7 O PROJETO DE LEI Nº 252/2003
7.3 Da constituição da banca examinadora (Capítulo II – Seção II)
Estabelece o Projeto de Lei nº 252/2003 que os nomes dos integrantes das bancas examinadoras, tanto das provas escritas como orais, sejam divulgados em edital normativo, procedimento este que já é realizado pela maioria das organizadoras de concurso público pelo país, de modo a permitir eventual impugnação. Prevê também como único critério de impedimento para a participação na banca a presença de cônjuge ou parentes, consanguíneos ou afins, até o terceiro grau na condição de candidatos.
A UFRN divulga a composição da banca examinadora, juntamente com o calendário de provas, bem como concede prazo aos candidatos para, querendo, apresentarem impugnação de qualquer um dos seus membros. Ressalte-se que, antes de se divulgar a composição aos candidatos, cada membro deve verificar previamente se possui algum vínculo de impedimento ou suspeição, assinando, posteriormente, declaração específica de inexistência de impedimento.
Contudo, verifica-se que o rol de impedimentos previstos no PL nº 252/2003 necessita de incrementos de modo a conferir maior segurança jurídica ao certame, alinhando- se com os princípios da moralidade e da isonomia. Nesse sentido, a relação de impedimentos estabelecida pela UFRN em seu normativo é muito mais evoluída e condizente com os preceitos desejados, como se pode ver a seguir:
Art. 14. É vedada a participação, na Comissão Examinadora, de:
I – cônjuge, ex-cônjuge ou companheiro de candidato;
II – ascendente ou descendente de candidato, ou colateral até o terceiro grau, seja o parentesco por consanguinidade, afinidade ou adoção;
III – sócio de candidato em atividade profissional;
IV – orientador, ex-orientador, co-orientador, ex-co-orientador, orientando ou ex- orientando em cursos de pós-graduação feitos pelo candidato;
V – integrante de grupo ou projeto de pesquisa no qual tenha interagido com o candidato nos últimos 5 (cinco) anos;
VI – co-autor de publicação e/ou apresentação de trabalho científico com o candidato nos últimos 5 (cinco) anos;
VII – membro que, por qualquer razão, possa ter interesse pessoal no resultado do concurso.
Fazendo-se um estudo comparado com as Universidades Federais das capitais do Nordeste, verifica-se que todas preveem impedimentos para os membros das comissões examinadoras, algumas possuindo um rol mais extensivo do que outras. Abaixo segue quadro com o resumo das vedações impostas:
Quadro 5 – Relação de Impedimentos e Suspeições às Comissões Examinadoras nas Universidades Federais das Capitais dos Estados do Nordeste
(Continua)
IFE NORMATIVO IMPEDIMENTOS/SUSPEIÇÕES
Universidade Federal de Alagoas - UFAL
Edital de Condições
Gerais Relação em aberto. A critério do candidato.
Universidade Federal da Bahia - UFBA
Resolução nº 03/2013- CONSUNI
Art. 33. Não poderão participar de Banca Examinadora:
I - cônjuge ou companheiro de candidato, mesmo que divorciado ou separado judicialmente;
II - ascendente ou descendente de candidato ou colateral
até o terceiro grau, seja o parentesco por
consanguinidade, afinidade ou adoção;
III - sócio de candidato em atividade profissional ou co- autor de trabalho científico ou profissional;
IV - orientador ou co-orientador acadêmico do candidato, em nível igual ou superior ao de Mestrado; e V - outras situações de impedimento ou suspeição previstas na legislação vigente.
Universidade Federal do Ceará - UFC
Resolução nº 02/2016- CEPE
Art. 13. Serão considerados impedidos de participar da comissão julgadora:
I - cônjuge de candidato, mesmo separado
judicialmente, divorciado ou companheiro;
II - ascendente ou descendente de candidato, ou colateral até o terceiro grau, seja o parentesco por consanguinidade, afinidade ou adoção;
III - sócio de candidato em atividade profissional; IV - orientador acadêmico em curso de pós-graduação
stricto sensu, nos últimos 5 (cinco) anos;
V - coautor de publicação com algum dos candidatos, nos últimos 5 (cinco) anos.
Universidade Federal do Maranhão - UFMA
Resolução nº 120/2009-CONSUN
Art. 10. É vedada a participação no Concurso, em
qualquer fase, modalidade, órgão ou instância, de membros da Comissão Examinadora que sejam cônjuges, parentes consangüíneos, civis e/ou afins dos candidatos até o 3º (terceiro) grau inclusive.
Universidade Federal da Paraíba - UFPB
Resolução nº 74/2013- CONSEPE
Art. 13. Não poderá participar da Comissão
Examinadora:
I – cônjuge de candidato, embora separado
judicialmente, divorciado ou companheiro;
II –ascendente ou descendente de candidato, ou colateral
até o quarto grau, seja o parentesco por
consanguinidade, afinidade ou adoção;
III – sócio de candidato em atividade profissional; IV – orientador, ex-orientador, co-orientador ou ex-co- orientador acadêmico do candidato;
V – integrante de grupo ou projeto de pesquisa, ou co- autor de publicações com algum dos candidatos.
Quadro 5 – Relação de Impedimentos e Suspeições às Comissões Examinadoras nas Universidades Federais das Capitais dos Estados do Nordeste
(Conclusão)
IFE NORMATIVO IMPEDIMENTOS/SUSPEIÇÕES
Universidade Federal de Pernambuco - UFPE
Resolução nº 22/2013- CCEPE
Art. 9º Fica vedada a indicação, para integrar a banca
examinadora, daquele que em relação a qualquer dos candidatos:
I. seja cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo
ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau;
II. esteja litigando judicial ou administrativamente com
candidato ou respectivo cônjuge ou companheiro;
III. tenha sido orientador ou coorientador de atividades
acadêmicas de conclusão de curso de pós-graduação ou estágio pós-doutoral nos últimos cinco anos;
IV. tenha amizade íntima ou inimizade notória com
algum dos candidatos ou com os respectivos cônjuges, companheiro(a)s, parentes ou afins até o 3º grau;
V. seja ou tenha sido sócio de candidato em atividade
profissional nos últimos cinco anos;
VI. tenha sido autor ou coautor de trabalho científico
com algum dos candidatos nos últimos cinco anos.
Universidade Federal do Piauí - UFPI
Resolução nº 039/2008-CONSUN
Art. 5º. [...]
§ 4° É vedada a participação em Banca Examinadora de
I – ascendente ou descendente de candidato, ou colateral
até o terceiro grau, seja o parentesco por
consangüinidade, afinidade ou adoção;
II – cônjuge de candidato, mesmo separado
judicialmente ou divorciado, ou companheiro; III – sócio de candidato em atividade profissional; IV – orientador acadêmico de candidato em cursos de pós-graduação stricto sensu, nos últimos 5 (cinco) anos; V – co-autor de publicação com algum dos candidatos, nos últimos 5 (cinco) anos.
Universidade Federal de Sergipe - UFS
Resolução nº 23/2007- CONSU
Art. 14. [...]
§1º Não poderá participar da Comissão Examinadora:
I. cônjuge ou ex-cônjuge de algum candidato;
II. parente de algum candidato até o 3º grau, seja o parentesco por consangüinidade ou por adoção, e, III. sócio de algum candidato em atividade profissional. Fonte: Elaborado pelo autor.
O Projeto de Lei nº 252/2003 prevê apenas a participação de cônjuge como impeditivo, mas se esquece de incluir os companheiros de uniões estáveis, que pode também levar a um tratamento não isonômico entre os candidatos. O parentesco por adoção também foi relegado, assim como a condição de sócio em atividade profissional. Outras hipóteses de impedimentos e suspeições poderiam ser incluídas na norma, a exemplo dos preconizados nos arts. 144 e 145 do novo Código de Processo Civil Brasileiro (Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015).
A proposta legislativa também prevê o prazo de 1 (um) ano para a participação do membro em nova comissão examinadora, salvo comprovada a indisponibilidade de outros profissionais. Entende-se que o interstício visa apenas garantir uma renovação na composição das bancas, evitando-se possíveis perseguições a determinado candidato nas sucessivas tentativas de prestação do certame. Considerando a existência de uma ressalva à regra, não se vislumbra afronta a nenhum preceito constitucional.