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Prazos de discussão fixados nos Regimentos Internos e condiçõespara seu encerramento

No documento Processo legislativo estadual (páginas 159-166)

ESTADO N° DE PARLAMENTARES QUORUM DE ABERTURA

7.6 Turnos de discussão e votação

7.6.1 Prazos de discussão fixados nos Regimentos Internos e condiçõespara seu encerramento

As Casas Legislativas dos Estados-membros da Federação brasileira são chamadas a manifestar-se sobre variadas questões de interesse regional. Em projetos de iniciativa do Executivo, por mais que tenha havido consultas, pesquisas, assessoria para sua formulação - projetos, os quais, são engendrados, quase sempre, em ambientes restritos -, há, sempre, oportuno espaço para sua crítica e seu aprimoramento em ambiente parlamentar, malgrado a crítica de que o Parlamento como um todo, e, portanto, as Assembléias Legislativas ficam aí também incluídas, deixou de ser locus de efetiva tomada de decisões. Jürgen Habermas, indicando mudança na esfera pública, salienta que o Partido Político passou a ter proeminência em detrimento do mandato parlamentar livre. Apregoa que “o Parlamento tende a se tornar um local em que esses funcionários do partido [político], presos a mandatos, se encontram para fazer com que

sejam registradas decisões já tomadas” no âmbito do Partido Político.236 Anota, ainda, que “o próprio Parlamento desenvolveu-se de acordo com isso, deixando de ser a corporação que discutia, pois o mero ‘amém’ parlamentar de resoluções previamente negociadas por baixo do pano não obedece apenas a uma prescrição formal: serve para demonstrar, para fora, a vontade do partido”.237 E, citando descrição de Friesenhahn, procura demonstrar a mudança na esfera das decisões políticas:

“De uma ‘assembléia de homens sábios, escolhidos como personalidades únicas de camadas privilegiadas, que procuravam persuadir-se mutuamente com argumentos, através de discussões públicas, na suposição de que a decisão tomada, então, pela maioria, seria o verdadeiro e o correto para o bem-estar do povo’, o Parlamento passou a ser a ‘tribuna pública em que, perante todo o povo que, através do rádio e da televisão, participa de modo todo especial nessa esfera pública, o governo, com os partidos que o apóiam, apresenta e defende a sua política perante o povo, enquanto a oposição ataca essa política com a mesma abertura, apresentando alternativas.”238

No magistério de Jorge Miranda, “a competência legislativa do Parlamento, num Estado de Direito democrático, funda-se, simultaneamente, na idéia democrática de que a lei, dirigida a todo o povo, deve ser votada pelos seus representantes eleitos; na idéia liberal do debate público e contraditório em que se espera pôr a razão a plena luz; e na idéia pluralista de que uma assembléia com diversidade de opiniões e interesses é mais apta para tomar as grandes deliberações do que qualquer outro órgão”.239

À recorrente crítica de que as deliberações sobre matéria em trâmite legislativo já teriam sido tomadas em outras esferas de poder, e de que há retardamento de decisões no âmbito do Legislativo acerca de temas que exigiriam pronta decisão na gestão do interesse público, opõe-se a constatação, cada dia mais efetiva, de que, na esfera do Legislativo, os direitos e garantias a serem tutelados podem abranger, muitas vezes, uma amplitude ainda maior do que a que originalmente estava sendo albergada na proposição original, formulada no âmbito do Executivo. Por mais críticas que possa merecer a morosidade das decisões no âmbito do Legislativo, ela (a morosidade) já não tem sido mais mote para “alavancar” açodada decisão parlamentar qualquer, senão a decorrente de apreciação mais aprofundada sobre o assunto, merecendo reparos de

236 Mudança estrutural da esfera pública. Tradução de Flávio Kothe. Rio de Janeiro: Tempo

Brasileiro, 2003, p. 240

237 Idem, ibidem. 238

Id. ib.

aprimoramento à proposta original consubstanciados mediante emendas parlamentares, sejam elas aditivas, supressivas, modificativas, aglutinativas ou até substitutivas.

Assim, os tempos de discussão fixados pelos Regimentos Internos em ordem a, depois dela, haver apreciação e deliberação de proposituras pode parecer “demorado”, ou não. Todavia, a demora é relativa, pois decorrente do observador que assim quer, ou não, compreendê-la. E não se pode aqui também, deixar de anotar, num tom quase irônico, o comentário do eminente jurista Manoel Gonçalves Ferreira Filho ao pressuposto de tanto tempo dedicado à discussão de proposituras nos Parlamentos, referindo-se ao processo legislativo clássico, mas do qual a delonga nas discussões é justificada pela presunção de que “da discussão nasça a luz”.240

Seja como for, o tempo de discussão de uma proposição é matéria atinente à disciplina regimental. São os Regimentos Internos das respectivas Assembléias Legislativas que estipulam o tempo de debate de uma determinada proposição, como logo abaixo se demonstra.

Assente-se, antes, que a discussão de proposição é feita no seu todo, inclusive emendas. Evidente que somente será objeto de discussão a proposição constante de Ordem do Dia. Observados os prazos estipulados nos Regimentos, cada Deputado previamente inscrito tem o direito de falar uma vez sobre a mesma proposição, exceto se receber, por cessão, o tempo de outro(s) parlamentar(es). Enquanto houver oradores inscritos para falar a favor e contra, observa-se a alternância.

O encerramento da discussão se dá pela ausência de oradores inscritos ou pelo decurso dos prazos regimentais, que pode defluir da circunstância de a proposição ter figurado em Ordem do Dia de um número determinado de sessões. No entanto, mesmo havendo oradores inscritos, a discussão pode ser encerrada por deliberação do

Plenário, em geral, como se verá infra, a requerimento de um terço dos membros da

Assembléia.

Por imperativo prático, vez que a dinâmica da vida parlamentar hodierna exige dos representantes quase o dom da ubiqüidade, tantas as atividades concomitantes, admite-se o voto de quem não assistiu a toda a discussão.

O Regimento Interno da Assembléia Legislativa de Minas Gerais estipula que nenhum projeto – excetuados os de lei orgânica ou equivalentes a código –

permanecerá em Ordem do Dia para discussão, em cada turno, por mais de seis sessões, ou reuniões (art. 244). Para cada orador inscrito concede-se a palavra por sessenta minutos (art. 246).

Em comando idêntico, o Regimento Interno da Assembléia do Pará: excetuados os projetos de lei orgânica, diz que nenhuma proposição permanecerá em Ordem do Dia, para discussão, em cada turno, por mais de seis reuniões (art. 204). Para discutir um projeto o Deputado dispõe de vinte minutos (art. 205).

Requerimento de encerramento de discussão de projeto de lei somente será submetido à votação, desde que um terço dos Deputados, ou Líderes que assim os representem, tenha discutido a proposição, ou, desde que, no mínimo, quatro oradores tenham assomado à tribuna (art. 140). É o que preceitua o Regimento Interno da Assembléia Legislativa da Paraíba. Para discutir um projeto o Deputado dispõe de vinte minutos; se autor ou relator da respectiva proposição, faculta-se-lhe a palavra pelo dobro do tempo (art. 136).

No Estado do Paraná, o Regimento Interno da Assembléia Legislativa estabelece que nenhum projeto de lei, de resolução ou de decreto legislativo será aprovado senão depois de ter passado por duas discussões (art. 142); exigindo-se, para sua deliberação, a inclusão em Ordem do Dia, “pelo menos vinte e quatro horas antes” (art. 143). A primeira discussão versa, exclusivamente, sobre a constitucionalidade e a legalidade do projeto; a segunda, sobre o mérito (arts. 144 e 145). Em cada discussão, franqueia-se a palavra por, no máximo, dez minutos aos Deputados inscritos (art. 152).

Pelo Regimento Interno da Assembléia Legislativa de Santa Catarina o Deputado só poderá falar uma vez e por dez minutos na discussão de qualquer proposição, podendo ter o prazo prorrogado uma vez, pelo mesmo tempo, se for autor ou relator da proposição (art. 237). Se subscrito por um terço dos Deputados ou por Líderes de Bancada que representem essa grandeza, o requerimento de encerramento de discussão pode ser submetido a votos, a qualquer momento (art. 241, parágrafo único).

No Tocantins os projetos de lei, de decreto legislativo e de resolução passam por dois turnos de discussão e votação. O interstício entre um turno e outro é de vinte e quatro horas (art. 137). Na discussão “serão inscritos até seis Deputados, mais Líderes e Autor, observada a proporcionalidade partidária”, e fazem uso da palavra por dez minutos (arts. 153 e 155).

O Regimento Interno da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul dispõe que o Deputado, na discussão de uma proposição, só poderá falar uma vez e pelo prazo de cinco minutos (art. 123). Ainda que haja oradores inscritos, a discussão pode ser encerrada a requerimento escrito de qualquer Deputado, desde que a matéria esteja sendo debatida há duas sessões e tenham falado, além dos relatores da proposição, cinco Deputados. Se aprovado o requerimento de encerramento, ainda poderá discutir a proposição um Deputado de cada Bancada cujos integrantes não tenham sobre ela se pronunciado. E quando a proposição estiver sendo debatida por partes (e.g., títulos, capítulos, seção), o encerramento da discussão de cada uma delas poderá ser requerido a qualquer tempo após falarem, além dos relatores, três Deputados (art. 127).

Em Rondônia há duas discussões e votações para projetos de lei, devendo decorrer, entre as discussões, intervalo de vinte e quatro horas (arts. 197 e 199). Encerra-se a discussão, por deliberação do Plenário, se a matéria já tiver sido discutida em sessão anterior e sobre ela já tiver falado pelo menos quatro oradores. Cada orador dispõe de dez minutos (arts. 203 e 212).

Discute-se em dois turnos e cada parlamentar dispõe de “prazo máximo de cinco minutos” no debate de projetos (arts. 214, § 2º, 217 e 218). O encerramento da discussão se dá, também, “se a matéria já houver sido discutida em sessão anterior” (art. 225). É o que estatui o Regimento Interno da Assembléia Legislativa de Roraima.

Em cada turno de discussão o parlamentar dispõe de dez minutos (art. 163). O encerramento da discussão pode ser requerido por um terço dos Deputados, ou por Líderes que representem esse número, “tendo sido a proposição discutida, pelo menos, por quatro oradores” (art. 167, parágrafo único). É o que estabelece o Regimento Interno da Assembléia Legislativa do Piauí.

É de quinze minutos o tempo concedido a parlamentar na Assembléia Legislativa do Amazonas para discutir projetos (art. 194). Por deliberação do Plenário encerra-se também a discussão desde que “tenham falado o Autor, o Relator, o Autor de voto separado ou vencido, e, pelo menos, um orador de cada bancada, salvo desistência ou ausência”, a requerimento de um terço dos membros da Assembléia (art. 195).

O Regimento Interno da Assembléia Legislativa da Bahia ressalva que haverá discussão única para projeto de iniciativa governamental “com prazo fixado de deliberação ou proposição com urgência regimental aprovada”, projeto de criação de cargos na Assembléia e nos Tribunais, lei delegada, projeto de decreto legislativo, projeto de resolução, projeto vetado, concessão de crédito, intervenção em Município, indicação, requerimento sujeito à discussão e parecer sujeito à discussão independente. Para as demais proposições, são duas as discussões, afora a da redação final (art. 148). Nos projetos sujeitos a duas discussões, encerrada a primeira, reabre-se a pauta por cinco dias, retornando a proposição às Comissões, se houver recebido emendas. Caso contrário, será a matéria incluída na Ordem do Dia para última discussão (art. 150). Cada parlamentar pode usar da palavra por vinte minutos; se autor ou relator da matéria, o dobro do tempo (art. 154). O encerramento da discussão ocorre “após três sessões, se assim deliberar o Plenário”, no caso de matéria em regime de urgência (art. 157).

Na Assembléia Legislativa do Ceará há interstício de quarenta e oito horas entre a primeira e a segunda discussão, salvo para “as proposições em regime de urgência, que serão apreciadas na sessão imediata” (art. 247). Se a matéria já tiver sido discutida, no mínimo, por quatro oradores e um terço dos Deputados ou Líderes que representem este número o solicitar, o Plenário pode encerrar a discussão (art. 246), onde cada parlamentar dispõe de dez minutos (art. 244).

Submetidas a duas discussões (art. 174), cada orador dispõe de dez minutos e pode haver encerramento da discussão das proposições se a matéria tiver sido discutida em sessão anterior, no mínimo, por quatro oradores (art. 184 e 186), diz o Regimento Interno da Assembléia Legislativa do Espírito Santo.

Concede-se a palavra por quinze minutos para cada parlamentar que quiser discutir um projeto na Assembléia Legislativa de Pernambuco (art. 215). Entre a primeira e a segunda discussão há interstício de quatro reuniões, salvo para projetos em regime de urgência, “que poderão ser incluídos na Ordem do Dia da reunião imediata, após sua publicação” (art. 218). O encerramento dos debates pode ocorrer por decisão do Plenário, a requerimento de um terço dos Deputados, depois de a matéria ter sido discutida em duas reuniões consecutivas, no mínimo (art. 217).

Em turno único de discussão e votação de proposição, o Regimento Interno da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Norte garante a cada parlamentar

inscrito dez minutos para discutir proposição (art. 248). Encerra-se a discussão somente pela ausência de oradores inscritos (art. 249).

O Regimento Interno da Assembléia Legislativa do Estado de Mato Grosso

do Sul assegura a cada parlamentar, nos dois turnos de discussão e votação das

proposições, dez minutos para discutir (arts. 266 e 276). Após a fala de dois oradores, o Plenário pode encerrar a subfase da discussão (art. 286).

Para discutir projetos em tramitação ordinária, os parlamentares fluminenses dispõem de quinze minutos (art. 156). Entre a primeira e a segunda discussões haverá um interstício de quarenta e oito horas, podendo ser reduzido à metade por solicitação de qualquer Deputado e deliberação do Plenário. E, a requerimento da maioria absoluta dos Deputados, poderá ser dispensado o interstício para a segunda discussão (art. 161). No concernente ao encerramento da discussão, o Regimento Interno da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro estabelece: “A requerimento assinado por lideranças partidárias poderá uma matéria, quando iniciada sua discussão, permanecer na pauta para recebimento de emendas, pelo prazo máximo de cinco dias, sem que se encerre a sua discussão, passando-se, neste caso, à matéria seguinte” (art. 159).

Na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo o parlamentar dispunha, até novembro de 2007, enquanto vigorou a XII Consolidação do Regimento Interno, de sessenta minutos para discutir as proposições em regime ordinário de tramitação e também as em regime de prioridade. Nas proposições em regime de urgência, o tempo franqueado a cada orador era de trinta minutos (art. 190). Esses prazos foram reduzidos pela metade quando passou a viger, em 13 de novembro de 2007, a XIII Consolidação. O encerramento da discussão, a requerimento de um terço dos membros da Assembléia, podia ocorrer desde que já discutidas 12 horas as proposições em regime de urgência; 18 horas, as em regime de prioridade; e 24 horas, as de tramitação ordinária, preceituava o Regimento Interno paulista (art. 194 da XII Consolidação regimental). Esses prazos, igualmente, foram cortados pela metade, a partir da vigência da XIII Consolidação do Regimento Interno. Não que o legislador regimental só tivesse concluído que o prazo para discussão era demasiado elástico; mas também porque o tempo de duração dedicado às sessões extraordinárias, que era de até cinco horas, também sofreu redução pela metade, passando a ser de duas horas e meia, e se tornarou improrrogável. Racionalizaram-se, pois, os trabalhos legislativos. Mesmo assim, na

Ordem do Dia da última sessão ordinária de 2008, constavam 2009 itens, ou seja, 2009 proposições para discussão e votação, ou somente votação.

No documento Processo legislativo estadual (páginas 159-166)