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No início desta reforma, eles decidiram que havia três coisas certas: 1. 0 próprio Senhor Jesus; 2. 0 evangelho; 3. As Escrituras. Uma coisa estava errada: 0 Cristianismo. Tlido que no Cristianismo não conferia com a Palavra de Deus, eles rejeitaram. Eles estudaram a histó­ ria da igreja e biografias de grandes homens e mulheres de Deus e extraíram o que era bom de tudo isto. Buscaram uma “recuperação” totalmente inclusiva: Cristo e a igreja, o cabeça e o corpo. Cristo é tudo para nós. Ele precisa de uma expressão real na terra, isto é, o seu corpo. 0 eterno propósito de Deus é ver seu Filho ampHado, engrande­ cido, manifestado através de um grupo de crentes nesta terra. Não de­ vemos buscar nada par a nós mesmos, mas tudo para Cristo e seu corpo. Depois de um dia inteiro de jejum e oração no dia de ano novo em 1943, Atos 2 se cumpriu neste grupo, quando tanto os dons do Espírito como a vida em comunidade vieram à luz. Milagres e profecias estavam em operação. Oitocentas pessoas entregaram todas as suas pos­ ses para a igreja. Dois grupos foram enviados, um de 30 famílias, o outro de 70 famílias; um para a Manchúria, o outro para perto da Mongólia Interior. Todos os oitocentos cristãos estavam prontos para ser envia­ dos em grupos a diferentes partes da China, para viver e evangelizar.

Mas os japoneses, que ocupavam a China naquela época, impediram tudo isso.

Apesar desta verdadeira manifestação dos dons do Espírito, pos­ teriormente

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movimento assumiu uma posição oficial de “neutralida­ de” em relação aos dons do Espírito, e na prática houve desencorajamento, e até rejeição, aos dons por causa dos “excessos” do Movimento Pentecostal. No lugar do funcionamento dos dons nas reuniões surgi­ ram os costumes de “invocar o nome de Jesus” e “orar — ler a Palavra”.

As ênfases do movimento são as seguintes:

1. Vidainterior— conheceraDeuscomonossavida,experimentaracruze a ressurreição.

2 Verdade— sabereestudarasEscrituras.OEspíritoSantocomovidaeas

Escrituras como verdade.

3. Serviço— na igreja sacerdócio universal, ministério do corpo. Todos devemservirejiincionarnaigre/a

4. Evangelismo —fazer de tudo e ir para todo lugar para pregar o evange­ lho — em equipes de viagens, reuniões públicas, visitação nos lares, pregação napraça etc.

Eles têm quatro tipos de reuniões baseadas em Atos 2:42: 1. Doutrina; 2. Comunhão; 3. Partir do pão; 4. Oração. 0 sistema de evangelismo nos anos iniciais era que todas as igrejas (do movimento) deveriam cooperar para a realização de grandes reuniões evangeUsti- cas, nas quais não era dado destaque a nenhum pregador. Depois os convertidos eram levados a uma assembléia local para se tornarem dis­ cípulos. As igrejas se multiplicaram através de evangelismo pessoal e de migrações de famílias e grupos.

Parece que o principal método de expansão nos últimos anos, pelo menos aqui no Brasil, tem sido através da disseminação ativa de literatura. Funciona desta maneira: Witness Lee continua a ministrar a palavra em Los Angeles. Através de videocassete, sua palavra é transmi­ tida aqui no Brasil. A seguir, cada uma de suas mensagens é traduzida e seu esboço é publicado em forma de livretos. Depois um processo in­ tenso é iniciado em cada igreja para estudar e reestudar a mensagem em vários tipos de reunião. Finalmente, além de ser transformado em livretos,

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resumo das mensagens é publicado num pequeno jornal (co­

nhecido no Brasil como “Árvore da Vida”), largamente distribuído por todos os meios possíveis: pelo correio, nas praças, em reuniões públi­ cas e em viagens especiais de equipes por todas as partes da nação. Periodicamente, equipes realizam um programa especial de visitação a cada assinante, encorajando-o a participar na vida da igreja local.

e n s i n a m e n t o s s o b r ea

IGREjA

Witness Lee ensina que o mistério de Deus é Cristo. 0 mistério de Cristo é a igreja, seu corpo. Cristo é a manifestação de Deus. A igreja é a expressão de Cristo. Deus está em Cristo. Cristo está na igreja. Sem a igreja ninguém pode entender Cristo. Ela é a expressão de Cristo. A igreja é a encarnação de Cristo, assim como Cristo é a encarnação de Deus. A posição do movimento, então, é que a plena restauração da igreja não virá através do derramamento do Espírito (avivamento), mas pela “vida real do corpo de Cristo” (reforma).

Watchman Nee, tendo desenvolvido seus princípios sobre a natu­ reza e a estrutura da igreja através do seu estudo das Escrituras e da história da igreja, e através da experiência prática de estabelecer igre­ jas, explanou-os em dois seminários em 1937. Esses ensinamentos fo­ ram elaborados e publicados em form a de livro em 1938 na língua chi­ nesa e na língua inglesa em 1939. Em 1962 o livro foi condensado e reeditado em inglês como “A Vida Normal da Igreja Cristã” . A primeira edição em português surgiu em 1973.®° Eis um trecho deste tratado intitulado: “Os Apóstolos e as Igrejas”:

Com referàicia à Igreja universal, primeiro Deus lhe deu existência e daí

paraJrente estabeleceuapóstolospara ministrar-lhe (I Co 12:28), mas no que se refere às igrejas locais, aordemfoiaocontrárío.Adesignaçãodosapóstobs precedeu ajvndação de igrejas locais. Primeiro nosso Senhor comissionou os dozeapóstobs, edepoisdissoalgrejaemJerusalémpassouaexistir OEspírito Santo prímeirochamoudoisapóstolos— PaubeBamabé—paraaobro, edaí pordianterrudtasigreJasviercmaexistiremdiferenteslugares.Éclaro,pois, que oministério aposíólicopreceieaexisíência das igrejas locais, por conse­ guinte é óbvü) que o trabalho dos apóstolos não pertence às igrejas locais.

ComoJáobsenxunos, oE^íriloSantodisse: “Separai-me c^oraaBamabé eaPauIoparaaobraaqueos tenho chamado”. Oquesesegimàseporação

dos apóstolos (conhecido gercdrnerdecorrio suas cairípcinhas missionárias), o Espírito Santo se refere como sendo “a obra”. “A obra” era o objetivo do chamado do Espírito, e tudo o que Paulo e seus companheiros realizaram postenormente, e tudo o que estavasob responsabilidade delesfoi incluído nesta única expressão: “a obra”. (Neste livro, a expressão “a obra” é empre­ gada num sentido específico e se relaciona a tudo quanto está incluído nos e^orços missionários dos apóstolos.)

Devemos diferenciar claramente entre a obra e as igrejas. São duas coisas totalmente distintas nas Escrituras, e devemos evitar corfímdi-las, do contrário cometeremos sérios enganos e a realização dos propósitos de Deus seráfrustada. Não é comfreqüência que se usa a palavra “obra” no sentido espec^ko em que é empregada aqui, e o resultado é que não presta­ mos atenção ao fato. Mas o Espírito usou a expressão numa forma inclusiva para abranger tudo quanto se relaciona ao propósito do chamado apostólico.

Visto que a obra dos apóstolos épregar o evangelho e Jiindar igrejas, e não assumir a responsabilidade nas igrejas já estabelecidas, seu oficio não é da igreja Na vontade de Deus, “a igreja” e “aobra”seguemduas linhasdistintas.

A obra pertence aos apóstolos, enquanto as igrejas pertencem aos crentes locais. Os apóstolos são responsáveis pela obra em qualquer lugar e a igreja é responsãvelpor todos osJilhosdeDeus numa localidade. Como membros do Corpo, 03 apóstolos se reúnem, paraedilicaçãonTÚtua,comtodososseuscola- boradores na localidade, mas como membros ministrantes do Corpo, seu ministério espeqfíoo faz deles um grupo de obreiros áparte da igreja, É errada dapartedosapóstolosainterferêndanosassuníosdaigre/ámaséigualmente errado a igreja interferir nos assuntos da obra dos apóstolos. Os apóstolos ad- ministam a obra; os presbíteros administam a igreja

0 motivo por que Deus chamou apóstolos e lhes corjflou a obra é porque ele desejava preservar o caráter local da igreja. Se qualquer igreja exerce controle sobre aobraemouta localidade, de imediato ela se toma extalocal e por isso perde sua característica específica de igreja A responsabilidade da obra em dferentes lugares é coriflada aos apóstolos, ciga esfera de ação se estende para além da localidade. A responsabilidade da igreja é confiada aos presbíteros, cuja esfera de trabalho está corfinada à localidade. Um presbítero efésio é ur.i presbítero em Éfeso, mas ele deixa de sê-lo quando vaíaFilipos, e vice-versa. 0 presbiterato limita-se à localidade. Quando Paulo esteve em Mileto, ele desejou ver os membros respresentativos da igreja em Éfeso, e assim mandou vir presbíteros efésios, mas não houve pedido ao apóstob efésb, peb simples motivo de que não havia nenhum. Os

apóstolos pertencem a diferentes lugares e não a um lugar apenas, enquanto

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raio de ação dos presbíteros é estritamente local, razão por que não assuniemresponsabüidadeqficialalémdo k^aremque vivem. Sempreque a igreja tenta controlar a obra ela perde seu caráter local. Sempre que um apóstok) tenta controlar uma igreja ele perde seu caráter extralocal.

Um dos maiores obstáculos para a restauração da igreja é o sis­ tema humano e não bíbhco de denominações. Isto significa a organiza­ ção de muitas igrejas debaixo de uma doutrina e uma sede. Isto é para evitar anarquia e heresia. De fato, há problemas sérios com cristãos independentes e igrejas independentes, e eles devem ser corrigidos. Mas denominacionalismo é uma solução humana. 0 resultado é teologia humana e governo humano no que deveria ser uma instituição divina, o corpo de Cristo. A solução de Deus está revelada nas Escrituras, e é apóstolos. Como Watchman Nee ressalta no mesmo livro citado acima, p. 22, os apóstolos “são comissionados especialmente por Deus para fundar igrejas através da pregação do evangelho, para trazer revelação de Deus para seu povo, para tomar decisões em assuntos pertinentes à doutrina e ao governo, para ediíicar os santos e para distribuir os dons...”

Se houvesse uma distinção clara entre a obra e as igrejas, entre apóstolos e presbíteros, não haveria possibihdade de se form ar uma rede humana de igrejas, e sim a tremenda oportunidade de ter comu­ nhão no Espírito Santo entre os ministérios da obra (E f 4:11) e das igrejas. Desta forma, com base na unidade do Espírito (E f 4:3), o corpo de Cristo poderia crescer na unidade da fé (E f 4:13) e uma igreja glori­ osa seria preparada para a segunda vinda do Senhor Jesus Cristo.

C O N C LU SÃ O

A “recuperação” da igreja, que começou na China através do m i­ nistério de Watchman Nee, chegou ao Ocidente através do ministério de Witness Lee. A ênfase do movimento no Ocidente, incluindo o Brasil, tem sido tão forte na doutrma de que só pode haver uma igreja de Jesus Cristo em cada cidade, que o movimento passou a ser conhecido como “a igreja local”. Costuma-se dizer que o problema básico de qualquer

m ovim en to surge quando ele pára de m ovim en ta r — isto é, quando

cessa de fluir no Espírito e estaciona em um dogma.

0 peso deste livro sobre a restauração da igreja no século X X se expressa na seguinte afirmação: Para que esta restauração ocorra é ne­ cessário haver um equüíbrio entre reforma e avivamento. Quando a “re­ cuperação” chinesa veio para o Ocidente, por que começou a ser chama­ da de “a igreja local”? Porque era um movimento de reform a que pre­ cisava de um mover contínuo do Espírito Santo (avivamento) para sal­ var

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movimento de se tornar um monumento. Todas as denominações começam como um movimento e terminam como um monumento. A Palavra de Deus só pode ser cumprida através do Espírito Santo. Jesus disse: “0 espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as pala­ vras que eu vos tenho dito são espírito e são vida” (Jo 6:63). “Nele (o Verbo) estava a vida, e a vida era a luz dos homens”( Jo 1:4).

0 próprio Watchman Nee, fundador deste movimento de refor­ ma, alertou sobre o perigo de se estacionar em uma doutrina e não manter o fluir e a comunhão do Espírito Santo. Vamos concluir com estas eloqüentes palavras sobre a verdadeira base da igreja local extra­ ídas do livro de Watchman Nee, “What Shall This Man Do?” (“O Que Este Homem Fará?”)

Não é meu desejo rotular o Cristianismo denominacional de errado. Tão- somente afirmo mais uma vez que, para o corpo de Cristo se tomar uma eficaz expressão local a base de comunhão deve ser uma base verdadeira. E esta base é um relacionamento vivo dos menÉ>ros com o seu Senhor e uma submissão voluntária a ele como cabeça. Não estou defendendo aqueles que farãoumanovaseikide algo que pode ser chamado de “localísmo”— isto é, a demarcação rigorosa das igrejas através de localidades. Este tipo de coisa

pode acontecerfacilmente. Se o que estamos praticando hoje em vida se

toma amanhã um simples método, de talforma que através de suas próprias características alguns que pertencem a Cristo são excluídos disto, que Deus tenha misericórdia de nós e destrua este método! Pois todos aqueles em quem o Senhor, o Espírito, tem liberdade, esses são nossos e nós somos deles. Omeudesejoéd^ender somente aqueles que verão ohomemcelestial eque depois em suas vidas e comunhão seguirão aquilo que viram! Cristo é

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cabeça do corpo— não o cabeça de outros “corpos” ou unidades de religião. 0 envolvimento no corpo espiritual de Cristo é quepm a o compromisso do cabeça conosco, seus membros— istoe somente isto.

Capítu 0 13

O MOVIMENTO