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28. Además de esta regulación de la estructura estatal la Constitución determina los procedimientos que deben

5.1. Qualidade de vida (I)

5.1.1. Um novo direito fundamental

O combate às formas de degradação ambiental passou a ser uma pre- ocupação de todos, e assim se posiciona José Afonso da Silva sobre a questão: “A proteção ambiental, abrangendo a preservação da Natureza em todos os seus elementos

essenciais à vida humana e à manutenção do equilíbrio ecológico, visa tutelar a qualidade do meio ambiente em função da qualidade de vida, como uma forma de direito fundamental da pessoa humana. Encontramo-nos, assim, como anota Santiago Anglada Gotor, diante de uma nova proteção do direito à vida, pois neste há de incluir-se a manutenção daquelas condições ambientais que são suportes da própria vida, e o ordenamento jurídico, a que compete tutelar o interesse público, há que dar resposta coerente e eficaz a essa nova ne- cessidade social” (grifado no texto).301

A Constituição Portuguesa de 1976 (anterior a da União Soviética), deu formulação moderna ao tema, estabelecendo a relação do meio ambiente com o di- reito fundamental à vida, inclusive em suas alterações posteriores.302 Informa ainda o autor que o último dispositivo que atribui ao Estado a melhoria progressiva e acele- rada da qualidade de vida tem sua fonte imediata no artigo 45 da Constituição Espa- nhola que, ao cuidar do direito de desfrute do meio ambiente e sua tutela, em seu item 2, prevê igualmente a proteção e a melhora da qualidade de vida.303

301 José Afonso da Silva, Direito Ambiental Constitucional, p. 58.

302 José Afonso da Silva, Direito Ambiental Constitucional, p. 45: “1. Todos têm direito a um ambiente de vida

humana, sadio e ecologicamente equilibrado e o dever de o defender. 2. Incumbe ao Estado por meio de orga- nismos próprios e por apelo a iniciativa populares: a) prevenir e controlar a poluição e os seus efeitos e as for- mas prejudiciais de erosão; b) ordenar o espaço territorial de forma a construir paisagens biologicamente equi- libradas; c) criar e desenvolver reservas e parques naturais e de recreio, bem como classificar e proteger paisa- gens e sítios, de modo a garantir a conservação da Natureza e a preservação de valores culturais de interesse histórico ou artístico; d) promover o aproveitamento racional dos recursos naturais, salvaguardando a sua capa- cidade de renovação e a estabilidade ecológica. 3. O cidadão ameaçado ou lesado no direito previsto no n. 1 pode pedir, nos termos da lei, a cessação das causas de violação e a respectiva indenização. 4. O Estado deve promover a melhoria progressiva e acelerada da qualidade de vida de todos os portugueses”.

Pode-se notar que muitos desses dispositivos da Constituição Portu- guesa, assim como o dispositivo da Constituição Espanhola vão ao encontro de parte dos requisitos exigíveis para uma cidade sustentável, e por decorrência lógica, embasam a qualidade de vida do homem na cidade.

Da mesma forma, não se pode olvidar as disposições contidas sobre o tema nas convenções e tratados internacionais sobre o meio ambiente.A Declara- ção do Meio Ambiente, adotada na Conferência das Nações Unidas (Estocolmo/ junho de 1972), apresentou princípios que passaram a constituir a continuidade da Decla- ração Universal dos Direitos do Homem, inclusive influindo na elaboração do capí- tulo sobre o meio ambiente na Constituição Brasileira de 1988. Dos seus 26 princípi- os, destacar-se-ão apenas aqueles que dizem respeito direto à qualidade de vida. O Princípio 1 do texto faz remissão expressa: “...condições de vida adequada em um meio

cuja qualidade lhe permite levar uma vida digna e gozar de bem estar...”. O Princípio 8 as- sim se posiciona: “...assegurar ao Homem um ambiente de vida e trabalho favorável a criar na Terra condições favoráveis para melhorar a qualidade de vida”. O Princípio 11 em seu texto fala em “melhores condições de vida para todos”. No que diz respeito à Conferên- cia das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio de Janeiro de 3 a 14 de junho de 1992), dita Conferência acrescentou novos princípios, dos quais destacamos: Princípio 1: “...do princípio de que os seres humanos estão no centro das

preocupações com o desenvolvimento sustentável e têm direito a uma vida saudável e pro- dutiva, em harmonia com a natureza”. Nesse primeiro Princípio depreende-se a correla- ção de dois direitos fundamentais do homem: o direito ao desenvolvimento e o di- reito a uma vida saudável. Já o Protocolo de Quioto busca o combate do efeito es- tufa, dentre outras disposições, como meio para se melhorar a qualidade de vida no planeta.304

Ao se deparar, nesses documentos, com a tutela do meio ambiente como forma de preservar o direito à vida – na forma de qualidade de vida – tem-se um motivo a mais para entender qualidade de vida como direito fundamental, através de

303 José Afonso da Silva, Direito Ambiental Constitucional, p. 45.

304 Vide, ainda In José Afonso Da Silva, Direito Ambiental Constitucional, pp. 58/68, os apontamentos sobre a

Declaração do Meio Ambiente, adotada pela Conferência das Nações Unidas em Estocolmo, junho de 1972; a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento no Rio de Janeiro de 3 a 14 de Junho de 1992; e o Protocolo de Quioto celebrado em dezembro de 1997.

Tratados e Declarações internacionais, onde um dos instrumentos para a sua con- cretização é o meio ambiente, também direito fundamental decorrente direto do di- reito à vida.

A qualidade de vida, conforme já visto anteriormente, é objetivamente um valor maior, mas não só em sede ambiental como sadia qualidade de vida. É um valor maior, pois irradia por todo o texto constitucional (não só da Carta Brasileira, mas outras de várias Nações) e pelas Declarações e Tratados Internacionais (em especial os subscritos pelo Brasil), afastando de vez a conotação adjetiva de modo ou nível de vida, para assumir o papel do direito fundamental que tutela o bem-viver do ser hu- mano.

Muitos são os requisitos que constituem a qualidade de vida e todos eles estão ligados de maneira estreita e inseparável ao direito fundamental à vida

(art. 5º, CF). Nessa condição, pela ligação indissociável com o direito à vida, por força de uma interpretação sistemática do art. 5º com o art. 225, ambos da Lei Funda- mental, pela conjugação obrigatória com os fundamentos da República e seus obje- tivos fundamentais, os direitos individuais e coletivos, os direitos sociais, e mais, obedecendo-se, sempre, o princípio da dignidade humana em seu aspecto material, teremos o adensamento de um conceito de qualidade de vida como direito funda- mental.

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