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OCUPAÇÃO, DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E DEMANDAS EDUCACIONAIS NO ESTADO DO ACRE

1.6 A política educacional acriana e a formação de professores: sob a “égide” da ARENA

Amparado pelo Ato Institucional nº. 03, de fevereiro de 1966, assumiu a governadoria do Acre, Jorge Kalume. Em seu governo, implementou-se no Estado uma política educacional cujo tom eram as orientações e ditames do Governo Federal. A prioridade foi à implantação e expansão do Ensino Superior no Estado. Ressalta-se que contraditoriamente, neste período, o déficit educacional no ensino primário era de 42% da clientela em faixa etária própria que deveria ter acesso obrigatório à educação formal. Destaca-se que, quando Kalume assumiu o governo, o ensino primário e ginasial funcionavam em todos os municípios acrianos.

No que diz respeito à qualificação docente, o quadro era caótico. De acordo com o Projeto de Aperfeiçoamento do Magistério Primário nº. 1, de 1966, o Estado do Acre era o estado com o maior índice de professores não titulados no Brasil, ou seja, 81,5%. Determinado pela SEC e por meio de uma equipe de professores formados pelo PABAEE, foram implementados os cursos de treinamento de professores leigos. Esses cursos perduraram até 1972. Entretanto, em 1969, a realidade educacional para o antigo ensino primário ainda apresentava o quadro demonstrado a seguir:

TABELA 1

Acesso a escolarização no Ensino Primário no Estado do Acre em 1969

Situação Ensino Primário Total 7 a 14 anos 49. 608 Matriculados 28. 580 Sem escola 21. 028 Fonte: FARIAS, 2003.

No que concerne ao nível de formação de professores, a situação não era menos alarmante. Como demonstrado na TAB. 2, a maioria expressiva de professores tinha apenas o primário completo.

TABELA 2

Professores Primários por nível de Formação no Estado do Acre em 1969.

Formação Professores

Normal ou Ensino Médio 121

Primário completo 758 Primário incompleto ou Primeiro Ciclo 280 Total de Professores 1.159 Fonte: FARIAS, 2003.

Marques de Oliveira (2002) afirma que ―[...] uma parcela razoável de professores leigos teve com estes cursos a única oportunidade de ascensão cultural, alcançando, após os exames de madureza, a escola normal e, posteriormente, até a universidade‖ (p.83). Contudo, pela ausência de uma política permanente de formação de professores primários, uma política salarial definida e pouco interesse na adoção de concursos públicos para o ingresso nos quadros do magistério, não havia como conter a evasão dos professores qualificados.

Vale ressaltar que estes índices acabaram por colaborar, juntamente com os anseios da elite acriana, para a implantação da Universidade Federal do Acre. É fato incontestável que a realidade precária da educação no Estado serviu como mola propulsora à expansão e desenvolvimento do ensino superior.

Foi durante o governo de Jorge Kalume que o ensino superior se expandiu com maior rapidez. Em 1968, foi criada a faculdade de Ciências Econômicas e posteriormente, com a implantação gradativa dos cursos de Letras, Pedagogia, Matemática e Estudos Sociais de curta duração foi criado o Centro Universitário do Acre. No final do Governo de Kalume, uma das últimas leis aprovadas transformou o referido centro em Universidade do Acre - UNACRE, sendo esta integrada pela Faculdade de Direito, a Faculdade de Ciências Econômicas, a Faculdade de Educação, o Instituto de Letras, o Instituto de Ciências Humanas e o Instituto de Ciências Exatas.

Havia a necessidade de se justificar junto ao MEC, como num quadro caótico da educação primária os investimentos do governo estadual foram na direção do ensino superior. Neste sentido, o governo Kalume se viu compelido a criar outras escolas normais. De acordo com Farias (2003, p. 92), no período de abril de 1970 a março de 1971, foram instaladas três novas escolas normais, nos municípios de Brasileia e Sena Madureira, em 1970; e em Tarauacá, em 1971.

É importante ressaltar a presença nos discursos, à época, de uma visão que atribuía de forma ingênua à educação a possibilidade de redenção social. As expressões ―a educação promove o progresso‖ e ―com educação é possível promover o desenvolvimento do Estado‖, eram marcas inquestionáveis desta visão.

No período de 1971 a 1975, assumiu o Governo do Estado Wanderley Dantas em um contexto de plena expansão do desenvolvimento econômico da região amazônica. De acordo com Marques de Oliveira (2000), no plano estadual, o período foi marcado por profundas mudanças econômicas decorrentes de incentivo de investimento por parte de empresários do centro-sul do país na região, pela corrida desenfreada para a compra de terras dos seringais em franca decadência e paulatina substituição da economia extrativista da borracha pela pecuária extensiva. Fator preponderante foi a abertura, ainda que com revestimento primário, das BR-364 e, posteriormente, BR-317.

Estas ações, entre outras consequências, intensificaram o fluxo migratório externo para a última fronteira agrícola do país. De acordo com os objetivos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA – a intenção era integrar as soluções para o homem sem terra do Nordeste, com a terra sem homens do Norte. Os militares justificavam esta política, orientados pela ideologia de desenvolvimento e segurança nacional a partir da necessidade de ocupar os espaços vazios da região devido à imensa área de fronteira, até aquele momento, praticamente inabitada.

Os resultados da política ufanista do Governo Federal, seguida ao ―pé da letra‖ pelo governador Wanderley Dantas, aumentou em 62% a população na região amazônica. No Acre, a população teve crescimento de 40%. No entanto, transformou-se numa área de grandes conflitos sociais. De um lado, os seringueiros e indígenas a defender seus interesses, a manutenção da floresta; e, do outro, os empresários e fazendeiros vindos do centro-sul do país dispostos a derrubá-la e plantar capim para criação de gado. Assim, iam sendo expulsos da terra por métodos diversos, incluindo a força, os seringueiros e posseiros.

Este quadro de agitação social refletiu diretamente no campo educacional. O governador procurou reorganizar a rede de escolas como forma de aumentar o número de matrículas. No entanto, esbarrou nas limitações financeiras e teve que buscar recursos junto ao Governo Federal. O acesso aos recursos federais ficou condicionado à implantação do Estatuto do Magistério, e esta não foi em momento algum a prioridade do governo que ainda se utilizava largamente do chamado apadrinhamento político, nomeando seus afilhados para atuação no magistério. Considerando que feria os interesses políticos, a aprovação do Estatuto do Magistério se transformou numa batalha na Assembleia Legislativa.

Segundo Marques de Oliveira (2000), este governo, pelo menos no papel, em sua proposta educacional, privilegiou a equação dos problemas de infraestrutura financeira, de pessoal e equipamento, com o objetivo de racionalizar os recursos destinados a uma educação voltada à preparação para o trabalho.

No que diz respeito à política de formação de profissionais da educação, foram implementados no período, por meio do CETEAM – Centro de Treinamento da Amazônia, em convênio com a Universidade Federal do Acre e Secretaria de Educação, o Curso de Complementação Pedagógica, designado de Esquemas I e II destinados a habilitar professores para a parte de formação específica no ensino de 1º e 2º graus. Este curso tinha por objetivo a formação pedagógica dos bacharéis, para sua inserção legal no magistério. Foram implementados também, no período, nos municípios de Rio Branco, Cruzeiro do Sul e Xapuri, cursos de Licenciatura de Curta duração, como também, por força da Lei nº 5.692, de 1971, o Magistério passou a oferecer os estudos adicionais, tanto para professores com atuação no ensino de 1º grau, da 1ª à 4ª série e na pré-escola, quanto para professores com atuação suplementar da 5ª à 8ª série.

A partir de 1973, outra formulação de política ganhou forma no contexto acriano, o Curso de Magistério na modalidade parcelado. O referido curso foi implementado com a finalidade de qualificar os professores de Zona Rural. Em 1983, dez anos depois, este curso foi substituído pelo curso supletivo Logos II, que com o uso de recursos da tecnologia educacional do Centro de Ensino Técnico de Brasília – CETEB, objetivava qualificar em nível de 2º grau os professores não titulados da zona rural. Partindo do uso da tecnologia educacional, outros programas educativos do governo federal também foram implantados, o Projeto Minerva, Projeto João da Silva, Projeto ―A Conquista‖, dentre outros, estes focados no combate ao analfabetismo.

Pode-se afirmar que este governo aprofundou um estilo de gestão que poderia ser caracterizada de ―racionalidade operacional‖, promovendo a reestruturação do Conselho Estadual de Educação por meio da Lei Estadual nº. 500, de 03-09-73; da Secretaria de Educação de acordo com a Lei Estadual nº. 517, de 04-12-73; criando novos departamentos em consonância com a Lei nº. 5.692/72; disciplinando a situação do pessoal do magistério de 1º e 2º graus por meio da aprovação do Estatuto do Magistério Público Estadual de 1º e 2º graus através da Lei nº. 529, de 16-05-74; e fixando o efetivo de diretores de estabelecimentos de ensino de 1º e 2º graus com base na Lei nº. 534, de 08-07-74.

Pode-se afirmar que este governo introduziu e disseminou de forma contundente o tecnicismo na área educacional, promovendo a diversificação profissional no ensino de 1º e 2º

graus, a incrementação das licenciaturas de curta duração e o supletivo Logos II. É importante ressaltar que, em termos de investimento em educação, no período de 1962 a início de 1975, os percentuais foram assim aplicados:

TABELA 3

Percentuais de recursos aplicados na função educação, oriundos de receita de impostos recolhidos pelos governos do Estado do Acre no período de 1962-1975

Período Governador Percentual de Recursos Aplicados em Educação 1962 -1964 José Augusto 5%

1964- 1966 Edgar Cerqueira 7%

1966- 1971 José Kalume 13%

1971- 1975 Wanderlei Dantas 8% Fonte: Relatório de Balanço Geral, SEFAZ, 2008.

A partir dos dados apresentados na TAB.3, é possível visualizar que o governo que mais se aproximou dos dispositivos legais, no que diz respeito ao percentual de recursos que deveriam ser aplicados em educação, previstos na Constituição Federal e Estadual, que era de 15%, foi Jorge Kalume. No entanto, o governador Wanderley Dantas não só descumpriu este dispositivo como o reduziu consideravelmente. Outros elementos podem ser apontados como desfavoráveis no período: a falta de realização de concurso público e a abertura no Estatuto do Magistério, principalmente no (art. 59), facultando ao Secretário de Educação a nomeação de diretores de escola mediante lista tríplice, o que contrariava o estabelecido nos documentos oficiais.

Dentre os avanços ocorridos nesse período de governo, destacam-se: uma menor interferência de políticos locais na nomeação de professores e a aprovação do Estatuto do Magistério, que garantiu entre outros direitos a possibilidade de aperfeiçoamento, concessão de bolsa de estudos, auxílio financeiro para produção científica e gratificação especial para atuação em escolas de zona rural.

Na esteira de um amplo processo de redemocratização nacional, após um longo período de repressão, de crise econômica, produzida principalmente pela elevação do preço do petróleo e de um franco processo inflacionário, que contribuiu para a elevação da dívida interna e externa, assume o governo do Acre, para o período de 1975-1979, Geraldo Gurgel de Mesquita.

De acordo com Marques de Oliveira (2000), o perfil do governador escapava ao formalismo e o levava ao contato direto com a população; sua base de governo foi construída

a partir de um discurso que manifestava grande preocupação com os problemas sociais e a promoção do homem do campo, tanto que seu slogan era ―Povo e Governo juntos‖. No entanto, embora expressasse não desejar compactuar-se com injustiças sociais, há que se destacar que era legítimo representante de um regime autoritário e vinculado organicamente a ele, tanto que sua liberdade de administração não podia exceder ao ideologicamente defendido. Suas políticas foram construídas a partir desta contradição, a começar pelos recursos destinados à educação, que não ultrapassaram a casa dos 7,8%.

No campo educacional, privilegiou iniciativas focadas no atendimento das populações carentes, principalmente as localizadas no meio rural e nas periferias urbanas. Suas políticas eram majoritariamente compensatórias, o que o levou em seu plano de governo a promover assistência ao educando por meio de programas de distribuição de livros didáticos e merenda escolar, a promoção do ensino supletivo e uma preocupação marcante com o Ensino Especial e com a Educação Infantil. Isto se dava em função da grande distorção idade\ série e dos níveis elevados de evasão e repetência nas séries iniciais, relacionados sempre às populações mais pobres.

No que diz respeito às políticas de formação de professores, as mesmas se resumiram a projetos de qualificação que não conseguiam resolver a questão básica, que era a falta de titulação de 62% dos professores que atuavam no 1º grau. Quanto aos professores do 2º grau, com a implantação dos cursos de licenciatura, a Universidade Federal do Acre vinha dando conta de elevar e adequar a titulação dos professores. Segundo Albuquerque Neto (2007), neste período, o ensino pré-escolar teve uma expansão de 303%. No entanto, houve um incremento na absorção de professores não titulados na ordem de 300%, fato que vai se arrastar por duas décadas e só será de fato enfrentado a partir das políticas formuladas ao final da década de 1990.

Podem ser considerados avanços neste período de governo a aprovação do Plano de Classificação de Cargos por meio da Lei nº 561, de 10-07-1975, e a realização do primeiro concurso público para preenchimento de vagas no magistério acriano. No entanto, como destaca o autor, das 600 vagas disponíveis, somente 100 foram preenchidas. Quanto às limitações, destacam-se o déficit educacional na zona rural, que superava 20.000 mil alunos fora da escola, e o fato de que, embora a matrícula escolar tenha crescido 12% somente entre os anos de 1978-l979, o número de professores diminuiu 6%.

Este fato gerou a implementação de medidas paliativas, a redistribuição de matrículas, a demissão de funcionários ineficientes, a criação do turno intermediário nas escolas, a mobilização de comunidades rurais para a construção de escolas e a escolha de professores

dentre os moradores locais, aplicando-se um princípio já conhecido ―quem sabe mais ensina a quem sabe menos‖. Não havia nesta escolha a exigência de nenhum critério de formação. Como se pode constatar, o governo se caracterizou pela contradição entre o pretendido e o realizado.

A partir de 1979, na vigência do governo de Joaquim Falcão Macedo, último governador a ser nomeado pelos militares, mantinha-se precária a situação do ensino. Agregava-se a isto o forte crescimento populacional pelo qual passava o Estado, considerado o segundo índice nacional de crescimento populacional; a insuficiência de recursos financeiros; o grande número de crianças fora da escola e um número significativo de analfabetos. Essas eram características que marcavam o quadro social da época.

Segundo dados do PAG – Plano de Ação do Governo (1979-1982), 32.000 alunos estavam fora da escola e 53.000 jovens e adultos alfabetizados pelo Mobral demandavam por continuidade de estudos. Para tanto, era necessário que o governo construísse mais de duas mil salas de aula e contratasse aproximadamente 3.000 novos professores. O governo estadual traçou metas para amenizar a situação: ―[...] contratar 1.836 professores, construir 1.214 novas salas de aula e capacitar 1800 professores da pré-escola ao 2º grau‖. (p.56). No entanto, a falta de recursos era o principal obstáculo e a justificativa para precariedade da educação no Estado, agregado a isto a falta de interesse do governo federal.

Reconhecendo a carência de professores qualificados e a necessidade da melhoria da qualidade do ensino público, a SEC redimensionou as ações do Instituto Lourenço Filho, que além de assumir a formação de professores na capital para as quatro séries iniciais, pré-escola e classes de alfabetização, passou ainda a oferecer o curso adicional aos egressos de habilitação do magistério, com duração de um ano de estudo complementar. Esta ação visava tanto à qualificação docente quanto a sua valorização profissional por meio da ascensão funcional, garantidas pelo governo, através da lei complementar nº. 05, de 1981, no denominado Estatuto do Magistério. E, finalmente, passou a utilizar a alternativa do ensino modular na formação do magistério. Com a implementação destas políticas, começou a se desencadear a expansão do magistério rumo a todo o interior acriano.

A habilitação para o Magistério, realizada via ensino profissionalizante compulsório, impulsionado pela lei nº 5.692 / 71, ocorreu no Estado do Acre e em muitos outros estados brasileiros de forma difusa e desorganizada. Segundo Pimenta (1999), ela não atingiu os fins para os quais foi pensada pela falta de identidade da formação, por ser esvaziada em seu conteúdo, uma vez que não respondia por uma formação geral, bem como por não responder adequadamente por uma formação pedagógica consistente, tendo como característica a

fragmentação do conteúdo. Em pouco tempo se transformou em uma habilitação de segunda categoria, para a qual se dirigiam os alunos com menos possibilidade de fazerem cursos com maior status e, o mais contundente, uma formação totalmente desarticulada com a realidade da escola.

Consequentemente, o que se viu na prática foi a função de professor primário sendo exercida por pessoas de baixo rendimento escolar, que não conseguiam acompanhar os cursos profissionalizantes que exigiam maiores habilidades e que, não tendo condições de ingressar em outra profissão, acabavam sendo professores, ficando o ensino primário majoritariamente aos cuidados de pessoas com baixa qualificação. Para resolver o problema da formação de professores, para atuar em outras séries, em parceria com a Universidade Federal do Acre, a SEC interiorizou a licenciatura de curta duração. No entanto, há que se considerar que todas alternativas encontradas pelo governo como forma de dirimir os problemas foram centradas em alternativas emergenciais e aligeiradas.

Eclodindo em um momento de forte contestação, empreendido por trabalhadores da educação, cresce e se consolida, neste período, a Associação de Professores do Estado do Acre - ASPAC. O movimento ganhou as ruas protestando contra os baixos salários, a má qualidade do ensino e as precárias condições de trabalho, além de deflagrar uma greve em pleno regime militar. O movimento conseguiu paralisar as aulas em todo o Estado, por quinze dias. Dentre as vitórias conquistadas pela categoria, advindas deste movimento, destacam-se a implantação do Estatuto do Magistério, assegurando a melhoria na qualidade do ensino, a melhoria salarial, a implantação do 13º salário, o regime de trabalho de 40 horas semanais e a qualificação para o trabalho docente, objeto de luta até os dias atuais.

Mesmo havendo, por parte do governo do Estado do Acre, ainda que timidamente, a formulação e implementação de políticas de formação em nível médio com habilitação em magistério, o quadro de professores da SEC ainda demonstrava um grande contingente de professores sem qualificação. Se na capital esse número era significativo, na zona rural e nos municípios a situação se apresentava pior.

Observa-se que as iniciativas desse governo eram emergenciais, servindo apenas para amenizar os problemas, uma vez que não houve no período formulação de política que buscasse de fato solucionar a situação do magistério. Em grande parte as alternativas criadas não passavam de um jogo político que predominava no processo educativo local. A SEC, através do uso desse recurso, exercia a função de encobrir o descaso do governo para com a categoria do magistério.

O Plano de Educação do governo Falcão Macedo previa a garantia da dignificação do magistério. Entretanto, a maioria das propostas ficou no papel, não chegando a sua concretização por falta de vontade política do governo.

A partir de 1982, com o processo de redemocratização, surgem novas expectativas para a educação. Neste período nascem novas propostas para o sistema de ensino do Estado. Com um legado de total abandono nas questões sociais e educacionais, a sociedade acriana depositou suas aspirações nesse governo, como forma de superar o alto número de analfabetos, a evasão e repetência escolar, a falta de qualificação dos professores e o número insuficiente de escolas para atender à demanda.

Erapreciso então reverter esse quadro social precário no qual se encontrava o Estado, pela falta de compromisso com as questões educacionais, fortalecida pela ausência de uma política comprometida com a habilitação do magistério e com a formação de professores em nível superior. Vale ressaltar que essa situação perdurou por toda a década de 1980, chegando praticamente inalterada ao final dos anos de 1990.

Em 1982, depois de um longo período sendo governado pela ARENA - Aliança Renovadora Nacional - que agregava como correligionários, majoritariamente militares, considerados, no período, fiéis escudeiros da elite conservadora do país e a despeito de todo o seu legado, chegam ao poder no Estado os oposicionistas do PMDB - Partido do Movimento Democrático Brasileiro.

1.7 O empreguismo, o inchamento da máquina administrativa e a formação de

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