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Apresentação da temática do projeto

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Em Portugal, nos anos noventa, (do século passado), a educação pré-escolar passou a ser considerada a primeira etapa da educação básica, daí que neste momento esteja a acontecer a continuação de uma expansão da educação pré-escolar em todo o país.

Estudámos que a educação pré-escolar em Portugal teve grande desenvolvimento a partir do 13º Governo Constitucional Português (1995-1999). O Ministério da Educação, liderado pelo Professor Marçal Grilo, desenvolveu estratégias para alargar, estruturar e melhorar a oferta da educação pré-escolar.

Em 1997, o Ministério da Educação publicou as orientações curriculares para a educação pré-escolar, um instrumento de referência para os educadores de infância, um conjunto de princípios orientadores das práticas pedagógicas que ajuda o educador na tomada de decisões sobre a definição do processo educativo a desenvolver com as crianças. Passados aproximadamente quinze anos o documento mantém a mesma estrutura. Contudo, ao perguntarmos aos educadores cooperantes se consideravam as OCEPE atuais a grande maioria afirmou que sim.

Consideramos que a competência do educador também se desenvolve através da interação com os diferentes intervenientes do processo educativo, nomeadamente crianças, pais, colegas e investigadores. Esta competência é de grande importância e adquire-se através da reflexão que acontece durante a construção da prática pedagógica. Assim, acreditamos que a possibilidade de poder trabalhar e partilhar conhecimentos, experiências e responsabilidades com todos os sujeitos envolvidos nesta investigação, permitirá a melhoria das competências e desempenho profissional dos educadores e do investigador.

Queremos analisar e refletir os modelos curriculares na Educação de Infância, concentrado-nos essencialmente na investigação de Júlia Oliveira-Formosinho, reconhecidos em Portugal - High Scope, Movimento da Escola Moderna - MEM e Reggio Emilia, analisando, do ponto de vista teórico, as estruturas curriculares por eles propostos e a sua pertinência para a concretização de práticas pedagógicas, dando

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enfoque ao domínio da expressão dramática num determinado contexto sócio cultural, onde a criança é considerada o ator principal no desenvolvimento das suas aprendizagens. Isto levou-nos a uma ponderação teórica e prática sobre questões relacionadas com currículo, cultura, educação, orientações curriculares para a educação pré-escolar e expressão dramática.

A situação ideal de aprendizagem, no âmbito da expressão dramática no jardim de infância, será aquela em que a atividade é de tal modo agradável que aquele que aprende a considera simultaneamente trabalho e jogo. Assim, neste âmbito, vamos estudar duas práticas pedagógicas nas componentes de planificação, ação e reflexão, que se aproximam dos modelos curriculares em análise segundo as educadoras selecionadas para o estudo de caso, contemplando a área de expressões/comunicação - domínio da expressão dramática.

Queremos que a realização desta investigação seja um contributo para o desenvolvimento da Educação de Infância e para o CCCS - DCE, no que diz respeito à estruturação e desenvolvimento da Unidade Curricular de Expressão Dramática e práticas de intervenção dos futuros educadores e professores de 1º Ciclo do Ensino Básico.

Apreciamos a educação de qualidade como sendo um modo de vida, um compromisso que nos envolve de forma integral. Daí que seja necessário desenvolver investigações que promovam a compreensão do modo como sustentamos e desenvolvemos a educação de infância (Vasconcelos, 1997). Vamos então caminhar da teoria às práticas e das práticas para a teoria, como forma de investigar na e para a qualidade no âmbito da Educação de Infância, focando a atividade de expressão dramática. Sabemos que a teoria não se limita a descobrir, a descrever, a explicar a realidade mas a construir, a recriar, a imaginar, a inventar contextos reais, um discurso e uma perspetiva (Silva, 2009).

Ao refletirmos sobre o objeto de estudo: prática pedagógica - a atividade de expressão dramática, estamos, de certo modo, a recriar situações descrevendo-as teoricamente. Assim, o estudo é uma criação, fruto da fluência entre teoria e prática e vice-versa. Existem estudos desenvolvidos, a nível nacional, que contemplam as temáticas: os modelos curriculares na educação de infância, a expressão dramática na educação de infância, a importância do jogo dramático no desenvolvimento da criança e a expressão dramática na formação de professores e educadores. Em relação à temática

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modelos curriculares, queremos destacar os trabalhos orientados pelas Professoras Júlia Oliveira Formosinho (1998, 2007), Teresa Vasconcelos (1997, 2009) e Gabriela Portugal (2000). No que diz respeito à expressão dramática, salientamos as investigações realizadas pela Professora Maria do Céu Melo (2005) e a Professora Maria de São Pedro Lopes (2011). Consideramos um novo universo neste estudo (comparativamente com o panorama nacional) o facto de olharmos os modelos curriculares na educação de infância e as práticas pedagógicas dos educadores através da janela da expressão dramática, o que nos leva a redescobrir a forma de abordar a expressão dramática na sala de atividades do jardim de infância enquanto espaço transdisciplinar e de corporização curricular. A operacionalização deste projeto de investigação tem como ponto de partida a observação de experiências desenvolvidas em duas salas de atividades de jardim de infância, do Concelho do Funchal num determinado período de tempo e com um grupo específico de pessoas.

Procuramos manter uma atitude reflexiva e atual sobre a construção do currículo na educação de infância e a abordagem da expressão dramática nas salas de atividades do jardim de infância enquanto espaço onde se cruzam vários saberes, dando voz àqueles que são fundamentais para a sua implementação, isto é, os educadores cooperantes, privilegiando as suas opiniões e práticas pedagógicas, tentando sempre entender o que é “moderno” como “o que perdura e o que transforma a vida e a realidade” (Gimeno Sacristán, 2011a, p. 7).

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