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1.2. Pessoa humana e dignidade

3.2.1. O êxodo rural (Uma breve notícia)

Uma vez que o tema cuida da qualidade de vida, em especial a vida humana na cidade, é quase que impossível não fazer, ainda que breve, uma remis- são sobre o êxodo rural.141

139 Roberto Dromi, Ciudad y Municipio, pp. 218/219: “El fenómeno urbano adquiere hoy una transcendência

respecto de la cual el Estado no puede estar ausente, en tanto el interes general está centrado en alcanzar un modo de vida de alta calidad, de allí que se exija una acción planificada que tienda a la recionalización de la ciudad. Este cometido se inserta como nuevo rol del Estado para atender el desafio Del ambiente, la salud, la higiene, la vivenda, la ecologia que experimenta el tejido social, si no queremos que el aislamiento y la nueva soledad destruyan al hombre” (grifado no texto).

140 Roberto Dromi, Ciudad y Municipio, pp. 13/14: “El municipio está entrañablemente ligado a un fenómeno

moderno, generado por el crecimiento industrial: el urbanismo. El paso de la civilización agraria a la civilización industrial provocó la conformación de grandes centros poblados, unidades urbanas mayores, concentraciones demográficas - metrópolis, megalópolis, etc. - que se han constituido en un verdadero desafío al hombre de estos tiempos, por cuanto con ellas han proliferado los problemas de ambiente, salud, higiene, vivenda, etc., que transtornan los modos de vida clásicos y las estructuras habituales de existencia en "vecindad". El paso de la naturaleza hostil a la muchedumbre anónima de los grandes centros urbanos plantea la necesidad de reconstruir, en todas las escalas (humanas, sociales, económicas, políticas, espirituales, etc.), el tejido social si no queremos que el aislamiento y la nueva soledad - por una parte - y la inadaptación organizativa del municipio, de la ciudad - por la otra - destruyan al hombre. Debemos tratar de salvar al individuo, antes de que sea demasiado tarde, del acecho de una industrialización-mecanización que lo prive de iniciativa e imaginación y lo aglutine en condiciones de vida no siempre recomendables para los que pensamos que el bien común, la solidaridad y la justicia social son valores realizables aquí y ahora. Es así que reconocemos la necesidad de redimensionar, revitalizar y readaptar el "municipio" como unidad política y a la "ciudad" como unidad social”.

141 O êxodo rural é o termo pelo qual se designa o abandono do campo por seus habitantes que, em busca de

melhores condições de vida, se transferem de regiões consideradas de menos condições de sustentabilidade a outras, podendo ocorrer de áreas rurais para áreas rurais, ou de áreas rurais para centros urbanos. Destaque-se que a diferença entre a propriedade rural e a propriedade urbana é que na rural ela tem como característica o

O êxodo rural no Brasil ocorreu em grandes proporções, nos idos dos séculos XIX e XX. Durante várias épocas, o êxodo rural esteve ligado à terra (açúcar, café, extração da borracha, etc). Todavia, sempre teve características marcantes que o acompanharam, como a miséria de milhões de retirantes e suas mortes aos milha- res, de fome, de sede e de doenças ligadas à subnutrição.142

A industrialização e a favelização são fenômenos que tiveram início na década de cinqüenta, gerando outra onda de migração, sendo os retirantes oriundos da área rural para as grandes cidades de diversos pontos do Brasil. As indústrias necessitavam de mão de obra especializada. Os retirantes não possuíam qualifica- ção para o aproveitamento como operários. Tal fator deu início à aceleração da mi- séria, da criminalidade, da prostituição e da promiscuidade nas periferias das gran- des cidades, que já sofriam com o excesso populacional.143

O êxodo rural no Brasil ainda permanece até os dias atuais e é possível concluir que: o agricultor deixa o campo devido ao empobrecimento e pela falta de

não crescimento, só terá aquela dimensão, número de alqueires e para dela se tirar proveito é necessário inves- tir. Depende do trabalho que nela é desenvolvido para se obter resultado. A urbana tem como característica o crescimento. Está sempre sujeita à especulação imobiliária onde os investidores vivem às custas das camadas mais sofridas, visando lucro.

142 Alguns fatos históricos destacaram-se como provocadores do êxodo rural. No início da colonização no Brasil,

a economia era baseada no extrativismo e na monocultura. O registro que se encontra é iniciado em 1532 com o ciclo da cultura da cana de açúcar. O plantio da cana de açúcar gerou um imenso desmatamento da área da mata atlântica na região nordeste. Em 1628, existiam em funcionamento no Brasil, aproximadamente mais de du- zentos engenhos de cana de açúcar localizados no nordeste, responsáveis pelo emprego de milhares de pessoas que desenvolviam o seu labor atuando no plantio, cultura, queima, corte, colheita, transporte e esmagamento do vegetal (cana de açúcar). No Sul, em 1727, Francisco de Mello Palheta trouxe as primeiras sementes de café ao país, tendo seu ciclo e causando o êxodo de massas humanas e grande desenvolvimento. Nessa mesma época, na região Norte (Amazônia), o francês Charles Marie la Condamine, em 1735, descobriu a borracha. Esse fato, igualmente, ocasionou a locomoção de retirantes para o trabalho na produção. O ano de 1879 marcou o Nord- este com uma grande seca que atingiu toda a região. Praticamente extinguiu-se toda a agricultura e a criação de gado. Tal fato gerou um grande êxodo rural. A seca proporcionou a chegada dos retirantes em São Paulo acompanhada da desnutrição. O êxodo nordestino seguiu em direção ao Sul, chegando em São Paulo. O fluxo migratório passou por uma mudança de sentido. O êxodo da massa populacional foi se direcionando aos pou- cos para a região amazônica, onde os retirantes se tornaram seringueiros, iniciando largo ciclo extrativista. O ano de 1880 é característico, pois, Manaus tornou-se líder mundial na exportação de borracha. Todavia, em 1906 essa exportação entrou em queda violenta. O êxodo rural iniciou naquela região, em direção ao Sul. Desta feita, a rota utilizada avançou pela região central. Com o início da construção de Brasília em 1957, o êxodo rural de diversos pontos do país, parte em direção ao planalto central.

143O êxodo rural também ocorreu na época da ditadura. Após o golpe militar de 1964, um grande movimento de

massa populacional aconteceu, influenciado pela propaganda institucional, que propalava o crescimento do Brasil e a erradicação da pobreza.

uma política agrária que possibilite a sua permanência na lavoura, com uma vida digna para si e seus familiares.

A urbanização é uma realidade mundial e o êxodo rural ocorre porque o homem do campo busca e espera encontrar na cidade uma maior qualidade de vida, com educação, saúde, trabalho digno, moradia e ascensão social, pois nos di- as atuais o que se registra é o empobrecimento dos agricultores.

Na qualidade de fenômeno mundial, se a urbanização é indicativo de desenvolvimento, que ela seja realizada, então, de forma includente, não permitindo que milhares ou até milhões de pessoas sejam deixadas à margem das benesses do progresso.

Pode-se afirmar, que no Brasil, o êxodo rural é fuga, sonho e ilusão de dias melhores na cidade, onde se espera encontrar dignidade e qualidade de vida, que são requisitos de uma verdadeira cidadania. Todavia, não se pode ignorar que, com a existência de políticas governamentais, os atributos que emprestam dignidade e qualidade de vida às pessoas, podem também ser desenvolvidos no campo, atra- vés de uma política agrária devidamente planejada.

Concluindo, o êxodo do homem do campo para a cidade, provoca um outro fator de relevante importância: a perda dos costumes campestres, o esqueci- mento das culturas e tradições locais transmitidas gerações após gerações. A perda da identidade do homem campesino contribui par e passo para o enfraquecimento de nossas tradições e nossa cultura.

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