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Conceitos de inteligência competitiva

CAPÍTULO 2 – REVISÃO DE LITERATURA

2.3 Inteligência competitiva

2.3.1 Conceitos de inteligência competitiva

O acesso à informação é uma necessidade estratégica das organizações, seja por questões ligadas à lucratividade, à competitividade e até mesmo à sua sobrevivência no mercado. Neste cenário, destaca-se a importância da IC, que deve ser vista como uma importante ferramenta de apoio à estratégia da organização, devendo, portanto, estar totalmente integrada com a mesma.

O tema IC teve sua origem na inteligência clássica (adotado pelas forças armadas e mais tarde apropriado pelo Estado). Surgiu na Europa durante a década de 50, visando auxiliar na reconstrução dos países europeus. Nessa mesma época, tal atividade passou a ser adotada pelo Japão com os mesmos objetivos. Nos Estados Unidos, a sua discussão iniciou apenas durante a década de 80 (MARCIAL; COSTA, 2003).

No Brasil a IC começou a ser usada nos anos 90, quando foram formados os primeiros núcleos de IC. Cresce cada vez mais o número de empresas que usam a IC e, segundo a Associação Brasileira dos Analistas de Inteligência Competitiva (ABRAIC, 2008), cerca de 1.370 organizações possuem setores ou consultorias permanentes sobre o assunto.

Na visão de Hohhof (2007), o processo de IC visa à geração de produtos de inteligência, que devem, entre outras finalidades, antecipar informações a serem comunicadas aos tomadores de decisão, a tempo de poderem articular ações que possam influenciar no curso destes eventos, evitando que certos acontecimentos tenham impacto negativo no desempenho da organização.

Para Tyson (1998), a IC é um processo sistemático que transforma bits e partes de informações competitivas em conhecimento estratégico para a tomada de decisão. Conhecimento sobre posição competitiva atual, desempenho, pontos fortes e fracos e intenções específicas para o futuro.

Battaglia (1999, p. 205) destaca que a IC está fundamentada na informação, formal e informal, estruturada em sistemas de informação e a define como “um processo formal por meio do qual as informações são coletadas, processadas e disseminadas dentro da empresa nos níveis estratégico e tático, visando à definição e à execução de suas estratégias, bem como à avaliação de sua efetividade.”

Miller (2000), por sua vez, define IC como uma estratégia para a empresa descobrir o que se passa no ambiente de negócios em seu setor de atuação. O conhecimento gerado oferece subsídios aos executivos para tomar decisões que forneçam à empresa vantagens sobre seus concorrentes.

Inteligência competitiva para Tarapanoff (2001, p. 45), é “uma nova síntese teórica no tratamento da informação para a tomada de decisão, uma metodologia que permite o monitoramento informacional da ambiência e, quando sistematizado e analisado, a tomada de decisão.”

Gomes e Braga (2004, p. 28) relatam que todo processo de IC deve levar em conta a sistematização e a ética, a formalização e avaliação ininterrupta e um plano para utilização da informação. Conceituam IC como “um processo ético de identificação, coleta, tratamento, análise e disseminação da informação estratégica para a organização, viabilizando seu uso no processo decisório.”

Já para Marcial (2005), a IC é um processo informacional proativo que conduz à melhor tomada de decisões, seja ela estratégica ou operacional. É um processo sistemático, que visa descobrir os atores e as forças que regem os negócios, reduzir riscos e conduzir o tomador de decisão a agir antecipadamente, bem como proteger o conhecimento gerado.

Segundo Canongia et al. (2004), a IC implica no desenvolvimento da capacidade de identificação, sistematização e interpretação dos sinais do ambiente externo das organizações, para alimentar os processos de decisão. As ferramentas de IC têm um papel importante para subsidiar a empresa no processo de interação com outros atores de um sistema de inovação, gerando ganhos em termos de aprendizado e identificação de oportunidades, além da preservação de informações e projetos estratégicos.

A Society of Competitive Intelligence Professionals (SCIP, 2006) define IC como um programa sistemático e ético para coletar, analisar e gerenciar informação externa, que pode afetar os planos, as decisões e as operações de uma empresa. A

IC é um processo de melhoria da competitividade por meio do entendimento dos concorrentes e do ambiente competitivo

Para Fuld (2006), a IC é um elemento que vai muito além da competência corporativa. Apresenta cinco passos para uma empresa ser bem sucedida em IC.

• a IC é uma arte, e as pessoas não devem achar que se trata de números científicos ou uma fórmula. Quase sempre, a informação essencial vem de lugares surpreendentes. Logo, é preciso ter flexibilidade e estar apto a apresentar às pessoas uma gama de inteligência que vê o mundo de outra forma;

• é preciso entender que as pessoas colocam vendas nos olhos, não conseguindo ir além de certos pontos. São vendas emocionais, de negação, e até mesmo referentes ao desconhecimento da história ou a arte de não verem as coisas claramente;

• a internet veio para ficar e tem linguagens secretas, as quais é preciso aprender. Não é necessário se tornar uma biblioteca ambulante, mas entender a ferramenta e usá-la da melhor forma para a empresa e seus negócios;

• usar as ferramentas certas para gerir os negócios e estar apto a analisar e estruturar as informações coletadas. Isso possibilita saber se o concorrente está em melhor posição, permitindo, se for o caso, mudar a estratégia da empresa;

• não achar que é possível fazer as coisas sempre sozinho. É importante comentar as decisões com os outros, que podem ajudar e fornecer dados importantes. É possível saber tudo que se precisa com três ou quatro perguntas. Inteligência é a arte de aprender com os outros.

Além da forma como o processo de IC se estrutura, Bensoussan e Fleisher (2008) chamam a atenção para o esforço que será envolvido em:

• selecionar cuidadosamente as informações relevantes; • verificar a confiabilidade da informação;

• resumir os resultados para reduzir o volume de informação;

• analisar os resultados, agrupando, integrando, comparando, entre outros; • interpretar o significado para a empresa ou departamento.

Constata-se, diante dos conceitos apresentados, que algumas abordagens são mais estratégicas, outras mais operacionais, porém, todas têm como objetivo central obter informações, principalmente do ambiente externo. Informações estas que devem ser coletas, analisadas e disseminadas para subsidiar o processo de tomada de decisão, permitindo o aumento da competitividade da organização.

A IC é composta por várias etapas e envolve um leque amplo de profissionais que contribuem para o seu funcionamento, assunto abordado na seqüência.