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A Circular nº 17/DSDC/DEPEB/2007 Gestão do Currículo na Educação Pré-Escolar Contributos para a sua Operacionalização

A estrutura desta tese

OCEPE ÁREAS DE CONTEÚDO Desenvolvimento Pessoal e Social

3.2.2. A Circular nº 17/DSDC/DEPEB/2007 Gestão do Currículo na Educação Pré-Escolar Contributos para a sua Operacionalização

Em 2007, o Ministério da Educação através da Direção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular - DGIDC emanou a Circular nº 17/DSDC/DEPEB/2007 intitulada “Gestão do Currículo na Educação Pré-Escolar - Contributos para a sua Operacionalização”, a fim de estabelecer orientações precisas no âmbito da organização e gestão curricular da educação pré-escolar que se pretende em articulação com o 1º Ciclo do Ensino Básico. Este documento integra princípios sobre a organização curricular, procedimentos a ter em conta na avaliação na educação pré-escolar, bem como questões relacionadas com a organização e gestão da componente de apoio à família e à articulação entre a educação pré-escolar e o 1º ciclo do ensino básico. Assim, nesta circular são considerados instrumentos de apoio à organização e gestão do currículo, o projeto curricular de estabelecimento/ escola e o projeto curricular de grupo/turma, ou seja, define os instrumentos necessários para a implementação e operacionalização das orientações curriculares e salienta que a construção dos mesmos deve ser realizada num ambiente de participação, partilha e articulação com os níveis de ensino seguintes.

Ainda, para a elaboração do Projeto Curricular de grupo/ turma, o documento apresenta um guião com o propósito de demarcar bem a intencionalidade educativa e as diferentes respostas específicas às necessidades e características do grupo de crianças. Deste guião destacamos as seguintes componentes: a avaliação diagnóstica das crianças; argumentação das opções educativas tendo em conta o contexto sociocultural das crianças e da instituição; metodologia a utilizar; organização do ambiente educativo; intencionalidade educativa; previsão de procedimentos da avaliação quer com as crianças quer com outros intervenientes do processo educativo; relação com a família e

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outros parceiros educativos; comunicação e divulgação da informação produzida (M.E, 2007).

No final do ano letivo, o educador deverá elaborar um relatório decorrente de toda a intervenção realizada referindo as atividades desenvolvidas, os recursos mobilizados, os recursos utilizados, os resultados no âmbito de toda a intervenção pedagógica e o processo de avaliação final de forma a perspetivar o ano letivo seguinte. Salientamos, ainda, que o desenvolvimento curricular na educação pré-escolar é da inteira responsabilidade do educador, devendo a sua prática pedagógica orientar-se principalmente pelo disposto nas OCEPE, espelhando uma gestão curricular sequenciada e articulada com o 1º Ciclo do Ensino Básico (M.E, 2007).

3.2.3. As Brochuras de apoio à operacionalização das Orientações

Curriculares, para a Educação Pré-Escolar

Após aproximadamente uma década da criação das OCEPE, publicadas em 1997, foram divulgados pelo Ministério da Educação – DGIDC, entre 2008 e 2010, vários cadernos com textos de apoio ao educador, a fim de contribuir para a operacionalização das OCEPE. Estas brochuras são consideradas um recurso para a construção da prática pedagógica do educador, em sintonia com as Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar. Digamos que estes documentos são uma forma de dar visibilidade ao subtexto das Orientações Curriculares para a Educação Pré- Escolar. O caráter proponente destes documentos implica que o educador analise e recrie situações conforme as características pessoais das crianças, o contexto sociocultural e a complexidade das atividades propostas, utilizando a metodologia que achar mais adequada, sabendo que:

Sem actualização de conhecimentos, a profissão docente corre o risco de práticas rotineiras, ineficazes e desinteressantes, quer para as crianças, quer para os profissionais de educação. A construção destes materiais espelha um esforço no sentido de convocar recursos em prol da formação em serviço dos educadores. Que as presentes brochuras possam contribuir para a atualização científica e didática dos educadores e, simultaneamente, para a diminuição de algumas descontinuidades nas aprendizagens da língua entre os níveis e ciclos de ensino no sistema educativo nacional! (Sim-Sim, 2008, p. 7). (I. Sim-Sim, 2008)

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Interessa relembrar que as experiências de qualidade, proporcionadas às crianças em idade pré-escolar, são cruciais para o desenvolvimento de aprendizagens futuras. Assim, consoante as áreas de conteúdo, tendo por base uma reflexão teórico-prática que pode ajudar a construir o currículo contextualizado na educação pré-escolar, foram elencadas propostas de atividades e temáticas, sistematizadas em diferentes brochuras, que servem de exemplo ao trabalho que o educador pode realizar com as crianças, a saber:

- A descoberta da escrita e Linguagem e comunicação no jardim-de-infância, publicadas em 2008 – Estes textos de apoio à prática do educador têm como objetivo principal a compreensão do desenvolvimento das conceções das crianças e o papel do jardim-de-infância no apoio às crianças e às famílias, no âmbito da linguagem, comunicação, leitura e escrita. Pretende-se, com eles, contribuir para uma melhor compreensão das diferenças individuais e dos percursos e ritmos de cada criança, de modo a que a educação pré-escolar lhes possa proporcionar o apoio adequado, desenvolvendo um conjunto de competências essenciais para a aprendizagem da comunicação, da linguagem, da leitura e da escrita (Mata, 2008).

Tal como referem as OCEPE, a escrita e a leitura fazem parte do conjunto de vivências quotidianas da criança, pois estas observam e experimentam para que serve comunicar, ler e escrever. O ambiente educativo e a atitude do educador devem ser facilitadores de uma familiarização com o código escrito. Assim, as tentativas de escrita, mesmo que não conseguidas, deverão ser valorizadas e incentivadas (M.E., 1997).

A Educação não passa sem uma correta gestão da comunicação, pois é vital para o desenvolvimento da criança, implicando a participação ativa de ambos os interlocutores (criança e adulto), requerendo oportunidades comunicativas, assim como o desejo e a necessidade de comunicar. A interação verbal é o meio mais elaborado e privilegiado de interação comunicativa. Através dela a criança aperfeiçoa a língua materna e, simultaneamente, pensa simbolicamente, aprende sobre o real físico, social e afetivo (Sim-Sim, Silva, & Nunes, 2008). (I. Sim-Sim, Silva, A., & Nunes, C., 2008)

- Geometria e Sentido de Números e Organização de Dados, publicadas em 2008 - No âmbito do domínio da matemática, considerando que o desenvolvimento do pensamento matemático nas primeiras idades é fundamental e que o educador tem um papel importante na mediação da relação positiva da criança com a matemática, surgem dois

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cadernos no âmbito do domínio da matemática, um com o título Sentido de Número e Organização de Dados e outro com o título Geometria. No preâmbulo da brochura sobre geometria a Professora Lurdes Serrazina diz que estas foram as primeiras a serem elaboradas, assim como as que estão relacionadas com a abordagem da comunicação, linguagem, leitura e escrita, por decisão da tutela, e na ótica de responder a uma maior articulação com o 1º ciclo do ensino básico (Serrazina, 2008). Quando falamos do sentido do número, em crianças com idades pré-escolar, consideramos “como um processo pelo qual elas vão aprendendo a compreender os diferentes significados e utilizações dos números e a forma como estes estão interligados” (Castro, 2008, p. 11).

Em relação à geometria queremos referir que, nas primeiras idades, as crianças começam a experienciar e desenvolver alguns conceitos geométricos e o raciocínio espacial, ou seja:

Ainda bebés, não só revelam curiosidade em “olhar” o espaço que as rodeia, como, também, interagem com ele, tentando, por exemplo, alcançar, atirar e empurrar objetos. Durante estas experiências, vão processando ideias sobre as formas e o espaço. Estas ideias, ainda muito rudimentares, constituem já a base para o conhecimento geométrico e o raciocínio espacial que deverá ser desenvolvido ao longo dos anos seguintes (Mendes, 2008, p. 10).

- Despertar para a ciência – Atividades dos três aos seis, publicadas em 2009 – Esta brochura, integrada na área de conteúdo do conhecimento do mundo das OCEPE, pretende realçar os objetivos da educação em ciências de base experimental de forma a responder às questões das crianças e estimular o seu desenvolvimento cognitivo e emocional, a capacidade de observar, o desejo de experimentar, a curiosidade de saber, a atitude crítica e argumentativa. Visa, também, promover a formação dos educadores e futuros educadores no âmbito do despertar para as ciências (I. Martins, Veiga M., & et al., 2009). Em suma:

A participação ativa das crianças em todas as fases do desenvolvimento das atividades favorece o seu entusiasmo, dado que gostam naturalmente de mexer, experimentar e observar as consequências das suas ações. Consoante o nível etário e as experiencias anteriores do grupo de crianças, devem propor-se atividades com graus de complexidade progressiva, quer ao nível dos conceitos abordados, quer dos procedimentos solicitados (I. Martins, Veiga M., & et al., 2009, p. 21)

- As Artes no Jardim de Infância, publicadas em 2010 - Esta última brochura pretende contribuir para o conhecimento cultural e artístico e para a sua integração no currículo

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do jardim-de-infância, promovendo o contacto com a obra de arte e o seu criador, criando oportunidades e ambientes de vivência criativa e de experiência estética. Este documento é um projeto elaborado tendo por base as Artes Plásticas e a Música e perspetiva o desenvolvimento cultural das crianças, prevendo o contacto regular com obras de arte e seus criadores, integrados no contexto da cultura portuguesa e internacional. Assim, as propostas de atividades abordam os aspetos de execução técnica, de criação e apreciação de processos e produtos artísticos. A brochura Educação pela Arte no Jardim de Infância tem como grande finalidade a promoção de oportunidades de inserção das crianças em atividades de natureza artística imbuídas de marcos culturais portugueses e universais.

Apesar de ter como ponto de partida e enquadramento as áreas de Artes Plásticas e Música, a presente brochura cruza diferentes áreas e saberes de forma bastante abrangente, pelo que a sua utilização permite uma articulação com todas as áreas do currículo da educação pré-escolar (Godinho, 2010, p. 9).

A experiência artística pode ser vivenciada de diferentes formas: a execução, aplicando corretamente as técnicas na construção da obra; a criação, inovando sobre aquilo que já domina, elaborando algo novo; a apreciação, contemplando e comunicando o seu pensamento sobre as obras dos outros. É, então, importante que as crianças em contexto de jardim-de-infância tenham a oportunidade de experimentar os papéis de executantes, criadores e apreciadores de experiências artísticas as quais proporcionam o desenvolvimento e aprendizagem da criança a diferentes níveis, nomeadamente a imaginação, a criatividade, edificando a compreensão e o conhecimento artístico (Godinho, 2010). Sentimos que estes textos de apoio podem ser um instrumento útil e vantajoso à construção da prática pedagógica do educador, com intencionalidade educativa, no âmbito da educação artística. Em relação ao domínio da expressão dramática aparece de forma pontual e enquanto artefacto resultante da compreensão do domínio da expressão plástica, expressão musical e dança.

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3.3. O Projeto Metas de Aprendizagem para a Educação Pré-Escolar e

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