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A Gestão Curricular na Educação Pré-Escolar: discurso oficial Princípio geral da Lei-quadro da Educação Pré-Escolar: A educação

A estrutura desta tese

Capítulo 2 A Educação de Infância: O referencial histórico legal

3.1. A Gestão Curricular na Educação Pré-Escolar: discurso oficial Princípio geral da Lei-quadro da Educação Pré-Escolar: A educação

pré-escolar é a primeira etapa da educação básica no processo de educação ao longo da vida (D.R., 1997, p. 670).

Hoje, a Educação Pré-Escolar em Portugal, é considerada a primeira etapa da Educação Básica num contexto de educação ao longo da vida. Podemos dizer que, neste âmbito, não existe um currículo como existe nos níveis de ensino seguintes; aqui o educador é construtor do currículo, apelando essencialmente à sua formação, conhecimentos, experiência, criatividade, sensibilidade e contexto sociocultural e político. Esta afirmação é suportada pelo Decreto-Lei n.º 241/2001, conforme já referimos anteriormente, sobre o perfil de desempenho do educador de infância e do professor do Ensino Básico e Secundário que diz, em relação à conceção e desenvolvimento do currículo, que o educador de infância é o responsável pela conceção e desenvolvimento do currículo, tendo em vista os objetivos da educação pré- escolar e todas as características do ambiente educativo. Este projeto curricular é co- construído com todos os outros intervenientes do processo educativo das crianças.

Os principais instrumentos de Gestão Curricular, no âmbito da Educação Pré- escolar, emanados pelo Ministério da Educação, através da Direção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular (DGIDC), considerados documentos de referência são: as Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar - OCEPE, (M.E., 1997); a circular “Gestão do Currículo na Educação Pré-escolar”(M.E, 2007) e as Metas Finais de Aprendizagem (M.E., 2011). Estes documentos oficiais, decorrentes da Lei-quadro da Educação Pré-Escolar de 1997, são considerados quadro de referência de grande importância para todos os educadores, proporcionando-lhes a construção de diferentes

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currículos e a opção das metodologias que acharem mais adequadas. Desta forma, o educador tem grande espaço de manobra para a contextualização da sua prática pedagógica e da sua intervenção fundamentada ao nível dos processos de ensino/aprendizagem junto de crianças dos três aos seis anos. Assim sendo, é enorme a responsabilidade do educador em desenvolver uma prática pedagógica com uma determinada intencionalidade educativa, fazendo emergir um currículo e uma gestão curricular contextualizados, isto é, descodificando e construindo situações pedagógicas com as crianças, o educador desenvolve, simultaneamente, a sua capacidade de fluência e reflexão sobre teoria e prática e prática e teoria (Monteiro, 2000).

Todavia, é importante referir a necessidade do educador investigar, estudar e compreender a Educação de Infância, nomeadamente a intervenção com crianças entre os três e os seis anos, de forma a encontrar contributos elucidativos para a sua ação educativa. Todo este processo de enriquecimento da formação e reflexão teóricas do educador tem implicações na eficácia e qualidade da sua intervenção, pois, além de ter um caráter obrigatório, é imprescindível para a corporização das práticas pedagógicas dos educadores que se querem de sucesso. Sabemos, no entanto, que o processo de transformação na Gestão Curricular – poder de decisão - é muito lento e acontecerá à medida que a cultura das instituições escolares e dos diferentes atores do contexto educativo se forem modificando face à realidade complexa que os envolve (Roldão, 2003b). Neste contexto, referimos que:

A existência destes passos legais, nem de longe nem de perto significa que já mudamos o sistema … Isto levará muito tempo e será largamente obra do engenho e capacidade dos atores – desde professores à administração – que têm de ir ajustando as suas lógicas a uma forma de trabalhar com o currículo de natureza bem diferente (…) fazer o seu trabalho com maior satisfação e eficácia (Roldão, 2003b, p. 10).

O educador deve assumir uma visão crítica das múltiplas referências que integram diferentes experiências educacionais e socioculturais, construindo um currículo e estabelecendo uma relação entre saberes e competências em contextos significativos para as crianças. Nesta perspetiva, podemos falar de uma abordagem transdisciplinar, onde os saberes se cruzam dando origem a novos saberes. Consequentemente, o educador desenvolve a sua prática pedagógica garantindo a construção articulada do saber, a resposta educativa a todas as crianças e a

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concretização dos objetivos definidos na Lei-quadro da Educação Pré-Escolar, nomeadamente:

a) Promover o desenvolvimento pessoal e social da criança com base em experiências de vida democrática numa perspetiva de educação para a cidadania;

b) Fomentar a inserção da criança em grupos sociais diversos, no respeito pela pluralidade das culturas, favorecendo uma progressiva consciência como membro da sociedade;

c) Contribuir para a igualdade de oportunidades no acesso à escola e para o sucesso da aprendizagem;

d) Estimular o desenvolvimento global da criança no respeito pelas suas características individuais, incutindo comportamentos que favoreçam aprendizagens significativas e diferenciadas;

e) Desenvolver a expressão e a comunicação através de linguagens múltiplas como meios de relação, de informação, de sensibilização estética e de compreensão do mundo;

f) Despertar a curiosidade e o pensamento crítico;

g) Proporcionar a cada criança condições de bem-estar e de segurança, designadamente no âmbito da saúde individual e coletiva;

h) Proceder à despistagem de inadaptações, deficiências e precocidades, promovendo a melhor orientação e encaminhamento da criança;

i) Incentivar a participação das famílias no processo educativo e estabelecer relações de efetiva colaboração com a comunidade. (D.R., 1997, pp. 671-672).

O Artigo 11º desta mesma Lei-quadro refere que é da responsabilidade de cada estabelecimento de Educação Pré-escolar definir e executar as “linhas de orientação curricular e a coordenação das atividades educativas”, o que quer dizer que existe uma autonomia efetiva na escolha das opções metodológicas e modelos curriculares no âmbito da educação de infância para cada instituição e, por sua vez, os educadores têm espaço de manobra para desenvolver diferentes propostas curriculares e opções metodológicas desde que fundamentadas, conforme já referimos anteriormente. Estas devem refletir a aprendizagem pela descoberta em contexto lúdico, a realidade sociocultural das crianças e respetivas famílias e, ainda, promover o desenvolvimento integral das crianças.

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