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5. A INTELIGÊNCIA DO RELACIONAMENTO ENTRE A ICT E A INDÚSTRIA

5.2 As diretrizes que devem estar presentes no relacionamento entre ICT e indústria

5.2.4 A importância dos direitos de propriedade intelectual (PI)

É significativa a frase de Elihu Thomson, presidente do MIT (Massachussets Institute of Technology), de 1921 a 1923, e paraninfo de uma turma de formandos de 1920, do MIT:

“Publiquem uma invenção livremente, e quase certamente ela morrerá por falta de interesse no seu desenvolvimento, e o mundo não poderá usufruir os benefícios dela resultantes. Ao contrário, patenteiem-na e, se ela for valiosa, será aproveitada e desenvolvida, gerando um novo produto ou negócio”.

A questão da propriedade intelectual é vital para o processo de inovação tecnológica (Atrasas et al., 2003). Em sua análise dos fatores de desenvolvimento tecnológico e regional em Portugal e Espanha, concluem que os avanços conseguidos pela Espanha nos últimos vinte anos têm muita relação com o avanço na legislação de propriedade intelectual e na

capacidade do Estado sinalizar claramente para iniciativa privada os passos em direção à construção da competitividade.

Tabela 6: Patentes do CTBE originadas na parceria com a indústria Fonte: Elaboração própria, através de levantamento interno ao CTBE.

SITUAÇÃO TÍTULO TITULARES depósitos no Brasil (INPI)

BR 10 2015 017256 7 BR 102015031985-1 BR 10 2016 006587 9 CNPEM e FUCS CNPEM CNPEM PI1103567-6 CNPEM e BP CNPEM CNPEM CNPEM CNPEM e Unicamp CNPEM CNPEM e Unicamp CNPEM e Embrapa CNPEM BR 10 2013 018051-3 BR 102013028068-2 BR 102013029947-2 BR 10 2014 002 982-6 BR 102014030175-5 BR 102013006389-4 e BR 10 2013 026715-5 BR 10 2012 026872 8 e BR 10 2013 026715-5 BR 10 2013 029944 8 BR 102013005854-8 BR 102013006864-0

MÓDULO DE ESTEIRAS PARA COLHEITA DE CANA DE AÇÚCAR E PROCESSO DE COLHEITA

COMPOSIÇÃO DE ENZIMAS LIGNOCELULOLÍTICAS, MÉTODO DE CONVERSÃO ENZIMÁTICA E VETOR DE EXPRESSÃO DE UMA SUPERÓXIDO DISMUTASE

DISPOSITIVO TRANSPORTADOR-SEPARADOR DINAMOMÉTRICO ACOPLÁVEL A UMA COLHEDORA DE CANA-DE-AÇÚCAR E PROCESSO DE TRANSFERÊNCIA DE REBOLOS E PALHA DA COLHEDORA PARA UM VEÍCULO DE

TRANSPORTE

MICRORGANISMO RECOMBINANTE E MÉTODO PARA A PRODUÇÃO DE BUTANOL

ESCOADOR DE ESPUMAS, PROCESSO DE TRANSFERÊNCIA DE ESPUMAS GERADAS NA INDUSTRIA E SISTEMA DE FERMENTAÇÃO

ROLO TOMBADOR-LEVANTADOR, MÓDULO DE COLHEITA E PROCESSO DE ALIMENTAÇÃO DE COLHEDORAS DE COLMOS

MÓDULO PARA DOSAGEM DE CANA SEMENTE PARA O PLANTIO DE CANA-DE-AÇÚCAR EM PROCESSO DE PLANTIO DE PRECISÃO

CNPEM

CNPEM, Unicamp e

UNESP COQUETEL ENZIMÁTICO DE TRICHODERMA HARZIANUM SUPLEMENTADO COM

ENZIMAS ACESSÓRIAS, PROCESSO DE OBTENÇÃO E SEU USO COMPOSIÇÃO DE MEIO DE CULTURA, PROCESSO DE OBTENÇÃO DE UM COQUETEL

ENZIMÁTICO PARA HIDRÓLISE DE POLISSACARÍDEOS E SEUS USOS ENZIMA BIFUNCIONAL UTILIZADA NA DEGRADAÇÃO DE BIOMASSA PARA PRODUÇÃO DE

XILOSE EM UMA ÚNICA OPERAÇÃO

PROCESSO E EQUIPAMENTO PARA FERMENTAÇÃO CONTÍNUA MULTIESTÁGIO COM RECUPERAÇÃO, REATIVAÇÃO E RECICLO DE FERMENTO PARA OBTENÇÃO DE

VINHOS COM ALTO TEOR ALCOÓLICO

PROCESSO DE PRODUÇÃO DE ENZIMAS COM O FUNGO FILAMENTOSO PENICILLIUM ECHINULATUM PARA USO EM HIDRÓLISE ENZIMÁTICA DE BIOMASSA LIGNOCELULÓSICA

PROCESSO PARA CONVERSÃO SIMULTANEA DO BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR UTILIZANDO REATORES UHTST

SISTEMA E PROCESSO PARA MONITORAMENTO DE PROCESSOS DE FERMENTAÇÃO

Licenciada à Optolink Em negociação Em negociação Em negociação Licenciada à Jacto Licenciada à Jacto Em negociação

Licenciada à British Petroleum

Em negociação Licenciada à Jacto

Em negociação

Em negociação

Licenciada à British Petroleum

Licenciada à Jacto

Propriedade intelectual é uma ferramenta para fomentar inovação. Propriedade intelectual está presente por causa de seu valor incontestável como ativo de negócio e instrumento para se obter objetivos humanitários (da sociedade). Visto que invenções podem

tornar-se proprietárias e, portanto, pertencentes a alguém e vendidas, muitos indivíduos têm sido encorajados a investir nelas e a inovar, baseados no potencial de lucro das tecnologias resultantes. Mas, porque proteger a PI, por definição, exclui competidores e encoraja altos preços, a proteção da PI limita e, em alguns casos, pode evitar totalmente, o acesso por alguns indivíduos e populações. Há muitas formas, entretanto, da PI ser distribuída, utilizada e colocada a serviço do interesse da sociedade. Consequentemente, a PI não deve ser temida nem cegamente abraçada; ao invés, deve ser administrada para maximizar os benefícios da inovação para toda a sociedade (KRATTIGER et al., 2007).

Direitos de PI são direitos concedidos a inventores ou responsáveis por qualquer criação do intelecto, nos campos industrial, científico, literário e artístico. Tais direitos evitam a utilização, cópia ou venda, sem a autorização do detentor. São, portanto, instrumentos de negócio, que visam a negociação do conhecimento. Os direitos de PI assumiram considerável importância na sociedade contemporânea em função da relevância que o conhecimento também assumiu. Devido a isto nossa era é conhecida como a era da informação ou era do conhecimento (DI GIORGIO, 2005).

Segundo definição da Organização Mundial de Propriedade Intelectual (WIPO, 2015), a Propriedade Intelectual está dividida em duas categorias: Propriedade Industrial, que inclui as patentes (invenções), marcas, desenho industrial e indicação geográfica, e Direitos Autorais abrangendo trabalhos literário e artísticos, bem como cultura imaterial como romances, poemas, peças, filmes, música, desenhos, símbolos, imagens, esculturas, programas de computador, internet, entre outros.

No Brasil (CNI, INPI 2010; Mendes, 2015), a propriedade intelectual está dividida em três categorias principais do direito, destacados na Figura 11.

Di Giorgio (2005) aponta alguns motivos para as ICTs protegerem os resultados de pesquisas por meio da propriedade intelectual:

• Proporcionar aos parceiros industriais e investidores a garantia de reserva de mercado, em qualquer lugar do mundo, contra produtos nacionais e estrangeiros.

• Atrair capital e garantir retorno dos investimentos aos seus parceiros investidores, bem como à ICT.

• Evitar que outros se apropriem do invento, impedindo a ICT de protegê-lo e seus parceiros de utilizá-lo.

• Evitar que a tecnologia caia em domínio público, por divulgação, tornando o mercado de livre concorrência.

• Tornar possível a negociação do conhecimento com a indústria e outros investidores.

• Possibilitar que tecnologias geradas nas ICTs cheguem ao mercado.

Determinar com segurança o negócio: o que será produzido, onde e quando, em função da entrada com as patentes nos países de interesse.

Figura 11: Formas de proteção de propriedade intelectual Fonte: CNI e INPI (2010), Mendes (2015).

A existência de uma legislação de propriedade intelectual é fundamental para possibilitar a devida proteção das tecnologias. Conforme mencionado anteriormente nesta sessão, a mudança na legislação da PI acarretou forte avanço na Espanha. Um exemplo brasileiro que também demonstra esta afirmação foram os impactos ocorridos na indústria de fármacos no Brasil, após a promulgação da atual Lei de Propriedade Industrial - LPI (Lei nº. 9.279/96), que entre outras mudanças, voltou a permitir o patenteamento de processos e produtos na área de fármacos. Suster (2009), como resultado de análise realizada no período de 1987 a 2005, constatou que o volume de depósito de patentes nesta área no Brasil passou

de 2.404 no período anterior à LPI para 21.642, após a entrada em vigor da LPI, apesar da grande maioria destas patentes ter sido de não residentes.

Conforme mencionado anteriormente, as empresas só investem em P&D&I se tiverem a expectativa de obter retorno destes investimentos. Para isto, precisam competir com sucesso no mercado global, o que dificilmente será conseguido sem a proteção da PI. Tornar possível a proteção do conhecimento é, portanto, fundamental para que haja investimentos em P&D e, consequentemente, inovação, desenvolvimento tecnológico e da economia de um país.

Outros autores reforçam isto e ainda afirmam que os mecanismos de proteção da PI são importantes a todas as partes em uma parceria de P&D, tanto para o background IP18 como do foreground IP19, e que a proteção da PI também aumenta o poder de barganha do detentor e facilita a revelação de informações, sendo esta última vital, tanto para a formação da parceria como para o desenvolvimento bem sucedido do projeto de P&D (HERTZFEL et al., 2006).

Com vistas ao exposto acima, a diretriz número cinco é:

Diretriz no 5: As partes envolvidas na parceria devem buscar a proteção da PI visto que

esta é um instrumento chave para assegurar o retorno justo sobre seus investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação.