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Este 1º Encontro Bienal de Ecologia Ambiental, Humana e Social, após seis anos do início da implantação do Ecomuseu, objetivou refletir, consolidar e ampliar as metas e propostas estabelecidas para sua região de atuação, preparando e estimulando

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os cidadãos e grupos envolvidos através das “Instituições Parceiras” e definindo as novas metas que incluem a criação da Universidade do Cerrado e do Museu de História Natural do Cerrado, no Planalto Central.

O I Encontro Bienal aconteceu entre os dias 20 e 25 de agosto de 2004. Representou dois momentos significativos das linhas metodológicas do Ecomuseu do Cerrado, sua experiência de cultura e sociedade, bem como a reflexão sobre os conceitos teóricos e as metodologias que a norteiam. Este projeto é um Eco Museu Território, que está sendo implantado no cerrado do planalto central do Brasil, integrando o pensamento, o sentimento e a ação das comunidades envolvidas em seu programa de trabalho.

O primeiro momento do encontro foi a “II Feira dos Poetas, Escritores, Músicos e Produtores Culturais de Corumbá de Goiás”, que ocorreu entre os dias 20 e 22 de agosto de 2004. Esta feira, a cada ano faz homenagens especiais, tendo no ano passado homenageado os nove “Poetas e Escritores Imortais” de Corumbá de Goiás (das Academias Goiana e Brasileira de Letras), e neste ano destacando o poeta latino- americano Pablo Neruda, pela ocasião do seu centenário, e o pároco Monsenhor Chiquinho, criador da 1a Biblioteca de Corumbá de Goiás, incentivando e apoiando

o nascimento de uma significativa produção literária na região.

A feira mostrou e refletiu as práticas culturais das comunidades do Ecomuseu e especialmente de Corumbá; com extensa programação com stands, com apresentações musicais, rodas de poesia, exposições de artesanato e artes visuais, danças, saraus, oficinas e lançamento de livros. Essas atividades compuseram a primeira parte do encontro, dedicadas a mostrar para os participantes as linhas de ação do Ecomuseu e os fazeres culturais da região, com o objetivo de subsidiar as reflexões no segundo momento do Encontro, que foi realizado no Centro de Convenções do Hotel Fazenda Cabanas dos Pirineus, no município de Cocalzinho de Goiás.

Os trabalhos da segunda parte do I Encontro Bienal de Ecologia Ambiental, Humana e Social do Ecomuseu do Cerrado ocorreram entre os dias 23 e 25 de agosto de 2004. A cerimônia de abertura foi presidida pela prefeita do município de Abadiânia, Leda Almada, presidente da Associação dos Municípios Adjacentes de Brasília (Amab). Participaram da mesa, como convidados especiais, Emir José Suaiden, Diretor / Presidente da Fundação de Apoio à Pesquisa do DF (FAP/DF); a representante do Ministro da Cultura, Ana Maria Villalba; da Diretoria de Identidade e Diversidade Cultural do Minc, Cecília Leite Oliveira – representando o Secretário de Estado, do Desenvolvimento da Ciência e Tecnologia do DF (SDCT-DF); e a Coordenadora do Evento, Laís Aderne. Todos os participantes da mesa usaram da palavra, destacando a

importância do trabalho que está sendo realizado nos sete municípios que compõem o Ecomuseu do Cerrado e ressaltando a realização das ações destes últimos seis anos de trabalho, na preservação e resgate do patrimônio natural e cultural da região.

Após a instalação do Encontro, foram iniciados os trabalhos com a Oficina da Terra, coordenada pela doutoranda Eliene Muniz de Matos, da UCB/CEB, que abordou a identidade cultural e natural da região, fazendo uma alusão ao passado, presente e futuro, e gerando trabalhos individuais dos participantes. Do painel de Ecologia Ambiental, coordenado por Nina de Paula Laranjeira, representante do MMA, participaram os conferencistas: Manoel Cláudio da Silva Júnior (UnB); Antônio José da Rocha (UCB); o pesquisador Tiago Gomes Teixeira Neto, do Jardim Botânico de Salvador (BA). As atividades do dia foram concluídas com um Fórum Ecológico coordenado por Maria Dolores Coni Campos (UFF), que conduziu os participantes do encontro para um trabalho de identidade, diversidade e unidade.

No segundo dia, o painel Conceito e Diversidade Cultural dos Ecomuseus – Ecomuseu e o Bioma Cerrado, foi coordenado pela representante do Ibama, Lúcia Pio. Foram conferencistas deste painel os representantes do Icom-Brasil: Maurício Cândido da Silva – Universidade da São Paulo/USP; Ana Maria Villalba, do Ministério da Cultura, representando a Museóloga Célia Corsino, da Universidade Católica de Goiás/UCG; a Coordenadora Técnica do Ecomuseu, Laís Aderne da UnB/Instituto Huah do Planalto Central; Eduardo Luppi da UFMG/Instituto Huah. Este painel trouxe as palavras do Icom sobre a experiência dos Ecomuseus do Brasil, enfocando a criação do Ecomuseu do Itaipu. Os outros conferencistas abordaram o Ecomuseu do Cerrado, Museu Território, que se instalou no ecossistema Cerrado, do Planalto Central, em 1998, para preservar e recuperar o patrimônio natural e cultural dessa região, integrando as áreas de ecologia ambiental, humana, e social, e enfocando cultura e sociedade. No período da tarde realizou-se o painel Ecologia Humana e Social, com as conferencistas: Anita Mendes de Reyna, da Fundación Tierra Viva – Venezuela; Vera Lessa Catalão e Isabel Zaneti, da UnB; Lenita Nicoletti, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com enfoque nas questões humana e social e nos efeitos causados pelos resíduos sólidos no ser humano e no meio ambiente.

No Fórum Ecológico coordenado por Maria Dolores Coni Campos, foram formados os grupos de trabalho do encontro, com base nas temáticas dos painéis, objetivando fornecer subsídios para as novas metas do Ecomuseu, com relação aos aspectos conceituais, metodológicos e seu embasamento na área de cultura e sociedade.

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Na manhã do último dia, as atividades foram iniciadas por Laís Aderne, que fez um pronunciamento a respeito do assunto em destaque, o painel Cultura e Sociedade, e apresentou os convidados: David W. Ecker – New York University; Maurice Reyna – Adido Cultural da Venezuela; o doutorando da UnB – Hermes Oliveira dos Anjos, tradutor do conferencista David Ecker, que abordou o contexto cultural, o indivíduo e o objeto, enfocando o pluralismo cultural e sua importância neste momento da globalização.

Finalizando, foi reinstalado o Fórum Ecológico e reuniram-se os grupos de trabalho para elaboração dos documentos finais que refletem os conceitos, metodologias e metas do Ecomuseu do Cerrado e redesenha suas linhas de ação, visando estabelecer as bases para a criação da Universidade do Cerrado e seu Museu de História Natural, enfocando o Cerrado e Planalto Central.

Os três Grupos de Trabalho: Filosofia, Cultura e Sociedade e Metodologia, sintetizaram as contribuições trazidas pelos diversos painéis e o Fórum Ecológico, bem como estabeleceram propostas para linhas de ação.

Em seguida, foi convocada a Assembléia de Encerramento do I Encontro Bienal de Ecologia Humana, Social e Ambiental, onde foram apresentados os documentos elaborados pelos grupos de trabalho e submetidos à votação pela plenária, tendo sido debatidos e aprovados por unanimidade.

Na Assembléia foram apresentadas cinco moções para discussão e votação, tendo sido aprovadas por unanimidade, após as contribuições dos participantes:

• Criação das Coordenações Tríplices e dos Conselhos Locais em cada município do Ecomuseu, reordenando assim sua organização, a partir da experiência de seus seis anos de funcionamento. Cada município será representado por duas pessoas no Conselho Regional.

• Apresentação em cada um dos sete municípios que compõem o Ecomuseu, através das Câmaras de Vereadores, de propostas de parceria entre a prefeitura e o Ecomuseu do Cerrado, para o desenvolvimento, dentre outras, das seguintes ações:

a) criação, nos outros municípios, como em Santo Antônio do Descoberto, dos Guardiões do Cerrado, que deverão ser orientados para realizar visitas nas propriedades rurais, num trabalho de conscientização sobre a preservação do meio ambiente;

b) palestras nas escolas, a fim de mobilizar os estudantes, em uma campanha de reflorestamento, principalmente das matas ciliares e áreas de nascentes, de forma integrada com representantes das escolas e da sociedade organizada de cada município, através do projeto: Replantando a Vida no Cerrado.

• Solicitação à prefeitura de Cocalzinho de Goiás, de espaço destinado aos outros municípios do Ecomuseu para escoamento de produtos culturais no evento: Festa da Rapadura, que integra o Circuito de Feiras e Festas de Cultura da Região.

• Encaminhar ao Ministério de Desenvolvimento Agrário uma proposta de programas de incentivo ao pequeno proprietário de terras da região do Ecomuseu, através da implantação de um Território do MDA, que apóie projetos rurais produtivos e evite o arrendamento de suas propriedades, por produtores de grãos vindos de outras regiões, que utilizam grandes extensões de terras arrendadas para a plantação de grãos com agrotóxicos, deixando a região degradada.

• Encaminhamento ao Fórum Social Mundial de Porto Alegre, à Unesco, ONU e OEA, a proposta de criação de um Conselho Mundial de Ecologia Humana, que objetive a preservação do homem e das culturas deste planeta, para impedir o tipo de violências que vêm ocorrendo atualmente no Oriente Médio e em outras partes do planeta.

Após os debates e votação das propostas, a presidente da assembléia deu por encerrados os trabalhos do I Encontro de Ecologia Humana, Ambiental e Social do Ecomuseu do Cerrado.

II – Documentos finais dos Grupos de Trabalho