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4. A CRIAÇÃO DO CTBE E SUA ESTRUTURA FUNCIONAL

4.1. Concepção da estrutura funcional do CTBE

O CTBE foi criado com as seguintes missão e visão:

Missão

Contribuir para a liderança brasileira no setor de fontes renováveis de energia e de insumos para a indústria química, em especial, o desenvolvimento da cadeia produtiva do bioetanol de cana-de-açúcar, por meio de pesquisa, desenvolvimento e inovação na fronteira do conhecimento.

Visão

Um reconhecido Laboratório Nacional dedicado ao avanço do conhecimento e do estado-da-arte da produção de etanol de cana-de-açúcar.

Os gargalos apontados pelo estudo do CGEE motivaram a criação de Programas que constituíram os eixos de atuação do CTBE, conforme representado na Figura 6.

Figura 6: Representação dos Programas do CTBE e suas interações. Fonte: CTBE a (2011).

Cada Programa possuía um Diretor. A seguir, é feita uma breve descrição de como eram inicialmente os Programas do CTBE:

Programa Agrícola (PAG)

Como cerca de 70% do custo do etanol está na fase agrícola, era esperado que este programa tivesse forte impacto na cadeia produtiva. Tendo como principal objetivo viabilizar o plantio direto de cana-de-açúcar, o Programa foi concebido para desenvolver

uma Estrutura de Tráfego Controlado (ETC), equipamento responsável por todas as operações do ciclo agronômico da cana, tais como plantio, colheita, nutrição e recuperação parcial da palha. Dentre os principais benefícios da ETC estavam: redução do tráfego de maquinário sobre o canavial, do gasto com combustíveis no campo e do nível de compactação e erosão do solo. Este projeto atualmente (2015) ainda se encontra em execução e conta com apoio do BNDES/FUNTEC e da Máquinas Agrícolas Jacto S. A., com matriz situada em Pompéia, SP. Trata-se de um projeto de 16 milhões de reais, dos quais o BNDES financiou 90%, para realização em 4 anos). O Programa também visava explorar os benefícios da agricultura de precisão, tema discutido em conjunto com a Embrapa. Os resultados deste Programa seriam transferidos para a indústria.

Programa Industrial (PIN)

Visava pesquisa e desenvolvimento para tornar disponíveis sistemas físico-químicos e biológicos que pudessem transformar a biomassa em outros produtos, tais como: combustíveis, intermediários químicos e eletricidade, sendo que o foco principal estava no etanol de segunda geração. Era previsto que a utilização do bagaço e palha de cana-de-açúcar aumente a produtividade do etanol em 40%, em termos de litros de etanol por hectare. Porém, para que a tecnologia de produção do etanol celulósico viesse a ser economicamente viável, havia ainda um longo caminho de pesquisa e desenvolvimento, relacionado ao desenvolvimento desta tecnologia.

Para executar este Programa, o CTBE implementou laboratórios de P&D e uma Planta Piloto para Desenvolvimento de Processos (PPDP), para ampliação de escala de processos relacionados ao ciclo cana-de-açúcar/etanol e da química verde, até a escala semi-industrial. A ideia era tornar a PPDP disponível a pesquisadores de outras instituições, para que estes também pudessem testar seus experimentos laboratoriais em escalas maiores que melhor representassem as condições operacionais dos processos industriais. Embora focado no etanol de 2ª geração, o CTBE também foi concebido para atuar em assuntos relevantes relacionados à otimização do processo industrial de 1ª geração. Sendo um Programa de pesquisa mais aplicada, visava a transferência de tecnologia para o setor produtivo.

O programa visava a produção de dados para tratar o tema sustentabilidade de forma científica. A demanda pelos chamados “combustíveis verdes” levou algumas nações, principalmente da União Européia e os EUA, a estabelecerem critérios de sustentabilidade para os combustíveis oriundos de biomassa por eles consumidos. Era esperado que tais critérios desencadeassem uma certificação para a produção desses energéticos. Isso indicava que a efetiva sustentabilidade da cadeia produtiva do etanol de cana-de-açúcar era um aspecto essencial para a consolidação deste produto no mercado internacional e doméstico. De fato, a produção do bioetanol somente se justificaria se impactos econômicos e ambientais fossem menores que os de outras fontes energéticas com fins similares, e se existissem benfeitorias reais para todos os segmentos sociais diretamente envolvidos. O PSE possuía como foco principal o estudo dos impactos de novas tecnologias sobre a sustentabilidade da cadeia produtiva cana-de-açúcar/bioetanol.

Programa de Avaliação Tecnológica (PAT)

Este programa foi concebido dada à necessidade de se definir uma estratégia para medir o sucesso das atividades de P&D exercidas pelo CTBE e seus parceiros. Para tanto, o programa visava à concepção do que se chamou “Biorrefinaria Virtual de Cana-de-açúcar – BVC”, plataforma de simulação que integraria toda a cadeia produtiva da cana-de-açúcar. Recebendo informações das fases agrícola, industrial e do uso final dos produtos em avaliação (etanol celulósico e outros produtos da química verde), a BVC permitiria a avaliação da sustentabilidade econômica, social e ambiental da introdução de novas tecnologias na indústria atual.

A Biorrefinaria Virtual de Cana-de-açúcar, também seria utilizada para avaliar o nível de sucesso alcançado pela PPDP no escalonamento de tecnologias, bem como do Programa Agrícola do CTBE, utilizando as metodologias identificadas em conjunto com o Programa de Sustentabilidade. A BVC viria a ser um importante instrumento para avaliação e aperfeiçoamento das atividades de pesquisa do CTBE.

Programa de Pesquisa Básica (PPB)

O Programa de Pesquisa Básica tinha como foco o desenvolvimento científico necessário para contribuir com a solução para os gargalos apontados pelos outros programas

do CTBE, além de possuir uma agenda própria ligada ao ciclo cana-de-açúcar/etanol. Esta agenda estava centrada na produção científica que permitisse avançar o conhecimento sobre fenômenos básicos relacionados à produção do etanol celulósico de cana, desde a fotossíntese até a desconstrução da celulose em açúcares fermentáveis. Estes estudos incluíam a estrutura molecular de carboidratos e proteínas, síntese e degradação de polissacarídeos, metabolismo vegetal, nanotecnologia relacionada aos materiais vegetais, além do aprofundamento em assuntos envolvendo a química verde, conversão de energia química em mecânica, combustão do etanol e outros.

As atividades do CTBE iniciaram-se em 2008 com o planejamento detalhado do Laboratório de modo a identificar e resolver os principais desafios (recursos humanos, institucionalidade, infraestrutura, etc.) para sua implantação. A estratégia de construção dos cinco programas foi, primeiramente, identificar especialistas líderes em cada área (Diretor de Programa). Cada Diretor de Programa formou uma equipe constituída principalmente por pesquisadores e engenheiros, que planejou conceitualmente a forma de atuação e de implantação do Programa. Este planejamento deu origem a documentos detalhados que foram apresentados às comunidades científica e industrial atuantes em cada área por meio de workshops. Nestas ocasiões, os Programas foram avaliados por grupos de cientistas, representantes industriais e por alguns peritos internacionais em cada assunto. Os relatórios fornecidos pelos avaliadores foram estudados pelas equipes dos Programas e as sugestões foram incorporadas ao planejamento original, de forma a garantir que a infraestrutura a ser implantada atendesse aos anseios e necessidades da comunidade externa, futuros usuários do LN.

A forma aberta de implantação dos Programas do CTBE favoreceu a interação do LN com a comunidade externa, inclusive com o setor produtivo. Diversas empresas visitavam e continuam a visitar o LN e identificavam no CTBE oportunidades para desenvolver projetos com potencial de agregar valor aos seus processos por meio de tecnologias mais sustentáveis. A presença efetiva de indústrias no LN era e continua a ser de fundamental importância para que estas novas tecnologias cheguem à sociedade de forma eficiente.

Para organizar o planejamento e a execução destes programas, o CTBE criou uma estrutura de gestão que incluía o diretor do LN, os diretores dos Programas, gestores de

Planejamento Financeiro, Negócios, Capital Humano e Desenvolvimento e Inovação, além da Assessoria de Comunicação, funções estas descritas a seguir:

Gestão de Negócios (GN)

A Gestão de Negócios era e continua atualmente (2015) a ser responsável por criar condições favoráveis à operação do CTBE com a indústria, trabalhando no sentido de proporcionar aos seus parceiros a “liberdade para operar” (Freedom to Operate). Isto incluia: segurança jurídica, propriedade intelectual, confidencialidade, exclusividade, elaboração de políticas, práticas, procedimentos e treinamentos, além da condução de negociações que proporcionassem relacionamentos ganha-ganha e de longa duração. São estes fatores essenciais ao sucesso da transferência de tecnologia e da consequente inovação na indústria.

Gestão de Planejamento Financeiro (GPF)

A Gestão de Planejamento Financeiro era responsável pelo modelo de descentralização orçamentária, que passava por uma cadeia de responsabilidades, visando à governança dos recursos alocados por diretoria de programa. Com este procedimento, cada diretor de programa tinha autonomia para decidir sobre o seu orçamento, no que dizia respeito a recursos humanos, custeio e investimento. A GPF realizava não apenas o acompanhamento da execução orçamentária, mas também disponibilizava aos diretores todas as informações financeiras necessárias à gestão de seus Programas. O sucesso deste modelo dependia fortemente da previsibilidade do ingresso dos recursos orçamentários advindos do MCT.

A GPF, juntamente com GDI (descrito adiante), era responsável pelo acompanhamento físico-financeiro dos projetos desenvolvidos no CTBE, com vistas ao monitoramento das metas estabelecidas no Plano de Metas. Desta forma, preparava os relatórios referentes ao Contrato de Gestão firmado junto ao Ministério de Ciência e Tecnologia, bem como participava da organização financeira dos projetos a serem submetidos a agências de financiamento (FINEP e BNDES, por exemplo).

Gestão de Capital Humano (GCH)

A Gestão de Capital Humano do CTBE era responsável por organizar e coordenar a formação das equipes dos Programas, ajudando os diretores e as comissões técnicas a buscar

os melhores profissionais para cada posição aberta no CTBE. Além disso, participava do dimensionamento destas equipes juntamente com os diretores de Programa e com a Gestão de Planejamento Financeiro. Após o ingresso dos profissionais no CTBE a GCH fazia o acompanhamento do desenvolvimento de cada um e das equipes como um todo, tendo em vista as metas definidas para cada programa e seus desdobramentos em metas individuais.

Gestão de Desenvolvimento e Inovação (GDI)

A Gestão de Desenvolvimento e Inovação era responsável por apoiar o planejamento e gerenciar os projetos que compunham os programas do CTBE, incluindo análise de cronogramas, distribuição e utilização de recursos (humanos e equipamentos), visando a gestão do portfólio de projetos do LN. A GDI, juntamente com GPF, era responsável pelo acompanhamento físico-financeiro dos projetos desenvolvidos no CTBE, com vistas ao monitoramento das metas estabelecidas no Plano de Metas. Como resultado dessas atividades, preparava os relatórios referentes ao Contrato de Gestão firmado junto ao Ministério de Ciência e Tecnologia, bem como participava do planejamento físico dos projetos a serem submetidos a agências de financiamento (FINEP e BNDES, por exemplo).

Assessoria de Comunicação

A Assessoria de Comunicação atuava no planejamento e execução de atividades de comunicação corporativa integrada, marketing e divulgação de pesquisas do CTBE destinadas a distintos públicos: funcionários do CNPEM, representantes do Governo, pesquisadores e empresários do setor de bioenergia (Brasil e exterior) e sociedade civil. A Assessoria era responsável pela produção e manutenção de conteúdo jornalístico para o site do CTBE na internet e redes sociais, participava da organização de eventos científicos e visitas às dependências do LN e atendia a demandas de imprensa, além de atuar em cooperação com a Assessoria de Comunicação do CNPEM em atividades conjuntas.

Além da equipe interna de gestão, o CTBE tinha à sua disposição o suporte da administração central do CNPEM, que compartilhava serviços de interesse comum aos LNs a ele integrados. Este suporte ainda existe atualmente.

O CTBE foi concebido como uma organização sem similar devido ao modelo inovador e à estrutura disponível (8.700 m2 de área construída), com investimentos de implantação da ordem de R$ 70 milhões (até 2010). Com estes investimentos foi implementada a seguinte infraestrutura, existente até os dias de hoje:

• Planta Piloto para Desenvolvimento de Processos (2.500 m2) para o escalonamento de experimentos laboratoriais com potencial de atingir escala industrial.

• Dezoito laboratórios (3.000 m2) setorizados em três macro atividades: i) laboratório de

processos físicos e químicos, envolvendo caracterização de materiais, pré-tratamento, processamento físico e químico de novos produtos, ii) fisiologia e bioquímica de plantas e iii) bioprocessos industriais.

• Laboratório de Protótipos Agrícolas (250 m2), para a realização de ensaios, aquisição de dados e avaliação de novos processos tais como colheita, recuperação de palha, plantio, adubação e controle de pragas.

• Escritórios (3.000 m2).

Além disso, o CTBE ainda conta com:

• Cerca de 200 colaboradores entre pesquisadores, engenheiros, técnicos e estudantes de doutorado e pós-doutorado, cuidadosamente selecionados e provenientes de renomadas ICTs e indústrias.