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IV. Hiperligações e referências bibliográficas

2. Coadjuvação dos órgãos de polícia criminal

2.4. As Leis Orgânicas dos Órgãos de Polícia Criminal de Competência Genérica

No ordenamento jurídico nacional existe um vasto número de órgãos de polícia criminal, cujas competências de coadjuvação e análise em concreto não pode ser efectuada no presente trabalho, em virtude das limitações formais inerentes à execução do mesmo, pelo que, iremos restringir e focar o estudo aos denominados órgãos de polícia criminal de competência genérica.

A Lei Orgânica da P.S.P, aprovada pela Lei n.º 53/2007, de 31 de Agosto, estabelece as competências deste OPC, sendo que, analisando o conteúdo do artigo 3.º daquele diploma, verifica-se que a P.S.P. consubstancia, primordialmente, um OPC de proximidade, que tem como objectivo primário a prevenção criminal e a garantia da segurança dos cidadãos, sendo que, na al. e) daquele preceito, é estipulada a atribuição para “… Desenvolver as acções de investigação criminal e contra-ordenacional

que lhe sejam atribuídas por lei, delegadas pelas autoridades judiciárias ou solicitadas pelas autoridades administrativas…”.

Da forma semelhante, a Lei orgânica da G.N.R., aprovada pela Lei n.º 63/2007, de 06 de Novembro estabelece as competências para este OPC, sendo que, analisando o artigo 3.º daquele diploma, verifica- se, primeiramente, uma enumeração das competências de prevenção da criminalidade e de policiamento de proximidade, sendo que, na al. e) deste preceito, é disposto que, de igual forma, tem a função para “… Desenvolver as acções de investigação criminal e contra-ordenacional que lhe sejam

atribuídas por lei, delegadas pelas autoridades judiciárias ou solicitadas pelas autoridades administrativas…”.

De sublinhar que, segundo os preceitos supramencionados, as competências de investigação criminal podem decorrer de duas fontes, ou seja, de previsão legislativa ou, em alternativa, da delegação de competências por parte da autoridade judiciária competente.

Relativamente à previsão legislativa de competências, a LOIC no artigo 3.º, n.º 1, estabelece que a G.N.R., a P.S.P. e a P.J. são órgãos de competência genérica, sendo que, o artigo 6.º daquele diploma dispõe que “… É da competência genérica da Guarda Nacional Republicana e da Polícia de Segurança

Pública a investigação dos crimes cuja competência não esteja reservada a outros órgãos de polícia criminal e ainda dos crimes cuja investigação lhes seja cometida pela autoridade judiciária competente para a direcção do processo, nos termos do artigo 8.º…”, ou seja, têm uma competência residual.

Ao invés, a Lei orgânica da PJ, aprovada pela Lei n.º 37/2008, de 06 de Agosto estabelece no artigo 2.º que a “… A PJ tem por missão coadjuvar as autoridades judiciárias na investigação, desenvolver e

promover as acções de prevenção, detecção e investigação da sua competência ou que lhe sejam cometidas pelas autoridades judiciárias competentes…”, ou seja, consubstancia um OPC exclusivamente

organizado e idealizado para prosseguir a investigação criminal, sendo que, as suas competências encontram-se “... definidas na presente lei, nos termos da Lei de Organização da Investigação Criminal e

Subsequentemente, o artigo 7.º da LOIC estabelece, de forma literal e exaustiva, as competências da PJ, subdividindo estas em três géneros ou tipo de atribuições, sendo que, por um lado, dispõe no n.º 2 uma denominada competência exclusiva ou de reserva absoluta daquele OPC, determinando que para determinado tipo de criminalidade existe uma “… competência reservada da Polícia Judiciária, não

podendo ser deferida a outros órgãos de polícia criminal…”. Por outro lado, no n.º 3 é estabelecida a

competência reservada daquele OPC para a investigação de determinada criminalidade, a qual pode ser derrogada em outro órgão de polícia criminal desde que “… o Procurador-Geral da República, ouvidos os

órgãos de polícia criminal envolvidos, defere a investigação de um crime referido no n.º 3 do artigo anterior a outro órgão de polícia criminal desde que tal se afigure, em concreto, mais adequado ao bom andamento da investigação…”, nos termos e por força do artigo 7.º, n.º 3, ultima parte e artigo 8.º,

ambos da LOIC.

De acrescentar que a LOIC estabelece que esta derrogação de competência reservada apenas pode ser deferida em outro OPC quando:

“… a) Existam provas simples e evidentes, na acepção do Código de Processo Penal;

b) Estejam verificados os pressupostos das formas especiais de processo, nos termos do Código de Processo Penal;

c) Se trate de crime sobre o qual incidam orientações sobre a pequena criminalidade, nos termos da Lei de Política Criminal em vigor; ou

d) A investigação não exija especial mobilidade de actuação ou meios de elevada especialidade técnica…”, ou seja, quando o caso em apreço demonstre um índice residual de complexidade e, por

conseguinte, que o êxito da investigação não seja beliscado ou posto em causa por esta decisão.

De sublinhar que, caso “… a) A investigação assuma especial complexidade por força do carácter

plurilocalizado das condutas ou da pluralidade dos agentes ou das vítimas; b) Os factos tenham sido cometidos de forma altamente organizada ou assumam carácter transnacional ou dimensão internacional; ou c) A investigação requeira, de modo constante, conhecimentos ou meios de elevada especialidade técnica…”, a derrogação da competência reservada não poderá ocorrer, nos termos e por

força do artigo 8.º, n.º 2, da LOIC.

Finalmente, os n.º 4 e n.º 5 do artigo 7.º da LOIC prevêem um género de competência concorrencial, estabelecendo que “… Compete também à Polícia Judiciária, sem prejuízo das competências da Unidade

de Acção Fiscal da Guarda Nacional Republicana, do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e da Comissão do Mercado dos Valores Mobiliários…”, devendo a investigação criminal ser “… desenvolvida pelo órgão de polícia criminal que a tiver iniciado, por ter adquirido a notícia do crime ou por determinação da autoridade judiciária competente…”.

De salientar ainda a possibilidade de ser deferida na Polícia Judiciária a competência para a investigação de crimes não referenciados e elencados no artigo 7.º da LOIC, sempre que nos termos e por força do artigo 8.º, n.º 2, da LOIC “… a) A investigação assuma especial complexidade por força do carácter

cometidos de forma altamente organizada ou assumam carácter transnacional ou dimensão internacional; ou c) A investigação requeira, de modo constante, conhecimentos ou meios de elevada especialidade técnica…”, devendo para o efeito, o Procurador-Geral da República, ou os procuradores-

gerais distritais, nos termos do artigo 8.º, n.º 6, da LOIC, após ouvir os órgãos de polícia criminal envolvidos, proceder a tal delegação de competências.

De sublinhar que a preponderância da Polícia Judiciária no âmbito da investigação criminal tem subjacente, por um lado, razões de índole histórica e, por outro, a capacidade, experiência adquirida ao longo dos anos, a dotação de meios tecnológicos e humanos com conhecimentos específicos, com conhecimento privilegiado e especializado nas variadas áreas de intervenção, realidades que a transformam num OPC de características únicas, de competência especializada, eficiente e profissional, dotada de meios que o Ministério Público não detém.

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