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6. ESTUDOS DE CASO

6.2 Caso 2: Produção de etanol 2G

Este projeto contempla o desenvolvimento da rota de conversão de biomassa (bagaço e palha) proveniente de cana-de-açúcar em bioetanol, empregando-se a tecnologia de hidrólise enzimática. O projeto contempla todas as etapas de produção do etanol 2G.

Desenvolver esta rota, viável técnica e economicamente, é um grande desafio, pois, até hoje, não há plantas comerciais operacionais em todo o mundo.

O valor do Projeto é de R$24.305.322,00, a duração é de 3 anos e 3 meses (com encerramento previsto para julho de 2017) e os parceiros são a Dow Brasil Sudeste Industrial Ltda. (Dow), a DSM South America Ltda, posteriormente substituída pela DSM Biotecnologia Ltda (DSM) e o BNDES (diretriz no 1).

A Dow utilizaria os resultados do projeto em conjunto com sua parceira, a trading japonesa Mitsui & Co. Ltda, para produzir plástico verde (polietileno) a partir do etanol de cana-de-açúcar, em um complexo idealizado em Santa Vitória (MG) (diretriz no 1). A DSM seria a responsável por comercializar o processo de produção de etanol 2G, resultante do projeto, o qual inclui suas enzimas e leveduras de fabricação própria (diretriz no 13).

A Dow tem desenvolvido tecnologias, métodos e processos destinados: ao cultivo, colheita, armazenamento, manipulação e moagem (mecânica ou por difusores) de cana-de-

açúcar; à tecnologia de fermentação de primeira geração para conversão de sacarose de cana- de-açúcar em etanol de grau industrial; à purificação do etanol para usos subsequentes; ao aprimoramento da utilização de resíduos no solo e/ou como fertilizantes.

A DSM tem desenvolvido: tecnologias de desenvolvimento e produção de enzimas para conversão de celulose e hemicelulose em açúcares C5 e C6; tecnologias de desenvolvimento e produção de leveduras para o processo de fermentação subsequente de açúcares em etanol celulósico; unidade de fabricação local de enzimas e leveduras (OSM – On Site Manufacture); tecnologia de processo relacionada à hidrólise, fermentação e sua aplicação à produção de etanol celulósico.

A Dow tem em seu portfólio mais de cinco mil soluções para áreas diversas como Energia Alternativa, Automotivo e Transportes, Engenharia Civil e Construção, Revestimentos e Adesivos, Eletrônicos e Eletrodomésticos, Produção e Armazenamento de Energia, Limpeza Doméstica e Industrial, Fibras, Têxteis e Calçados, Alimentos Funcionais, Papel e Celulose, Pisos e Carpetes, Móveis e Estofados, Saúde e Medicina, Petróleo e Gás, Processamento Químico, Cuidados Pessoais, Água, Fios e Cabos e Embalagens.

A Dow busca produzir bicombustíveis e produtos químicos a partir de fontes renováveis, para a substituição do petróleo e de seus derivados. A cana-de-açúcar representa uma grande fonte de matéria-prima renovável e o Brasil detém este recurso em abundância. A Dow está investindo em oportunidades relacionadas a este segmento, com projetos para produzir componentes químicos utilizando o etanol proveniente da cana-de-açúcar.

A Dow possui experiência em processos químicos, solventes, separação de materiais, entre outras tecnologias, e busca, constantemente, oportunidades de desenvolver soluções inovadoras e sustentáveis para o mercado. Conta com profissionais graduados, mestres e doutores e possui diversos laboratórios de P&D, divididos por unidades de negócio. As unidades de negócio possuem sua própria estrutura de P&D.

A Dow investe aproximadamente 4% de seu faturamento anual em P&D no Brasil. Para suportar as atividades de pesquisa, a empresa Dow possui cinco laboratórios com no Brasil – dois em São Paulo, dois em Jundiaí e um em Mogi Mirim - que integram uma rede de colaboração global de P&D. O mais recente deles foi inaugurado em abril de 2011, em Jundiaí, São Paulo. Trata-se do primeiro centro de aplicações de plásticos do Brasil focado no desenvolvimento de soluções sustentáveis: um local destinado a pesquisas e testes de

produtos para as mais diversas áreas como embalagens especiais para alimentos, filmes e embalagens industriais, embalagens rígidas e soluções para o mercado de tubos de polietileno (tubos de pressão, distribuição de água e irrigação). Ao todo, cerca de 200 funcionários estão focados em pesquisa e desenvolvimento no Brasil.

A Dow Brasil Sudeste tem seu controle societário exercido pela Dow Brasil S.A. que, por sua vez, faz parte do grupo internacional The Dow Chemical Company, com sede nos Estados Unidos. O grupo The Dow Chemical Company, que gerencia o portfólio global de propriedade intelectual, possui mais de 2300 depósitos de patente no Brasil.

A DSM Biotecnologia Ltda tem seu controle societário exercido pela DSM International B.V.. A companhia global (DSM International B.V) tem 22.000 funcionários no mundo, dos quais 10% trabalham na área de P&D e vendas anuais líquidas de cerca de € 9 bilhões. No Brasil há cerca de 300 funcionários. A companhia global possui atividades nas áreas de saúde, nutrição e materiais.

De acordo com a empresa, a DSM atua em biotecnologia há mais de 100 anos e tem como missão oferecer soluções para melhor alimentar, melhor proteger e melhorar a performance do setor de energia alternativa, químicos verdes, saúde e nutrição humana e animal, dispositivos médicos, produtos cosméticos e farmacêuticos, tintas e revestimentos.

A DSM tem 200 sites no mundo, mais da metade sendo sites de produção. No Brasil, a DSM tem duas plantas no Estado de São Paulo.

No projeto em parceria com o CTBE/CNPEM, o BNDES se comprometeu com o financiamento de 90% do seu valor total, através do instrumento Funtec (instrumento de colaboração financeira não reembolsável) (diretriz no 2). A Dow e a DSM comprometeram-

se em contribuir com uma contrapartida de 5% cada uma, o que se supõe fortemente que não teria ocorrido, sem os investimentos do Funtec (diretriz no 2). As contrapartidas das duas empresas foram financeiras. Além dos aportes financeiros, a Dow e a DSM também se comprometeram a fornecer seus próprios recursos humanos e laboratoriais para o projeto, às próprias custas, para a execução de atividades do projeto. A participação do CNPEM/CTBE foi realizada na forma de aporte de recursos humanos e infraestrutura laboratorial necessários ao projeto. Na hipótese dos recursos aportados ao projeto pelo BNDES, DSM e CNPEM tornarem-se insuficientes, mas se o projeto ainda for considerado viável pelas três partes, Dow, DSM e CNPEM teriam de aportar os recursos adicionais necessários à sua

conclusão. Dow e DSM deveriam aportar, no mínimo, 20%, dos recursos totais necessários. Esta divisão do risco é importante para a efetivação de uma parceria de sucesso.

A gestão do projeto é feita através um Comitê de Projeto (CP), conforme estabelecido no documento de relacionamento CTBE-indústria, mencionado no Capítulo 4, e de um Comitê de Administração (CA) com funções mais estratégicas e menos operacionais. As principais funções do CP eram: o monitoramento das PIs Pré-existentes26 que estivessem

sendo utilizadas no projeto e atividades operacionais, tais como: definição de equipe, instalações, monitoramento da execução do projeto e preparação da documentação final. As principais funções do CA eram: verificar a viabilidade do depósito de patente da Nova PI27;

avaliar se o uso da PI Pré-existente era aplicável; avaliar se o projeto foi concluído e se obteve êxito; deliberar sobre a necessidade de recursos adicionais aos pactuados inicialmente; preparar o “pacote de PI” que seria licenciado à Dow e DSM. “Pacote de PI” foi a denominação dada ao conjunto formado pela Nova PI mais a PI Pré-existente, por ser um conjunto de tecnologias que compunham todas as etapas de produção do etanol 2G.

Os acordos assinados para a execução do projeto foram:

i. Contrato de cooperação científica e tecnológica, entre Dow, DSM e CNPEM, que trata das condições de execução do projeto de pesquisa e desenvolvimento, da concessão dos direitos de PI e de exploração comercial das PIs resultantes do projeto.

ii. Contrato de concessão de colaboração financeira não reembolsável, entre Dow, DSM, BNDES e CNPEM, referente ao financiamento do Funtec.

As negociações das condições dos acordos com a Dow, DSM e BNDES foram feitas pela autora. Seguem abaixo as principais condições acordadas nestes instrumentos:

Propriedade intelectual (PI):

26 PI Pré-existente: o mesmo que background IP.

27 Nova PI: o mesmo que foreground IP. No segundo estudo de caso inclui também aprimoramentos à PI Pré- existente.

i. O CNPEM/CTBE ficou sendo o detentor de 100% da Nova PI, devido à restrição do Funtec de que empresas que não possuem controle nacional não podem participar da PI (Casos tanto da Dow como da DSM). Portanto, o CTBE não teve de se envolver em negociações com as empresas para aplicar a diretriz no 4, fato que ocorreu automaticamente.

ii. A PI obtida pela Dow, DSM ou CNPEM, após a conclusão do projeto, pertenceria à parte que a gerasse.

iii. Qualquer PI Pré-existente aportada ao projeto deveria pertencer a quem a gerou. iv. Cada uma das partes ficou com a incumbência de manter registros completos e

precisos sobre toda potencial Nova PI desenvolvida no âmbito do projeto. Tais registros deveriam ser disponibilizados às demais partes para uso em depósitos, processamento, defesa e execução de direitos de patentes sobre a Nova PI.

v. O CA ficou sendo o responsável por decidir se a Nova PI deveria ser protegida na forma de patente ou segredo industrial. Além disso, o CA poderia depositar a patente primeiramente e, dentro do período de 18 meses para a publicação, decidir se seria desejável ou não prosseguir com a patente.

vi. A DSM ficou sendo a responsável pela elaboração da redação das patentes referentes à Nova PI em qualquer país. As demais partes deveriam colaborar na elaboração dos conteúdos e o CA deveria aprovar a redação dos textos descritivos dos pedidos. Além da elaboração, as partes também deveriam colaborar no que fosse necessário com relação ao processamento dos pedidos de patente. Cada parte assumiria seus custos referentes ao trabalho conjunto de obtenção do texto das patentes. Este item, bem como os itens iv e v, cumprem o estabelecido na diretriz no 5.

vii. Durante o período de exclusividade (o item “Direitos de Comercialização”, a seguir, mostrará que Dow e DSM foram licenciados com exclusividade), os custos referentes à elaboração, depósito, manutenção e processamento das patentes ou pedidos de patente (POPs) mundialmente seriam da Dow e da DSM em proporção a ser discutida entre estas duas partes. Após o período de exclusividade, estes custos seriam assumidos pelo CNPEM mundialmente.

viii. Durante o período de exclusividade, a DSM ficou autorizada, como representante do CNPEM por procuração, a depositar, processar e manter todas as patentes decorrentes da Nova PI, aprovadas pelo CA, no mundo todo. A DSM teria toda a assistência da Dow e do CNPEM e os envolveria com proximidade, principalmente o CNPEM, que é o titular legal da Nova PI.

ix. Após o término do período de exclusividade, o CNPEM ficou responsável por dar continuidade ao processamento e manutenção das patentes decorrentes da Nova PI no mundo todo, contando com a assistência da Dow e da DSM. A DSM disponibilizaria ao CNPEM todas as informações necessárias para que o CNPEM pudesse dar continuidade aos processamentos iniciados pela DSM durante o período de exclusividade.

x. Em seis meses antes da entrada no PCT28 as partes fariam conjuntamente a seleção

dos países para depósito das patentes (diretriz no 8). O CNPEM poderia, por conta própria, e às próprias custas, depositar, manter e processar as patentes em países que não fossem de interesse da Dow e DSM. Apesar da Dow e DSM terem recebido licença exclusiva e mundial, após o término da exclusividade o CNPEM poderia licenciar terceiros para exploração nestes países.

xi. Durante o período de exclusividade o CNPEM teria o direito de acesso a toda documentação sobre a patentes administradas pela DSM.

xii. Caso o CNPEM decidisse não dar continuidade à manutenção e processamento das POPs em um dado país, a Dow e/ou a DSM poderiam assumir estas ações. Neste caso, os direitos sobre tais POPs, neste país, seriam transferidos para a parte que tivesse interesse em prosseguir com tais ações. Os direitos da outra parte seriam mantidos. Ficou estabelecido que a DSM teria o direito de preferência de manter e processar as POPs. Sendo assim, os direitos sobre as POPs seriam transferidos à DSM e os direitos da Dow permaneceriam inalterados.

28 PCT (Patent Cooperation Treaty): é um acordo de cooperação internacional que envolve mais de 140 países. Aplicando uma patente no PCT, a invenção pode ser protegida simultaneamente em vários destes países através de um único depósito. A concessão da patente depende do escritório de patentes de cada um destes países.

xiii. Violações por terceiros: todas as partes ficaram responsáveis por notificar as demais, além de providenciarem para que qualquer terceiro licenciado também notificasse, sobre qualquer violação referente à Nova PI, de que viessem a ter conhecimento. Se a violação ocorresse durante o período de exclusividade, a DSM daria encaminhamento à execução com o intuito de interromper as atividades violadoras e reivindicar indenização de terceiros. As despesas com a execução seriam assumidas por DSM e Dow. A DSM obteria o consentimento da Dow e do CNPEM para efetuar a execução. Se a violação ocorresse fora do período de exclusividade, nenhuma das partes ficaria com a obrigação de tomar qualquer ação. Ficou a critério do CNPEM ou da Dow e DSM decidirem se desejariam tomar providências para defenderem seus interesses, no sentido de fazer com que o terceiro interrompesse suas atividades violadoras e reivindicar compensação deste terceiro. Caso o CNPEM decidisse instaurar qualquer processo judicial, deveria informar Dow e DSM para que estas pudessem considerar seus envolvimentos e apoiar o CNPEM neste sentido.

xiv. Violações pelas partes: durante o período de exclusividade, se Dow ou DSM ou CNPEM fosse advertido ou processado por um terceiro, com a alegação de que a tecnologia licenciada pelo CNPEM estivesse infringindo seus direitos, as demais partes teriam de ser informadas e caberia ao CNPEM a responsabilidade de fazer a defesa. O CNPEM teria de solicitar permissão da Dow e da DSM para iniciar o processo judicial e os custos seriam assumidos pela Dow, DSM e CNPEM, mediante discussões de boa fé. Findo o período de exclusividade, ficaria a critério do CNPEM entrar com a defesa mediante consulta à Dow e DSM. Ainda assim, Dow, DSM e CNPEM poderiam dividir os custos após discussões de boa fé.

Até o momento (dezembro de 2016) o projeto encontra-se em andamento e nenhuma patente foi depositada.

Direitos de Comercialização

i. A DSM ficou sendo a empresa responsável pela comercialização do pacote de PI através de sublicença a terceiros. Este ponto é importante: através da DSM todo o

processo de produção de etanol 2G será disponibilizado ao público, não ficando restrito a uma empresa somente, conforme sugerido na diretriz no 13. A diretriz no 12, portanto, não se aplica, dado que o projeto foi executado em parceria.

ii. No caso de o projeto ser concluído com sucesso, a DSM e Dow receberão licença exclusiva, intransferível e mundial por 13 anos (diretriz no 7), a partir da conclusão do projeto, para explorar e comercializar a Nova PI. A licença mundial, que não segue a diretriz no 8, não foi a proposta inicial do CTBE. O CTBE propôs licença

na área de aplicação de “etanol combustível” com um prazo de dois anos para as empresas escolherem os países de exploração. Estas condições foram aceitas pela Dow e DSM do Brasil e aprovadas pelo BNDES. Entretanto, somente após o acordo ter sido aceito por todas as partes a DSM o levou para apreciação da sua matriz na Holanda. Aí entrou em cena um jurídico internacional com muitas restrições, outra legislação, etc., tornando a negociação bastante difícil. A grande maioria dos pontos acordados previamente foram revistos, o que estendeu em muito o tempo previsto na negociação e esgotou a paciência das partes, que tinham um cronograma a cumprir. Com muitas idas e vindas do acordo entre as partes, o campo de atuação acabou sendo perdido e o CTBE aceitou a licença mundial (sem limitação territorial). Para este projeto específico, entretanto, a licença mundial não deverá gerar impactos negativos, dado que a tecnologia do projeto está sendo concebida para a biomassa de cana-de-açúcar e, segundo as equipes técnicas do CTBE, dificilmente terá aplicabilidade a biomassas de outros países (isto é uma suposição, dado que a tecnologia não foi testada para outras biomassas). Além disso, para a biomassa de cana-de-açúcar, o maior mercado está no Brasil. Por estes dois motivos conclui-se que as chances do CTBE licenciar outros parceiros em outros países seriam relativamente baixas e que não haveria prejuízos ao CTBE ou à sociedade em conceder às empresas parceiras exclusividade em quaisquer áreas geográficas. Com relação à limitação da área de aplicação, o mesmo não pode ser garantido, dado que o pacote tecnológico é um processo completo, com várias etapas, para as quais é difícil dizer que não haja outras aplicações. O pré- tratamento, por exemplo, deve ter amplas aplicações em outras áreas da bioeconomia.

iii. Com relação a melhorias à PI Pré-existente da Dow e da DSM, CNPEM concedeu à Dow licença exclusiva e à DSM, licença exclusiva com direito a sublicença, durante 20 anos, para exploração e/ou comercialização destas melhorias, a partir da data de conclusão do projeto.

iv. Caso o projeto não seja bem sucedido tecnicamente ou economicamente, ainda assim tanto a Dow como a DSM poderão ter interesse em receber licenças de partes do projeto que, eventualmente, tenham apresentado êxito. As partes do projeto previstas para licenciamento foram: pré-tratamento, fermentação, hidrólise, separações sólido-líquido e biomassa.

v. O CNPEM concedeu à Dow e à DSM licença não exclusiva, intransferível e mundial sobre sua PI-Pré-existente (diretriz no 12), tal como complexos enzimáticos desenvolvidos no CTBE, para execução das atividades do projeto e para a exploração comercial do pacote tecnológico envolvendo a Nova PI. A demonstração do background IP (diretriz no 14) seria feita à medida que este se

tornasse necessário ao projeto, através do fornecimento dos dados das patentes correspondentes e/ou outros documentos (como acordos com outras ICTs ou cadernos de laboratório, que possam demonstrar a geração do background IP fora do projeto corrente. A disponibilização da PI pré-existente do CTBE em caráter não exclusivo possibilitará ao LN continuar a utilizar esta PI em projetos com outros parceiros da indústria.

vi. Dow e DSM se comprometeram em informar às demais partes quais de suas PI Pré-Existentes, tais como enzimas e leveduras da DSM, seriam disponibilizadas para a execução do projeto e concederam às demais partes o direito não exclusivo, gratuito e mundial de utilizar a PI Pré-existente unicamente para execução de atividades do projeto. As regras de confidencialidade do CTBE asseguram que o material biológico da DSM será mantido em local seguro (sem acesso a terceiros), não será analisado e será destruído ao final do projeto (diretriz no 6).

vii. Findo o período de exclusividade, Dow e DSM continuarão a ter direito à licença, porém não exclusiva, intransferível, perpétua e mundial, com direito à sublicença pela DSM.

viii. Caso o projeto seja bem sucedido, a Dow e a DSM trabalharão no sentido de comercializar a Nova PI dentro de um período de sete anos, contados da conclusão do projeto. Caso Dow e DSM não consigam cumprir este prazo, perderão a exclusividade após este período (diretriz no 9).

ix. Caso Dow e DSM desejassem ceder seus direitos de comercialização a terceiros ou a empresas afiliadas, deveriam pedir consentimento ao CNPEM e ao BNDES e tais terceiros estariam sujeitos às mesmas condições tratadas com Dow e DSM. A empresa cedente ficaria responsável por qualquer descumprimento e/ou inadimplemento causado por sua afiliada.

Valoração e partilha de benefícios:

A valoração do pacote tecnológico foi o que justificou e viabilizou a parceria, pois demonstrou às empresas parceiras, que tinham a intenção de comercializá-lo, que era mais atrativo economicamente a um produtor de etanol investir em um projeto de produção de etanol 2G do que em bioeletricidade (diretriz no 19).

A valoração foi feita utilizando-se a plataforma de simulação do CTBE, modelada em ASPEN, denominada Biorrefinaria Virtual de Cana-de-açúcar (BVC) (BONOMI et al., 2016). Dado que o produto concorrente imediato do etanol de 2G, a partir do aproveitamento da biomassa do bagaço e palha da cana-de-açúcar, é a cogeração de eletricidade, o valor da tecnologia de etanol 2G é dada pela diferença entre os valores (VPL) de um empreendimento produzindo etanol 2G e outro produzindo eletricidade. Na BVC, o empreendimento de produção de etanol 2G foi modelado como uma usina de 2G integrada a uma destilaria 1G otimizada. Já o empreendimento de produção de eletricidade foi modelado como uma destilaria de 1G autônoma, na qual a produção de eletricidade era maximizada através da queima de todo o material lignocelulósico nas caldeiras. Os resultados são apresentados na Tabela 13 e os parâmetros adotados nas simulações dos processos 1G e 2G, nas Tabelas 14 e 15.

Tabela 13: Resultados das simulações na BVC, visando a valoração da tecnologia no projeto