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Redução à condição análoga à de escravo

3.6. Análise pontual do ordenamento jurídico brasileiro: considerações

3.6.6. Redução à condição análoga à de escravo

No Brasil, até o momento, não há um tipo penal ou uma lei específica que incrimine o tráfico de pessoas para fins de exploração laboral ou do trabalho.296

Para suprir tal lacuna e buscar a maior compreensão do tema, o Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, instituído por meio do Decreto nº 5.948/2006, em seu artigo 3º, inciso I, esclarece que a “expressão escravatura ou práticas similares à escravatura” deve ser entendida como a conduta inserta no artigo 149 do Código Penal.

294Nesse sentido: FERRACIOLI, 2011. 295Nesse sentido: Idem. Ibidem.

296Não há no Brasil uma lei regulando especificamente o tráfico de pessoas para exploração do

trabalho escravo. Há, portanto, uma carência de regulamentação específica, quer seja no âmbito penal, quer no âmbito trabalhista, no que diz respeito ao tráfico para submissão ao trabalho forçado ou servidão. In: NOVAIS, Denise Pasello Valente. Tráfico de pessoas para fins de exploração do

trabalho. Tese de Doutorado apresentada ao Departamento de Direito da Faculdade de Direito da

Universidade de São Paulo. Orientador Prof. Antônio Rodrigues de Freitas Junior, 2008, p. 82. Destaca-se ainda, opinião divergente de José Paulo Baltazar Junior no sentido de que o Brasil dá cumprimento ao Protocolo, do ponto de vista da persecução penal, na medida em que a redução à condição análoga à de escravo é incriminada. BALTAZAR JUNIOR, 2011, p. 23.

O artigo 149297 do Código Penal, com redação dada pela Lei nº 10.803, de 11 de dezembro de 2003, conhecido também como crime de plágio, possui núcleos de execução vinculada, da seguinte forma:

a)submeter alguém a trabalhos forçados; b) submeter alguém à jornada exaustiva; c) sujeitar alguém a condições degradantes de trabalho; d) restringir, por qualquer meio, a locomoção de alguém em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto. Todas as condutas têm um vínculo em comum, qual seja uma relação empregatícia formal ou informal.298

Trabalhos forçados são aqueles realizados sem pagamento e mediante a coação física e moral, como, por exemplo, a ameaça à integridade física do trabalhador ou de seus familiares ou a ameaça feita ao imigrante ilegal de denúncia às autoridades ou perda de valores devidos. Os conceitos de escravidão e servidão implicam a prestação de trabalhos forçados, de modo que atrairão a incidência do tipo penal previsto no artigo 149 do Código Penal.299

Jornada exaustiva 300 é aquela que

297Ao incriminar a conduta o Brasil deu cumprimento à obrigação assumida em razão da Convenção

29 da OIT, de 29 de maio de 1956, ratificada em 25 de abril de 1957 e promulgada pelo Decreto nº 41. 721/57, cujo artigo 1º dispõe que: “Todos os Membros da Organização Internacional do Trabalho que ratificam a presente Convenção se obrigam a suprimir o emprego do trabalho forçado ou obrigatório sob todas as suas formas no mais curto prazo de tempo possível.”

Redução à condição análoga à de Escravo “Art. 149. Reduzir alguém à condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou à jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto:

Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência.

§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho; II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho.

§ 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido: I – contra criança ou adolescente; II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem.”

298BIANCHINI, Alice. Trabalho Escravo - uma análise a partir da lei 10.803/2003. Reforma Criminal.

GOMES, Luis Flávio; VANZOLINI, Maria Patrícia (coord). São Paulo: Revista dos Tribunais, p. 340- 364, 2004, p. 343.

299CAMPOS, Ricardo José Fernandes de. Trabalho Escravo: a dignidade da pessoa humana e a

caracterização do trabalho em condições análogas à de escravo. Servidão por dívida: “truck system”. Aliciamento e transporte de trabalhadores. Responsabilidade do empregador e do intermediador. Responsabilidade penal, administrativa e penal. O papel do Brasil no combate ao trabalho escravo.

Revista do TRT- 9ª Região. n. 59, p. 245-253, jul-dez. 2007, p. 247. BALTAZAR JUNIOR, 2011, p.

24.

300No plano internacional, a Convenção nº 01, da OIT, de 1919, limitou a jornada diária na indústria,

em oito horas. A Convenção nº 30, de 1930, estabeleceu a jornada de 8 horas diárias e 48 horas semanais para os estabelecimentos comerciais e escritórios, permitindo a prorrogação do horário, desde que observado o limite de 10 horas diárias. Mais tarde, a Convenção nº 47, de 1935, estabeleceu a jornada semanal de 40 horas para todos os trabalhadores, tendo por objetivo o combate ao desemprego.

Não só excede os limites legais, mas não deixa ao trabalhador tempo razoável para o descanso, lazer, convívio com os familiares, prática religiosa e aprimoramento pessoal. Será exaustiva, por exemplo, a jornada de trabalho de dezesseis ou vinte horas, sem descansos semanais, como se dá nas fabriquetas sugestivamente chamadas sweatshops.301

Condições degradantes de trabalho “constitui elemento normativo do tipo penal, não restando caracterizado o crime tão só pelo descumprimento de normas de segurança” 302 ou

pelo exercício de trabalho perigoso, especialmente quando se tratar de trabalho classificado desta forma pela legislação trabalhista, com o pagamento de adicionais remuneratórios em consequência das condições em que o trabalho é prestado.303

Servidão por dívida “consiste na restrição da liberdade do trabalhador em razão da dívida contraída com o empregador, também conhecida como truck system, peonage, bonded labor ou debt bondage”. É muito comum em locais de difícil acesso, tornando-se o trabalhador completamente dependente do empregador para obter suas necessidades básicas.304

Pode a servidão por dívida ser definida como a “condição originada devido à promessa de pagamento de dívida baseada nos serviços pessoais do devedor ou de qualquer outra pessoa sob seu controle como garantia de pagamento.” Entretanto, de forma a manter o devedor prisioneiro à dívida, ou à natureza ou à extensão dos serviços, não são respectivamente definidos ou limitados.305

O conceito de escravidão está inserto no artigo 1º. 1 da Convenção Sobre Escravatura de 1926, como “o estado ou condição de um indivíduo sobre o qual exercem, total ou parcialmente, os atributos do direito de propriedade.” Nessa toada, o Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, em seu artigo 7º, 2, c, define a escravidão, nos seguintes termos:

entende-se o exercício, relativamente a uma pessoa, de um poder ou de um conjunto de poderes que traduzam um direito de propriedade sobre uma pessoa, incluindo o exercício desse poder no âmbito do tráfico de pessoas, em particular mulheres e crianças.

301BALTAZAR JUNIOR, 2011, p. 24-25.

302STF, RE 466508/MA, Relator: Min. Marco Aurélio, 1ª T., u., 2.10.07. 303BALTAZAR JUNIOR, op.cit., p. 25.

304Idem. Ibidem, p. 25-26.

305Direitos Humanos e Tráfico de Pessoas: Um Manual. Aliança Global Contra o Tráfico de

A definição de servidão está prevista na Seção I, intitulada “Instituições e práticas análogas à escravidão”, artigo 1º, alínea b, da Convenção Suplementar sobre a Abolição da Escravatura, como

a condição de qualquer um que seja obrigado pela lei, pelo costume ou por um acordo, a viver e trabalhar numa terra pertencente à outra pessoa e a fornecer a essa outra pessoa, contra remuneração ou gratuitamente, determinados serviços, sem poder mudar sua condição.306

Por derradeiro, a expressão trabalho forçado ou obrigatório encontra-se presente na Convenção nº 29 da OIT, artigo 2º, item 1, e “compreenderá todo trabalho ou serviço exigido de uma pessoa sob a ameaça de sanção e para o qual não se tenha oferecido espontaneamente.”

Consequentemente, por trabalho ou serviço forçado entende-se todo o trabalho ou serviço obtido de qualquer pessoa sob ameaça de uma sanção ou aqueles casos em que a pessoa atraída não tenha se oferecido voluntariamente. Portanto, uma situação de trabalho forçado é determinada pela natureza da relação entre a pessoa e “um empregador”, e não pelo tipo de atividade realizada, a legalidade ou ilegalidade da atividade em virtude do direito nacional ou seu reconhecimento como atividade econômica. Por conseguinte, pode incluir trabalho realizado forçadamente em fábricas, prostituição ou outros serviços sexuais ou mendicância forçados.307

306Para a Convenção Suplementar sobre a Abolição da Escravatura, pessoa em condição servil é

aquela que se encontra no estado ou condição que resulta de alguma das instituições ou práticas mencionadas no artigo 1º desta Convenção: “§1. A servidão por dívidas, isto é, o estado ou a condição resultante do fato de que um devedor se haja comprometido a fornecer, em garantia de uma dívida, seus serviços pessoais ou os de alguém sobre o qual tenha autoridade, se o valor desses serviços não for equitativamente avaliado no ato da liquidação da dívida ou se a duração desses serviços não for limitada nem sua natureza definida. §2. A servidão, isto é, a condição de qualquer um que seja obrigado pela lei, pelo costume ou por um acordo, a viver e trabalhar numa terra pertencente a outra pessoa e a fornecer a essa outra pessoa, contra remuneração ou gratuitamente, determinados serviços, sem poder mudar sua condição. §3. Toda instituição ou prática em virtude da qual: §4. Uma mulher é, sem que tenha o direito de recusa, prometida ou dada em casamento, mediante remuneração em dinheiro ou espécie entregue a seus pais, tutor, família ou a qualquer outra pessoa ou grupo de pessoas. §5. O marido de uma mulher, a família ou clã deste têm o direito de cedê-la a um terceiro, a título oneroso ou não. §6. A mulher pode, por morte do marido, ser transmitida por sucessão a outra pessoa. §7. Toda instituição ou prática em virtude da qual uma criança ou um adolescente de menos de dezoito anos é entregue, quer por seus pais ou um deles, quer por seu tutor, a um terceiro, mediante remuneração ou sem ela, com o fim da exploração da pessoa ou do trabalho da referida criança ou adolescente”.

307Nesse sentido: Relatório Global sobre Trabalho Forçado- OIT, 2005, p. 6. Ley modelo contra la trata de personas. Disponível em: <http://www.unodc.org/documents/human-trafficking/TIP-Model-

Como bem jurídico tem-se a tutela da liberdade pessoal, com particular ênfase conferida ao status libertatis, para evitar que a pessoa humana seja submetida à servidão e ao poder de fato de outrem. 308

O parágrafo 1º, do artigo 149 do Código Penal elenca as seguintes formas derivadas: a) cercear o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador com o fim de retê-lo no local de trabalho; b) manter vigilância ostensiva com o fim de reter o trabalhador no local de trabalho; c) apoderar-se de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho.

O cerceamento do acesso ao transporte pode se dar pela “retenção do valor integral dos salários, ameaças de violência, determinação para que o trabalhador esteja, a todo tempo, com um telefone celular”, ou, em caso de “trabalhadores estrangeiros, de denúncia às autoridades e deportação”, ou ainda, no caso dos “trabalhadores domésticos, proibindo o contato com estranhos, o uso do telefone, ou deixando o trabalhador sem a chave de casa.” 309

A vigilância ostensiva com o fim de reter o trabalhador no local de trabalho pode se dar por meio de capangas armados ou não, e pode ocorrer violência concreta contra os trabalhadores.

Nos termos do § 2º, a pena é aumentada pela metade, caso a) a vítima seja criança ou adolescente; e b) se o motivo do crime ocorrer em razão de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem.

Como sujeito ativo, pode ser qualquer pessoa. Já sujeito passivo, qualquer pessoa física, independentemente da existência de um contrato de trabalho. Respondem pelo crime o aliciador ou intermediário (conhecidos popularmente como ‘gatos’), empresário ou proprietário rural ou urbano que exploram o trabalho de outrem. 310

O modus operandi, da prática mais recorrente em nosso país, subsume-se ao disposto no § 1º do artigo em comento. É amplamente difundido nas áreas rurais mais remotas, sinteticamente, desenvolve-se da seguinte forma:

a) o trabalhador recebe uma proposta de emprego em lugar distante de seu lugar de origem, com promessas de salários e melhores condições de vida; b) a tarefa de aliciamento e arregimentação dos trabalhadores fica a cargo dos ‘gatos’, ‘zangões’, ou ‘turmeiros’, que são, via de regra, prepostos dos

308Nesse sentido: PRADO, 2011, p. 288. 309BALTAZAR JUNIOR, 2011, p. 26. 310Nesse sentido: Idem. Ibidem, p. 22.

proprietários rurais; c) o arregimentador adianta uma quantia em dinheiro para o trabalhador para suprir suas necessidades e de sua família; d) no local de destino, o trabalhador percebe que as condições de trabalho a que é submetido em nada se assemelham àquelas que lhe foram prometidas. As jornadas são excessivas. O pagamento é quase todo feito em gêneros de primeira necessidade: alimentação, vestuário, equipamentos utilizados no desempenho das tarefas, todos adquiridos em armazéns ou barracões localizados dentro da propriedade, com preço superior ao de mercado, caracterizando o sistema de barracão ou truck system; e) o trabalhador vai acumulando dívidas com o empregador, de tal forma que o valor recebido não é suficiente para quitá-las, razão pela qual o trabalhador é coagido a permanecer prestando serviços; quando decide deixar o local de trabalho, o trabalhador é coagido, sob diferentes ameaças, a permanecer nele (uso de violência física, ameaça de morte, apreensão de documentos, chantagem etc.).311

Grupos de repressão à escravidão contemporânea têm identificado diversos elementos indiciários de redução de pessoas à condição análoga à de escravos, notadamente nas zonas rurais. Pode-se apontar os seguintes:

a) falta de pagamento de salários; b) alojamento em condições subumanas (e.g., barracos de lona); c) inexistência de acomodações indevassáveis para homens, mulheres e crianças (convivência promíscua); d) inexistência de instalações adequadas, com precárias condições de saúde e higiene (e.g., falta de material de primeiros-socorros ou de fossas sépticas); e) falta de água potável e alimentação parca; f) aliciamento de trabalhadores de uma localidade para outra do território nacional (que, isoladamente, configura o crime do artigo 207, caput, do Código Penal); g) aliciamento de trabalhadores de fora para dentro ou de dentro para fora do País (e.g., bolivianos e outros hispânico-americanos mantidos em condições análogas às de escravo em fábricas têxteis clandestinas nos grandes centros urbanos); h) truck-system (populares barracões que têm representado o renascimento da servidão por dívidas); i) inexistência de refeitório adequado para os trabalhadores e/ou de cozinha adequada para o preparo de alimentos; j) ausência de equipamentos de proteção individual e/ou coletiva; l) meio ambiente de trabalho nocivo (selva, chão batido, animais peçonhentos, umidade etc.); m) coação física ou moral (vis relativa ou absoluta); n) cerceamento da liberdade ambulatorial (o direito de ir e vir é limitado pelas distâncias, pela precariedade de acesso ou pela vigilância pessoal); o) falta de assistência médica; p) vigilância armada e/ou presença de armas na fazenda; q) ausência de registro na CTPS.312

De outro giro, com base na dinâmica acima apresentada, enquadra-se na situação de tráfico interno, para fim de exploração do trabalho escravo, já que

311NOVAIS, 2008, p. 86-87 apud SANTOS, Ronaldo Lima dos. Dignidade humana da criança e do adolescente e as relações de trabalho. FREITAS JR., Antonio Rodrigues de. Direito do Trabalho e Direitos Humanos. São Paulo. BH Ed, 2006, p. 542-568. Tais autores defendem entendimento que

esta dinâmica refere-se à servidão por dívida.

312MPF e MPT

– 3ª Vara de Porto Velho/Rondônia. Autos nº 2003.41.00.003385-5. FELICIANO, Guilherme Guimarães. Redução à Condição Análoga à de Escravo, na Redação da Lei nº 10.803/03.

Revista Síntese de Direito Penal e Processual Penal, ano IV, n. 25, abril-maio, p.22-33, 2004, p.

envolve ação, ou seja, o recrutamento, o transporte e/ou alojamento dos trabalhadores, por meio dos aliciadores ou gatos, que iludem os trabalhadores com promessas de trabalho e benefícios. Os meios comissivos são empregados já no local de destino, onde se utilizam dos recursos da ameaça, violência ou outras formas de coação, como a retenção de documentos e objetos pessoais, para forçá-los a continuar trabalhando. E a finalidade versa sobre a exploração do trabalho ou dos serviços forçados.

Vale destacar que nada impede que muitas pessoas traficadas terminem em uma situação de servidão por dívidas, pois ao chegarem ao local de destino/trabalho, são informadas pelos traficantes que devem trabalhar para quitar uma grande quantia referente às despesas com a viagem. Essa dívida, em vez de reduzir com o tempo, cresce por causa de despesas adicionais com moradia, roupas, remédios, alimentação, e os “empregadores” passam a ter o controle absoluto sobre os empregados, dizendo a estes que o débito será quitado em breve. No entanto, só aumenta.

As dificuldades econômicas pelas quais passa a maior parte da população do Brasil contribuem para que muitos trabalhadores sejam vítima do tráfico de seres humanos para fins de exploração laboral, bem como sejam sujeitos às condições análogas às de escravo, servidão, escravidão ou trabalho forçado, sendo necessárias medidas de caráter punitivo mediante um arcabouço penal competente, aliadas a outras ações paralelas313, a erradicação dessa triste realidade.

Por fim, o tipo penal previsto no artigo 149 do Código Penal não é adequado para criminalizar as condutas que envolvam outros meios de coação ou fraude, utilizados para sujeição de pessoas às situações de trabalho forçado, como, por exemplo, as ameaças de denúncia às autoridades, para a expulsão e/ou deportação feitas contra imigrantes estrangeiros.314

313 Atualmente tramita a PEC n º 438/2001, proposta em 01/11/2001 objetivando dar nova redação ao

art. 243 da Constituição Federal, estabelecendo a pena de perdimento de gleba onde for constatada a exploração de trabalho escravo, revertendo a área ao assentamento dos colonos que já trabalhavam na respectiva gleba. Outra medida de destaque é a “lista suja” do trabalho escravo, instituída pela Portaria 540/2004, do Ministério do Trabalho e Emprego, que se consubstancia em espécie de cadastro de empresas que reduzem trabalhadores a condições análogas à de escravo. Conforme atualização semestral realizada em 30 de dezembro de 2011, a “lista suja” atualmente é composta por 294 nomes. Disponível em: http://portal.mte.gov.br/portal-mte/. Acesso em 09/01/2012.

314Nesse sentido: Transatlantic Journeys an exploratory research on human trafficking from

Brazil to Italy and Portugal – International Centre for Migration Policy Development (ICMPD),

CAPÍTULO IV

4. DIFERENTES FORMAS DE TRÁFICO DE SERES HUMANOS

É fundamental para a compreensão e caracterização do fenômeno em estudo discorrer acerca de todas as modalidades de tráfico de seres humanos existentes.

4.1. Delimitações conceituais e distinções: imigração ilegal, irregular ou

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