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Sempre que nós pregadores cruzamos com um texto que fala a respeito de demônios, somos tentados a saltar aquela parte e continuar lendo. Mas quando você lê todo o evangelho de Marcos, fica difícil fazer isso. Já começa no início, no capítulo 1. Depois que Jesus chama os seus discípulos, a primeira coisa que eles fazem é encontrar um homem com um espírito imundo dentro da sinagoga. Al- guns versículos depois, somos informados de que Jesus levou os discípulos por toda a Galiléia, proclamando a mensagem e expulsando demônios. Então, no capítulo 3, Jesus envia seus discípulos para, por conta própria, proclamarem a mensagem e expulsarem demônios. Você continua encontrando essas expressões combinadas em Marcos — proclamar a mensagem e expulsar demônios. Elas são usadas de forma quase intercambiável, quase sinônima. No capítulo 5, Jesus cura um homem gerase- no endemoninhado, alguém que estava fora de si em virtude dos demônios. No capítulo 6, Jesus novamente envia seus discípulos para proclamar a mensagem e expulsar demônios. No capítulo 7, ele expulsa um demônio da filha da mulher siro- fenícia.

Por nós mesmos somos impotentes contra o mal

Se você permanecer com Jesus, descobrirá que é inevitável lidar com o de- moníaco. Isso porque Jesus é o salvador para ir a lugares de que o mal se apropriou, em que o mal está sugando a vida e o espírito das pessoas. Podemos chamar isso de nomes mais sofisticados hoje, mas qual de nós negaria que existe uma obra do mal no coração e na alma das pessoas tanto dentro da congregação quanto fora dela? Marcos não deixará você negar que Jesus o chamou para fazer algo em relação a isso: proclame a mensagem e expulse demônios.

Em Marcos 9, Jesus subiu o monte da Transfiguração com Pedro, Tiago e João — o grupo mais próximo dos seus discípulos. Enquanto esses discípulos estavam fora, as pessoas pedem aos outros discípulos para que expulsem demônios de um pequeno menino. Embora façam das tripas coração, não conseguem expulsar esse demônio. Quando Jesus retorna do monte da Transfiguração, encontra seus dis- cípulos argumentando com os escribas.

Isso faz sentido, porque os discípulos não estão se sentindo bem consigo mes- mos, em primeiro lugar. Eles são o segundo grupo. Jesus está fora, no monte da Transfiguração. Eles foram deixados para trás. Esse é o seu momento para brilhar, para fazer o que Jesus mandou, e eles fracassam nesse único momento. Sentem-se impotentes para fazer o que foram chamados a fazer.

Quando o pai do menino possesso vê Jesus, corre até ele e diz: "Mestre, eu te trouxe o meu filho, que está com um espírito que o impede de falar. Onde quer que o apanhe, joga-o no chão. Ele espuma pela boca, range os dentes e fica rígido. Pedi aos teus discípulos que expulsassem o espírito, mas eles não conseguiram" (Mc 9.17,18).

Eu sei como é sentir quando me pedem para fazer alguma coisa que Jesus ordenou e não sou capaz de fazê-lo. Como você pode imaginar, não faltam opor- tunidades pastorais àqueles de nós tentando ministrar em Washington, D. C. Mencionei isso uma vez a um amigo que vive no meio-oeste. Ele me disse: "O seu trabalho não está dando muito resultado, está?". Ele tem razão.

Temos AIDS em toda a África. Temos violência em todo o Oriente Médio. Temos pobreza em todo o terceiro mundo. Toda vez que retorno de uma visita a um de nossos parceiros nesses lugares de enorme necessidade, sei que o missionário que fica para trás na favela e na violência começa a orar: "Senhor, eu pedi a seu discípulo para expulsar os demônios desse lugar, mas ele não conseguiu fazê-lo. Jesus, o Senhor me enviou um discípulo do segundo grupo".

Nós não podemos expulsar os demônios sozinhos. Essa é a boa notícia. O dia em que você chega a perceber isso é o dia em que você está pronto para o Salvador. Pois a salvação não vem por meio do seu poder, nem mesmo por meio de sua pregação poderosa. A salvação vem somente por meio do poder de Jesus Cristo.

'"Tragam-me o menino'", Jesus diz. Você precisa sublinhar isso três vezes na sua Bíblia.

"Quando o espírito viu Jesus, imediatamente causou uma convulsão no meni- no. Este caiu no chão e começou a rolar, espumando pela boca" (Mc 9.20). Essa é uma cena e tanto. O espírito vê Jesus e joga o menino no chão e imediatamente o menino começa a espumar pela boca, rolando para cima e para baixo.

Livrar-se do mal leva tempo

Observe que Jesus não se apressa para ajudar esse garoto. Aliás, parece que ele está fazendo um histórico médico. Esse garoto está se debatendo no chão, e Jesus olha para esse pai e diz: "Vejamos, há quanto tempo isso vem acontecendo? Ah, e ele se joga no fogo? Fogo, é isso mesmo? E na água também?". Quando lemos isso, queremos entrar no texto e dizer: "Jesus, que diferença isso faz? Rápido, livre esse garoto desse incômodo!".

Jesus nunca tem pressa. Isso me enlouquece. Fico no empurra-empurra por Jesus a toda hora, o dia todo. Imagino que Jesus poderia se mover, pelo menos, tão rapidamente quanto eu. Mas estou finalmente começando a perceber que a real pergunta é: "Consigo me mover tão lentamente quanto Jesus?". Livrar-se do mal leva bastante tempo. A pregação nunca tem que ver com o que você ou eu fazemos acontecer. Tem sempre e unicamente que ver com o que Jesus faz acontecer. E aparentemente Jesus não tem pressa alguma para tirar todo o mal de nossa congre- gação, tem? Ele certamente não tem pressa para tirá-lo do mundo. Assim, a primeira pergunta que o pregador precisa fazer não é: "Como você faz as pessoas acreditarem em Jesus?". A primeira pergunta que você precisa fazer o tempo todo é: "Você acre- di-ta nele?". Você obtém sua resposta a essa pergunta por meio de outra pergunta: "Você está tentando consertar sua igreja ou está levando-a até Jesus?". Jesus diz: "Tragam-me o menino".

A obra de Jesus não terminou na cruz. Ele não entregou você a uma missão impossível. Ele não pede a você que conclua a obra no lugar dele. Jesus ressuscitou dos mortos e continua sua obra no mundo por meio do ministério do Espírito que procede do Filho e do Pai. O ministério desse Espírito é conectar as pessoas com os atos salvadores e curadores de Jesus Cristo. Assim, a pergunta é: "Você acredita que o Espírito Santo ainda é eficiente em conectar as pessoas à salvação em Jesus Cristo?".

O pai do menino disse: "'Creio, ajuda-me a vencer a minha incredulidade!'". Quem de nós não conhece essa oração? Precisamos acreditar, mas não podemos negar que temos uma grande medida de incredulidade e dúvida em nós. Duvida- mos que nossos sermões farão muita diferença. Duvidamos que farão qualquer coisa para expulsar o mal. Mas tão honestos quanto somos a respeito dessas dúvi- das e incredulidade, precisamos ser honestos ao reconhecer também que, inde- pendentemente de quão esfarrapada ela seja, existe fé aí também: "Sim. Eu acredito e preciso de ajuda em relação à minha incredulidade". Isso é o suficiente. Essa é uma confissão suficiente para expulsar o mal. Pois logo que Jesus ouve essa confis-

são de fé bastante morna, olha para o menino em convulsão e diz: "Espírito mudo e surdo, eu ordeno que o deixe e nunca mais entre nele".

Tudo fica pior antes de melhorar

Depois que Jesus diz isso, observe que as convulsões do menino se transfor- mam em convulsões terríveis. O demônio faz muito mal a esse menino ao sair dele. Tudo fica pior antes de melhorar. Quando você começa a pregar cheio do Espírito Santo, não fique surpreso se há convulsão acontecendo na igreja. É do- lorido quanto o mal deixa alguém. É dolorido porque a maioria das pessoas não quer que o demônio saia. A maioria das pessoas quer que você dê a elas sugestões para controlar o demônio. Elas querem fazer do demônio seu amigo. Ou, se isso não funciona, querem transformar o demônio em ambição, de forma que elas, ao menos, tenham sucesso com tudo o que estão inventando. Ou querem transfor- mar o demônio em desespero e vão se acostumando com o seu desespero, dizendo: "Isso é o melhor que dá para esperar". Elas acabam confiando no demônio, porque o demônio está sempre com elas.

Quando você começa a falar sobre esperança, elas têm pavor da esperança. Se tiverem esperança, terão de abrir mão do seu melhor amigo, o demônio. Ele pode ser um atormentador, mas, ao menos, sempre esteve com elas. E aí que a convulsão começa. Quando você prega esperança, a convulsão vem. Você começa a ouvir coisas como: "Talvez precisemos de um pastor diferente aqui". Ou apertarão a sua mão e dirão: "Essa congregação está acostumada a um tipo de pregação intelectu- al". Farão qualquer coisa que puderem para fazer você deixar de lado o tema da esperança. Ou como alguém me disse no começo do meu ministério: "Jesus, Jesus, Jesus — isso é tudo que você sabe?".

Deixe a convulsão continuar. Não importa. Leve o garoto a Jesus, e este realizará a cura.

Depois que o demônio finalmente sai, o garoto está deitado ali inerte e duro, e todo mundo diz: '"Ele morreu". E isso que algumas pessoas podem estar dizen- do a respeito da sua congregação. Não é o que Jesus está dizendo, porque Jesus se inclina e levanta o menino pela mão até que o garoto possa ficar em pé completa- mente. Acontece novamente. Quem é que traz os mortos de volta à vida? Quem é que levanta uma congregação de forma que ela possa ficar em pé? Unicamente Jesus Cristo. Isso significa que a pregação não consiste em expressões e retórica e técnica. Sempre consiste em ajudar a congregação a encontrar a mão de Jesus, que vai levantá-la. É por isso que estão aqui, quer eles saibam quer não. Nenhuma outra mão fará isso, unicamente a mão de Jesus.

Os discípulos estão sozinhos com Jesus, ainda incomodados com o seu feito. Eles dizem: "O que nós fizemos de errado lá? Porque não pudemos expulsar esse demônio?". O Senhor responde dizendo: '"Essa espécie só sai pela oração"' — não por meio de tentar com mais esforço, não por meio de regras melhores, mas so-

mente por meio da oração. Se você subir ao pulpito e for atrás do mal no mundo, é melhor que sua vida espiritual esteja em ordem. E melhor que você saiba como orar porque nem você nem eu temos condições por nós mesmos de fazê-lo. Não somos tão bons assim. Mas a oração nos coloca em ligação direta com todo o poder do céu, mesmo se a oração for tão simples quanto: "Creio, ajuda-me a vencer a minha incredulidade!". Quando você começar a orar assim, verá algumas coisas milagrosas acontecendo em sua congregação. Verá o céu e a terra se juntarem na proclamação da palavra, pois, na oração, você toma a sua congregação e a coloca nas mãos de Jesus.

Capítulo 28

S A N T A E X P E C T A T I V A

Como podemos manusear dinamite sem