Duração de Referência: 15 horas
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Apresentação
A Constituição da República Portuguesa (CRP) refere que todos têm direito à protecção da saúde e o dever de a defender e promover (CRP – Artigo 64º, nº1). O direito à protecção da saúde (cuidados preventivos, curativos e de reabilitação) é realizado através de um Serviço Nacional de Saúde universal e geral e, tendo em conta as condições económicas e sociais dos cidadãos, tendencialmente gratuito.
No contexto escolar as práticas quotidianas devem, de modo geral, encorajar um tipo de ensino, de aprendizagem, de relações humanas e de hábitos alimentares que promovam a saúde. O conjunto de competências a desenvolver neste módulo deve contribuir explicitamente para a aquisição de atitudes e conhecimentos relacionados com a promoção da saúde dos adolescentes e dos jovens.
É preciso demonstrar aos alunos que certos hábitos alimentares, a utilização não controlada de certas substâncias químicas, o abuso de medicamentos, o uso de estupefacientes, o consumo de tabaco, a poluição do ambiente, e outros, são comportamentos de risco que, não só exercem uma influência nociva na saúde, como podem ameaçar a longo prazo a nossa própria existência. A generalidade das organizações internacionais no domínio da saúde tem vindo a manifestar a sua preocupação perante o aumento do uso de estupefacientes, incluindo o álcool e o tabaco, assim como a grande incidência das doenças do coração, de cancro e de SIDA.
Apesar de muitos problemas de saúde serem provocados por factores sociais e económicos, sobre os quais, o indivíduo, poucas ou nenhumas possibilidades de controlo directo possui, algumas doenças características do nosso tempo estão associadas ao modo de vida e ao comportamento de cada um. Deste modo, muitas das doenças do nosso tempo são, em grande parte, susceptíveis de prevenção. Embora o primeiro contacto dos alunos com a educação para a saúde seja no ambiente familiar, é a escola que congrega os jovens da faixa etária em que é mais fácil promover um comportamento saudável. Para além da promoção de atitudes positivas relativamente ao corpo, da fixação de hábitos de higiene pessoal e de outras práticas consideradas saudáveis, é preciso prevenir os comportamentos de risco nos adolescentes. Entre os riscos persistentes contam-se os distúrbios alimentares, as práticas
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sexuais que envolvem sexo desprotegido e o consumo de substâncias aditivas, nomeadamente o álcool, o haxixe e outros estupefacientes. As escolas, em cooperação com os centros de saúde e outros serviços especializados, e em colaboração com pais e encarregados de educação, devem desenvolver projectos e iniciativas de promoção da saúde. Este módulo, através das competências que propõe desenvolver, constitui um espaço para o reconhecimento da saúde como um bem que todos temos o dever de promover.
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Competências Visadas
• Demonstrar sentido de responsabilidade na promoção da saúde da pessoa e da comunidade. • Demonstrar apreço pelo seu próprio corpo e pela promoção da saúde individual.
• Reconhecer a importância da prevenção no combate a diferentes doenças. • Compreender a necessidade de uma alimentação equilibrada.
• Reconhecer consequências do consumo do tabaco, álcool e estupefacientes.
• Compreender a importância do aconselhamento e do planeamento familiar na redução de riscos de maternidade não desejada.
• Reconhecer comportamentos susceptíveis de evitar a propagação de doenças sexualmente transmissíveis (DST).
• Reconhecer o papel das organizações da sociedade civil e das entidades de protecção da saúde na prevenção de riscos e no combate à doença.
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Objectivos de Aprendizagem
• Compreender a importância para a saúde da manutenção de uma boa higiene corporal. • Identificar diferentes formas de prevenção de doenças.
• Justificar a importância da vacinação na prevenção de doenças infecto-contagiosas.
• Identificar os sintomas de doenças relacionadas com as alterações dos hábitos alimentares. • Explicar os efeitos do consumo de álcool, tabaco e outros estupefacientes.
• Enumerar medidas para desencorajar o consumo de álcool, tabaco e estupefacientes. • Identificar os diferentes tipos de drogas lícitas e ilícitas.
• Indicar formas individuais e colectivas de combater o consumo de drogas. • Compreender a importância e referir formas de planeamento familiar. • Referir os métodos de prevenção das doenças sexualmente transmissíveis.
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• Conhecer as entidades que prestam de cuidados de saúde de acordo com as diferentes doenças.
• Referir o papel de organizações não governamentais na promoção da saúde.
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Conteúdos
• Saúde como direito da humanidade. • Dever pessoal de promoção da saúde
o A imagem do corpo o Higiene pessoal o Vacinação
o Perigos da automedicação
• Desvios alimentares: obesidade, bulimia e anorexia. • Consumo de álcool e tabaco.
• Consumo de drogas lícitas e ilícitas. • Sexualidade e planeamento familiar.
• Doenças sexualmente transmissíveis.
• Instituições de prestação de cuidados de saúde. • Organizações da sociedade civil no domínio da saúde.
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Orientações metodológicas
5.1. Como Começar a) Vida saudável.
- Propor a discussão na turma do significado da frase: “A vida saudável é um direito e um dever de todos”.
- Depois de uma troca de ideias inicial, solicitar a redacção de um texto clarificador que indique formas de concretizar o direito à saúde e os deveres aí implicados.
- Pedir que leiam voluntariamente os textos produzidos e concluir sublinhando os contributos que cada um de nós pode dar para uma vida saudável.
b) Prevenir para não remediar.
- Solicitar aos alunos que identifiquem problemas de saúde pública e formas de os prevenir.
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- Distribuir os vários problemas por diferentes grupos de alunos. Exemplos de problemas que podem ser objecto de prevenção: obesidade, tabagismo, alcoolismo, toxicodependência.
- Após a identificação de formas de prevenção, com base em fontes seguras, o produto final pode assumir a forma de cartazes de sensibilização para a prevenção dos diferentes problemas de saúde pública ou a produção de artigos para o jornal da escola.
5.2. Sugestões de desenvolvimento
a) As transformações da adolescência.
- Realizar um trabalho de investigação sobre as alterações corporais, psicológicas e comportamentais que ocorrem na puberdade.
- O trabalho pode ser realizado em pequenos grupos, com recurso a fontes diversificadas e pode contar com a colaboração de várias disciplinas.
- O guião da investigação deve incluir a abordagem das dificuldades em manter uma relação satisfatória com o corpo durante a adolescência, bem como as entidades que podem prestar aconselhamento e cuidados de saúde aos adolescentes e jovens.
- O relatório final da investigação deve ser apresentado em plenário de turma. b) Comportamentos sexuais e Doenças Sexualmente transmissíveis (DST).
- Analisar os comportamentos sexuais dos estudantes e o conhecimento dos métodos de protecção em relação a Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST).
- O trabalho pode ser desenvolvido a partir da análise de resultados de estudos realizados sobre os comportamentos de jovens portugueses.
- O inquérito pode ser desenhado com base em instrumentos já utilizados noutros estudos que podem ser adaptados e simplificados. Dada a natureza do assunto a elaboração do inquérito deve ser orientada de perto pelo professor, designadamente verificando na construção e escolha das perguntas de forma a garantir o rigor e o cuidado exigidos e a seguir os procedimentos definidos pelo ofício-circular n.º 59 de 30/10/2003 da DREL.
- A escolha da amostra, a aplicação do inquérito, o tratamento da informação, a discussão dos resultados e a divulgação devem ser objecto de análise e planificação na turma. As várias tarefas devem ser distribuídas por todos os alunos.
- As formas de análise dos resultados devem envolver a comunidade escolar.
5.3. Sugestões de aprofundamento a) As doenças do nosso tempo.
- Com base em informação de organismos internacionais desenvolver trabalhos de investigação sobre as doenças infecto-contagiosas e outras com maior incidência no mundo actual. A recolha de informação deve procurar saber: o número relativo de casos, as regiões e maior incidência,
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os factores condicionantes e as medidas implementadas e a implementar. Exemplo de doenças a investigar: cólera, malária, tuberculose, SIDA, febre tifóide, cancro e doenças cardio- vasculares.
- Os trabalhos podem ser desenvolvidos em pequenos grupos e o relatório final pode ser apresentado utilizando como dispositivo de comunicação a simulação duma conferência da Organização Mundial de Saúde.
b) Visita ao Centro de Saúde
- A partir do debate na turma dos problemas de saúde da comunidade e especialmente dos comportamentos de risco de adolescentes e jovens, preparar uma visita de estudo ao Centro de Saúde da área da escola.
- A visita deve centrar-se no papel do Centro de Saúde face aos riscos e necessidades detectados. - A logística da preparação e realização da visita deve envolver alunos, o que inclui a preparação
de perguntas a colocar no contacto directo com os técnicos de saúde. - A visita deve ser acompanhada com um guião de tarefas.
- Os resultados devem ser objecto de debate na turma e podem envolver a divulgação de locais e organizações de aconselhamento e prevenção de comportamentos de risco nos adolescentes e jovens.
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Sugestões de avaliação
A avaliação deve incidir sobre o processo e produtos, devendo o professor definir critérios para ambos. Os critérios, para além de adequados ao público e ao contexto, deverão permitir registar os níveis de desempenho dos diferentes alunos. O trabalho final poderá revestir a forma de um portefólio ou de um relatório de evidências das tarefas realizadas e dos objectivos atingidos. As actividades de auto e hetero- avaliação devem integrar este processo.
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Bibliografia / Outros recursos
ALMEIDA, A. Nunes; VILAR, Duarte; ANDRÉ, I. Margarida; LALANDA, Piedade (2004), Fecundidade e
Contracepção: Percursos de Saúde Reprodutiva das Mulheres Portuguesas. Lisboa: Instituto de Ciências
Sociais.
CABRAL, Manuel Vilaverde (Coord.) (2002), Saúde e Doença em Portugal.. Lisboa: ICS.
CORTESÃO, Irene; SILVA, M. Alcina; TORRES, M. Arminda (2005), Educação para a uma Sexualidade
Humanizada: Guia para professores e pais. Lisboa: Ed. Afrontamento.
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VILAR, Duarte (2003), Falar Disso: A Educação Sexual na Famílias dos Adolescentes. Lisboa: Edições Afrontamento.
SAMPAIO, Daniel (1993), Vozes e Ruídos: Diálogos com Adolescentes. Lisboa: Ed. Caminho. .
Recursos na Internet disponíveis em Dezembro de 2005:
APF - Associação para o Planeamento da Família – www.apf.pt
HREA – Human Rights Education Associates – www.hrea.net/
IDT – Instituto da Droga e da Toxicodependência – www.drogas.pt/
MDV – Movimento defesa da vida – www.mdvida.pt/
OMS – Organização Mundial de Saúde – www.who.int/
PAS – Programa Alimentação e Saúde – www.pas.pt/
Portal da Europa – http://europa.eu.int/
Portal da Juventude – http://juventude.gov.pt/portal
Portal da Saúde – www.min-saude.pt/portal
VIH/SIDA – AidsPortugal – www.aidsportugal.com/
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