PRODUÇÃO DO ESPAÇO E ORDEM SOCIAL NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO
Capítulo 2. Gênese, Estruturação e Legitimação do Campo Urbanístico na Região Metropolitana de São Paulo
2.6 Túneis da cidade de São Paulo Localizados do centro para o vetor sudoeste Túneis e Passagens Subterrâneas Localização Extensão Ano de
Construção 1. Passagem inferior Zerbini Av. Lineu de Paula Machado –
Av. Waldemar
420 m 1993
2. Túnel Sebastião Camargo Av. Magnólia – Av. Pres. 1.170 m 1995
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Fatores externos, como o excesso de peso dos caminhões e carretas, por exemplo, provocam fissuras que afetam as estruturas das obras. O fogo também prejudica as estruturas, provocando rachaduras. O túnel da avenida Rebouças, uma das bandeiras de campanha da prefeita Marta Suplicy (PT) e que custou R$ 97,4 milhões vem demandando reparos constantes devido a erros na execução. Em uma das enchentes ocorridas no túnel seis carros ficaram presos em seu interior e tiveram de ser removidos pelos bombeiros.
Juscelino Kubitscheck 3. Túnel Jânio Quadros (Emurb) Av. Pres. Juscelino
Kubitscheck
1.900 m 1994
4. Túnel Tribunal de Justiça (Emurb)
Ibirapuera /Marginal
Av. Pres. Juscelino Kubitscheck
824 m 1994
Túnel Tribunal de Justiça Marginal /Ibirapuera.
Av. Pres. Juscelino Kubitscheck
730 m 1994
5. Túnel Ayrton Senna Centro/Bairro
Av. 23 de Maio - Av. Antonio Joaquim de Moura Andrade
1.700 m 1995
Túnel Ayrton Senna Bairro/Centro
Av. Antonio Joaquim de Moura Andrade – Av. Sena Madureira
1.950 m 1996
6. Passagem Subterrânea Sena Madureira (Emurb)
Av. 23 de Maio – Av. Sena Madureira
205 m 1996
7. Passagem Subterrânea Tom Jobim
Santana/Aeroporto
Av. Prestes Maia 329 m 1995
Passagem Subterrânea Tom Jobim Aeroporto/Santana
Av. Prestes Maia 329 m 1995
8. Túnel Maria Maluf Imigrantes/Anchieta
Av. Pres. Tancredo Neves 1.020 m 1994 Túnel Maria Maluf .
Anchieta/Imigrantes
Av. Pres. Tancredo Neves 1.020 m 1994
9. Túnel Mackenzie Estrada das Lágrimas 180 m 1996
10. Passagem Subterrânea Paulista – Dr. Arnaldo
Av. Paulista – Av. Dr. Arnaldo 360 m 1973 11. Passagem Subterrânea Paulista
- Rebouças
Av. Paulista – Av. Rebouças 235 m 1973 12. Passagem Subterrânea
Rebouças – Major Natanael
Av. Rebouças – Dr. Arnaldo – Av. Major Natanael
884 m 1973
13. Ligação Leste – Oeste
(passagem sob a Praça Roosevelt)
Ligação Leste – Oeste 1.120 m 1971 14. Túnel São Gabriel Av. São Gabriel – Av. Santo
Amaro
393 m 1969
15. Túnel Daher Cutait (9 de Julho)
Centro/Bairro
Av. 9 de Julho 1.045 m 1938
Túnel Daher Cutait Bairro/Centro Av. 9 de Julho 1.060 m 1938 16. Túnel Anhangabaú.
Santana/Aeroporto
Av. Prestes Maia 582 m 1988
Túnel Anhangabaú Aeroporto/Santana
Av. Prestes Maia 544 m 1990
17. Jornalista Fernando Vieira de Melo (Emurb). Centro - Bairro
Av. Eusébio Matoso 580 m 2004
Jornalista Fernando Vieira de Melo Bairro - Centro
Av. Eusébio Matoso 583 m 2004
18. Max Feffer (Emurb). Centro - Bairro
Av. Cidade Jardim 756 m 2004
Max Feffer. Bairro - Centro Av. Cidade Jardim 729 m 2004
Quem quer que necessite se utilizar desses objetos poderá observar que o argumento da melhoria do fluxo viário jamais se realiza do modo como é preconizado – diz uma piada popular que um túnel é o caminho mais curto entre dois congestionamentos – seja pelas conseqüências não previstas, não desejadas e não intencionais associadas à sua consecução, seja por que essa não é a única e talvez nem mesmo a principal razão a justificar os empreendimentos desse gênero. Uma suposição plausível é que estes objetos, a par de sua funcionalidade imediata, são destinados a outros usos sociais, mais dissimulados na atividade o controle de produção do espaço. Um deles seria o de distinguir e diferenciar determinadas frações de território, conferindo prestígio e distinção àqueles grupos aptos à sua apropriação e consumo. Além disso, a produção destes objetos proporcionam o aumento imediato da supervisão e do controle do campo urbanístico sobre determinados aspectos da vida social, na medida em que oferecem oportunidades para a rotinização, monitoramento e medição dos eventos que se desenrolam em suas dependências. Recorre- se aqui novamente a Giddens (1985:40), para fazer notar que esse tipo de objeto permite o armazenamento de informação codificada que pode ser utilizada na supervisão das atividades de indivíduos que dele se utilizam e, mais além, proporciona a supervisão direta das atividades de alguns indivíduos por outros em posição de autoridade.
Equivale essa vigilância e controle a um aumento do capital político, cultural e econômico dos agentes e instituições envolvidos em sua realização, a ser reinvestido na obtenção de lucros materiais e simbólicos em circulação no campo e na sociedade em geral. Tanto que a produção desses objetos geram grandes embates no campo e na esfera política, como denotado no discurso de P. Maluf a respeito dos túneis mais recentes:
Pois bem, o túnel (Ayrton Senna) começou a ser aberto e a prefeita Luiza Erundina não terminou, parou tudo. Única coisa que ela fez foi aterrar o bulevar da Juscelino Kubitschek que custou mais caro aterrar do que ter terminado...Eu, pura e simplesmente, eu peguei os contratos do Jânio Quadros, da Luiza Erundina e dei segmento e terminei a obra. Quer dizer, se existe alguém aqui que tem que ser elogiado, que nunca parou uma obra do seu antecessor foi Paulo Maluf. Eu não tive aí, inclusive, nenhum tipo de vaidade. Terminei o túnel Jânio Quadros, botei o nome dele15.
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O desafio de compreender o sistema de objetos do rodoviarismo nos remete a uma outra coleção peculiar ao modelo. Trata-se das vias circulares, objetos construídos em perímetros cada vez mais amplos em relação ao centro histórico, conhecidos por anéis viários. Embora ainda em expansão, essa é uma das práticas em questionamento no interior do campo, como argumentam alguns urbanistas:
Desde o anel de ruas esboçado por João Teodoro, até o Rodoanel Mário Covas ligando as rodovias do Estado, passando pelo Plano de Avenida de Prestes Maia, o modelo radial- perimetral traduz a perspectiva centralizadora e expansionista que, por não confrontar a necessidade de mudanças estruturais na sociedade, adquiriam um caráter incompleto e parcial (Campos Neto, 2000).
Tais objetos combinam soluções do planejamento tecnocrático com a perspectiva do zoneamento de modo a abranger escalas de intervenção cada vez maiores. O exemplo mais atual desse tipo de intervenção é o Rodoanel Mário Covas, uma infra-estrutura viária construída em escala regional metropolitana. Por meio dessa investida o obreirismo rodoviário assume a forma objetivada de um gigantesco anél-viário em torno da RMSP, e situa o montante de capital econômico necessário à sua realização para a casa dos bilhões de dólares. Apresentado pelo Governo Estadual, ainda uma vez como a principal solução para diminuir os congestionamentos na RMSP, o Rodoanel Mario Covas:
facilitará o fluxo de cargas que seguem para os países integrantes do Mercosul e para o Porto de Santos....Com o Rodoanel serão interligadas as 10 rodoviais que convergem à Região Metropolitana – Bandeirantes, Anhanguera, Castello Branco, Raposo Tavares, Régis Bittencourt, Imigrantes, Anchieta, Dutra, Ayrton Senna e Fernão Dias – facilitando o tráfego de passagem por São Paulo....uma via expressa com cerca de 170 quilômetros de extensão a uma distância variável de 20 a 40 quilômetros do centro. de São Paulo (Governo do Estado, 2004).
2.7 Anéis viários da