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O regime de negociação coletiva e a participação dos trabalhadores da Administração Pública em regime de

ESTRUTURAS REPRESENTATIVAS DE TRABALHADORES E NEGOCIAÇÃO COLETIVA

III. Negociação coletiva

64 O regime de negociação coletiva e a participação dos trabalhadores da Administração Pública em regime de

direito público era anteriormente regulado pela Lei n.º 23/98, de 26 de maio, correspondendo este n.º 1 com algumas alterações ao n.º 1 do art.º 6.º da sobredita lei.

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2. Estruturas representativas de trabalhadores e negociação coletiva

As matérias sem incidência orçamental podem ser objeto de negociação a qualquer momento (n.º 2 e 3 do art.º 351.º da LGTFP). O art.º 352.º da LGTFP prevê a Negociação coletiva

suplementar, a pedido das associações sindicais, na eventual existência de conflitos.

O Governo obriga-se a adotar as medidas legislativas ou administrativas adequadas ao integral e exato cumprimento do acordo obtido no seguimento do processo de negociação coletiva (art.º 347.º, n.º 3, al. a)). Por outro lado, finda a negociação suplementar sem obtenção de acordo, o Governo toma a decisão que entender adequada – art.º 354.º da LGFTP.

Importa, por fim referir, por importante se tratar, que, com a Lei n.º 35/2014, de 20 de junho que aprovou a Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas, os trabalhadores não sindicalizados passaram a poder aderir aos acordos coletivos, se assim o pretenderem, que forem negociados entre as estruturas sindicais e a entidade empregadora pública evitando as portarias de extensão. Assim os acordos colectivos de trabalho negociados entre o empregador público e um sindicato deixam de vincular apenas os trabalhadores desse sindicato, ou seja, outros trabalhadores - sindicalizados ou não - passam também a estar abrangidos pelas regras do acordo negocial, ficando sempre salvaguardado o “direito de oposição” podendo este ser exercido pelo trabalhador ou pela associação sindical, no prazo de 15 dias, através de comunicação escrita dirigida ao empregador público, nos termos do artigo 370.º da LGTFP.

IV. Conclusão

A constante evolução do direito laboral público deve-se nomeadamente a duas variáveis externas de extrema relevância: o contexto financeiro global e a situação financeira do Estado face aos mercados internacionais e por outro lado, a evolução politico-ideológica e as orientações político-económicas de cada país, associadas de certo modo à identificação do trabalho público como encargo público significativo com reduzidos resultados em termos de crescimento e produtividade.

Em Portugal a aproximação entre o direito laboral público e o direito comum é notória e exemplo disso é a nova Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas aprovada em 2014, em que em matérias como a contratação coletiva, a regulação das matérias relacionadas com a regulação dos tempos de trabalho, o regime de requalificação, direito coletivo, estruturas de representação dos trabalhadores, comissões de trabalhadores, associações sindicais e

representantes dos trabalhadores em matéria de segurança e saúde no trabalho, remete, com

as necessárias adaptações para o Código do Trabalho numa relação de especialidade com a LGTFP.

O direito constitucional de todos os trabalhadores criarem ou participarem em estruturas de representação para defesa e prossecução dos seus direitos e interesses coletivos previsto nos artigos 54.º e 56.º da CRP tem consagração, no que toca aos trabalhadores em funções públicas, no art.º 314 da LGTFP permitindo-lhes o direito a criar, nomeadamente comissões de trabalhadores e associações sindicais.

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2. Estruturas representativas de trabalhadores e negociação coletiva

Ao contrário das Associações Sindicais que defendem os direitos e interesses dos trabalhadores, zelando em primeiro lugar por estes, as Comissões de Trabalhadores têm um papel importante na organização e participação na vida da empresa, representando todos os trabalhadores que nela exercem funções, sendo-lhes atribuída natural primaziana intervenção

em todas as matérias que envolvam a ponderação da situação dos trabalhadores da empresa enquanto tais.

O princípio do associativismo - liberdade sindical – comporta uma dupla vertente, o direito de criar ou aderir a associações sindicais e por outro lado o direito de não integrar uma associação sindical. Contudo e, conforme jurisprudência firme do TEDH, esta dupla faculdade não pode representar para os trabalhadores sindicalizados ou não a sujeição a um tratamento mais desfavorável ou discriminatório, por parte do empregador ou mesmo dos restantes trabalhadores.

O direito à negociação coletiva é garantido aos trabalhadores com vínculo de emprego público nos termos do artigo 347.º da LGTFP. Trata-se de um processo em que a associação coletiva dos trabalhadores – sindicatos – visa negociar com os empregadores públicos a definição das condições de trabalho. A negociação coletiva reflete a capacidade de pressão de cada uma das partes sobre a outra na defesa dos seus interesses. Durante todo o processo de negociação coletiva deve ser respeitado o principio da boa fé entre as partes.

V. Bibliografia

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2. Estruturas representativas de trabalhadores e negociação coletiva

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Ventura, André, “A nova Administração Pública – Princípios Fundamentais e normas

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3. O âmbito pessoal de aplicação dos acordos colectivos de trabalho em funções públicas: a superação do princípio da filiação

O ÂMBITO PESSOAL DE APLICAÇÃO DOS ACORDOS COLECTIVOS DE TRABALHO

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