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OCUPAÇÃO, DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E DEMANDAS EDUCACIONAIS NO ESTADO DO ACRE

2.6 A UFAC e os programas de interiorização do ensino de graduação

Em conformidade com o Plano de Desenvolvimento Institucional da UFAC (2006) e outros documentos institucionais, o Programa de Interiorização do Ensino de Graduação da Universidade Federal do Acre, iniciado em 1973 representa um esforço da IES em descentralizar as suas atividades acadêmicas sediadas, até então, em Rio Branco.

Historicamente, o isolamento das regiões do Estado do Acre tem se constituído em permanente desafio aos seus gestores, mobilizando-os para a busca de alternativas que têm minimizado, a cada período, as dificuldades da população interiorana do Acre e maximizado o acesso às políticas de formação.

A despeito das condições adversas, houve, por parte da Universidade Federal do Acre, ao longo das três últimas décadas, um esforço concentrado na formação de professores, por meio da chamada ―experiência de interiorização‖. Em todas as experiências com este foco, seja elas implementadas na sede, seja no interior do Estado do Acre, o Curso de Pedagogia sempre esteve presente, independentemente da modalidade e do formato dado à organização e estruturação do currículo: Licenciatura de Curta Duração ou Licenciatura Plena, Curso Parcelado ou Curso Modular, Formação do Professor concomitante à Formação do Especialista em Educação, Magistério das Séries Iniciais e Magistério das Disciplinas Pedagógicas e Magistério da Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental.

Segundo Carvalho (2006), no decurso das décadas de 1970 e 1980, prevaleceram, inicialmente, cursos parcelados na modalidade ―Licenciatura de curta duração‖. Esse modelo de formação era inspirado nas orientações que emanavam da política educacional vigente à época e, no caso do Curso de Pedagogia, caracterizava-se por uma organização curricular híbrida, formando os antigos técnicos e/ou especialistas em educação e professores para as disciplinas pedagógicas do curso de magistério do 2º grau.

A necessidade de oferta de cursos nas diferentes modalidades deveu-se, primeiramente, às dificuldades de localização e acesso aos municípios beneficiários da ação, mas, também, ao fato de as licenciaturas de curta duração terem se apresentado como uma alternativa, legalmente instituída, para acelerar o processo de qualificação e habilitação de professores, pois era grande o contingente de leigos em franca atuação nas redes estaduais e municipais. No início da década de 70, momento no qual foram implantados os primeiros cursos de formação de professores na educação superior, segundo dados da Secretaria de Estado de Educação, o Estado do Acre dispunha de um contingente de 68% de professores leigos em atuação, na rede oficial de ensino.

Nesse período, os cursos, pela forma como os currículos eram operacionalizados, foram denominados de ―Licenciaturas Parceladas‖. As atividades formativas eram ministradas somente nos períodos de recesso escolar, com duas etapas ao longo do ano, oferecendo-se, em cada uma delas, de quatro a oito disciplinas que se desenvolviam de forma concentrada no intervalo mínimo de quinze dias úteis. Essas ações de formação, embora sejam passíveis de críticas, não podem deixar de ser vistas e reconhecidas também como estratégias importantes para elevação do nível de formação dos profissionais da educação do Acre.

A primeira fase do Programa, iniciada em 1973, pode ser dividida em quatro grandes etapas, opção nesta pesquisa, embora outros autores optem por divisão distinta. Daquele ano até 1978, foram habilitados 134 professores, nas áreas de Ciências, Letras, Estudos Sociais e Pedagogia, com estrutura curricular de Licenciatura de Curta Duração. Numa segunda etapa, que vai de 1981 a 1983, os cursos oferecidos nos programas de interiorização habilitaram 164 professores, através dos Cursos Parcelados de Licenciatura Curta nas áreas de Pedagogia, Estudos Sociais, Letras e Ciências. Estes cursos foram ofertados nos Vales do Acre e Juruá. Destaca-se que, no vale do Acre, o município de Xapuri foi selecionado para sediar as atividades acadêmicas das quais participaram professores do municípios de Brasileia, Sena Madureira e vilas circunvizinhas.

Com base em informações coletadas junto ao Serviço de Registro e Controle Acadêmico – SERD, setor ligado à Diretoria de Assuntos Acadêmicos – DERCA, hoje denominado de Núcleo de Registro e Controle Acadêmico – NURCA/UFAC, a terceira fase dos programas de interiorização, de 1986 a 1993, habilitou 706 professores, sendo 385 em Cursos parcelados de Licenciatura Curta em Pedagogia e Letras e 232 em Cursos Parcelados de Licenciatura Plena em Pedagogia e Letras, oferecidos nos municípios de Xapuri, Brasileia, Sena Madureira, Feijó, Tarauacá, e 109 no Curso Regular de Licenciatura em Letras, no município de Cruzeiro do Sul. Em 1993, foi implantado o Curso de Pedagogia – Regular, no município de Cruzeiro do Sul. Dois anos após, foram implantados dois cursos modulares, em caráter temporário, o de Licenciatura Plena em História no município de Xapuri e Licenciatura Plena em Geografia em Brasileia, e ainda o Curso Parcelado de Licenciatura Plena em Letras, no município de Tarauacá, atendendo, dessa maneira, a um grupo de 150 alunos nos referidos municípios.

Ainda nesta fase, no segundo semestre de 1996, foram aprovados e implementados três cursos nos municípios de Feijó, Plácido de Castro e Sena Madureira, sendo, respectivamente, Licenciatura Plena em História – Regime Modular, Licenciatura Plena em Pedagogia – Regime Parcelado e Licenciatura Plena em Letras – Regime Parcelado.

A quarta fase representou um desafio da Instituição em atender municípios de estados vizinhos próximo da capital do Estado. Em 1976, a Universidade Federal do Acre levou a formação a 200 alunos no município de Guajará-Mirim, município distante de Rio Branco aproximadamente 450Km, localizado no Estado de Rondônia, por meio dos cursos de Ciências, Letras, Estudos Sociais e Pedagogia. Em 1999, ação semelhante foi realizada com 150 alunos, oferecendo formação nos cursos de Letras e História, em Boca do Acre, município vizinho do Estado do Amazonas, distante 200Km da capital acriana.

No entanto, em que pese a todos os esforços da UFAC, na sede e no interior, o alcance da formação havia sido insuficiente. Assim, após a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96, com a obrigatoriedade da formação de professores para a Educação Básica acontecer em nível superior e não somente por imperativo legal, mas sobretudo por uma articulação e vontade política, a Universidade Federal do Acre aceitou o desafio de, em parceria com o Governo do Estado e Prefeituras Municipais dos 22 municípios do Acre, formar o quadro de professores, em serviço, para a Educação Básica. O gerenciamento das ações formativas se deu por meio do Programa de Interiorização do Ensino de Graduação. Dessa forma, foram intensificadas as ações de graduação da UFAC no interior, através dos chamados Programas Especiais de Formação de Professores –PEFPEB.

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