade do partido em todas as edições.

"Logo o PT, que, em todas as pesquisas de opinião, sempre apareceu em primeiro lugar como o partido mais 'idôneo' e mais 'confiável' do país. As denúncias de Roberto Jefferson ainda precisam de apuração, mas já acertaram o coração do PT, comprometendo seu discurso histórico em defesa da ética, e – o que é ainda mais grave – podem fazer sangrar o Palácio do Planalto" (...) “O mensalão é um enorme desastre para o PT. O partido que encarnou as aspirações nacionais de ética na política e construiu uma liderança moral agora enfrenta o desafio de reinventar-se, sob pena de virar cinzas” (...) “Terá o PT se degenerado numa máquina glutona que corrompe até seus militantes mais antigos?” (...) “São eles os novos corruptos?” (15/06/2005).

Desde o início, quando todo o escândalo ainda girava em torno das denúncias de Jefferson, o enunciador não tinha dúvidas de que o partido era corrupto e não precisava colocar seu jornalismo investigativo para provar. Embora admitisse que as denúncias do petebista precisavam "de apuração", o enunciador – sem qualquer prova – questiona se não teria "o PT se degenerado numa máquina glutona que corrompe até seus militantes mais antigos?” Ao perguntar se “são eles os novos corruptos?”, a revista deixa de lado o jornalismo, suas normas e técnicas, para se entregar ao denuncismo. Veja sabe que isso funciona agora porque Lula estava enfraquecido. “A acusação de coabitar com a corrupção nunca colara na imagem do PT. Está colando agora”.

"Em seus 25 anos de vida, a legenda virou um partido poderoso e parecia ter percorrido sua trajetória sem perder as qualidades originais, entre as quais se ressaltava o compromisso com a ética e a moralidade pública. Esse era seu diferencial, o que fez da estrela vermelha um símbolo de esperança para o Brasil. Agora, o cenário é outro” (...) “A militância do PT, outrora tão aguerrida, parece apática e perplexa diante da lama. A atual liderança do partido é incapaz de arrastar multidões às ruas. Também era o que faltava: esperar que pessoas honestas, só porque são de esquerda, marchem sob a bandeira do falso publicitário e do

tesoureiro do PT gritando a palavra de ordem: 'Dinheiro / público / É do Valério e do Delúbio'” (...) “Angustiante é a constatação de que o PT, depois de passar anos na oposição combatendo essa prática, sucumbiu à praga do patrimonialismo que sufoca o Estado brasileiro” (06/07/2005).

Em 13 de julho, calcada em uma pesquisa do instituto Ipsos-Opinion, a revista destaca que “o PT, que dava a impressão de ter o monopólio da honestidade, hoje é visto como um partido de larápios” (...) "igual às mais fisiológicas agremiações da República – ou pior que elas”. Esse enunciador, posicionado e enojado com as práticas do PT, nunca demonstrou tanto repúdio a qualquer outro partido.

Para o leitor de Veja, petista já era sinônimo de xingamento. O partido sempre aparece mal nos títulos, linhas finas e destaques, generalizando e mostrando ligações escusas. Como na matéria “O PT de caso com a máfia”, de 3 de agosto, que o enunciador faz questão de ressaltar que agora o partido estava envolvido até com bandidos. "Sim, bandidos".

Quando finalmente Duda Mendonça apresentou ao Congresso fatos que até então a imprensa não conseguira confirmar, a revista se sente à vontade para defender a o fim legenda. Esse enunciador aponta que “outro elemento, mais prosaico e (demasiadamente) humano, contribuiu para o desmanche do PT: o deslumbramento de alguns de seus principais representantes, que, diante do banquete do poder, lançaram-se sobre os pratos como porcos magros" (...) "Uma vergonha, esse PT. Uma vergonha, esse Dirceu” (17/08/2005). O semanário abusa das imagens negativas para o PT e aposta, na legenda de uma delas, que o “sonho acabou”.

Para o semanário, "o PT forjou sua derrocada" e agora vê o "esfacelamento de seu patrimônio ético e à chegada ao banco dos réus" (14/09/2005). O enunciador aposta que o partido não dura mais cinco anos, "se é que o PT durará tanto". Aquela altura, "as perspectivas para as eleições de 2006 são, na mais otimista das hipóteses, dramáticas". Convicto de sua análise, o enunciador conclui que para a direção do partido "restará pouco mais do que a melancólica missão de administrar uma massa falida".

"A ruína do PT deu-se em tempo recorde. Foram necessários apenas 100 dias para que uma alucinante sucessão de revelações fizesse com que o partido fosse soterrado pelos escombros do seu patrimônio ético. Uma edificação não vai ao chão em tão pouco tempo a menos que seus alicerces estejam podres. É o caso do PT" (...) "O partido padece de um erro de origem: nasceu assentado sobre dois equívocos. O primeiro foi ter sido criado sob o signo do socialismo quando a idéia já seguia em franca decadência no restante do planeta" (...)"Do ponto de vista ideológico, portanto, o PT já nasceu póstumo" (...)"para o PT, a democracia sempre teve um valor meramente estratégico: nunca passou de 'uma concessão ao regime burguês' para chegar ao poder. O desprezo pela democracia representativa está no DNA do partido. Foi ele que, em 1986, elegeu dezesseis deputados constituintes para, em seguida, ensaiar um ato de recusa à assinatura da nova Carta" (...) "Lula, ao contrário do que tenta demonstrar, tem imensa responsabilidade pela derrocada do partido que ajudou a criar" (...) "A máquina montada por Dirceu funcionou a serviço do suborno e da corrupção (tudo supostamente 'lavado' com o sabão da causa nobre – a perpetuação no poder para o bem do povo) e produziu cenas insólitas como a protagonizada por José Genoíno na semana passada. O ex-presidente do PT foi, nos anos 90, um dos integrantes da tropa formada por parlamentares petistas que cerraram fileiras pelo impeachment de Fernando Collor e pela cassação dos anões do Orçamento. Na terça-feira, o mesmo Genoíno surgiu balbuciando argumentos implausíveis no tribunal em que antes estivera como acusador" (...) "Ao recusar-se a assumir a tarefa de pensar e agir com honestidade, o PT se viu obrigado a seguir o caminho trilhado pelos partidos tradicionais de esquerda que hoje ilustram minguadas páginas dos livros de história como experiências fracassadas". Se o Partido dos Trabalhadores não acabar, no "cenário menos desastroso – estima-se que a legenda encolherá de maneira substancial, passando a contar com cerca de 10% a 15% do eleitorado. Não é muito – é uma taxa que quase coincide com a prevalência de outro mal endêmico do Brasil, o analfabetismo (10%). Mas a crise do PT, qualquer que seja o seu desfecho, pode oferecer algo de positivo ao país. Desfeita a idéia de que o petismo, hoje transformado em distopia, representava a única opção política 'verdadeiramente virtuosa', o eleitor poderá

entender melhor cada problema do país em seus próprios termos – e não como um feixe de questões a ser resolvido mediante a consagração de uma oposição detentora de soluções mágicas" (...) "Nesse sentido, a gangue que tomou de assalto o PT não poderia ter facilitado mais o trabalho". (21/09/2005).

Eis, de forma clara, o que o enunciador tentou dizer para o eleitor este tempo todo. Só analfabeto vota no PT. Esta fabulosa máquina de corrupção que atende pelo nome de Partido dos Trabalhadores não tem nada de positivo. Não há meio termo, assim com não há textos jornalísticos informativos na cobertura do Planalto em 2005, em que aspectos positivos e negativos de um mesmo fato são abordados.

Mauro Wolf (1999), em seu livro Teorias da Comunicação, diz que os meios de comunicação em massa produzem o efeito da acumulação, que é o poder da mídia para determinar a importância de um tema e mantê-lo atrativo, principalmente através da repetição. “A influência da mídia é admitida na medida em que ajuda a estruturar a imagem da realidade social, a longo prazo, a organizar novos elementos dessa mesma imagem, a formar opiniões e crenças novas” (p. 144)

Wolf chama essa técnica de tematização, que quer dizer a transformação e o desenvolvimento de um certo número de acontecimentos e fatos distintos num mesmo lugar de relevância. "Tematizar um problema significa, de fato, colocá-lo na ordem do dia da atenção do público, dar-lhe o relevo adequado, salientar sua centralidade e seu significado" (1999, p. 146).

A produção da informação de massa inclui a cultura profissional que engloba a função do jornalista na sociedade, seus critérios de notícia, as suas concepções, os estereótipos etc. “A ideologia traduz-se, pois, numa série de paradigmas e de práticas profissionais adotadas como naturais”. (Garbarino apud Wolf, 1999, p.189). De outro lado, há as restrições impostas pela organização do trabalho que cria as convenções profissionais. Estas convenções “determinam a definição de notícia, legitimam o processo produtivo, desde a utilização das fontes até à seleção de acontecimentos e às modalidades de confecção, e contribuem para se precaver contra as críticas do público” (Garbarino apud Wolf, 1999, p.189). A partir disso, Wolf destaca:

“Estabelece-se, assim, um conjunto de critérios, de relevância que definem a noticiabilidade (newsworkthiness) de cada acontecimento, isto é, a sua “aptidão” para ser transformado em notícia.” (1999, p.189)

A relação entre estas duas perspectivas é, segundo o autor, estreita e ambas definem as características que os acontecimentos devem possuir para serem transformados em notícia. A noticiabilidade é constituída pelo conjunto de requisitos que se exigem dos acontecimentos – do ponto de vista da estrutura do trabalho nos órgãos de informação e do ponto de vista do profissionalismo dos jornalistas - para adquirirem a existência pública de notícias. Tudo o que não corresponde a esses requisitos é “excluído”, por não ser adequado às rotinas produtivas e aos cânones da cultura profissional. (Wolf, 1999, p.190).

Wolf diz que a articulação das fontes não é casual ou arbitrária. Há um jogo de interesses, principalmente no caso das fontes representativas de grupos de poder, em manter contato com os meios de comunicação e passar informações. Por outro lado, as empresas jornalísticas precisam desta rede de fontes para o seu funcionamento. “A rede de fontes que os órgãos de informação estabelecem como instrumento essencial para o seu funcionamento, reflete, por um lado, a estrutura social e de poder existente e, por outro, organiza-se a partir das exigências dos procedimentos produtivos” (Wolf, 1999, p.223).

“Evidencia-se que as fontes mais usadas são aquelas condicionadas ao poder institucional: Aqueles que detêm o poder econômico ou políticos podem, facilmente, ter acesso aos jornalistas e são acessíveis a estes; aqueles que não têm qualquer poder, mais dificilmente se transformam em fontes e não são procurados pelos jornalistas até as suas ações produzirem efeitos noticiáveis enquanto moral ou socialmente negativos”. (Gans apud Wolf,1999, p. 224)

Wolf lista cinco fatores, associados à objetividade e exigências dos processos produtivos, orientados para a eficiência do trabalho na hora de utilizar as fontes: oportunidade antecipadamente revelada, produtividade, credibilidade, garantia e respeitabilidade. Fatores que nos remetem diretamente às fontes oficiais. A produtividade é um dos fatores que chama atenção para aqueles que pensam que as leis capitalistas não são aplicadas em todas as profissões, mesmo no jornalismo. Nesta ótica as fontes oficiais são produtivas. Elas ofereceriam, segundo Wolf, todas as informações

e material necessário para a realização das notícias não dando margem à consulta de outras fontes. As fontes institucionais são estáveis e por representarem as instituições e o oficial, tornam-se uma garantia ao jornalista transmitindo credibilidade e honestidade. Mas, será que os profissionais do jornalismo devem confiar inteiramente nessas fontes oficiais, será que elas são realmente honestas e credíveis? “Do ponto de vista dos procedimentos produtivos jornalísticos, as fontes estáveis institucionais, acabam por assumir uma credibilidade adquirida como tempo e também ela rotinizada”. (1999, p.225)

Wolf também diferencia os jornalistas especializados e os não-especializados no trato com as fontes. Os primeiros têm a vantagem de possuir uma bagagem de conhecimentos sobre os assuntos contribuindo para um diálogo mais produtivo e de conteúdo com as fontes. Mas o problema deste tipo de relação é a dependência que se cria entre fonte e jornalista, uma relação de dependência recíproca, segundo o autor. Estes jornalistas também correriam o perigo de se tornarem caixa de ressonância das fontes e perder “aquela curiosidade e espontaneidade perante os problemas e os acontecimentos”. No caso da segunda categoria, falta-lhes o conhecimento aprofundado acerca do assunto e das fontes “mas estão libertos das ligações complexas de conveniência reciproca” (1999, p.227). Essas fontes institucionalizadas além de representarem o ponto de vista oficial são também organizadas quando se trata de distribuir notícias aos veículos de comunicação. “Sem exceção, apenas organismos e grupos formalmente constituídos são os terminais de rotina da recolha de informação. Quer se trate de associação de moradores, ou de agências federais, o repórter confia-se a uma estrutura de atividades e de informações já constituída e sistematicamente organizada”. (Wolf,1999, p.228).