disponha de expressão pública. Vê-se �quilo que_ tal coiEsa t�.
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igc: a ue p"'rtença a seus lcttores c nao ao s a o euma 1mprens q ' - ·
f d cons
. rb dade de informação C expreSSaO SCJU111 garan I as - -
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i�n��
e econômicamente; Stálin foi poss,ívc�
; . porq�c . ne-·· · -
'blica havia p3.ra dar com�ço a CI Itica. E amd:1
nhuma opmtao pu ' ' c
A .1 d' st:lin
Unicamente o Estado pós-staliniano que püL e tzer que . a
era mau e não o povo.
f - . d
o
�
xercício independente da justiça e a ormaçao ��� e-d nte da opinião são os dois pulmões de um Estado pohl!ca-
pen e . .
1 . .
mente sadio. Fora disso, e a as IXIa.
Essas duas noções são tão importantes, que �é sôbr� e
�
asque se fêz a ruptura do stalinismo; é sôbre a noçao. de JUstrça
e de verdade que se cristalizou a re:olta; o que exphca -� parte
tomada pelos intelectuais na revoluçao . falhada c
�
a HungtJ� e narevo1ução vitoriosa da Polônia; se os .n�tclectuaJs, os es
:,
n.tores,os artistas desempenharam pape1 dccJSJVO nesses acont-.,.,cnncn
tos é porque 0 que estava em jôgo �ão era, a.lgo de econ
�
mic.oc s
�
cial, malgrad� .a misér.ia e os b�uxos snlan�
s;, a q�estao er,aprOpriamente poht1ca; ma1s exatamente, a qL�cs.tao er
�
a no: a"alienação" política que infectava o poder socmlista; ma, o .p�o.
blema da alienação política, como o sabemos desde o
qm
gw.s,é 0 problema da não-verdade; n
?
s o apren�
em�s t�I.nbe�
pelacrítica marxista do Estado burgues que se stt.ua mteu�n�-':'.nte !lo
terreno da nela-verdade, do ser c da aparêncm,. da nustlftcaçao,
da mentira. É muito exatamente aqui que o n:tclectual com�
tal se acha envolvido na política; o intelectual. v�-sc colocado a
frente de uma revolução, e não apenas nas
fileiras, �
esdc que0 motivo dessa revolução é mais político que ecoaônuco, desde
que ela diz respeito à relação do poder com a verdade c a
justiça.
c) Parece-me em seguida que a democracia do trabalho
requer uma certa dialética e�trc ? Estado e os conselhos ope
rários; conforme vimos, os mteresses a .lon�o alc_ance . de. um Estado mesmo subtraído à pressão do dmheJro, r�ao comc1dcm
imcdia
Í
amente com 0 dos trabalhadores; isto é e.vtdeJ�te em período socialista, no sentido preciso ch� 1:ala�ra, rsto. e: em fase
de desigualdade dos salários c especwlizaçao proftss!On.al que
opõe trabalhadores manuais, contrame;tres, d1r�tores: .. n�tel
�
..,..ctuais; islo também é evidente em pcnoJo . de mdust1 mhza�,�o
rápida, e mesmo forçada.: Só, por c�ns�gumte, um
� ��
�antza··ção das tensões entre o Estado e os s111d1catos que teprc:scntam
274
os interêsses diversos dos trabalhadores pode assegurar a pes� quis� h�sitante de um, equilíbrio viável, isto é, ao ;nesmo tempo econonucamente rentavel e humanamente suportavel o direito de greve, particularmente, me parece ser o único recurso dos
operários contra o Estado, mesmo contra o Estado dos ope
rários. O postulado da coincidência imediata da vontade do
Estado socialista com todos os interêsses de todos os trabalha dores me parece ser uma perniciosa ilusão e um perigoso alibi para o abuso do poder do Estado.
d) Enfim, o problema-chave é o do contrôle do Estado
pelo povo, pela base democràticamente organizada. É aqui que
as reflexões e as experiências dos comunistas iugoslavos e polo n_eses devem ser seguid�s e analisadas de perto. Será uma questao de saber se o pluralismo dos partidos, a técnica das "eleições livres", o regime parlamentar, derivam dêsse "universalismo, do Es,tado liberal on pertencem irremediàvelmente ao período burgues do Estado liberal. Não se deve ter idéia preconcebida: nem pró, nem contra; nem em prol do costume ocidental, nem em prol da _crítica radical; não se deve ter pressa demais de
responder. E certo que as técnicas de planificação exigem que
a forma socJahsta da produção não seja mais entregue ao acaso
de uma consulta eleitoral e seja irrevoa-ável como o é a forma
rep�blicana de n�sso govêrno; a execuç
ã
o do Plano exige plenospoderes, um governo de longa duração, um orçamento a lona-o
tênno; ora, nossas técnicas parlamentares, nossa maneira
d
efazer alternar as maiorias no poder, parecem pouco compatíveis com as tarefas da nova racionalidade estatal. Por outro lado
não é menos certo que a discussão é necessidade vital para
�
Esta
�
o; é a discu�são .que lhe dá orientação e impulso; éa dis cussao que podera frcmr-lhe os abusos. Democracia é discussão.
B preciso, portanto, que duma maneira ou doutra essa discus
são seja organizada; é aqui que se situa a questão dos partidos
ou do Partido único. Aquilo que pode militar em favor do plu rallsmo _dos partidos é que êsse sistema não tem apenas refletido as .tensoes entre grupos sociais, determinadas pela divisão da
soctedade em classes, tem também proporcionado à discussão
política como tal uma organização, tem portanto tido uma sioni ficação "universal" c não apenas "burguesa". Uma análiseb da noção de partido apenas segundo o critério econômico-social me �are�c, pois, perigosamente estreita e propícia a encorajar a tlrama. Eis por que é preciso julgar as noções de partidos múl-
ti los e de partido único não sômente do ponto
?
e vista d� d�
nâ-I' d 1 sscs mas também do ponto de vista das tecmcas
m1ca as c a • , , .
d · · ·
d e con r t O'le do Estado. So a cntica do po er em 1egm1e - l " - socm-1
lista poderia fazer progredir essa questao; ta cntica nao se ac 1a
avançada. . . . , 1• ·
d 1
Não sei se a expressão ''llberahsmo po lhco. po e. sa v ar-se
do descrédito; - talvez sua vizinhança co� o hberahsmo eco
nômico a tenha definitivamente comprometido, - em
�
or.a, dealgum tempo para cá, a �tiquêt� "liberal" te;1
?
a a con;;tttmr umdelito aos olhos dos socwl-fasCistas de Algena e Pans e reen-
contre assim sua antiga juventude. . . .
Se se deve salvar a expressão, ela expnmma bastant�. ben;
aquilo que deve ser dito: que o problema central da pohtiC� e
a liberdade· seja o Estado fundando a liberdade pela sua racio
nalidade, s
�
ja que a liberdade limita as paixões do poder pelasua resistência.
276
CIVILIZAÇÃO UNIVERSAL E CULTURAS NACIONAIS *
O problema que aqui se evoca é comum tanto às nações altamente industrializadas e regidas por um Estado nacional antigo, quanto às nações que saem do subdesenvolvimento e de independência recente. O problema é êste:
A Humanidade, tomada como um corpo único, ingressa numa única civilização planetária que representa ao mesmo tem po um progresso gigantesco para todos c uma tarefa esmaga dora de sobrevivência e adaptação da herança cultural a êsse quadro nôvo. Sentimos todos, em graus diferentes e de manei ras variáveis, a tensão entre, ele um lado, a necessidade dessa ascensão e dêsse progresso, c, por outro lado, a exigência de salvaguardar o patrimônio que herdamos. Devo dizer de ime diato que minha reflexão não se origina de nenhum desprêzo em relação à civilização moderna universal; se existe um pro blema, é justamente porque sofremos a pressão de duas solici tações divergentes, mas igualmente imperiosas.
I
Como caracterizar essa civilização universal mundial? Tem-se dito, assaz apressadamente, que é uma civilização de caráter técnico. A técnica não é, entretanto, o fato decisivo e fundamental; o centro de difusão da técnica, é o próprio espí rito científico; é êle que primeiramente unifica a Humanidade em nível bastante abstrato, puramente racional, e que, nessa base, dá a civilização humana seu caráter universal.
* f:ste texto é especial para a segunda edição.
É eciso ter presente ao espírito que, se a ci�ncia é. grega
· · :- :pr etlle e depois européia através de Gallleu, Descar-
ongmanam , . d " .
N tol1 etc não é na qualtclad.: e grega c europ�ta, was
tes, ew . · •
1 d
t llumana que ela desenvolve esse poc er c congregar
enquan o ' . • .
l . l· d 1 d" . ;t
• · j1,1n1ana· mamfesta uma especte c c umc <1 e c e ne. o
a especte ' ' '
. . . - Q
allda todos os outros caracteres clcssa ct\'thzaçao. uan-
que com '
"d · d 1 . · c1 d
d P o asc al escreve : "a Humam a ele to a poc e ser consl�._.era a
d d .,
Um So• lwmem que sem cessar, aprcn e e se recor a· ,
como '. "
"
t Posição sionifica stmph�smcnte que todo hom�m, posto
es a pro o
; · .
em presença de uma prova de caráter ge?metnco ou expenmen-
tal, é capaz de conclui: da mesma dc�dc que se �enha
beneficiado do aprendtz�do necessan� . . pms, uma um�1ade
puramente abstrata, . racw�al, da �sp�c1e _ humana. que arrasta tôdas as outras mamfestaçoes da ciVIltzaçao moderna.
Em segunda linha colocaríamos, b�1�1 entendido, o desen
volvimento das técnicas. Êsse compr-ee�1de-se
como uma retomada do instrumental . a p�rtir .das
conseqüências c das aplicações dessa umca �1e:1�ta. Esse ms
trumental, que pertence ao fund� �ul�ural J?nmttiVo da Huma nidade, tem, por si 1nesmo, uma mcrc1a. mmto grande; entregue às suas próprias fôrças, êle tende a sed1mentar-s� em m:1a tra dição invencível; não é por fôrça de um movunento mt;rno que um instrumental se modifica, m3s pelo contragolpe sobr� êle exercido pelo conhecimento científico; é pelo pensan:cnt.o que 0 instrumental se revoluciona e se transfor�a na� maqm
nas. Tocamos aqui numa segunda fonte de umversahda
?
: : . aHumanidade se desenvolve na natureza como 1�11 ser artiflCJal,
isto é, como um ser que cria tôdas as suas relaçoes c�m a natu
reza por meio ele �m !l:strumental sem� cessar re\�o
�
ucwnad� p�lo conhecimento cJentJfJco; o home�1 c uma csp�ct� de artthcw
universal; pode-se dizer nesse sent1�l? que �s . tect�Icas, na. me
dida que são a retomad� elo� utensi.hos _tn�diCIOllats a partir
�
euma ciência aplicada, nao tem mais patrm. l\1esmo qu� seJa
possível atribuir a tal o�u· tal naç
�
o, a tal ou tal c�ltl�ra, a mven�ção da escritura alfabcttca, da t�np.ren�a, da m�lquma n vapor
etc., uma invenção pertence de chrelto a . Huma�Idade. Ce�l o �u tarde, ela cria para todos uma situação Irrcverstve1; sua d1fusao pode ser retardada, mas não impedida de modo absoluto . . Esta mos, assim, em face de universalidade de fato da Humamdade: desde que uma invenção surgiu em qualquer parte do mundo, ela está prometida a uma difusão universaL As revoluções téc-
278
nicas se adicionam e porque se adicionam, fogem ao enclau suramento cultural. Podemos dizer que, com atrasos em tal ou tal ponto do globo, existe uma única técnica mundial. Eis jus tamente por que as revoluções nacionais ou nacionalistas, ao fa zerem com que um povo chegue à modernização, fazem com que ao mesmo tempo chegue êle à mundialização; mesmo se coisa que veremos dentro de pouco - o impulso é nacional ou nacionalista, é êlc fator de comunicação, na medida em que é fator de industrialização, que conduz à participação d a civiliza
ção técnica (mica. É graças a êsse fenômeno de difusão que
podemos ter hoje uma consciência planetária e, se ouso dizê-lo, um sentimento vivo ela redondeza ela terra.
No terceiro estágio dessa civilização universal, coloeari� aquilo que chamo com prudência a existência de uma política racional; bem entendido, não subestimo a importância dos re gimes políticos; mas pode-se dizer que através da diversidade dos regimes políticos que sabemos, desenvolve uma única espe
riência da Humanidade c mesmo uma única técnica política. O
Estado moderno tem, enquanto Estado, uma estrutura universal
cliscernível. O primeiro filósofo a haver refletido sôbre essa
forma de universalidade foi Hegel nos Princípios da Filoso/i(/
do Direito. Foi Hegel o primeiro a mostrar que um elos aspec tos da racionalidade do homem e ao mesmo tempo um dos aspectos de sua universalidade, é o desenvolvimento ele um Es tado que põe em jôgo um direito c desenvolve meios de exe cução sob a forma de uma administração. Mesmo se critica mos vivamente a burocracia, a tecnocracia, por essa via não atingimos senão a forma patológica própria ao fenômeno racio
nal que fazemos aflorar. É mesmo provàvelmente necessário i r
mais longe : não sOmente existe a experiência política única d a Humanidade, mas todos o s regimes apresentam certo desenrolar comum; nós os vemos todos evoluírem inelutàvelmentc, desde que se atingem certas etapas ele bem-estar, instrução e cultura, ele uma forma autocrática a uma forma democrática; vemo-los todos à procura de um equilíbrio entre a necessidade d e con centrar, e mesmo de personalizar o poder, a fim de tornar pos sível a decisão, c por outro lado a necessidade ele organizar a discussão a fim de fazer com que o maior nlnnero de cidadãos participe dessa d2cisão. Desejo, porém, voltar a essa espécie ele racionalização do poder representada pela administração, pois é um fenômeno sôbre o qual a filosofia política não tem
· 0 hábito de refletir. No entanto é �m fatc;r de racic;nalização da história cuja importância não sena poss1vel subes!lmar; po demos dizer que nos achamos em face de um Estado puro e simples, de um Estado moder�o,. quando vemos o pode� c��az de estabelecer uma função pubhca, um corpo de func10nanos que preparam as decisões e que as executam sem ser pessoal mente responsáveis pela decisão política. Eis aí um aspecto racional da política concernente agora absolutamente a todos os povos do mundo, a ponto de constituir um dos critérios mais decisivos da ascensão de um Estado à cena mundial.
Podemos arriscar-nos a falar em quarto lugar da existência de uma economia racional universal. Sem dúvida, é preciso tratar dêste assunto ainda com mais prudência do que do fenô meno precedente, devido à importância decisiva dos regimes econômicos como tais. Não obstante, o que se passa atrás dêsse proscênio é digno de consideração. Além das !p"a':'des opos
}
ções maciças que conhecemos, desenvolvem-se tecmcas econo micas de caráter verdadeiramente universal; os cálculos con junturais, as técnicas de regulamentação dos mercados, os pla nos de previsão e de decisão mantêm algnma coisa de compa rável através da oposição entre capitalismo e socialismo autoritá rio. Pode-se falar de uma ciência e de uma técnica econômicas de caráter internacional, integradas em finalidades econômicas diferentes e que, ao mesmo passo, criam de bom ou malgrado fenômenos de convergência, cujos efeitos parecem de fato me lutáveis. Tal convergência resulta de que a economia, tanto quanto a política, tem a influênciá-la as ciências humanas, as quais fundamentalmente não têm pátria. A univers�lida�e de origem e de caráter científico colore finalmente de rac10nalidade tôdas as técnicas humanas.Pode-se enfim dizer que se desenvolve através do mundo nm gênero de vida igualmente universal; êsse gênero de vida se manifesta pela uniformização inelutável da habitação, do vestuário (é o mesmo casaco que se vê por todo o mundo) ; êsse fenômeno provém do fato que os próprios gêneros de vida são racionalizados pelas técnicas. E estas não são apenas téc nicas de produção, mas também de transportes, de relações, de
· · bem-estar, de lazer, de informação; poder-se-ia falar de técnicas cultura elementar e mais precisamente de cultura de consumo; .' assim uma cultura de consumo de caráter mundial que
nm gênero de vida de caráter universal.
li
Agora, que significa essa civilização mundial? Tal signifi cação é bastante ambígua e é êsse duplo sentido que cria o problema que aqui elaboramos. Pode-se dizer por um lado que ela constitui um progresso verdadeiro; não obstante, deve êsse têrmo ser bem definido. Existe progresso quando são satisfeitas as duas condições seguintes: de um lado, um fenômeno de acu mulação e, de outro, um fenômeno de melhoramento. O pri meiro é o mais fácil de discernir, ainda que sejam incertos os respectivos limites. Diria de bom grado que existe progresso em tôda parte onde se pode discernir o fenômeno de sedimen tação de instrumental a que faz pouco nos referíamos. Mas é então preciso tomar a expressão em sentido extremamente vasto, de modo a cobrir ao mesmo tempo o domínio propriamente técnico dos instrumentos e das máquinas; todo o conjunto das mediações organizadas postas a serviço da ciência, da política, da economia, e mesmo os gêneros de vida, os meios de lazer, virtculam-se, nesse sentido, à ordem do instrumental.
É essa transformação dos meios em novos meios que cons titui o fenômeno de acumulação, o que faz, aliás, com que exista uma história humana; existem sem dúvida muitas outras razões, pelas quais se tem uma história humana; mas o caráter irreversível dessa história prende-se em larga medida ao fato de que trabalhamos como que em fim de instrumental; aqui nada se perde e tudo se adiciona; tal é o fenômeno fundamental. Tal fenômeno pode ser reconhecido em domínios aparentemente muito distanciados da pura técnica. Assim, as experiências infe lizes, os malogros políticos constituem uma experiência que se torna, para o conjunto dos homens, assimilável a um instru mental. É possível, por exemplo, que certas técnicas de plani ficação violenta no tocante à classe rural dispensem concomi tantemente outras planificações de reproduzirem os mesmos er ros, se pelo menos obedecerem à luz da racionalidade. Pro duz-se assim um fenômeno de retificação, uma economia nos meios, que é um dos aspectos mais patentes do progresso.
Mas não se poderia defirtir o progresso como uma acumu lação qualquer. É preciso que êsse desenvolvimento represente algo de melhor, sob diversos pontos de vista. Ora, parece-me que essa universalização é, em si mesma, um bem; o fato de aflorar à consciência a noção de uma única Humanidade repre-
senta em si mesma algo de positivo; já se produz, poder-se-ia dizer através de todos êsses fenômenos, uma espécie de reco nhec
i
mento do homem pelo homem; a multiplicação das rela ções humanas faz da Humanidade uma rêde cada vez mais cer rada, cada vez mais interdependente e, de tôdas as nações, de todos os grupos sociais, uma única Humanidade cuja experiên cia se desenvolve. Pode-se mesmo dizer que o perigo nuclear nos faz ainda um pouco mais conscientes dessa unidade da es pécie humana, de vez que, pela primeira vez, podemos sentir- -nos ameaçados em nosso corpo globalmente. .Por outro lado, a civilização universal é um bem, porque representa o acesso das massas da Humanidade aos bens ele mentares; nenhuma espécie de crítica da técnica poderá contra balançar o benefício absolutamente positivo da libertação da carência e do acesso em massa ao bem-estar; até o presente viveu a Humanidade de certo modo por procuração, seja através de algumas civilizações privilegiadas, seja através de alguns gru pos de elite; é a primeira vez que entrevemos, de dois séculos a esta parte na Europa, e partir da segunda metade do século
XX para as imensas massas humanas da Ásia, Africa e Amé
rica do Sul, a possibilidade de uma ascensão das massas a um bem-estar elementar.
Além disso, essa civilização mundial representa um bem por fôrça de uma espécie de mutação na atitude da Humanidade tomada em conjunto em face de sua própria história; sofreu a Humanidade em conjunto a própria sorte como um destino hor roroso; e isso ainda ocorre provàvelmente para mais de metade
dessa Humanidade. Ora, o acesso em massa dos homens a cer tos valôres de dignidade e autonomia é fenômeno absoluta mente irreversível, que é por si mesmo algo de bom. Vemos subirem à cena mundial grandes massas humanas que até agora se achavam em estado de mudez ou esmagamento; pode-se dizer que um número crescente de homens estão conscientes de pro duzirem a história; pode-se falar para êsses homens de uma verdadeira .ascensão à maioridade.
Enfim, eu não desprezaria em absoluto aquilo que faz pouco denominei a cultura de consumo e da qual todos dum modo ou doutro nos beneficiamos. É certo que um número crescente de homens atinge hoje essa cultura elementar cujo aspecto mais notável é a luta contra o analfabetismo e o desen volvimento dos meios de consumo e de cultura básica. Ao passo
que, até os últimos decênios, havia somente uma pequena fração da Humanidade que apenas sabia ler, podemos hoje ter a espe rança de que dentro de mais alguns decênios ela terá passado em massa o limiar de uma primeira cultura elementar. Digo que isto constituiu um bem.
É entretanto de outra parte necessário admitir que tal de senvolvimento apresenta um caráter contrário. Ao mesmo tem