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n A sincronia e a integração no grupo de pares: «Se eles vão, eu também

quero ir!»

O primeiro, e porventura o mais importante, dos argumentos utiliza- dos pelos jovens quando encetam um processo de reivindicação de li- berdade para sair à noite é o de que querem estar com os amigos, fazendo o que eles fazem em espaços que lhes são próprios e exclusivos. Não deixa de ser uma prática cujo sentido para os actores tende a residir jus- tamente no facto de ser vivida colectivamente, ou seja, experienciada como uma transição grupal para um novo patamar identitário: querem deixar de ser e de serem vistos como crianças para assumir uma identi- dade juvenil (através de certas práticas culturais e conviviais que são re-

conhecidas como tal). Northcote (2006)11nota justamente como o sair

à noite (nightclubbing) é de entre as práticas de lazer juvenis a que mais se reveste do carácter de rito de passagem identitária, constituindo-se este território um espaço de afirmação simultânea de si, numa perspectiva biográfica, e da juventude enquanto condição cultural, desta feita numa perspectiva histórica. Mais, os que querem sair à noite querem começar a fazê-lo naquele momento, pois a percepção de validade da prática de- pende da sincronia com o grupo de referência, ou não fosse conviver com os amigos a principal razão apontada para querer/gostar de sair à noite (Gomes 2003). Pasquier (2005), por exemplo, chama precisamente a atenção para o modo como a pressão social dos grupos de pares (e as hierarquizações simbólicas que entre os vários grupos culturais juvenis acabam por se estabelecer no território escolar, nomeadamente, mas fora dele também) pode assumir um carácter ditatorial e consequentemente opressor de certas formas de expressão identitária menos alinhadas com os padrões hegemónicos ou dominantes.

Não se deve subestimar o apelo da integração no grupo de pares en- quanto motivação essencial do agir quando se analisa o processo de in- dividuação entre adolescentes e jovens. De certa forma, ainda seguindo a linha argumentativa de Northcote (2006), trata-se de práticas que aca- bam por servir de indicadores exteriores que confirmam pertenças e cons- tituem recursos na obtenção de um novo estatuto, o de já usufruir de territórios para agir e circular sem a presença dos progenitores mas com a companhia dos pares.

11Embora o autor discuta este lazer juvenil à luz duma geografia urbana, o argumento

(salvaguardando as devidas diferenças territoriais que condicionam a mobilidade dos jo- vens nos vários contextos) não deixa de ser válido para os jovens residentes em zonas ru- rais, como os jovens da «vila».

É justamente o carácter grupal e ritual da experiência em si que ajuda a explicar a urgência e a tenacidade com que a maioria reivindica essa li- berdade, pois os jovens receiam perder o comboio que agora parte, pondo em risco, na sua perspectiva, a possibilidade da pertença em pleno a esse grupo de referência. Recorde-se como o processo de individuação implica um simultâneo processo de desafiliação relativa da família (no sentido de esta deixar de ser o mais importante centro de gravidade existencial e ins- tância de validação identitária) e de afiliação no grupo de pares.

Deste modo, numa fase inicial, para além da centralidade da compa- nhia (com quem), é a forma (sair à noite) e não o conteúdo (para aonde) que mais importa, pois vai-se para onde todos vão, o que pressupõe serem a decisão e a motivação da acção no seu íntimo heterónomas dados os constrangimentos de natureza social que se sentem (pois até contradizem, como no caso que se segue, os sentimentos mais íntimos). Filipa (18 anos, estudante do ensino superior, mãe profissional liberal, pai quadro supe- rior, capital) reflecte precisamente sobre a força dessa pressão social, exer- cida pelos pares. Hoje, afirma, assume sem problemas que na verdade não gosta de sair à noite, pelo menos para as discotecas que eram esco- lhidas pelo grupo para os convívios iniciais, reconhecendo que a pressão se desvanece e os pares se aceitam (na sua perspectiva) uns aos outros nas suas singularidades. Mas fazia-o porque queria ser como os outros, fa- zendo como os outros, saindo como os outros:

São duas coisas: eu não gosto de sair, eu obrigava-me ... eu sentia-me na obrigação de ser igual aos outros, por aí... A maior parte sai à noite e convive com as outras pessoas. Dá-se com pessoas, tem o seu grupo de pessoas, ami- gos, onde acontecem as coisas e não sei quê. [...] Eu acho que isso são coisas fúteis, mas que são necessárias. [...] O que eu sinto agora no 12.º ano é que tu deixas de ter aquela necessidade de sair porque tens de sair, fumar porque tens de fumar. É uma coisa tua, se não fumas, ninguém te culpa...

A necessidade de reconhecimento por parte dos outros constitui-se num forte constrangimento à acção e à forma como esta é interpretada como válida pelos outros, o que por seu turno remete para a natureza relacional do processo de individuação. Recorde-se que nesta perspectiva a autonomia deve ser observada no quadro de outros valores e normati- vidades, como a autoridade simbólica, a lealdade, o desejo de integração, etc. (Ricoeur 1996; Dworkin 2001). Com efeito, trata-se de uma mani- festação empírica da ambivalência normativa explorada extensivamente por Taylor (1989) na sua análise das fontes culturais da modernidade, es- truturante da experiência contemporânea, que coloca o indivíduo entre

a necessidade de ser íntegro (e autêntico) e integrado (na amostra de todo social que são os grupos culturais e conviviais juvenis).

Lourenço (19 anos, estudante do ensino superior, mãe vendedora, pai mediador de seguros, capital) exprime precisamente esta ideia quando diz, a propósito da vontade de sair à noite, que

nós também somos um bocado incentivados pelos nossos amigos e por ver as outras pessoas a fazer. Principalmente quando somos mais novos não temos a noção da realidade. E então vemos as outras pessoas fazerem, eles acham muito giro e nós também vamos achar giro porque os outros acham giro. E mesmo que não tenha sido nada de especial.

Participar será, pois, uma forma de exibir exteriormente (para esses outros que agora servem de referência) um processo que é afinal sobre- tudo interior. Nessa medida a (conquista de) liberdade não tem de andar necessariamente a par da construção da autonomia identitária, embora a maioria das vezes os dois processos estejam relacionados. Ou seja, até pode afirmar-se discursivamente o usufruto de uma nova liberdade de movimentos, sem se sentir autonomia para agir de acordo com o que mais tarde surge aos actores como verdadeiramente autêntico (e que, neste caso, pode traduzir-se no facto de os locais das primeiras saídas serem hoje desvalorizados para adoptar outros locais com os quais, agora sim, se identificam).

É com o multiplicar de experiências diversas ao longo do tempo que se afinam preferências e identificações. Também é verdade, como se verá adiante, que as primeiras saídas tendem a obedecer a regras mais estritas e a serem mais controladas pelos pais, pelo que a margem de escolha do lugar também será mais limitada.

De qualquer modo, como noutras ocasiões é sobretudo o ano escolar que serve de referente biográfico à maioria dos jovens na localização dessa época inicial na sua trajectória, reforçando mais uma vez a penetração da cultura escolar na comunicação de percursos e trajectórias de vida. Ora, no 7.º, 8.º, 9.º, 10.º anos, ou mesmo mais tarde, pois os calendários variam, bem como os resultados (Francisca e Sónia são dois casos con- trastantes), o argumento do grupo será uma constante.

Foi para aí no 8.º Foi. [...] Era para o Garage, para o Musicais e para San- tos. Ao princípio, ia com colegas de turma e com amigos, mesmo de fora. Mas nessa altura tinha que vir mais cedo, tinha aquela... Mas era entre todos, era a mesma coisa para todos, por isso... [Francisca, 18 anos, estudante do ensino superior, mãe técnica superior, pai professor universitário, capital].

Foi mais ou menos na altura em que passámos para o 10.º ano. As mi- nhas amigas começaram a sair à noite e assim para discotecas e eu queria ir atrás delas e a minha mãe achava que não e eu era a filha mais velha. E muitas delas já tinham irmãos mais velhos que já tinham passado por isso, por isso era difícil para mim, os meus pais não me deixavam. [...] Depois acabaram por deixar de me convidar [Sónia, 18 anos, estudante do ensino superior, mãe doméstica, pai pequeno patrão, periferia].

Não é só para os jovens que a validação de si pelos pares funciona como um constrangimento. Para os pais, também o argumento do grupo de pares dos filhos não deixa de surgir como uma forma de pressão, me- diada através dos seus argumentos, do seu próprio grupo de pares, pois na verdade o que está em causa também é a construção de um padrão de normalidade a partir da forma de agir de outros pais. Na verdade, quase todos sublinham a utilização frequente deste argumento por parte dos filhos, sobretudo na fase inicial da disputa acerca dos usos dos tem- pos nocturnos. Já o reconhecimento da legitimidade do argumento, como justificação para a cedência a qualquer uma das formas de diver- gências identificadas, varia de acordo com a importância que se atribui à integração no grupo de pares.

Com efeito, a pressão é sentida de forma tanto mais intensa quanto maiores forem as dúvidas que se têm quanto ao que é bom para os filhos, por um lado, e/ou o que é correcto social e moralmente falando, por outro. Ou seja: perante a pressão social do grupo de pares, presente nos argumen- tos que os filhos usam para tentar concretizar os seus objectivos, quais as lógicas justificativas subjacentes às reacções dos pais? De que forma essas reacções espelham formas de representar o filho no sistema de relações fa- miliares (utilizam-se as cartegorias de Ciccheli 2011)? Que pontes se esta- belecem com as orientações normativas que presidem à cultura familiar? Atente-se no quadro seguinte e nas múltiplas pistas que encerra.

Pressão social do grupo de pares: as diferentes reacções para um mesmo argumento

[...] Acabámos por transi- gir, aí sim, porque havia uma transigência geral em todos os pais e as amigas dela iam e os amigos e não sei quê e às tan- tas pôs-se-nos a questão se ela acabaria por ficar de parte do grupo, numa idade em que é

Cedência por um bem maior: a integração deve ser preservada Representação empática: os filhos enquanto indivíduos singulares em formação

importante sentir-se a perten- cer a um grupo, e era um grupo mais ou menos aceitá- vel, porque nós não íamos... [...] Estávamos a fazer um finca-pé... Que não era realista [Alice, técnica superior, 54 anos, capital].

Não é um desafio de auto- ridade, tem a ver com a pró- pria evolução da mentalidade e da vivência dos jovens hoje em dia. Eles de certa forma estão a desafiar, mas se todos fazem isso, porque é que eles não hão-de fazer também? Se os outros vão à noite à disco- teca até às 5 da manhã, porque é que ele não há-de ir? [...] Não vale a pena estar a contra- riar. Vou amarrá-los em casa? Agora eu penso que também o problema, isto agora é um aparte, é que os meus filhos são sempre os últimos a ceder, porque o pai deles é o último a ceder. Eu nunca sou o pri- meiro a ceder, eu nunca cedo. Se todos pensassem como eu, as coisas iam com mais calma, eu penso que há pais que cedem logo à primeira e de- pois é uma bola de neve [An- tónio, professor do ensino se- cundário, 47 anos, periferia].

Houve uma altura que ela também queria sair com uma amiga, e eu disse-lhe que não. [...] Ela houve uma altura que usou, diz que tinha colegas que todas as sextas-feiras que

Cedência resignada: o voto vencido Resistência: imunidade às pressões do grupo de pares Representação nomotética: os filhos são jovens de hoje e têm outra forma de viver Representação idiossincrática: há que impor as normas quaisquer que sejam os argumentos

iam não sei aonde e chegavam a casa de manhã, e não sei quê, e nós dizíamos «cada um faz a vida como quer», nós cá em casa não era assim, e então, ela também nunca mais falou disso, mas houve uma altura que falou, que tinha colegas que todas as sextas-feiras saíam e que chegavam a casa às sete da manhã, e nós dizíamos que não, isso a vida é com eles, não temos nada a ver com isso [Odete, doméstica, 44 anos, periferia].

Múltiplos factores intervêm no acto (ou conjunto de actos) que tra- duzem uma qualquer forma de cedência aos propósitos iniciais dos pais no que diz respeito às saídas à noite dos filhos. Não se pretende, de modo algum, simplificar a acção dos sujeitos, reduzindo tudo a um jogo de troca de argumentos, conscientemente assumidos, a que se soma, no li- mite, uma estrutura de poderes desigual. Outros factores, menos explíci- tos, também devem ser contabilizados. Referir-se-ão brevemente três, mais a título de ressalva que de análise exaustiva, antes de se voltar aos aspectos mais directamente relacionados com o confronto e os resultados que dele advêm.

Um deles está relacionado, por exemplo, com a estrutura familiar, monoparental ou em casal, que pode dificultar ou facilitar a tomada de posições no confronto: a aliança no casal, como no caso de Odete, que parece reforçar a convicção na recusa, não esquecendo a monoparenta- lidade de António, viúvo há quatro anos, com que justifica muitas das hesitações e algumas das cedências de cariz compensatório pela falta do outro progenitor. Não se refere a isso directamente, mas noutro mo- mento da entrevista, evocando a nostalgia pela união de uma família ex- tensa, não deixa de referir o carácter individualizado da família moderna para justificar as características da juventude contemporânea e um cen- tramento no grupo de pares que lhe desagrada, mas ao qual se resigna: Nas famílias modernas, ou por trabalho, ou porque um não pode, porque o outro não pode, passou uma família mais individualizada, cada um para seu lado e portanto eles depois onde é que recorrem? Aos amigos. Depois com os amigos, «vamos para aqui, vamos para acolá», portanto é o escape

para contrabalançar essa falta, não é? E portanto se vão todos para as aulas, vão, se vão para a discoteca, vão; se vão todos para a casa de um passar um fim-de-semana, vão, portanto eu também deixo, pronto acabou-se. Eu tam- bém entendo isso, embora, às vezes não fique muito satisfeito.

Um outro factor que não deve ser ignorado é o elemento de troca ou ponderação que pode estar implícito em alguns casos em que há mais dúvidas ou hesitação. Conceder liberdade com base na avaliação da per-

formance escolar ou social (serem alunos cumpridores e razoáveis, bem-

-comportados e obedientes, por exemplo) pode constituir um elemento significativo no processo de tomada de decisão parental. Simultanea- mente, pode revelar-se, como já se teve oportunidade de referir, um im- portante recurso estratégico para os filhos, que tendem a sublinhar os as- pectos positivos dos seus vários desempenhos no sentido de reduzir as eventuais resistências dos pais. É de supor, portanto, que quanto maior a importância atribuída pelos pais a cada nível de desempenho (escolar, social), mais relevo terá esse mesmo desempenho como recurso argu- mentativo no processo de negociação. Não será, contudo sempre assim. Na verdade, importa ainda assim questionar porque é que face a po- sições de não-concordância em princípio com as reivindicações dos filhos (ou pelo menos com o seu timing e calendário), uns cedem e não cedem outros? Para além das justificações dadas pelos próprios, como a neces- sidade de preservar a integração ou uma sensação de impotência face à aceitação geral entre os pares de certos padrões de normalidade, há outro importante factor que se prende directamente com o carácter relacional que se pretende analisar e que é, precisamente, o perfil de reivindicação dos filhos (e que, como se pode observar quando analisados os usos dos tempos diurnos, não é de todo homogéneo). Viu-se então como oscila- vam os perfis entre a pró-actividade e a conformação/acomodação. Aqui, sendo que a maioria é pró-activa na tomada de iniciativas com vista a poder usufruir de mais liberdade, nem todos dão continuidade ao pro- cesso da mesma forma. Com efeito, o modo como se reivindica contri- buirá para que pais optem por (a)ceder, mesmo contrariando as suas con- vicções ético-morais.

O testemunho de António dá mesmo a ideia de que o facto de pro- curar ser o último a ceder às investidas dos filhos lhe serve de consolo psicológico para a falta de convicção nas medidas que toma, ainda assim reconhecendo não ter força para contrariar uma maré feita das acções encadeadas dos seus próprios pares (os pais, portanto). Outros, por úl- timo, afirmam ser imunes a argumentos que mobilizem o comporta-

mento dos outros, qualquer que ele seja, como padrão de referência para a sua acção familiar. Preferem accionar os seus próprios padrões, mesmo que isso resulte no isolamento da família e dos seus membros em relação a outras formas de vida familiar e individual. Uma tal atitude é coerente com uma desvalorização da importância da integração na vivência cul- tural do grupo de pares, cuja acção é vista como uma ameaça à acção educativa dos pais.

Voltando às lógicas de reivindicação, importa, pois, perguntar até que ponto as estratégias utilizadas pelos filhos não são, elas próprias, tão ou mais importantes que as explicações dadas para determinadas acções dos pais na perspectiva (autojustificativa) dos próprios. Ou seja, quando in- quiridos alguns pais até poderão reinterpretar o facto de terem cedido (ou não) como sendo da sua exclusiva responsabilidade e iniciativa, jus- tificando-o e legitimando-o com explicações a posteriori, quando a acção em si que daí resulta também é imputável ao outro que com os pais in- terage, no caso, os filhos que pedem, exigem, insistem ou mesmo im- põem. Em contraste, encontramos aqueles que desistem e se conformam. Senão veja-se.

Lógicas de reivindicação: insistir, impor, conformar

Havia tensão e havia discussão do «deixe, deixe, deixe» e do «não, não, não». [...] Foram umas lutas muito titânicas e depois havia uma coisa engraçada, eles usavam todos... são muito dialécticos, querem ir e então, massacram, massacram, massacram, até ter aquilo. Depois se a pessoa diz não, mas porquê, mas porquê. Mas não há explicação, porque não, pronto, acabou. Já estava por aqui, já não pode ouvir aquela coisa e eles são capazes de chorar cinco minutos e de- pois a seguir estão muito bem. E depois na outra vez a seguir... A mesma coisa. [...] Mas eles tentam de facto tudo e martirizam o juízo a qualquer mortal du- rante horas, se for preciso. E estão ali sempre atentos a ver qual é a falha no discurso do pai ou da mãe ou dos dois, para ver se apanham uma brecha... [Alice, técnica superior, 54 anos, capital].

Ela não tem autorização para sair [durante a se- mana], mas já saiu uma ou duas vezes, já saiu e cha- teámo-nos muito. [...] Não avisa e é o facto consu- mado, quando chego a casa já saiu. Já não está, já foi. É muito complicado mas não sei bem como é que se

Insistência: persistir até conseguir

controlam estas situações. [...] O pai não quer, o pai não deixou, mas eu hoje até vou. Olha, então ficas lá e depois logo se vê. Que é que eu faço, amarro-os em casa? [António, professor do ensino secundário, 47 anos, periferia].

A coisa que mais me lembro durante a minha adolescência é lutar pela minha liberdade. É isso que eu me lembro mais, porque eu lembro-me que tinha amigas que iam até à discoteca, que iam até um bar e não sei quê e eu não. Às 10 horas tinha que ir para casa. [...] Eles tiveram de se habituar mesmo porque eu não dava hipótese [...]. Eu tarde nunca chegava, tentava sempre cumprir aquilo que eles me diziam, mas alargando, por exemplo, cinco minutos e depois para a próxima alargando dez. Assim tentando meter- lhes um bocadinho na cabeça... Quer dizer, eu não negociava, porque não era... não era por vontade deles eu chegar um bocadinho atrasada, era mais por minha vontade e fazê-los ver que eu cheguei na mesma [Cátia, 19 anos, lojista, 10.º ano, mãe empre-