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IV. Hiperligações e referências bibliográficas

8. Exemplo prático

Para Finalizar, aproveitamos para deixar uma proposta de despacho a proferir no âmbito do crime de Abuso de Confiança Fiscal, previsto e punido pelo artigo 105.º, n.ºs 1 e 4, do Regime Geral das Infracções Tributárias, por referência aos artigos 27.º, n.º 1, e 41.º, n.º 1, alínea b), do Código do Imposto de Valor Acrescentado.

=CLS=

A presente investigação iniciou-se com a remessa de um ofício da Autoridade Tributária e Aduaneira – Serviços de Investigação Criminal da Direcção de Finanças de Lisboa, que dá conta de factos susceptíveis de integrarem em abstracto um crime de Abuso de Confiança Fiscal, previsto e punido pelo artigo 105.º, n.ºs 1 e 4 do Regime Geral das Infracções Tributárias, por referências aos artigos 27.º, n.º 1, e 41.º, n.º 1, alínea b), do Código do Imposto de Valor Acrescentado, reportados ao período de tributação de Outubro a Dezembro de 2017.

***

Desta feita, atenta a natureza do referido ilícito criminal, consigno que a presente investigação assume natureza prioritária nos termos do artigo 3.º, alínea l), da Lei n.º 96/2017, de 23 de Agosto.

Anote no sistema informático e na capa.

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Junte impressão da Certidão Permanente de Registo Comercial da denunciada XPTO, com o NIPC 999 999 999.

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15 Idem. 16 Idem.

De acordo com a alínea a) do n.º 2 do PONTO IV da Circular n.º 6/2002, de 08 de Março da PGR e ao abrigo do artigo 270.º do Código de Processo Penal e artigo 40.º, n.º 2, do Regime Geral das Infracções Tributárias, aprovado pela Lei n.º 15/2001, de 05 de Junho, com a redacção que lhe foi dada pela Lei n.º 66-B/2012, de 31 de Dezembro, a competência para a realização de todas as diligências e investigações relativas ao presente inquérito, está delegada no órgão de polícia criminal específico, e que, neste caso, é o Serviço de Investigação Criminal da Direcção de Finanças de Lisboa.

Atento o supra exposto, o Serviço de Investigação Criminal da Direcção de Finanças de Lisboa deverá realizar as diligências de inquérito necessárias à descoberta da verdade material, procedendo, designadamente, às seguintes:

1) Notificação da sociedade XXXX, com o NIPC 999 999 999, para proceder ao pagamento do imposto em dívida no prazo de 30 dias, após a notificação, acrescida dos juros respectivos e da coima aplicável, nos termos do artigo 105.º, n.º 4, alínea b), do Regime Geral das Infracções Tributárias, devendo juntar o seu comprovativo.

2) Proceder à inquirição do Técnico Oficial de Contas da sociedade para esclarecer, designadamente:

2.1 Se os valores constantes das facturas correspondentes ao Imposto de Valor Acrescentado em falta foram recebidos, e se o foram em que data.

2.2 Quem tomava as decisões na sociedade, no período a que se reporta a prática dos factos; 2.3 Quem decidia nessa mesma altura o pagamento das despesas da sociedade;

2.4 Quem assinava os cheques;

2.5 Quem efectuava o pagamento dos impostos na sociedade e de que forma era feito; 2.6 Quem tinha autorização para movimentar as contas da sociedade.

3) No caso de permanecerem dúvidas sobre quem tomava as decisões e representava a empresa, deve proceder-se à inquirição de alguns trabalhadores, devendo apurar-se:

3.1 Desde quando são trabalhadores da empresa; 3.2 Quem lhes dava as ordens;

3.3 Quem efectuava o pagamento dos seus salários;

4) Proceder à constituição de arguida da denunciada XXXX, sociedade comercial por quotas, com o NIPC 999 999 999, e sujeitá-la a Termo de Identidade e Residência, na pessoa do seu legal representante.

5) Proceder ao interrogatório da denunciada, na pessoa do seu legal representante, devendo apurar-se, designadamente:

5.1 Qual a actividade desenvolvida pela denunciada;

5.2 Quem representava a sociedade entre os meses de Outubro a Dezembro de 2017 e até 16/02/2018; 5.3 Quem decidia os pagamentos da sociedade;

5.4 Se sociedade recebeu todas as quantias facturadas nos meses acima referidos e, se sim, em que datas;

5.5 Se tinha conhecimento de que o Imposto referente ao período de tributação que antecede não tinha sido pago;

5.6 Quem era o responsável pelo pagamento dos impostos, no período acima referido, e de que forma eram pagos;

5.7 Quem assinava os cheques da empresa no mesmo lapso temporal e quem podia movimentar as contas bancárias;

5.8 Se a sociedade tem outras dívidas, designadamente a fornecedores e, no caso de resposta afirmativa, indique quais.

5.9 Se a sociedade pretende pagar os valores em dívida.

Prazo: 90 dias.

Findo o referido prazo, no caso de ausência de resposta, insista. ***

Em cumprimento da Directiva 02/2013, de 10/09, da PGR, solicite à Autoridade Tributária e Aduaneira - Serviços de Investigação Criminal da Direcção de Finanças de Lisboa, que aquando da devolução do inquérito devidamente concluído, informe se pretende que o Ministério Público deduza pedido de indemnização civil relativamente aos valores devidos à Fazenda Nacional.

***

Finalmente, consigna-se ainda que, de acordo com a reunião que teve lugar no pretérito dia 19/12/2016 com a Exma. Senhora Procuradora da república Coordenadora sectorial, foi dispensado o cumprimento do disposto no n.º 3 do Ponto VI da referida Circular n.º 06/2002, da PGR.

(Processado e revisto pela signatária nos termos do artigo 94.º, n.º 2, do Código do Processo Penal) Local, data,

O Magistrado do Ministério Público,

IV. Hiperligações e referências bibliográficas

CANOTILHO, Gomes e MOREIRA, Vital, in Constituição da República Portuguesa Anotada, 3.ª edição.

CARDOSO, Rui, “Investigação Criminal Diagnóstico de um sistema (propositadamente) doente”, in Terra da Lei, Separata n.º 3.

• CARDOSO, Rui, Conteúdos da sessão dois de formação específica de direito penal e processual penal – Ministério Público 33.º curso.

CUNHA, Damião, in o Ministério Público e os Órgãos de Polícia Criminal no novo Código de Processo Penal, Porto 1993.

DIAS, João Paulo, FERNANDO, Paula, LIMA, Teresa Maneca Lima, in O Ministério Público em Portugal: Que papel, que lugar?

• GASPAR, António da Silva Henriques, CABRAL, José António Henriques dos Santos, COSTA, Eduardo Maia, MENDES, António Jorge de Oliveira, MADEIRA, António Pereira, GRAÇA, António Pires Henriques,

in Código de Processo Penal Comentado, Almedina, 2.ª edição revista.

• JACINTO, F. Teodósio, Colóquio Direito Penal e Processo Penal, Supremo Tribunal de Justiça, 03/06/2009, “O Modelo de Processo Penal, entre o Inquisitório e o Acusatório: Repensar a Intervenção Judicial na Comprovação da Decisão de Arquivamento do Inquérito”.

PINTO, André de Sousa Pinto, in A relação entre o Ministério Público e os Órgão de Polícia Criminal, Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, 2017.

SILVA, Germano Marques, in Direito Processual Penal Português, Universidade Católica Portuguesa, 2.ª Edição.

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Pedro Casquinha

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