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1 INTRODUÇÃO

4.2 A regulamentação do concurso para o Magistério Federal no âmbito

4.2.3 Da Resolução nº 108/2013-CONSEPE

A primeira inovação que trouxe a Resolução nº 108/2013-CONSEPE em relação às normas anteriores, foi o fato de ter agregado em um único regulamento os procedimentos do

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UFRN. Resolução nº 024/2009-CONSEPE, de 10 de março de 2009. Aprova as normas para concurso de Professor do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico. Disponível em: <

concurso público para o ingresso tanto na carreira do Magistério Superior como do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico.

Estabelece esse normativo que o concurso público de provas e títulos para o ingresso nos cargos de Professor do Magistério Superior e no de Professor do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico na UFRN constitui-se de 4 (quatro) avaliações, quais sejam: Prova Escrita, de caráter eliminatório, podendo ser composta de questões dissertativas ou dissertativa e objetiva; Prova Didática, de caráter eliminatório; Memorial e Projeto de Atuação Profissional (MPAP), de caráter eliminatório; e Prova de Títulos, de caráter classificatório.

Para todas as provas a nota mínima de aprovação é de 7,00 (sete) pontos, à exceção, em tese, da prova de títulos, em razão de seu caráter classificatório, o qual será contestado neste estudo mais adiante pela maneira em que se encontra disposta a fórmula de cálculo da nota final classificatória, sendo, inclusive, uma das propostas de melhoria da norma interna de concursos.

Para cada avaliação é atribuído um peso específico para fins de cálculo da nota final classificatória, tendo a prova escrita maior relevância (peso 4), seguida da prova didática (peso 3), da defesa do MPAP (peso 2), e, por fim, da prova de títulos (peso 1). Em caso de ocorrer empate na nota final classificatória, adota-se o critério da maior idade para o desempate.

A organização do certame fica a encargo da Coordenadoria de Concursos da Pró- Reitoria de Gestão de Pessoas, a quem compete, dentre outras atribuições, a elaboração e publicação do edital do concurso e suas eventuais retificações, homologar os pedidos de inscrição, publicizar os resultados nas páginas eletrônicas da instituição, elaborar um relatório conclusivo para fins de homologação, etc.

A execução propriamente dita, com a elaboração, aplicação e correção das provas, confecção das atas, ficam sob a responsabilidade de uma Comissão Examinadora formada por 06 (seis) membros – três titulares e três suplentes –, atuantes na área de conhecimento para a qual se realiza o concurso e com titulação igual ou superior à exigida para os candidatos em Edital, sendo obrigatória a presença de pelo menos um membro externo à UFRN na composição da banca, tanto nos titulares como nos suplentes.

A UFRN é uma das poucas Instituições Federais de Ensino que concede aos candidatos o direito subjetivo de interpor pedido de reconsideração à banca examinadora em todas as etapas do concurso. Sob esse aspecto, faz-se necessário observar (para aqueles que não são da área jurídica), que os pedidos de reconsideração diferenciam-se dos recursos em sentido estrito, pois são analisados pela mesma autoridade que proferiu o ato. Os recursos, por

outro lado, são analisados por autoridade distinta daquela que o proferiu, podendo ou não ser hierarquicamente superior. Feito esse esclarecimento, caso a Comissão Examinadora não responda à reconsideração em tempo hábil, poderá o candidato participar da etapa seguinte, sendo a mesma desconsiderada, na hipótese da banca se posicionar pelo indeferimento do pedido.

O resultado final do concurso é apreciado, em regra, dependendo das características da unidade acadêmica, por três instâncias de homologação, a saber: 1) pelo plenário do Departamento Acadêmico; 2) pelo Conselho de Centro ou da Unidade Acadêmica Especializada; e 3) pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão – CONSEPE. Trata-se aqui da aplicação prática do princípio da autotutela administrativa, derivado do princípio da legalidade, ou seja, a análise do ato e a possibilidade de o mesmo vir a ser anulado ou revogado, caso eivado de ilegalidade ou por considerá-lo inconveniente ou inoportuno, consoante Súmulas nº 346 e 473, ambas do Supremo Tribunal Federal, cujos preceitos foram reproduzidos tanto na Lei nº 8.112/90 como na Lei nº 9.784/99:

Súmula nº 346 STF

A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos Súmula nº 473 STF

A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque dêles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

Lei nº 8.112/90

Art. 114. A administração deverá rever seus atos, a qualquer tempo, quando eivados de ilegalidade.

Lei nº 9.784/99

Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.

Desta forma, constatada alguma irregularidade no certame, seja no juízo da legalidade seja no juízo do mérito, deverá qualquer uma das instâncias competentes para a homologação providenciar o devido saneamento do processo por meio da sua anulação ou revogação. Os atos que porventura apresentarem vícios sanáveis poderão ser convalidados. Conforme ressalta Agapito Junior67, o controle da legalidade atribuído à Administração Pública pode ser ampliado atualmente para a noção de controle da juridicidade – tal como denominou o jurista alemão Adolf Merkl –, uma vez que são utilizados como norteadores não

apenas a lei, mas também os princípios e regras constitucionais, representando, assim, a superação ao positivismo legalista.

Da homologação do resultado pelo CONSEPE, externada por meio de Resolução, é facultada a interposição de pedido de reconsideração e, em caso de indeferimento por decisão não unânime, poderá ainda ser interposto recurso ao Conselho Universitário – CONSUNI, última instância na esfera administrativa da UFRN.

Esgotados os prazos recursais, cabe à Coordenadoria de Concursos da PROGESP publicar a resolução de homologação do resultado em Diário Oficial da União, momento em que se passará a contar o prazo de validade do concurso público, que na UFRN é de 1 (um) ano, prorrogável por igual período.

A Resolução nº 108/2013-CONSEPE traz em seus anexos todos os modelos de documentos que serão necessários na condução dos certames do Magistério Superior e EBTT, tais como as fichas de avaliação das provas, atas e listas de comparecimento, composição da Comissão Examinadora e calendário, programas, relação de temas da prova didática e expectativa de atuação profissional, de modo a facilitar e padronizar as atividades das Comissões Examinadoras.

Pelo histórico traçado neste capítulo, percebe-se que a norma vem sendo aperfeiçoada ao longo dos anos para se adequar às sucessivas mudanças na legislação, oportunidades em que foram efetuadas melhorias nos procedimentos, visando conferir maior segurança jurídica. Trata-se de um processo contínuo, condizente com a natureza mutante da norma jurídica, ficando ainda evidenciada a necessidade promoção de melhorias, a exemplo de algumas propostas inseridas no Projeto de Lei nº 252/2003, as quais serão tratadas nos Capítulos 7 e 8 deste trabalho.

5. DA ATUAL REGULAMENTAÇÃO DOS CONCURSOS PÚBLICOS NA