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Alguém afirmou haver três tipos de pessoas que se destacam nos movimentos da história da igreja: o teórico, o pragmático e o articulador

Referlndo-se ao que estava acontecendo na Argentina, Orville Swindoll definiu Jorge Himitian como o teórico ou teólogo, Ivan Baker como o pragmático e Juan Carlos Ortiz como o articulador. Com sua mente brilhante e a capacidade incomum de comunicar as verdades que esta­ vam no seu coração, Ortiz se tornou na década de 70 o porta-voz do Movimento de Discipulado na Argentina. Foi um dos primeiros a se tornar plenamente convencido da validade e atualidade das verdades que estavam sendo descobertas e a colocá-las em prática em sua igreja.

Mesmo sendo pastor de uma próspera igreja pentecostal em Buenos Aires, que devido ao seu intenso trabalho e de sua esposa crescera de 180 para 600 membros, ele não estava satisfeito e decidiu retirar-se da cidade por uma semana para buscar o Senhor Foi então que ouviu Deus falar-lhe: ‘Juan, onde está o meu dedo em tudo isto?... Vocês não estão crescendo, estão apenas engordando. Vocês apenas têm mais pessoas do mesmo üpo. Havia 200 sem amor, depois 300,500 e agora 600 todos sem am or Mais do mesmo tipo... não crescendo... engordando... Sua igreja não é uma igreja; é um orfanato. Ninguém tem pai; todos são órfãos e você é o diretor do orfanato. Aos domingos você enche uma garrafa de leite e diz: ‘Agora abram suas bocas’. E você pensa que está alimentando seu povo.”

Por meses então ele pregou sobre o discipulado, o evangelho do reino e o senhorio de Cristo em sua igreja. Um dia viu que era hora de mudança. Eis com suas próprias palavras um pouco da sua experiência:

Umdia, lendo o Fhangelho segundo Mateus, vique Jesus disse que todas as multidões eram como ovelhas sempastor, e ele escolheu doze discípulos. Disse para m im mesmo: “É tempo de mudar ”Eu tinha uma congregação parecida com um clube. Era como um orfanato eeu era o Reverendo Juan Carlos Ortiz, diretor do orfanato. Quando compreendi isto, decidi começar uma nova igreja subterrânea em minha casa. E Joãozinho roubou um grupo de membros do Reverendo Ortiz e começou a discipulã-bs. Eu era Joãozinho. Nesta nova estrutura não precisava m ais ser um “reverendo”. Apenas Joãozinho. Você sabe por quê? Clubes sãqfundamentados em pretensão e prestígio humanos. A verdadeira igreja éjimckmientada em Jesus. Se nós o chamamos p eb seuprimeiro nome, por que não a mim?

Então dei minha vida a esses discípulos. Trabalhei com eles. Fbmos para 0 campoJuntos. Vivemosjuntos. Comemosjuntos. Eu abri minha casa para

eles. Eles vieram dormir em minha casa... Nós nos tornamos como uma fam ília. E depois de seis meses, mais ou menos— nãofoi de um dia para outro— essas pessoas estavam tão mudadas que todo o orfanato notou isto...Aspessoasiamaelesparaoraçõoeconselho. E, depois de seis meses, eu lhes permiti roubar outros membros da igreja do Reverendo Ortiz —para fazer deles discípulos. Sets meses mais tarde, esses tambémforampermiü- dos roubar mais membros. Levou quase três anos, mas finalmente todos os membrosforam roubados e o orfanatofoi transformado numafamília.

Duranteessetempopessoasestavamsendosalvasnospequenosgrupos celulares. Cada um de meus discípulos se reunia com seu grupo celular. Novas pessoas vinham para as células, mas nós proibimos os líderes de célulasdetrazê-lasparaalgrelaporqueexpô-ktsaovelhoclubecongr^acional as estragaria. Além do mais, estávamos tentando acabar com a velha estru­ tura, não alargá-la

Cada um de meus discípulos tinha um grupo num ponto diferente da cidade... Estas células podiam reunir-se em casa, numparque, num restau­ rante, napraia emqualquerlugareaqualquerhora...Aospoucos,portanto, descobrimos o que um “membro de igreja" realmente é:

Primeiro, um membro de igreja é dependente do resto do corpo. Ninguém vê um nariz andando pela rua sozinho. O corpo precisa estar todo interliga­ do, como um só bloco. Segundo, um membro é umaparte do corpo que une duas outras partes. Terceiro, um membro é alguém que nutre. Ele recebe n u tri^ parasi mesmo e passa nutrição para outros membros submissos a ele. Quarto, um membro sustenta aqueies que estão acima dele. E quinto, os membrospassamoTdens.Acabeçaordenaamão, mas aordemé transmitida através de outros membros.

Ortiz preparou cursos de estudos para usar nas sessões de trei­ namento com seus líderes. Pouco a pouco esses estudos foram mimeografados, corrigidos e impressos, e os líderes começaram a usar

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mesmo material para ensinar a seus grupos pequenos. A produção quase constante de novos materiais, além dos ensinamentos dados nas reuniões de segunda à noite e de sábado com os pastores produziu farto material que serviu de base para a publicação de vários livros. Seu primeiro livro em inglês “Call to Discipleship” (Chamado Para Discipu­ lado) foi escrito juntamente com Jam ie Buckingham (famoso autor e ministro cristão carismático) a partir de seus ensinamentos numa con-

ferência nos EUA. Foi traduzido para varias línguas e teve grande im ­ pacto para espalhar os ensinamentos sobre o senhorio de Cristo e o discipulado.

Os anos de 1972 e 1973 foram uma época de muita divulgação da palavra que os irmãos em Buenos Aires tinham recebido. Muitos pasto­ res e líderes de outros países latino-americanos e dos EUA foram até a Argentina para conhecer os irmãos e para assistir aos encontros que começaram a promover. Além disso, os pastores de Buenos Aires co­ meçaram a viajar para outros países para pregar em encontros e confe­ rências.

Em janeiro de 1973 houve um grande encontro em Porto Alegre prom ovido pelos batistas renovados e Ortiz, Swindoll, Bentson e Baker estiveram lá como preletores. Tanto nas reuniões gerais com assistência de 6.000 a 7.000 pessoas (de toda parte do Brasil), quanto nas reuniões especiais com pastores, o impacto da palavra de Ortiz foi marcante. Numa das noites do encontro, enquanto Ortiz dirigia o louvor, após ensinar o corinho “Ao que está assentado no trono, e ao Cordeiro...”, parecia que o mesmo espírito de adoração que movera tão fortemente na Argentina, pousou por alguns momentos sobre a congregação, dando uma amostra aos brasileiros deste ambiente celestial.

A partir deste encontro, muitos pastores tomaram conhecimento do que Deus estava fazendo na Argentina e começaram a viajar para lá para assistir aos encontros e conhecer melhor a mensagem. Muitos m i­ nistérios foram transformados e não conseguiram mais se encaixar em suas igrejas e denominações tradicionais, começando a tentar colocar em prática os princípios do discipulado.