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Vantagens proporcionadas pelos arranjos produtivos locais

CAPÍTULO 2 – REVISÃO DE LITERATURA

2.5 Arranjo produtivo local

2.5.3 Vantagens proporcionadas pelos arranjos produtivos locais

Ruthes (2007) relata que para se manterem fortes frente as adversidades do mercado, muitas empresas desenvolvem novas estratégias e formas de organização, tais como a cooperação e a parceria. Para o autor, as vantagens da cooperação são: aumento da competitividade, eficiência coletiva, aprendizado coletivo, troca de informações, redução de custos, estímulo ao empreendedorismo.

Para Albagli (2001), as vantagens de se oferecer serviços a conjuntos de empresas que se organizam em torno de um APL são: custos de transação mais baixos do que o apoio a empresas individuais; contribuição para a dinamização das relações entre as empresas e demais agentes; melhoria da eficiência e maximização do potencial do grupo por meio do desenvolvimento do aprendizado mútuo. Capacitar para o exercício da inteligência empresarial e organizacional, incluindo a elaboração de planos de negócio, prospecção de oportunidades, monitoramento de mercados nacionais e internacionais, gestão do conhecimento e da informação e capacitação de recursos; sensibilizar, informar e capacitar as MPEs para ampliar suas exportações, registro de patentes de novos produtos e processos e presença nos mercados externos, são outras vantagens apresentadas pelo autor.

Pereira e Herschmann (2003) citam as seguintes vantagens de formação de arranjos produtivos locais:

• menores custos de transporte de matérias-primas e de produtos acabados ao mercado consumidor, já que atende a um grupo de empresas;

• menores custos de transporte entre as empresas localizadas no agrupamento, por causa da proximidade, que favorece a especialização produtiva e tecnológica;

• menores custos de transação e difusão de informações, devido ao contato direto e freqüente entre os empresários;

• tendência à especialização e ao desdobramento da cadeia produtiva no agrupamento, devido aos menores custos citados anteriormente;

• intensificação do processo de inovação tecnológica;

• as externalidades presentes no local, que reforçam a competitividade da indústria local, estimulando um ciclo virtuoso de investimento e crescimento;

• o clima de competição e cooperação entre as empresas pode gerar sinergias, tornando-se num poderoso fator de inovação, crescimento e expansão da atividade local;

• a geração de vantagens competitivas dinâmicas, pois envolve inovações tecnológicas de produtos e processos e mudanças na estrutura da oferta, favorecendo o crescimento do APL.

Na visão de Lastres (2004), as principais vantagens do foco em arranjos produtivos locais são:

• representar uma unida prática de investigação que extrapola a visão tradicional baseada na organização individual (empresa), setor ou cadeia produtiva, estabelecendo uma ponte entre o território e as atividades econômicas;

• focalizar um grupo de agentes diferenciados (empresas e organizações de P&D, educação, treinamento, financiamento etc.) e atividades conexas que freqüentemente caracterizam qualquer sistema produtivo e inovativo local;

cobrir o espaço que simboliza o locus real, onde o aprendizado acontece, as capacitações produtivas e inovativas são criadas e os conhecimentos tácitos fluem;

• representar o nível onde as políticas de promoção do aprendizado, inovação e criação de capacitações podem ser mais efetivas. Neste caso, enfatiza-se a relevância da participação de agentes locais e de atores coletivos e o valor da coerência e coordenação locais e nacionais.

Conforme Chaves (2004), as vantagens proporcionadas pelos APLs são: aumento de poder de barganha com os fornecedores, redução de custos relativos à

estocagem, comercialização e distribuição de produtos, aumento da influência política das empresas, contribuição para a difusão da inovação, minimização dos problemas de assimetria de informação e maior acesso ao crédito.

Segundo Cândido, Silva e Costa (2006), organizadas em APLs as pequenas empresas, além de aumentarem a sua competitividade, contribuem para o desenvolvimento regional, uma vez que, organizadas dessa forma, possuem maior capacidade para resolver problemas comuns. Nota-se que esta é outra vantagem propiciada pela formação de APLs.

Outro benefício obtido com a formação de APLs, segundo Santos e Ferreira Júnior (2006), é o aprendizado interativo, associado à transmissão, à disseminação de competências e aos conhecimentos de caráter tácito, que se constitui numa fonte essencial para ampliar a capacidade produtiva e inovativa das empresas e instituições.

Tahim (2008) destaca que a visão sistêmica de APLs possibilita maior mobilização do adensamento e das sinergias, beneficiando os processos de aprendizado, resultando em benefícios econômicos e sociais para a localidade onde os APLs estão inseridos, o que tem impacto significativo no desempenho das pequenas e médias empresas, bem como na geração de emprego e renda. A autora defende que o foco em APLs pode ser considerado como uma alternativa importante para a promoção do desenvolvimento local e regional.

Custódio (2005) afirma que a proximidade territorial das empresas que fazem parte do APL estabelece uma relação estreita entre aprendizado e inovação, sendo que os mesmos se manifestam em conjunto. Desta forma, em um ambiente onde as empresas se concentram formando aglomerados produtivos, a difusão dos processos inovativos acontece com mais facilidade, já que o conhecimento adquirido por uma das empresas do arranjo pode ser absorvido pelas demais. Portanto, a noção de proximidade local está ligada ao desenvolvimento de aprendizado voltado aos processos de inovação.

Essa ideia é corroborada por Botelho, Carrijo e Kamasaki (2007), ao enfatizarem que a proximidade geográfica entre as empresas e instituições de apoio também aparecem como elemento essencial para a atividade de inovação, devido a característica parcialmente tácita do conhecimento que gera as inovações.

Ruthes e Nascimento (2006) mencionam que são vários os benefícios que os APLs proporcionam para uma determinada região. Porém, salientam que ainda há

carência de desenvolvimento de uma cultura de integração aos planos de desenvolvimento local e de políticas públicas, de estudos e ações que invistam na sustentabilidade dos APLs a longo prazo, com fundamentação, técnicas e replicação de experiências já consolidadas.

Diante disso, é importante que os responsáveis pela formulação de políticas públicas referentes aos APLs vejam estes arranjos como uma organização, que precisa de planejamento, inteligência, estudos prospectivos, minimização de riscos, análise ambiental, enfim, de todas as técnicas que as empresas utilizam e que podem fundamentar o gerenciamento dos APLs, contribuindo desta forma, para o desenvolvimento da região.

Importante mencionar que, embora os APLs propiciem uma série de benefícios às empresas e região onde estão situados, alguns desafios são encontrados quando se trata do seu desenvolvimento. Este assunto é tratado no tem seguinte.