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CÂMARA DOS DEPUTADOS CÂMARA E ASSEMBLÉIAS LEGISLATIVAS

2.3.4.1 Plenário

O Poder Legislativo Estadual é um poder complexo, composto de vários órgãos; alguns com assento constitucional (Plenário, Comissões, Mesa, Presidência, Bancadas, Bloco Parlamentar, Líder da maioria, Líder da minoria), outros previstos no Regimento Interno (Colégio de Líderes, Conselho de Ética, Corregedoria, Ouvidoria), que disciplina também as atribuições de todos, tanto dos órgãos de extração constitucional como dos meramente regimentais.

Em colegiados, como são os Parlamentos, o Plenário é o órgão máximo; nele residem as decisões finais, soberanas. É composto por todos os candidatos declarados eleitos e devidamente diplomados pela Justiça Eleitoral, conforme relação nominal oferecida por essa Justiça especializada, desde que esses candidatos compareçam pessoalmente, em data fixada pelos Regimentos Internos das Casas Legislativas, para, após proferir o compromisso regimental padrão, tomar posse no cargo eletivo, transformando-se em parlamentares, investindo-se, pois, em mandato representativo popular. Empossado, o parlamentar integra o Plenário, expressão concreta do próprio Poder Legislativo. Não há mais, por parte do Plenário, a competência para proceder à verificação de poderes; esta atribuição, de natureza eleitoral, fazia parte das competências do Poder Legislativo Estadual para seus membros, mas, desde 1934, com a criação de Justiça especializada para tanto, tornou-se incumbência da Justiça Eleitoral.

O Plenário funciona em sessões públicas ou, excepcionalmente, em sessões secretas. No Estado de São Paulo só pode haver sessões públicas, por expressa norma constitucional (art. 10). Há quorum para instalação da sessão, previsto por norma regimental, em regra. Diverso, no entanto, é o quorum de deliberação do colegiado legislativo. Em observância à regra da maioria, as deliberações somente podem ser tomadas por maioria de votos, presente maioria absoluta de seus membros. A respeito dos quóruns (de instalação dos trabalhos e deliberativo) tratar-se-á nos itens 7.5 e 7.7

infra.

2.3.4.2 Mesa

Órgão colegiado interno constitucionalmente previsto, as Mesas do Poder Legislativo estadual e distrital são compostas por presidente e, ao menos, por dois secretários. Há Assembléias Legislativas que prevêem em seus Regimentos Internos outras conformações.

Mesa81

Membros Membros efetivos Estados

7 3 Acre, Amapá, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Rio Grande do Norte, São Paulo

6 3 Amazonas, Roraima e Sergipe

7 7 Pernambuco

7 3 Santa Catarina e Tocantins

8 3 Bahia

8 4 Distrito Federal

9 3 Maranhão

9 4 Paraná

10 5 Ceará

11 3 Rio Grande do Sul

12 5 Paraíba

13 2 Rio de Janeiro Fonte: Regimentos Internos

Constituições Estaduais estabelecem como atribuição de um dos membros da Mesa, o Presidente da Assembléia Legislativa, a função de substituir ou suceder o Governador e o Vice-Governador, temporária ou definitivamente, no caso de licenças ou impedimentos concomitantes, ou de dupla vacância, respectivamente. A Constituição do Estado de São Paulo, e.g., estabelece que, na hipótese de vacância dos cargos de Governador e de Vice-Governador no último ano do período governamental, o Presidente da Assembléia Legislativa será chamado ao exercício da Governança (arts. 40 e 41). No entanto, outras Constituições Estaduais, como a baiana, por exemplo, seguem o padrão da Constituição Federal: ocorrendo a vaga nos dois últimos anos do mandato governamental, far-se-á eleição para ambos os cargos, trinta dias depois da última vaga, mediante Colégio Eleitoral composto pelos membros da Assembléia Legislativa, e na forma que lei estadual disciplinar. A lei baiana sobre a matéria estatuiu escrutínio secreto no âmbito desse Colégio Eleitoral.

Na constituição das Mesas, há Cartas Estaduais que asseguram, tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou bloco parlamentares; outras garantem a representação proporcional dos partidos somente. A composição da Mesa é questão controversa, notadamente quando os parlamentares, eleitores e candidatos simultaneamente, não conseguem chegar a bom termo acerca dos cálculos da proporcionalidade partidária, no mais das vezes relativa, frise-se, havendo, por isso mesmo, norma de composição e acomodação desse conflito de interesses conformada na expressão de extração constitucional “tanto quanto possível”. Trata-se de questão

interna corporis certamente, mas, do tanto quanto possível, não se infere sejam as

81

Variações de Presidencialismos na Federação brasileira: processo político e reforma nos Estados, 1995-2006. São Paulo: FGV (Doutorado), 2007. p. 34.

minorias parlamentares preteridas. Ademais, anote-se também que a Lei Federal n. 9.096/95 (art. 26) prevê a perda de cargo em órgão colegiado, como nos da Mesa, obtido em razão de proporcionalidade partidária, caso o parlamentar se desvincule do partido pelo qual originariamente fora eleito, efetivando no ato desvinculação partidária sem justa causa.

Ao serem empossados, todos os parlamentares estão em igualdade de condições. Após, por razão de ordem organizacional, elegem entre seus pares os que terão atribuições diferenciadas, delegando-lhes a direção do Poder. Somente por eleição são constituídas as Mesas das Casas Legislativas Estaduais, não havendo qualquer diferenciação entre os parlamentares para a escolha, seja ela decorrente de idade ou qualquer outra. Aliás, até mesmo a reeleição pode ser pleiteada82, muito embora algumas Constituições Estaduais vedem a reeleição para o mesmo cargo no biênio subseqüente, como a do Espírito Santo (art. 58, § 5º), Mato Grosso (art. 24, § 3º), Pernambuco (art. 7º, § 9º), Rio Grande do Sul (art. 49, § 4º), Santa Catarina (art. 46, § 3º) e a de São Paulo (art. 11, § 2º); nos demais Estados a reeleição da Mesa está permitida por expressa disposição constitucional (Acre, art. 48, § 5º; Alagoas, art. 70, parágrafo único; Amapá, art. 95, I; Amazonas, art. 29, § 4º, II; Bahia, art. 67, § 3º;

82 STF – Pleno – ADI-MC n. 1.528-AP – Rel. Min. Ellen Gracie – Decisão: 27 nov. 1996. In Diário da Justiça, de 05-10-2001, p. 39.

STF – Pleno – ADI n. 2292 – Rel. Min. Nelson Jobim – Decisão: 06 set. 2000. In Informativo STF n. 201:

“O art. 57, § 4º, da CF, que veda a recondução dos membros das Mesas das Casas Legislativas federais para os mesmos cargos na eleição imediatamente subseqüente, não é de reprodução obrigatória nas Constituições dos Estados. Com base nesse entendimento, o Tribunal indeferiu medida liminar em ações diretas ajuizadas pelo Partido Trabalhista Brasileiro - PTB e pelo Partido Socialista Brasileiro - PSB contra o § 3º do art. 29 da Constituição do Estado do Maranhão (na redação dada pela EC 20/96), que permite a reeleição da Mesa Diretora da Assembléia Legislativa estadual. Vencido o Min. Marco Aurélio, que deferia a liminar. Precedentes citados: Rp 1.245-RN (RTJ 119/964); ADIn 793-RO (RTJ 163/52); ADIn 792-RJ (julgada em 26.5.97, acórdão pendente de publicação, v. Informativo 73); ADInMC 1.528-AP (julgada em 27.11.96, acórdão pendente de publicação, v. Informativo 55). ADInMC 2.262-MA e ADInMC 2.292-MA, rel. Min. Nelson Jobim, 6.9.2000.(ADI-2292)”

STF – Pleno – ADI n. 2371 – Rel. Min. Moreira Alves – Decisão: 07 mar. 2001. In Informativo STF n. 219:

“O art. 57, § 4º, da CF, que veda a recondução dos membros das Mesas das Casas Legislativas federais para os mesmos cargos na eleição imediatamente subseqüente, não é de reprodução obrigatória pelos Estados-Membros. Com base nesse entendimento, o Tribunal, por maioria, indeferiu pedido de medida cautelar em ação direta de inconstitucionalidade, ajuizada pelo Partido Trabalhista Brasileiro - PTB, contra o § 5º do art. 58 da Constituição do Estado do Espírito Santo, com redação dada pela EC 27/2000, que permite aos membros eleitos da Mesa da Assembléia Legislativa do Estado a recondução para o mesmo cargo no biênio imediatamente subseqüente. Vencidos os Ministros Marco Aurélio e Néri da Silveira, que deferiam o pedido de medida cautelar. Precedentes citados: ADInMC 1.528-AP (julgada em 27.11.96, acórdão pendente de publicação, v. Informativo 55), ADInMC 2.262-MA e ADInMC 2.292-MA (julgada em 6.9.2000, acórdão pendente de publicação, v. Informativo 201). ADInMC 2.371-ES, rel. Min. Moreira Alves, 7.3.2001.(ADI-2371)”

Ceará, art. 47, § 2º; Goiás, art. 16, § 3º; Maranhão, art. 29, § 3º; Mato Grosso do Sul, art. 53, § 4º; Minas Gerais, art. 53, § 3º, II; Pará, art. 92, I; Paraíba, art. 59, § 4º; Piauí, art. 6º do Regimento Interno; Rio Grande do Norte, art. 42, § 4º; Rio de Janeiro, art. 5º do Regimento Interno; Rondônia, art. 29, I, alínea b; Roraima, art. 30, § 4º; Sergipe, art. 51, § 5º; e Tocantins, art. 14, § 3º). No Paraná também ocorre reeleição da Mesa da Assembléia Legislativa, mas por interpretação, decorrente da inexistência de norma constitucional ou regimental sobre a matéria.

O modo como se procede à eleição dos membros da Mesa Diretora das Casas Legislativas vem sofrendo alterações. Constituições como a de São Paulo (art. 10, § 2º), Paraná e Rio de Janeiro foram alteradas, nelas se abolindo o escrutínio secreto nas votações realizadas no Legislativo. Há questionamentos judiciais acerca dessas medidas83, mas as mudanças seriam corolário da premissa de que o mandato parlamentar é público. E, se o mandato é público, por que o voto seria secreto? Em relação à eleição dos membros da Mesa, o voto ostensivo poderia ser adotado, pois inserido no poder de auto-organização conferido pela Constituição Federal ao Poder Legislativo Estadual (art. 27, § 3º). Daí normas regimentais preverem voto aberto, cargo a cargo, ou eleição conjunta de todos os membros da Mesa, por chapa previamente registrada.

As Mesas Diretoras possuem inúmeras atribuições: dirigir os trabalhos legislativos; propor, privativamente, projetos para criação de cargos no âmbito da Secretaria da Assembléia Legislativa; apresentar projetos de lei para fixação dos subsídios do Governador, do Vice-Governador, dos Secretários de Estado (art. 28, § 2°, da CF) e dos parlamentares (art. 27, § 2°, da CF); analisar e encaminhar pedidos de informações a Secretários de Estado ou a quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados ao Governador (art. 50 da CF); encaminhar requerimentos de informações solicitados por parlamentar, individualmente, ou por Comissão, ao Procurador-Geral de Justiça, ao Procurador-Geral do Estado e ao Defensor Público Geral; promulgar Emendas Constitucionais; declarar a perda de mandato de parlamentar nos casos de: não comparência a um terço das sessões ordinárias na sessão legislativa anual; perda ou suspensão de direitos políticos; quando a Justiça Eleitoral

83 ADI 2461/RJ; ADI 4.104/PR.

Como norma de preordenação para os Estados-membros, o escrutínio secreto vem previsto na Constituição Federal para escolha de Conselheiros do Tribunal de Contas do Estado indicados pelo Governador (art. 52, III, b, c.c. art. 75) e na perda de mandato parlamentar (art. 55, § 2º c.c. art. 27,§ 1º).

decretar a perda do mandato; apresentar representação contra Deputado visando à perda do mandato nas hipóteses de infringência às incompatibilidades previstas constitucionalmente; procedimento incompatível com o decoro parlamentar; e quando o parlamentar sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado (art. 55 da CF); propor ação direta de inconstitucionalidade e ação declaratória de constitucionalidade (art. 103, IV, da CF); dirigir os serviços administrativos da Assembléia, e outras atribuições consignadas nos Regimentos Internos.

Como órgãos colegiados, as Mesas das Assembléias Legislativas organizam seus trabalhos nos moldes das Comissões e deliberam as matérias submetidas à sua apreciação pelo voto da maioria dos seus membros. Nas Mesas efetivas compostas por três membros (Presidente e dois Secretários), o “Secretário que discordar de determinada medida a ser consubstanciada em Ato, Decisão ou parecer apresentará seu voto em separado, assinando-o”. Essa disposição, encontrada no Regimento Interno da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, justifica-se para se evitar recusa na deliberação de alguma matéria submetida à apreciação do colegiado.

2.3.4.3 Presidência

A Constituição Federal reconhece a presidência do Poder Legislativo como órgão interno desse Poder. Esta conclusão assenta-se no disposto no art. 89, incisos II e III, e no art. 91, incisos II e III: “O Conselho da República é órgão superior de consulta do Presidente da República, e dele participam: o Vice-Presidente da República; o Presidente da Câmara dos Deputados; o Presidente do Senado Federal; os Líderes da maioria e da minoria da Câmara dos Deputados; os Líderes da maioria e da minoria no Senado Federal (...)”. No Conselho de Defesa Nacional (art. 91) há, igualmente, previsão da participação do Presidente da Câmara dos Deputados e o do Senado.

Para que seja órgão, necessário que haja atribuições. Com efeito, assim como a Constituição Federal confere ao Presidente da Câmara dos Deputados o direito- dever de substituir o Presidente da República, as Constituições Estaduais incumbem aos Presidentes das Assembléias Legislativas a substituição e até a sucessão dos respectivos Governadores do Estado. Mais. No processo legislativo o Presidente da Assembléia promulga as leis decorrentes de sanção tácita do Governador, ou decorrentes de veto oposto a projeto pelo Governador, rejeitado pela Assembléia Legislativa, e não promulgado pelo Governador; incumbe-lhe convocar extraordinariamente o Poder Legislativo nas hipóteses previstas nos §§ 2° e 3° do art.

36 da CF, nos casos de urgência e interesse público relevante, quando decretado estado de sítio ou estado de defesa que atinja todo ou parte do território estadual, na hipótese de recebimento dos autos de prisão de Deputado quando houver crime inafiançável; exerce o controle prévio de constitucionalidade das proposições; averigua se os requerimentos de constituição de Comissões Parlamentares de Inquérito preenchem os requisitos constitucionais; dá posse aos parlamentares; convoca sessões ordinárias e extraordinárias da Assembléia; elabora a Ordem do Dia de sessões; responde as questões de ordem suscitadas por parlamentares acerca de dúvida sobre a interpretação do Regimento Interno, na sua prática ou relacionada com as Constituições Federal e Estadual; preside o Colégio de Líderes; nomeia parlamentares para as Comissões à vista de indicação dos Líderes ou, também, quando omissa a indicação de Líder; compõe a Mesa Diretora.

No documento Processo legislativo estadual (páginas 49-55)