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Considerando a trajetória teórica que fizemos até aqui, chegamos à conclusão que estu- dar o processo de autonomia dos agentes de saúde só tem o seu sentido pleno de ser se a autono- mia, frente aos ambientes de aprendizagem e aos recursos digitais e telemáticos de EAD, for en- focada em relação à atividade central do projeto que é a promoção da saúde.

Esta postura nos força a que o estudo da autonomia dos agentes se dê no patamar das re- presentações mentais e dos conceitos. Sabemos que a autonomia se expressa e se concretiza no exercício das habilidades e competências em relação às rede telemáticas e às relações humanas

Identidade Digital Interface Gráfica Unicamp Comunidade Centro de Saúde Novos conteúdos Tecnologia digital

Espaço público, tempo, autonomia, cooperação, promoção da saúde. Entidades (Representações Mentais) Espaço Esperança

Figura 7: Representação das relações num ambiente de aprendizagem e a formação das entidades

envolvidas neste uso. No entanto, o que procuramos neste trabalho é estudar as entidades, as re- presentações mentais que modelam estas habilidades e competências. Isto requer, segundo a perspectiva interacionista e sócio-histórica adotada, observar os níveis de gestão nas relações interdependentes (anomia, heteronomia, autonomia) entre as entidades do ambiente de aprendi- zagem e em que medida elas favorecem ou não o objetivo geral de promoção da saúde. Por outro lado, significa observar os níveis de colaboração criados entre os participantes e os níveis de consciência atingidos pelo grupo. Ou seja, requer estudar o desenvolvimento da autonomia em relação a um conjunto de “entidades que se comunicam, uma ou mais das quais são seres huma- nos” (Oliveira & Baranauskas, 2003) existentes no ambiente de aprendizagem e na interface grá- fica utilizada. Significa também enfocá-la em seus múltiplos aspectos: pessoal (identidade), pro- fissional (relações de trabalho), social, psicológico e tecnológico.

NA figura acima buscamos representar graficamente as relações estabelecidas pelo a- prendiz, quando inserido num ambiente de aprendizagem com recursos telemáticos. Neste ambi-

Autonomia

entidades entidades

entidades

Figura 8: Representação da entidades mediando a autonomia na relação com a comunidade

Autonomia

Comunidade

ente, a rede de computadores passa a ser o mediador de todas as relações, assim como uma im- portante ferramenta para construção das entidades que incorporam o conjunto de aspectos levan- tados acima.

A presença dos computadores e a conexão com a internet criam um movimento de ebu- lição entre os conceitos e representações. Ao ter acesso a qualquer tipo de informação e à intera- ção entre pessoas distantes, o agente se vê obrigado a reformular suas atividades a partir de um novo patamar de espaço e tempo. Parte desse movimento é registrado na plataforma utilizada onde cada anotação do aprendiz aparece como uma fotografia instantânea desse movimento de ressignificação e recontextualização dos temas abordados.

Assim, ser autônomo requer habilidade no manejo destas entidades, consciência desse processo e uma disposição em direcioná-lo para uma cooperação com a comunidade.

Por outro lado, a partir das relações mostradas na figura 7, podemos perceber três níveis de interação que requerem certa habilidade e uma autonomia relativa. O primeiro nível é o tecno-

lógico, no qual se dão as relações entre o aprendiz e o computador e a interface gráfica. A habili-

dade motora – ligar, desligar, mover o mouse, clicar – e a discriminação visual, são habilidades que consomem grande parte da atenção nesta faze.

TECNOLÓGICO

Relações com o micro, a interface.

SOCIAL

Relações de sociais e de trabalho na Unicamp; Espaço Esperança; centro de saúde;

MENTAL

Representações mentais: entidades

Figura 9: Representação dos níveis da autonomia

Num segundo nível, o social, estão as relações sociais onde se dá a busca pelo acesso ao computador, a elaboração dos projetos de uso ou o debate dos resultados obtidos por meio dele.

O terceiro nível, denominado de mental, é o das representações mentais no qual estão presentes, na forma de entidades, todos os elementos dos níveis anteriores. Neste nível é solici- tada a habilidade no trato com os conceitos e entidades assim como na elaboração de novas idéias que possam beneficiar a comunidade.

Entre este três níveis existe movimento dialético onde um nível interfere e modifica o outro alterando-se a si próprio. Então, sob um outro ponto de vista, ser autônomo requer habili- dade em navegar nestes três níveis.

Considerando-se o caráter relativo da autonomia, como mostram o trabalho de Valente, A. (1988), as características da autonomia acima expostas e a hipótese de que seria possível en-

contramos elementos das fases descritas por Piaget em adultos, sugerimos os seguintes descrito- res para análise dos dados:

• Anomia: raciocínio centrado no “eu”; ações em relação à máquina intuitivas, não vinculadas a conceitos sobre a mesma; incapacidade de relacionar as entidades da interface com as entidades do ambientes de aprendizagem; não percebe o outro; incapacidade de co- operação.

• Heteronomia: já apresenta certo grau de descentração; ações em relação à máquina vinculadas a alguns conceitos em formação; estabelecimento de algumas relações entre as entidades; percebe e dialoga com o outro, mas ainda não coopera com o grupo.

• Autonomia: capacidade de descontextualização e recontextualização, ações em rela- ção à máquina vinculadas a conceitos e representações mentais; capacidade de relacionar as diversas entidades do ambiente de aprendizagem; percebe o outro e coopera com grupo.

Consideramos que com este enquadramento geral estamos aptos não só a estabelecer os objetivos de nossa pesquisa, mas também a inserir algumas entidades no ambiente de aprendiza- gem que favoreçam a aprendizagem, a autonomia e o movimento de promoção da saúde iniciados pelos agentes de saúde.

4 OBJETIVOS E QUESTÕES METODOLÓGICAS

Neste capítulo, pretendemos explicitar os objetivos de nosso trabalho assim como as re- lações entre a metodologia de pesquisa propriamente dita e a metodologia das ações desenvolvi- das.