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Sessões públicas Quorum de funcionamento

No documento Processo legislativo estadual (páginas 153-156)

CAP 7 FASES PROCEDIMENTAIS

7.5 Sessões públicas Quorum de funcionamento

Uma Constituição republicana lança sobre os Regimentos Internos das Casas Legislativas as luzes para consolidação de uma efetiva publicidade das atividades do Parlamento. As crescentes inovações tecnológicas têm facilitado sobremaneira a possibilidade de os cidadãos acompanharem os trabalhos legislativos (TV, TV-web, Internet, jornal oficial publicando a íntegra das sessões após apanhamento dos debates por taquígrafos), e ajudam a tornar real um imperativo democrático do Estado de Direito, qual a publicidade dos atos decisionais na esfera pública. Norberto Bobbio salienta que “o que vale nos negócios públicos de um regime democrático é a publicidade como regra, o segredo é a exceção”.230

Dando efetividade à exigência democrática da transparência na esfera pública, o constituinte paulista de 1989 preceituou para as sessões realizadas na Assembléia Legislativa uma condição intransponível: que sejam públicas. Trata-se de mandamento constitucional, de maneira que o legislador regimental consolidou as normas atinentes às sessões legislativas sem a possibilidade de prevê-las secretas, em nenhuma hipótese. A Assembléia Legislativa funciona somente em sessões públicas (art. 10). As sessões só podem ser públicas, ao contrário do que ocorre na Câmara dos Deputados ou no Senado que, dependendo da matéria apreciada, admite sessões secretas.

230

Teoria Geral da Política: a filosofia política e as lições dos clássicos. Tradução Daniela Beccaccia Versiani. Rio de Janeiro: Campus, 2000, p. 414.

Sob a perspectiva de que os constituintes estaduais podem se tornar arautos de novas experiências no sistema federativo, reconhecem-se, nessa dimensão normativa, as vantagens de não se impingir aos Estados-membros padrões de incondicional observância no processo legislativo, onde, e.g., a possibilidade de sessões secretas, tal qual permitido pelo modelo federal, afasta do cânone republicano os trabalhos legislativos.

A presença do parlamentar é imprescindível, pois informa todo o funcionamento das Casas Legislativas. Contudo “a luta contra a falta de assiduidade é um dos grandes desafios que os modernos sistemas parlamentares devem enfrentar e, em maior ou menor escala, todos têm reagido a isso”.231 Essa constatação e advertência de Francisco Caamaño Domingues é bem o nó górdio dos trabalhos legislativos; merecendo do constituinte, desde 1934, medida extrema: punição com a perda do mandato. Todavia, a perda só se dará, hoje, se o parlamentar faltar a mais de um terço das sessões ordinárias anuais (art. 55, III, da CF), excluídas as licenças e as faltas justificadas. Dir-se-á que tanta condescendência torna a punição um arremedo de sua real pretensão, pois extravasa em generosidade para com os faltosos. Pífia, então, a norma que tem a pretensão de combater o absenteísmo parlamentar com a perda do mandato para aquele que, pasmem, faltar a um terço das sessões legislativas ordinárias, excluídas as licenças e as faltas justificadas. Esse preceito, ex vi do art. 27, § 1º da Constituição Federal, aplica-se também aos Deputados e às Deputadas Estaduais.

De outra forma, bem mais severa, vem disciplinada a mesma questão no Estatuto dos Deputados portugueses (art. 8º.1.b) e no Regimento da República de Portugal (art. 4º.1.b), onde a perda do mandato parlamentar dar-se-á se houver ausência “a quatro reuniões do Plenário por cada sessão legislativa” anual.

Para fugir de interpretação abrangente do conceito de presença do parlamentar no recinto do Plenário ou nas dependências da Casa Legislativa, os Regimentos Internos preceituam que é consignada com a sua assinatura, em Plenário, em documento próprio (“lista de comparecimento”), onde se especificam a data e o número da sessão (ordinária ou extraordinária); ou mediante registro pessoal em painel eletrônico situado no Plenário.

231

DOMINGUES, Francisco Caamaño. El mandato parlamentario. Madri: Congreso de los Diputados, 1991, p. 235.

As presenças de parlamentares comporão o quorum de abertura dos

trabalhos ou de instalação da sessão. Não preenchido o quorum inicial para instalação

da sessão, ela, ipso facto, sequer existirá; se abertura houver, sem observância desse requisito essencial para o funcionamento do órgão colegiado, estar-se-á diante de vício insanável. Inexistindo quorum para abertura dos trabalhos e, obviamente, não se realizando a sessão, atribuir-se-á falta aos ausentes para efeito de perda do mandato por não comparecimento a mais de um terço das sessões ordinárias, e para desconto de

jeton232. E, como prazos regimentais podem ser contados, igualmente, por sessão

ordinária realizada, ficam eles, pois, assim, pela ausência parlamentar, prorrogados.

O quorum para abertura é também o da continuidade da sessão, bastando para verificá-lo, no decorrer das atividades parlamentares, requerimento de um dos pares ou de Líder, como estiver normatizado no Regimento Interno. Ao presidente da sessão cabe, ictu oculi, deferi-lo ou não. Se, num golpe d’olhos, o Presidente verificar inexistência de quorum, mandará fazer verificação de presença, mediante processo nominal de chamada dos parlamentares e, se, ao seu término, não se constatar quorum para continuidade da sessão, dá-la-á, então, por encerrada; ou, na locução regimental das Casas Legislativas, dar-se-ão os trabalhos por levantados (levantada a sessão).

Outro é o quorum de deliberação, como se verá adiante.

Havendo quorum para abertura dos trabalhos legislativos, mesmo quando a sessão seja de debates e não deliberativa, transcorrem-se os prazos regimentais condicionados à realização de sessão que, em Minas Gerais, e.g., recebe a denominação de reunião. À guisa de conhecimento, traz-se à colação o quorum de instalação das sessões nas Assembléias Legislativas, de acordo com os respectivos dispositivos regimentais: Acre, 5 parlamentares (art. 124, § 2º); Alagoas, 1/3 (art. 134); Amapá, 8 parlamentares (art. 11, § 2º); Amazonas, 1/5 (art. 85); Bahia, 1/3 (art. 86); Ceará, 1/3 (art. 170, § 1º), Espírito Santo, 1/10 (art. 105, § 3º); Goiás, 1/3 (art. 102, § 2º); Maranhão, 1/5 (art. 101, § 2º); Mato Grosso, 1/3 (art. 98); Mato Grosso do Sul, 1/4 (art. 179); Minas Gerais, 1/3 (art. 19, § 1º); Pará, 1/4 (art. 119, § 2º); Paraíba, 1/7 (art. 61, § 1º); Paraná, 1/10 (art. 88); Pernambuco, 1/5 (art. 144, § 1º); Piauí, 1/3 (art. 81, § 1º);

232 Na definição do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa: “Remuneração dada aos membros de órgãos

colegiados por sessão a que comparecem. Etimologia: fr. jeton ... (1846) 'gratificação que se concede a membro de uma sociedade pela sua participação em uma assembléia', do fr. jeter 'lançar, projetar' + -on.”

Rio de Janeiro, 1/10 (art. 71); Rio Grande do Norte, 1/3 (art. 162); Rio Grande do Sul, 1/4 (art. 99); Rondônia, 1/3 (art. 123, § 1º); Roraima, 1/3 (art. 144); Santa Catarina, 1/5 (art. 96, § 3º), São Paulo, 1/4 (art. 112 e art. 10 da CE); Sergipe, 1/6 (art. 138, § 2º); e Tocantins, 1/3 (art. 90, §2º).

Para a legislatura que se iniciou em 2007 e terminará em 2011, as

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