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2.5.1. Polícias Municipais

As Polícias Municipais são serviços municipais especialmente vocacionados para o exercício de funções de polícia administrativa, com as competências, poderes de autoridade e inserção hierárquica definidos no artigo 1.º da Lei n.º 19/2004 (Lei Quadro que define o regime e forma de criação das polícias municipais).

A Lei n.º 19/2004 não qualifica as Polícias Municipais como órgãos de polícia criminal, antes as qualifica expressamente como polícias administrativas. Porém, atribui-lhes competências de órgãos de polícia criminal, tipificando-as nos artigos 3.º, n.ºs 3 e 4, e artigo 4.º da Lei n.º 19/2004. A este respeito releva o Parecer n.º 28/2008 que determina que “as polícias municipais não constituem forças de segurança,

estando-lhes vedado o exercício de competências próprias de órgãos de polícia criminal, excepto nas situações referidas no artigo 3.º, n.ºs 3 e 4, da Lei n.º 19/2004”. Acrescentando que, as Polícias

Municipais podem realizar a “identificação e revista de suspeitos, medidas cautelares de polícia previstas

no artigo 3.º, n.º 3, da Lei n.º 19/2004, podem ser adoptadas pelos órgãos de polícia municipal unicamente em situação de flagrante delito”, têm ainda competência para o levantamento de autos e o

desenvolvimento de inquérito criminal por factos estritamente conexos com violação de lei ou recusa da prática de acto legalmente devido no âmbito das relações administrativas relacionadas com o cumprimento das normas regulamentares municipais, o cumprimento das normas de âmbito nacional ou regional cuja competência de aplicação ou de fiscalização caiba ao município e decisões das autoridades municipais; nas situações em que, por efeito do exercício dos poderes de autoridade, os órgãos de polícia municipal directamente verifiquem o cometimento de qualquer crime, podem, ainda, proceder à identificação e revista dos suspeitos no local do cometimento do ilícito, bem como à sua imediata condução à autoridade judiciária ou ao órgão de polícia criminal competente. Fora desse âmbito, é vedado às polícias municipais o exercício de competências próprias dos órgãos de polícia criminal50.

2.5.2. Inspecção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGAMAOT)

O IGAMAOT não é entidade policial, pelo que, face ao disposto no artigo 1.º do Código de Processo Penal, não pode ser classificada como órgão de polícia criminal. Porém, o Decreto-Lei n.º 23/2012 atribui-lhe competência legal para exercer funções próprias de órgão de polícia criminal relativamente aos crimes que se relacionem com o cumprimento da sua missão em matérias de incidência ambiental, sem prejuízo das atribuições de outras entidades, nos termos dos artigos 2.º, n.º 1, alínea h), e 11.º, n.º 1, do Decreto-Lei n.º 23/2012, que, dispõe expressamente que na prossecução da referida atribuição a IGAMAOT tem a natureza de órgão de polícia criminal, actuando no processo sob direcção e na dependência funcional da autoridade judiciária competente). Deste modo, compete-lhe, por exemplo, a investigação de crime de poluição, previsto e punido nos termos do artigo 279.º do Código Penal, o crime de violação de regras urbanísticas por funcionário, previsto e punido nos termos do artigo 382.º-A do Código Penal, o crime de danos contra a natureza, previsto e punido nos termos do artigo 278.º do Código Penal. Consideram-se autoridades de polícia criminal o inspector-geral, os subinspectores-gerais 50 Sendo entidades policiais e competentes para levar a cabo actos de recolha e conservação de prova de crime, na dependência funcional das autoridades judiciárias, podem ser consideradas OPC, ainda que com competências limitadas. A competência de cada concreta Polícia Municipal é definida taxativamente na deliberação municipal que a criar, nos termos do artigo 12.º, n.º 1, da Lei 19/2004 e artigo 3.º, alínea a), do Decreto-Lei n.º 197/2008. As concretas competências podem ser mais restritas do que as definidas no artigo 4.º da Lei n.º 19/2004, podendo assim não ter as competências próprias de OPC. Ou seja, só casuisticamente se pode determinar se uma concreta Polícia Municipal é ou não órgão de polícia criminal.

e os trabalhadores da carreira especial de inspecção, nos termos do artigo 11.º, n.º 2, do Decreto-Lei n.º 23/2012.

2.5.3. Autoridade Tributária e Aduaneira

A Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) é um serviço da administração directa do Estado dotado de autonomia administrativa. As suas atribuições incluem prevenir, investigar e combater a fraude e evasão fiscais e aduaneiras e os tráficos ilícitos, no âmbito das suas atribuições, nos termos do artigo 2.º, n.º 1, alínea b), do Decreto-Lei n.º 118/2011 (Lei Orgânica da Administração Tributária). A AT, como não é entidade policial, não pode ser classificada como órgão de polícia criminal em sentido estrito. Porém, está dotado de competência específica para investigação de certos delitos criminais, tem uma competência reservada.

Tratando-se de crimes tributários, o RGIT atribui aos órgãos da administração tributária os poderes e funções que o Código de Processo Penal atribui aos órgãos e às autoridades de polícia criminal, declarando que se lhes presume delegada a prática de actos que o Ministério Público pode atribuir àquelas entidades, independentemente do valor da vantagem patrimonial ilegítima, mas não reserva à AT a competência para a investigação de qualquer tipo de crime. No entanto, há que considerar que a LOIC atribui à PJ a competência, não reservada, para a investigação dos crimes tributários de valor superior a 500.000€, ao abrigo do artigo 7.º, n.º 4, alínea a), da LOIC, por um lado, e que a GNR também tem competência para investigar os crimes aduaneiros de que tenha conhecimento no exercício das suas funções, nos termos do artigo 41.º, n.º 1, alínea a), do Regime Geral das Infracções Tributárias, por outro51.

Importa ainda referir que, constituindo o mesmo facto crime tributário e crime comum ou quando a investigação do crime tributário assuma especial complexidade, o Ministério Público pode determinar a constituição de equipas também integradas por elementos a designar por outros órgãos de polícia criminal para procederem aos actos de inquérito, nos termos do artigo 41.º, n.º 4, do RGIT. Não se prevê, pois, que a AT possa ser excluída da investigação.

2.5.4. Órgãos da Administração da Segurança Social

Os Órgãos da Administração da Segurança Social incluem o Instituto da Segurança Social e a Caixa Geral de Aposentações, não são entidades policiais, pelo que não podem ser classificados como órgãos de 51 A competência pertence, nos termos do artigo 41.º, n.º 1, do RGIT, relativamente, aos crimes aduaneiros ao director da Direcção de Serviços Antifraude Aduaneira, nos processos por crimes que venham a ser indiciados no exercício das suas atribuições ou no exercício das atribuições das alfândegas, nos termos do artigo 20.º da Portaria n.º 320-A/2011. No que respeita aos crimes fiscais ao director da Direcção de Serviços de Investigação da Fraude e de Acções Especiais nos processos por crimes que venham a ser indiciados por estas no exercício das suas atribuições, nos termos do artigo. 21.º da Portaria n.º 320-A/2011; ao director de finanças que exercer funções na área onde o crime tiver sido cometido, ao abrigo do disposto no artigo 36.º da Portaria n.º 320-A/2011.

polícia criminal em sentido estrito, mas apenas lato, uma vez que, têm competência específica, sendo as suas competências de investigação são reservadas. Aplica-se de igual modo, a regra de que constituindo o mesmo facto crime tributário e crime comum ou quando a investigação do crime tributário assuma especial complexidade, o Ministério Público pode determinar a constituição de equipas também integradas por elementos a designar por outros órgãos de polícia criminal para procederem aos actos de inquérito, nos termos do artigo 41.º, n.º 4, do RGIT. Não se prevê, pois, que os órgãos da administração da segurança social possam ser excluídos da investigação.

2.5.5. Funcionários Judiciais

Os Funcionários Judiciais, no que respeita aos técnicos de justiça principais providos em secção de processos dos serviços do Ministério Público, os técnicos de justiça adjuntos e técnicos de justiça auxiliares desempenham, no âmbito do inquérito, as funções que competem aos órgãos de polícia criminal, nos termos do artigo 6.º, n.º 1, e mapa anexo do Decreto-Lei n.º 343/99, de 26 de Agosto. Não podem ser classificados como órgãos de polícia criminal em sentido estrito (por não serem entidades ou agentes policiais), mas, no âmbito do inquérito, desempenham as funções que competem aos órgãos de polícia criminal. Podem praticar os mesmos actos de inquérito que a generalidade dos órgãos de polícia criminal, podendo até o titular do inquérito lhes delegar genericamente a competência para a realização da investigação. A sua competência será aquela que em concreto foi definida pelo titular do inquérito.

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