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Os princípios orientadores da Comunidade Europeia e OCDE A melhoria da eficiência e da qualidade nos sistemas de educação e

A estrutura desta tese

Capítulo 2 A Educação de Infância: O referencial histórico legal

2.2. Os princípios orientadores da Comunidade Europeia e OCDE A melhoria da eficiência e da qualidade nos sistemas de educação e

formação a todos os níveis, desde os primeiros anos de vida até a idade adulta, é fundamental para atingir os objetivos da Estratégia da Europa 2020 para um crescimento inteligente, sustentável e inclusivo - Conclusões do Concelho Europeu de março de 2010 (CE, 2011, p. 8)

Sabemos que é impossível desintegrar o desenvolvimento da educação em Portugal, nomeadamente a educação infância, dos contextos europeu e internacional. Segundo dados estatísticos da União Europeia, no nosso país existem grandes desigualdades sociais, forte abandono escolar antes do término da escolaridade obrigatória e um índice de pobreza elevado. O desenvolvimento sociocultural, político e económico proporciona uma oportunidade de criar uma maior inclusão social e, por sua vez, condições educacionais de melhor qualidade (Vasconcelos, 2009).

A generalidade dos países da União Europeia, no âmbito das políticas educativas, incluiu como sendo uma das prioridades a melhoria da qualidade da

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educação. Assim, em 2000 a Comissão Europeia convidou os Estados Membros a desenvolverem programas estratégicos concretos no sentido de corroborar e promover a qualidade educativa, incluindo o estabelecimento de processos de monitorização dessa mesma qualidade educativa, através de modelos de avaliação que integrem mecanismos equilibrados de auto e heteroavaliação (Miguéns, 2002).

Na Europa existe um vasto reconhecimento da necessidade de desenvolver, criar e melhorar os serviços destinados à Educação de Infância, ou seja, a educação pré- escolar e cuidados para a infância que definimos da seguinte forma:

O termo educação pré-escolar e cuidados para a infância abrange todas as estruturas que prestam educação pré-escolar e cuidados a crianças desde o nascimento até à idade da escolaridade obrigatória, independentemente da sua conceção, financiamento, horário de funcionamento ou conteúdo dos programas, e inclui a educação pré- escolar/pré-primária. [fonte: OECD Strarting Strong I (2006, p. 7)], (CE, 2011)].

No jornal oficial da União Europeia de 15 de junho de 2010, na publicação das conclusões do conselho sobre educação pré-escolar e cuidados para a infância com temática: “Proporcionar a todas as crianças as melhores oportunidades para o mundo de amanhã” é expresso o seguinte convite à Comissão Europeia:

1 – Apoiar os Estados-Membros a identificar e intercambiar boas políticas e práticas através do método aberto de coordenação.

2 – Alargar a base empírica no domínio da educação pré-escolar e cuidados para a infância, apoiando-se na investigação a nível internacional e complementada pela investigação a nível da UE, e tornar os resultados dessa investigação mais acessíveis.

3 – No quadro da estratégia “Educação e Formação 2020”, monitorizar e informar sobre os progressos registados com vista a atingir o objetivo de referência da estratégia para a participação na educação na infância, bem como alcançar os objetivos enunciados nas presentes conclusões, ou seja aumentar o acesso e a qualidade (CE, 2011).

Os objetivos supramencionados requerem uma intervenção e reflexão no âmbito das políticas educativas, de forma a serem criados mecanismos adequados e pertinentes tendo como visão uma aprendizagem ao longo da vida e também o desenvolvimento de investigação (idem).

Teresa Vasconcelos baseia-se no texto publicado pela OCDE em 2006, o qual coloca o enfoque num número de áreas cujo desenvolvimento é fundamental para uma educação de infância virada para o futuro, enfatizando, ao citar o documento da OCDE,

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que se torna crucial “apoiar nas crianças a emergência da criatividade e da abertura aos outros como preparação para um mundo marcado pela diversidade, pela explosão do conhecimento e por oportunidades em expansão” (Vasconcelos, 2009, citando OCDE, 2006, p. 222).

Assim sendo, defende que, de acordo com as orientações internacionais do documento acima referido, é primordial considerar o contexto social onde ocorre o desenvolvimento da educação de infância, prestando um cuidado particular a questões económicas, familiares, de igualdade de oportunidades entre os géneros, de equidade e de inclusão social, contando para tal com a criação de interfaces e a articulação entre as várias entidades responsáveis de modo a fazer face aos incontornáveis processos de globalização que lhes estão subjacentes. (Vasconcelos, 2009).

Nesse sentido, a mesma autora, ressalva que o foco do trabalho desenvolvido deverá ser colocado no bem-estar, desenvolvimento e aprendizagem da criança nos seus primeiros anos, respeitando as suas estratégias naturais de aprendizagem, sabendo o educador escutar a criança e selecionar toda a documentação pedagógica adequada para trabalhar e avaliar as crianças, possibilitando-lhes quer o desenvolvimento da sua personalidade e potencialidades quer o contacto com valores democráticos de tolerância, solidariedade, cidadania (enquanto cidadã participativa na sociedade em que se encontra inserida), por exemplo através do conhecimento da sua cultura e do seu meio natural e, finalmente, da interação com os outros “de uma forma respeitadora e dialógica”. Para tal, refere a pertinência em envolver as famílias, bem como a comunidade, nos serviços para a infância, levando à partilha de informação e à criação de parcerias com outras famílias. Sublinha-se, ainda neste contexto, o papel crítico do educador/ professor em estreita colaboração com as famílias das crianças (idem).

Torna-se, pois, prioritário defender a criação de apoios e de subsistemas de suporte à investigação, assim como de avaliação do trabalho elaborado pelas várias partes e uma melhoria das condições de trabalho e de desenvolvimento profissional dos educadores (e demais pessoal), com relevo para a certificação da sua competência pedagógica nas atividades levadas a cabo na sala de aula, tal como garantir a autonomia (pedagógica e não só) e o financiamento aos serviços para a infância. A autora reforça a ideia que sem o investimento e regulamentação por parte do Estado haverá uma fragmentação de serviços e subsequente diminuição de qualidade dos mesmos, dando azo a desigualdades no acesso e nos resultados. Pretende-se com estas políticas de

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redução da pobreza infantil e da exclusão aumentar o acesso universal das crianças à educação, possibilitando-lhes direitos de aprendizagem diversificados e de desenvolvimento de múltiplas identidades e qualidades. Segundo a OCDE, os aspetos referidos anteriormente demonstram o quanto o âmbito da educação de infância é um campo complexo onde se cruzam várias áreas e setores, sendo, assim, obrigada à diligência e articulação entre organizações e entidades responsáveis, no sentido de fazer face a processos de globalização que estão a acontecer (idem).

Salientamos que Portugal pertence ao Projeto da Rede da OCDE - Network on Early Childhood Education and Care, desde 1998, quando integrou um grupo de trabalho que culminou, no ano 2000, com uma publicação bilingue (português e inglês) intitulado “A Educação Pré-escolar e os Cuidados para a Infância em Portugal” (ME, 2009).

O principal propósito desta Rede é recomendar e apoiar os países participantes - Austrália, Áustria, Bélgica, Canada, Coreia, Eslovénia, Estados Unidos da América, Espanha, Finlândia, França, Holanda, Itália, Japão, Luxemburgo, México, Nova Zelândia, Noruega, Portugal, Reino Unido, República Checa Republica Eslovaca, Roménia, Singapura e Suécia - a desenvolver e implementar políticas adequadas, no âmbito da educação de infância:

Desenvolvimento, partilha e disseminação de informações sobre experiências, investigação e boas práticas dos países participantes; Servindo como um centro de pesquisa de novas políticas nesta área, identificando novas áreas de investigação e análise política;

Organizando workshops sobre temas políticos selecionados pelos países participantes;

Facilitando contactos entre investigadores, decisores políticos e profissionais e entre outras redes internacionais em áreas afins - UNESCO, UNICEF, EU (…) (ME, 2009).

O Comité das Políticas Educativas da OCDE, em 2008, atribuiu a responsabilidade à rede Encouraging Quality in Early Childhood Education and Care (Promovendo a Qualidade em Educação e Cuidados na Infância) de desenvolver e implementar ações no âmbito da educação, nomeadamente, identificar indicadores de qualidade na educação de infância e conceber um conjunto de instrumentos políticos que promovam medidas educativas de qualidade no nosso país. O grande desafio que se

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coloca é passar da análise das políticas para a implementação bem-sucedida, tendo por base os estudos Starting Strong I & II.

Além de Portugal, o Canadá, a Finlândia, a Coreia, a Nova Zelândia, a Noruega, a Eslováquia, a Suécia e o Reino Unido (Inglaterra) participaram no projeto. Nas reuniões temáticas da Rede e no Projeto da Qualidade foram desenvolvidos trabalhos para a construção do Perfil das políticas educativas portuguesas, no âmbito da Educação dos zero aos seis anos de idade. Esta atividade conta com a colaboração de outros serviços do Ministério da Educação e, ainda, com a participação e articulação do Instituto da Segurança Social. Esta sistematização forneceu uma comparação com outros países e também incluiu uma lista selecionada de estratégias e ferramentas que a OCDE irá sugerir como as opções mais viáveis, pertinentes e financeiramente realizáveis para o nosso país (ME, 2009).

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